A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 18
Sorvete em NY




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Não foi nem um pouco surpresa Katy ter tido que me segurar na limosine. Eu paguei pelos meus pecados. Pelo meu pecado de ter zoado o Chris quando ele falou que uma garota o chamou de "tchutchuco" no ônibus.

Russell ficou me chamando de "Tchuchuquinho", com aquela voz irritante que os adultos usam pra falar com bebês e crianças com estatura/idade menor a 12 anos.

Mas isso foi só um detalhe. Um detalhe que me irrita. O hotel sim que foi digno de reconhecimento. Tipo, aquele lugar era muito maneiro! Decidi que, mesmo com o meu pavor de elevadores eu iria ficar perto da Katy, que ia ficar lá na cobertura, nem que eu tenha que desmaiar a cada vez que eu fosse pra lá. 

A verdade era que ela me acalmava, me deixava em paz, era a pessoa que eu gostaria de ficar se não tivesse mais família, nem amigos, nem ninguém. 

Enfim, ela é bem importante pra mim. Se algo acontecesse a ela, eu não sei se iria aguentar...

Não fiz muita coisa no hotel depois que desfiz minhas malas, graças aos céus, nem eu nem Katy. Só ficamos nos encarando, eu sentado na cama, ela num banco, num silêncio absoluto.

-Quer sair e, sei lá, tomar um sorvete? - Ela disse, cortando o silêncio.

-Bora, é melhor do que ficar parado aqui sem fazer nada. - Respondi, me levantando. Ela riu e saímos do enorme prédio. 

-Seu carro ou o meu? - Ela perguntou. Nem respondi, eu adoro dirigir, só a conduzi até meu carro e abri a porta, ouvindo sua risada.

Quando vimos uma barraquinha de sorvete parada na calçada da Times Square, não me agüentei e parei o carro.

-Vem!

-Pra quê?

-Tomar sorvete! – Respondi, lambendo os beiços.

-Sorvete? É, não é bem uma má ideia... - Ela respondeu, rindo. Pedi um sorvete de baunilha pra mim e um de morango para Katy. 

Ela não tomou o dela rápido, eu também fui meio lerdo, e, quando dei uma lambida enorme da casquinha, metade do sorvete caiu na minha camisa. Katy começou a rir, e eu me emburrei.

-Ah, é? - Joguei a casquinha fora, já que todo o sorvete já tinha voado na minha camisa, e a abracei, na intenção de sujá-la. 

-Hey! Essa blusa é nova!! - Ela berrou.

-Eu sei! - Respondi, me borrando de rir.

-Ah, essa eu não levo pra casa! - Ela me agarrou pelo pescoço e enfiou a casquinha dela na minha cabeça.

-Aaaaah, minha cabeça! Você congelou meu cérebro!!

Consegui me soltar dela e tirei a casquinha da minha cabeça. Depois, fui ver o tamanho do estrago no espelho do meu carro. 

-Aaaah, você estragou meu cabelo!

-Que nada, é só lavar! - Ela disse, com indiferença. O sorveteiro já se acabava de rir. Comprei uma garrafa d'água só pra jogar na minha cabeça, e voltamos logo pro hotel pra eu tomar um banho.

Ok, Katy não parou de rir do meu cabelo rosa instantâneo por todo o trajeto, sim, meu cabelo ficou rosado por causa do sorvete.

-Ok, se... Isso acontecesse com você... - Falei, mexendo no meu cabelo, enquanto entrávamos no hall. - Eu não ia rir assim...

-É mentira, eu sei que você ia rir.

-Pois é... - Minha tentativa de mentir veio abaixo. Katy riu mais ainda, e entramos no elevador.

Meus ouvidos taparam por causa da pressão que eu sentia quando entrava em um elevador. Tapei o nariz e assoprei com força.

-Ainda tem pânico de elevador? - Katy perguntou.

-O que acha? - Respondi, entre um assopro e outro. Finalmente o elevador se abriu e eu saí dele rapidamente, e respirei, aliviado.

Nos separamos e eu fui para o meu quarto tomar um banho. Me despi e entrei no chuveiro. Liguei a ducha e a água quente começou a escorrer pelo meu corpo. Me senti relaxado, e olhei pra baixo e vi a água rosa descendo e escorrendo no piso branco do Box até o ralo. Nem um pouco a cara da Katy Perry...

Suspirei e comecei a cantar “Teenage Dream” numa altura absurda, me distraindo do mundo e jogando metade do xampu do potinho que estava lá na minha cabeça.

-YOU MAKE ME FELL LIKE I’M LIVING AT A TEENAGE DREAM...TA-NA-NA-NA-NA-NA... I CAN’T SLEEP, LET’S RUN AWAY AND DON’T EVER LOOK BACK, DON’T EVER LOOK BACK… -Berrei, com todo meu fôlego, enquanto massageava meu cabelo, com o chuveiro aberto.

Quando terminei meu banho, enrolei uma toalha em minha cintura e saí do banheiro, ainda distraído cantando a música.

-Let you put your hands on me in my skin tight jeans, Be your teenage dream tonight… -Detalhe, eu estava de olhos fechados, crente que só tinha eu naquele quarto.

-Oi,tchutchuquinho.

-Aaaaaarrrgh!! – Dei um pulo pra trás e quase caí ao ver Russell sentado na cama, com um sorriso irônico. – O que raios você tá fazendo aqui?! Percebeu que eu estava tomando banho não?! – Falei, enxugando minha cara, e tentando fazer com que a toalha não caísse. Se caísse iria ser um orangotango quase King-Kong.

-Acho que metade da cidade percebeu que você estava tomando banho com esses seus gritos... – Ele falou. Mostrei minha língua pra ele, e disse, irônicamente:

-Há, há... Qual é o problema de se cantar no chuveiro? E o que você está fazendo aqui?

-Nossa, eu queria convidar meu "cunhado" pra dar um rolê por New York pra gente se acertar e sou retribuído com tanta indiferença?!

-Rolê?

-É, uma volta, ir numa lanchonete e beber alguma coisa, você não sabe o que significa "rolê"?!

-Claro que sim!

-Então, aceita? – Olhei para ele com desconfiança, e se ele zoasse a minha bebida?!

-Sem Coca-Cola zoada, então!

-Claro. – Sorri torto, ainda desconfiado, e disse:

-Ok. Quando eu me vestir a gente vai.

-Ok. - Esperava que Russell saísse, mas ele continuou sentado lá.

-Hum... Com licença?

-Han?

-Eu vou trocar de roupa, licença?!

-Ah, claro! - Ele respondeu rindo, e saiu. Bufei e coloquei uma roupa. Nem lembro o que vesti, acho que um tênis All-star, uma calça azul escura e uma blusa xadrez, e um boné.

Coloquei meu óculos no bolso da calça, vai que eu ia precisar, e eu não estava com a mínima vontade de enxergar embaçado ou ficar com dor de cabeça, então era melhor levar.

Depois disso saí do quarto e fiquei parado na porta.


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