O caminho para a escola foi tempestuoso. Na minha cabeça, eu quero dizer. Quando Jake saiu do carro um peso do tamanho da terra foi colocado em meus ombros.  Jake, aquele que tinha sempre me defendido, estava sendo atacado. E o pior de tudo é que Jake está sofrendo pela segunda vez. Primeiro com a mamãe e depois com essa menina estúpida. E não tinha nada que eu pudesse fazer quanto a isso. Ou tinha? Uma das coisas que aprendi em minha curta vida foi que a gente não pode controlar o que o nosso coração sente. Tenho certeza de que se minha mãe pudesse ter se apaixonado por Jacob ao invés de pelo papai, eu não estaria aqui. Mas não fora ela quem escolheu. Com a mamãe eu até entendia. Mas ciúme me atacou. Como essa garota pôde? Como ela pôde deixar alguém tão lindo e incrível escapar dentre seus dedos? É loucura. Insano. Eu não entendia.

A escola passou como um borrão. Meus amigos tentaram falar comigo uma ou duas vezes, mas perceberam que eu estava desligada. Não era culpa deles.

Quando assustei, eu estava em casa. Tinha deixado tudo no automático, só por pensar. Não importa disse a mim mesma. Vou faze o possível pra amenizar essa dor em Jacob.

-Hey. Alguém? -Ouvi o sussurro do vento e Esme estava na minha frente. –Oh.Hey. Sabe se Jake está aqui?

-Sim, querida. Ele está no quarto dele.

-Obrigada!

Corri pela escada e fui até lá. Bati na porta.

-Pode entrar. – Uma voz lá de dentro sussurrou.

-Hey... Jake. Tudo bem?

-Tudo ótimo. –Disse ele se levantando. Ele tinha o cabelo despenteado e usava um short bege com uma blusa branca. –Hm,sobre hoje de manhã... Eu não me lembro muito bem o que aconteceu...Será que... 

-Oh. Não se preocupe. Eu só... cuidei de você.

Ele parecia aliviado.

-Eu não falei nada... Constrangedor,certo?

-Hm. Nada... Não se preocupe. Você é um bêbado não-falante. – Dei-lhe um sorriso fraco. A resposta do seu fora brilhante.

-Então, ahn, vou deixar você descansando aí, ok? Tenho umas tarefas pra fazer. – Eu disse, levantando-me da cama. 

-Ok. Obrigada, Nessie. Por tudo.

-Não agradeça, Jake. Eu sou sua amiga. É pra isso que eu sirvo. –Dei-lhe um sorriso brilhante e saí do quarto.

Jake estava bem, então porque eu não me sentia tão bem assim? Eu não faço sentido comigo mesma.

Ok. Esqueça isso, Nessie. Apenas deixe esse assunto ir. Deixe o assunto ir.

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O dia seguinte amanheceu com um nublado típico de neve. Ontem fora como a maioria de nossos natais. Presentes, fotos, abraços... Muito bom.

Tentei puxar aquela ponta me incomodando pra baixo do meu pensamento. Aonde ele não iria tomar meu tempo. Jake estava bem e isso era tudo o que importava.

Hoje ia ter uma ou duas provas. Química e matemática. Moleza.

Chegando à escola, estacionei na primeira vaga que vi. O estacionamento estava medianamente vazio. Muita gente viajava no natal, mesmo tendo aula. Desliguei o som. Tinha vindo ouvindo um dos cd’s do u2.

Saí do carro com minha bolsa dependurada no ombro. Enquanto estava clicando o alarme, ouvi alguns passos vindo na minha direção e me virei para ver quem estava chegando. Diego vinha com seu cabelo preto levemente despenteado e seu uniforme com a gravata frouxa; a maioria dos garotos a usava assim. Seus olhos encontraram os meus e um sorriso se espalhou em seu rosto.

-Hey! – Ele disse.

-Oi. –Eu disse, com tentando esconder uma careta. Ele era realmente bonito. Muito bonito, mas não valia a pena.  Lembrei-me da estória que Susian havia me contado e estremeci mentalmente.  

-Então... Não tenho te visto há um bom tempo.

-É. Bom, eu to atrasada. Até mais. –Ou não.

Saí desviando-me dele.

-Hey, espere! –Ele disse chegando mais perto. –Qual o problema?

-Nada. –Eu disse.

Ele passou a mão no rosto, parecendo cansado.

-Te contaram a estória, não é? –Ele parecia derrotado.

-Então é verdade? –Perguntei brava.

-É, quer dizer, não... Espere! –Ele disse quando eu me virei.

-Não falo com idiotas, desculpe. –Eu disse indo embora.

-Mas... Nessie! –Ele gritou. Eu já estava longe. E ficaria assim, se pudesse evitar.

Entrei no colégio, exausta. Como se tivesse enfrentado uma batalha a mais mentalmente. Caminhei até a sala da minha primeira aula que era Física avançada e encontrei Mat lá.

-Hey! –Eu disse me sentando ao seu lado.

-E aí? –Ele respondeu com um sorriso.-Tudo bem? Parece cansada.

Fiquei surpresa com a afirmação. Normalmente eu era boa em manter uma ‘poker face’.

-É... Não dormi direito. –Não era bem uma mentira. Eu realmente só tinha conseguido apagar faltavam três horas pra escola começar e hoje não tinha visto ninguém da família.  

-Quer falar sobre isso? –Ele perguntou parecendo realmente preocupado, o que era bem estranho considerando que não nos conhecíamos há muito tempo.

-Oh, não, mas obrigada. –Eu respondi educadamente. O jeito era guardar pra mim mesma.

Viramos para frente ao ouvir o chamado da professora.

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