A caverna de Payon a noite era escura,úmida,e aparentemente bastante perigosa.Lendas diziam que no local haviam bastante mortos-vivos,mas nenhum aventureiro ou clã jamais se aventurou por lá.A maioria voltava cansada e chateada,pois a caverna era muito profunda, e enquanto estiveram ali não viram nem sequer um sinal de zumbi.Normalmente era isso que acontecia.Mas também havia o outro lado da história,a menos comentada e a pior:A minoria.

Simplesmente desapareciam.E nunca mais eram vistos.Eram em sua maior parte aventureiros solitários,grupos pequenos e,em uma vez só,um clã inteiro.Claro,tais desaparecimentos nunca chegavam a ser amplamente divulgados na cidade,pois o mito de que um dia as criaturas que viviam na caverna desceriam para subjugar os Payonenses era uma antiga história local contada á noite para assustar crianças levadas.Mas,como nada ainda havia sido comprovado sobre os ataques,a vida continuava,e a caverna jamais fora interditada...

Numa noite sem estrelas e coberta por uma densa neblina,um jovem grupo de aventureiros adentrou no local.Eram um mercador,um arqueiro e um aprendiz,hávidos por suas primeiras aventuras.O mercador era um pouco mais velho que os outros dois,que eram irmãos,sendo o aprendiz o mais novo.Caminharam por algum tempo dentro da vasta e interminável cadeia de túneis do lugar,até finalmente se darem conta que estavam completamente perdidos.

-Chega,vamos parar por aqui hoje-Disse o mercador,que ia na frente segurando um lampião e guiando os dois como se soubesse o caminho.-Retirem as coisas e vamos montar acampamento.

-Certo-Disse o arqueiro,colocando a bolsa no chão e retirando um longo e resistente tecido,que serviria como tenda.-Onde acha que seria o melhor local para montar-mos?

-Ge-gente...-Gaguejou o aprendiz,olhando pros lados e rangendo os dentes.

-Fala maninho.

-...Será que é mesmo necessário que a gente acampe por aqui?Não seria melhor a gente...voltar?

-Impossivel agora-Disse o mercador,derrepente apagando o lampião e deixando tudo em trevas.-Não sabemos mais qual é o caminho de volta,e se tentássemos voltar agora,do jeito que estamos cansados,só iríamos nos perder mais.Por isso é melhor guardar-mos nossa energia para amanhã.Depois,não sabemos se a caverna de Payon é realmente um cemitério de mortos-vivos como todos dizem,e se derrepente um morto vivo chegar em mim e fizer:UAHHHHHHHHH!!!

-AHHHHH-O jovem aprendiz gritou e caiu pra trás quando o mercador,derrepente acendeu a luz,revelando um semblante contorcido e marron,de olhos revirados.Este depois de pregado o susto gargalhou de rir enquanto limpava o rosto do lodo de pedras.

-Hahaha,essa foi demais,você devia ter visto a sua cara!-Disse o mercador,segurando a barriga com uma das mãos e apontando com a outra para sua vítima.O lampião encontrava-se aceso um pouco atrás.

-Você é mais criança que o meu irmãozinho,Crocker-Disse o arqueiro,montando a tenda sem nem se preocupar com a situação.

-Nã-não teve graça,tá legal?-Disse o aprendiz,levantando-se completamente branco(E molhado).

-Ha Ha,teve sim,é porque você não viu a cara de Poring assustado que você fe...Tony?-Perguntou o mercador,derrepente,percebendo que o aprendiz gelara de vez.Este tinha os olhos distantes em alguma coisa atrás do amigo.

-O que foi,maninh...-O arqueiro segue o olhar do irmão e fica pasmo.

-O que deu em vocês dois???-Disse Crocker,levantando-se e cruzando os braços,tentando esconder a sensação de medo que sentia-Estão tentando me assustar?Pois podem ir tirando o cavalinho da chuva que...

Derrepente,o barulho de algo o interrompeu.Era como um gemido de lamentação,um gemido humano.Agora completamente incapaz de esconder o pânico,tremendo,Crocker olhou vagarosamente para trás,vendo a silhueta de uma criatura humanoide de garras na parede iluminada pela luz do lampião.

Tentando manter a calma nessa situação de desespero,os três aventureiros rapidamente ajudaram a desmontar a tenda e a guardar seus pertences,enquanto os lamentos continuavam,cada vez mais fortes e aumentando em número.Agachados de joelhos enquanto olhavam em direção de onde vinha o som,o aventureiro e o aprendiz esperaram enquanto o mercador cuidadosamente ia um pouco mais a frente nesta direção para recuperar o lampião.

A cada passo,o pobre aventureiro suava e sua respiração era tensa.Sentia um peso na barriga,como se algo horrivel fosse acontecer.Quando finalmente colocou uma das mãos sobre o lampião e preparava-se para segura-lo,o dorso de uma criatura surgiu da escuridão rapidamente para ataca-lo.Conseguio puxar o lampião bem a tempo, antes que esta conseguisse abocanhar o seu braço.Após recuperar o item,este virou-se rapidamente,levantou-se e começou a correr.Seus amigos,que não haviam visto a cena mais escutado, não precisaram nem de um aviso.

Correndo aos tropeços,os três podiam agora ouvir,além dos gemidos,silvos e barulhos agéis como se várias coisas o seguissem pulando pela parede e o teto.Estavam perto,muito perto.

Mais cansado que os outros,o mercador começou a ficar um pouco para trás.Então,ele cutucou seu amigo arqueiro e deu-lhe o lampião.

-Por que...?-Disse o arqueiro,dando uma rápida olhada para trás.

-Porque...-Derrepente,algo segurou suas pernas e este caiu,com os braços estendidos.Começou a sentir uma dor horrivel nelas,e então começou a gritar.Seus amigos só foram dar conta da situação quando estavam um pouco a frente.

-Crocker!!!-Gritou o arqueiro,parando junto ao aprendiz.

-NÃO PAREM DE CORRER,SEUS INÚTEIS!AHHHHH-Gritou,quando foi arrastado pelas trevas,tentando em vão agarrar-se ao chão.

-Não!!!-Gritou o aprendiz,tentando voltar.Mas seu irmão o segurou pela pelo braço e balançou a cabeça,tristemente.Em seguida,recomeçaram a correr.Um silvo e um barulho de garras passou perto da cabeça do arqueiro.

Correram como se nunca mais o fizessem na vida.Derrepente,todo o cansaço que sentiam desapareceu,substituido pela adrenalina.Mal conseguiam sentir o peso de sí mesmo e de suas pernas.Depois de algum tempo,após passar por um tunel á direita,os caminhos se acabaram e os dois se viram num beco sen saída.

Desesperados,os irmãos tatearam a parede em vão,enquanto os silvos atrás ficavam mais fortes e mais perto.Encostaram na parede esperando o inevitável.O arqueiro colocou o lampião no chão,colocou a mão no ombro do irmão e deu-lhe um sorriso paternal:

-Resista-Foram suas últimas palavras,quando partiu para o escuro com o arco em mãos,atirando para todos os lados.

-Irmãozããããããoooo-Gritou o aprendiz,tentando seguir o arqueiro,mais caiu de joelhos,ao ouvir os barulhos das flechas e dos ataques das criaturas.Algumas gritaram,outras continuaram atacando.Depois de um tempo,todos os sons cessaram.

Ainda de joelhos, o rosto colado no chão e os olhos fechados com lágrimas,o jovem sentiu o silêncio.Como um murmúrio,começou a chamar pelo irmão,até que este torna-se audível:

-Irmãozão...?

Nada.Olhou atentamente para a escuridão.Passou-se uma eternidade,não sabia se tinha mais medo dessa espera ou de seu resultado.Finalmente,após mais um tempo,alguma coisa começou a surgir lentamente a sua frente.

Era um zumbi.

Um não,vários.Era difícil definir um padrão,pois todos eram muito diferentes.Alguns eram roxos,outros eram inacabados com a ausência de braços e pernas e outros possuiam farrapos de roupas de suas antigas vidas como aventureiros.

Como se não bastasse,a luz do lampião começara a falhar.Assustado,o jovem começou a arrastar-se para a parede,segurando os joelhos,assustado.Sentia que tudo ia acabar ali.Primeiro,os seus pais,agora o seu irmão e o melhor amigo deles...pensando bem,achou que não tinha mais porque viver.Então cessou o choro e olhou friamente para as criaturas,esperando o inevitável.

Uma dessas,um zumbi marrom com farrapos de gatuno,partiu para cima do aprendiz,flexionando o corpo para frente e as garras para trás,aumentando sua velocidade.O jovem exitou e fechou os olhos. novamente,colocando as mãos no rosto."Papai,mamae,irmãozão...Pelo menos eu irei ve-los novamente..."

Mas então,quando já estava a alguns centímetros do aprendiz e já preparava para abocanhar-lhe,um chute rápido atingiu-lhe o semblante,atirando-o para trás com força, embolando no chão.

O jovem abriu os olhos,e a sua frente a sombra de um guerreiro despontava frente as criaturas.Em seus braços,haviam dois aventureiros,que o jovem,feliz e novamente com lágrimas nos olhos,reconheceu rapidamente.

O guerreiro caminhou até o jovem e enconstou os outros dois na parede.Estavam bem,apenas desmaiados e com pequenas lesões.O jovem olhou atentamente para o héroi e percebeu pela armadura que este se tratava de um cavaleiro,com o brasão do mundo de Rune Midgard em seu peito.Não conseguio ver o seu rosto,pois a luz já estava fraca demais.

Este se levantou e retirou sua espada,partindo para cima das criaturas,sua capa balançando.No escuro,o jovem só conseguia ouvir o barulho da espada atingindo as criaturas,de seus golpes contra o aventureiro e de seus gemidos e silvos.E então todos os barulhos finalmente cessaram novamente.

A espera era interminável.Passado mais alguns segundos,alguma coisa começou a surgir lentamente frente aos três aventureiros.

Era o cavaleiro,dessa vez.

O jovem não podia acreditar que apenas um heroi tenha dado conta de tantos monstros.Mesmo exausto,começou a esforçar-se para agradecer:

-Mu-muito obrigado...

-Não foi nada.Estão há salvo agora-E com isso o grande heroi virou-se novamente e,balançando sua capa,desapareceu na escuridão.

"Puxa,mal posso acreditar,nos fomos mesmo salvos por um grande heroi.Espero um dia ser tão forte como ele,e..."

O jovem derrepente engulio,em seco.

-EI,ESPERA AI,COMO É QUE A GENTE FAZ PRA SAIR DAQUI???EIIIII,VOCÊ ESQUECEU DA GENTE!!!Droga...

-xxx-

Em algum lugar,em alguma estalagem de Payon,uma templária,uma noviça e um homem de vestes brancas esperavam.A guerreira encontrava-se sentada em sua cama segurando sua espada com a lâmina apoiada ao chão,a noviça encontrava-se de joelhos no chão rezando e o misterioso homem estava de pé,de braços cruzados,olhando pela janela.

Derrepente,o motivo de sua espera terminou quando um homem,o estalajadeiro,bateu e entrou no quarto,segurando alguem estranhamente familiar...

-Encontrei o amigo de vocês.Estava escondido na despensa.Ele comeu o suprimento de comida de um ano e estava amarrado há propria capa quando o achei.Claro,vocês sabem que terão que pagar pelos estragos que ele fez...

A templária calmamente levantou-se,guardou sua espada,foi em direção ao amigo e carinhosamente deu-lhe um forte cascudo.

-PORRA ARON,TODA VEZ QUE A GENTE CHEGA NUMA CIDADE VOCÊ FAZ A GENTE GASTAR TODO O NOSSO DINHEIRO EM ALGUMA BESTEIRA QUE VOCÊ FEZ!

-Ai,foi mal,desculpa Silph...-Disse o rapaz.

-Gunf,o cavaleiro do grupo de vocês tá ai.Boa noite-E com isso ele atira Aron com toda a força de boca no chão.Após pagarem todo o dinheiro que tinham para o estalajadeiro e ainda ficarem devendo,ele se despede novamente e fecha a porta.Todos olham com cara feia para Aron.

-Hehehe...Bom,então alguem pode me ajudar a desamarrar a minha capa?

É claro que seus amigos o ajudaram,dando vários chutes nele e depois dando um montinho.Ah é,e depois eles o dessamarraram.

Estatelado no chão sem poder se mover direito,Aron escutou um sermão enorme da Silph:

-Como você pode ser tão inresponsável?Quantas vezes nos te dissemos que você não ia realizar aquela missão Rank A de cavaleiro sozinho,sem a gente?Logo você,que tinha essa frescura de sempre pegar no pé da gente com esse negócio de amizade!Nós estamos te procurando desde tarde,quando você deu aquela desculpa que ia comprar um "cardarço" novo pra o seu sapato de velcro.A Mace tá té procurando até agora na cidade,por isso se prepara para apanhar mais quando ela chegar.

-Silph...?-Perguntou o cavaleiro,levantando-se,os olhos escondidos pelo elmo da armadura.

-QUE É???-Gritou,bem perto do rosto do cavaleiro.

-Obrigado-E com isso,deu-lhe um forte e carinhoso abraço.Pega de surpresa,mais depois se sensibilizando,Silph enconstara a cabeça no ombro do rapaz,assim como ele fizera.Serenity fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente,enquanto Bulk pigarreava nervosamente,mais não adiantou:Os dois ficaram quase um minuto abraçados.

-xxx-

Um ano se passou desde a última aventura de Aron e seus amigos na pirâmide de Kon-Sith.Desde então,muitas coisas aconteceram:Aron passou com méritos no exame de cavaleiro após derrotar um grupo de Golens tropeçando e usando sem querer um impacto explosivo numa caverna,derrubando várias pedras em cima deles(Embora o objetivo do teste fosse passar vivo para o outro lado...)Para comemorar a promoção,Mace reforjou Felizberta,tranformando-a em uma espada longa de cabo dourado e safira adornando-lhe, e lâmina prateada brilhante.Poucas pessoas no mundo sabem tranformar uma espada em outra,mas Mace sabe fazer isso com precisão.

Silphia Belnades tornou-se Templária,jurando sua vida e fazendo votos a Deus.Serenity decidiu não fazer nenhum teste ainda,pois queria aprimorar suas técnicas como noviça,agora bem melhores do que outrora.E Bulk..Bem,ninguém nunca soube muita coisa sobre ele mesmo...

-xxx-

Já deviam ser umas quatro horas da manhã.Todos estavam dormindo,exeto Aron(Que havia levado uma boa surra de Mace quando esta voltou da cidade).De pijama branca,capa e luvas e deitado em sua cama com os braços cruzados atrás da cabeça e com o olho roxo,Aron lembrou-se das palavras do avaliador do teste antes de condecora-lo como cavaleiro:

"Hum...Bem Aron,pelas respostas que você me deu no teste oral,você parece se preocupar muito com os seus amigos,e querer defende-los a todo momento.Para uma pessoa assim,eu acho difícil tornar-se um bom cavaleiro.Suas missões sempre envolverão guerras, a morte ou a punição de alguém.Somos solitárias.Mas você fez uma escolha,passou no teste e eu não passo recusa-lo.Por isso,embora ache que você seria melhor como um templário,eu lhe condecoro como Aron Wormior,O Cavaleiro."

Aron levantou-se e foi até a janela.Sobre a fria brisa da noite,ele contemplou as estrelas e a lua.

"Eu fiz uma promessa.E não importa se sou um "cavalero" ou um templário,o que importa é que eu cumprimerei a minha palavra:Eu vou trazer Billy Shocwood de volta!"

E em seguida voltou-se para deitar, tropeçou novamente na capa e caiu no chão.