A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 32
Voltando para casa




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Passou a última semana da turnê, o último show foi em Vegas. Maravilha, lugar maravilhoso para tentar ficar sóbrio e não fazer nenhuma besteira. Já deram para perceber que não deu muito certo. E não deu mesmo.

Eu até fui na festa, mas depois de umas uma hora e meia, eu fui embora. Fazer o quê? O que não devia.

Parei num dos muitos bares largados da cidade, e subornei uma mulher em 100 dólares para ela comprar bebida para mim. Não, ela não sabia que eu era Justin Bieber.

Daquela vez eu fiquei muito bêbado. Acho que o drink que bebi era uma mistura de Tequila, Vodca e Red Bull. Acabei arrumando briga com um cara.

Na verdade, ele que arrumou briga comigo, eu estava na minha e ele veio pra cima de mim. Covarde, não tem nada pra fazer e vai arrumar briga com um moleque de 15 anos...  

O que aconteceu foi que, eu recebi um soco de surpresa e fui empurrado contra uma parede de vidro. Nessas horas a gente agradece por estar usando o casaco grosso que a mãe sempre manda usar, eu me livrei de sair bem ferido. A parede de vidro se estilhaçou totalmente, e eu caí no chão. O tal homem começou a distribuir chutes por todo o meu corpo, e, em uma fração de segundo que eu me vi livre, berrei:

-Qual é!! Vai se meter com alguém do seu tamanho!! – O cara estava bêbado demais para saber que eu só tinha 1,56 de altura, e 15 anos, só podia. Ou era covarde o bastante para me descer a mão sem nem ter motivo. Tentei revidar, mas não conseguia, eu era um grão de mostarda comparado á aquele cara.

Quando conseguiram nos separar, eu estava com a parte interna de minha boca totalmente ensangüentada, vários hematomas, e bastante dolorido. Antes de carregarem o homem para longe de mim, ele conseguiu ainda me empurrar com força, me jogando com força no colo de uma mulher.

-Desculpe, foi sem querer... – Disse, me levantando. Assim que virei para a mulher, vi que a conhecia vagamente.

-Sem problemas. - Ela me deu medo. Mesmo mancando, consegui sair correndo de lá, e ir para o banheiro masculino. Enchi minha boca com água da torneira e bochechei algumas vezes, depois cuspi a água na pia, e me assustei, a quantidade de sangue era maior do que eu estimava.

-Sangue mortal...  – Murmurei para mim mesmo, lembrando de que eu tinha Aids. Coloquei mais água na minha boca e bochechei. Depois cuspi novamente. Fiz isso até a água sair de minha boca transparente, como deve ser, não vermelha de sangue.

Eu ainda precisava disfarçar uma ressaca, que com certeza viria, o fato de eu estar bastante magro, os hematomas em meu corpo e o fato de que eu estava mancando. Sei lá, eu podia dizer que tomei um tombo, ou que aquilo fazia parte do desmaio que tive. Ah, que droga, nunca fui bom pra mentir...

No dia seguinte, eu fui sozinho para Atlanta. Estava tentando disfarçar a dor e a perna machucada. A verdade é que meu corpo inteiro doía pra burro. Até para respirar doía. Aquele cara sabia bater mesmo...

Eu me senti apreensivo quando vi minha mãe e Scooter no portão de desembarque. Eu estava com as costas erguidas, o que não era lá totalmente confortável, mas era isso ou aparecer totalmente curvado de dor nas costas, que nem uma pessoa de 60 anos. Estava usando óculos escuros, já disfarçava um pouco do hematoma enorme que eu estava no olho direito. Depois que minha mãe me abraçou, eu só consegui soltar um tímido “Oi”.

-Como foram os shows? – Suspirei, e disse:

-Legais... – Scooter viu um pouco do olho roxo por baixo dos óculos, e disse:

-O que é isso? No seu olho?

-No meu olho? N-nada.

-Como assim “nada”, parece ser um hematoma. O que houve?

-Já falei, nada...

-Deixe eu ver, então. – Ele disse, tentando tirar os óculos de meu rosto. Segurei o mesmo com força, e disse:

-É melhor não.

-Ué, deixa eu ver! Quem não deve, não teme! Não é mesmo? – Droga, ele sempre usa esse argumento... Suspirei, e soltei os óculos. Scooter retirou o Ray-Ban preto com lentes escuras de meus olhos, e arregalou os olhos ao ver o roxo em meu olho.

-O que houve? – Ele tornou a perguntar.

-Nada...

-“Nada” é a única coisa que não aconteceu, Justin. Vamos, o quê houve?

-Eu já falei, nada!

-Justin, o que aconteceu? – Minha mãe perguntou, dessa vez. Suspirei, derrotado, e falei, quase que num murmúrio:

-Eu apanhei... – Minha mãe tentou não armar um barraco gritando “Como assim?! Quem bate no meu filhinho?!”, e perguntou:

-De quem? – Olhei para baixo, e disse:

-Um homem. Ontem. Estava num bar, ele voou em mim e começou a me bater.

-Está ferido em mais algum lugar? – Scooter perguntou.

-“Ferido”?! – Falei, com ironia, finalmente fazendo uma cara que expressasse o que eu sentia, e curvando um pouco as costas. – Dói em todo lugar!

Scooter deixou que eu me apoiasse nele, e nisso fomos para casa. Assim que cheguei, me joguei na cama, era a coisa que eu mais queria. Deitar na minha cama ortopédica feita sob medida na Suíça... Ok, talvez eu tenha exagerado, mas era o que eu mais queria mesmo. Alguns minutos depois disso, minha mãe apareceu na porta.

-Você está bem? – Ela perguntou. Assenti, de olhos fechados, e ela disse:

-O que o meu filho estava fazendo num bar? – Abri os olhos, e levantei a cabeça. “Não era óbvio? O que as pessoas fazem num bar?” Pensei em dizer na hora. Mas, resolvi perguntar:

-Como assim?

-Eu não te eduquei pra estar viciado em álcool com 15 anos, Justin. E você mesmo disse que não o faria. “Eu não vou cometer os mesmos erros que minha mãe cometeu.” Lembra? – Suspirei, e disse:

-Lembro...

-Como isso foi acontecer? Pode me dizer?

-Eu... Eu não sei... Foi tudo tão rápido... Forjaram minha bebida, e minutos depois eu estava bebendo uma garrafa de Vodca inteira... - Ela suspirou, triste. Ela não conseguia acreditar que eu estava fazendo uma coisa daquelas.

Nem eu estava acreditando em mim mesmo!


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