Sleeping With The Spirit escrita por lycheegirl


Capítulo 1
insônia


Notas iniciais do capítulo

fic baseada em um canto do livro love is hell.vou fazer mais fics baseadas nesse livro.



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Acordou suando frio. Uma queda brusca, uma sensação que se estendia por toda a sua coluna e fez seus joelhos tremerem, puxou as cobertas sobre os ombros expostos, o coração batendo rapidamente.

E foi quando percebeu a dor em seu pulso.

Mexeu-se pela cama, e acendendo o abajur olhou o local. A luz dourada inundou o pequeno quarto, o vento que adentrava as janelas abertas fazia as cortinas serpentearem levemente, a garota na cama encarou seu pulso. Outro leve hematoma vermelho que cobria toda a região, como um aperto de ferro ao seu redor.

Rapidamente pegou a caneta no criado mudo, junto com um pequeno bloquinho de folhas amarelas, fazendo mais um registro na marcação que mantinha desde as duas semanas em que se mudara para aquela casa, marcando a sexta vez que aquilo aconteceu.

Seis vezes.

Seis vezes que acordara com uma ferida em seu corpo.

Seis vezes que se encontrou mentindo que havia despertado e perdido o sono, mas na verdade estava demais aterrorizada para voltar a dormir.

Por causa da voz que assombrava seus sonhos.

Desde que tinha se mudado para aquela casa, estava tendo aqueles esquisitos pesadelos. Neles, ouvia uma voz masculina. Mas ela nunca viu seu rosto, era apenas uma voz, sussurrando coisas que não queria ouvir.

Que fantasmas existiam. Que ela precisava ouvi-lo e que ele não a deixaria em paz até que ela o escuta-se.

Felizmente para ela, era capaz de se fazer despertar. Mas só quando ele a dominava tão forte que lhe deixava uma marca.

Sabia que parecia completamente louco e antes havia tentado encontrar alguma explicação lógica para as marcas.

Talvez tivesse torcido o braço durante a noite, ou tivesse batido a perna no canto da cama, talvez rolado em uma posição desconfortável.

Tentou dizer a si mesma que os sonhos eram resultados do estresse de ter de mudar metade do País, mudar de escola, e deixar todos os amigos para traz, quer dizer, é um período de adaptação, certo?

Mas agora sabia que era mais que estresse, porque entre as contusões, dores, e as crescentes olheiras sob seus olhos, pelas noites mal dormidas, sentia-se como se as coisas fossem piorar.

-Sakura?

A atenção da garota foi puxada para a porta de seu quarto, a qual sua mãe estava encostada, os cabelos loiros despenteados, e os olhos cansados encarando-a preocupada.

-O que esta acontecendo?

A garota rapidamente escondeu o pulso machucado entre as cobertas, e percebeu como o cheiro dele ainda continuava impregnado nelas.

Maças assadas.

-Você estava gemendo enquanto estava dormindo.

Seus olhos verdes como esmeraldas desviaram-se de sua mãe e foram para os números vermelhos brilhantes de seu relógio digital sobre o criado mudo. 4:05.

-Um sonho ruim, eu acho.

Disse enquanto encolheu os ombros, tentando parecer normal.

A loira apenas concordou e começou a brincar com o cinto do roupão, persistente na porta, até que criou coragem para fazer a pergunta que tanto lhe atormentava.

-Você não está ouvindo vozes outra vez, está?

A mais nova analisou o rosto da mãe, se perguntando se ela poderia lidar com a verdade, mas decidiu que não podia. Então simplesmente agitou sua cabeça, vendo a expressão da loira mudar de ansiedade para alívio. A mulher mais velha se permitiu respirar aliviada, e forçou um sorriso, ainda remexendo em seu roupão, provavelmente pensando sobre a sanidade da filha.

Mas tudo bem.

Porque ela se perguntava sobre isso, também.

Aquela não era a primeira vez que seus pais a encontravam acordada nas primeiras horas da manhã. E aquela não era a primeira vez que se queixavam de que gemia, ou que lhe davam aquele olhar.

Aquele que dizia que ela estava ficando louca.

Ou que reparavam em todos os seus machucados.

A primeira vez era em seu tornozelo, uma grande mancha roxa, com formato de uma mão, juntamente com alguns arranhões. Na noite em que isso aconteceu, Sakura foi ao quarto dos pais desesperada, perguntando se eles também ouviram a voz, se alguém tinha entrado na casa, com esperança que a voz não fizesse parte de um sonho. Mas seus pais disseram que não, que não haviam ouvido nada. Eles pareceram especialmente preocupados depois que seu pai tinha verificado as coisas, mediante a insistência da filha, como se fossem muito mais medo por ela do que com ela.

-Quer que eu te faça um leite quente?

-Não, obrigado.

Sakura disse, ainda sendo capaz de ouvir a voz de seu sonho, aquilo brincava em sua orelha, um hálito lento, rítmico e pausado que empurrava as sílabas de seu nome mais e mais e mais.

Sa-ku-ra,Sa-ku-ra,Sa-ku-ra...

-Eu só quero voltar a dormir.

Mentiu, enquanto conseguiu um vislumbre de si no espelho da penteadeira. Seus normalmente brilhantes olhos verdes estavam cheios de veias avermelhadas. E seu cabelo estava uma bagunça, um emaranhado rosa de mechas desordenadas em cima de sua cabeça em um rabo de cavalo desleixado.

Não conseguia realmente lidar com seu cabelo, já que não tinha obtido uma noite inteira de sono, desde que se mudara para lá.

-Boa noite mãe.

Sussurrou enquanto deitava entre seus travesseiros, viu sua mãe lhe dar uma última olhada, logo depois fechando a porta atrás de si.

Puxou o cobertor sobre sua cabeça, na esperança de que isso a iria acalmar.

Na esperança de que aquilo fosse abafar a voz.


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