Ele pediu com tanto amor e ternura que Saya não podia dizer não por mais que estivesse decidida a terminar com sua vida e as de suas sobrinhas. O amor que resplandecia no olhar dele fez com que a esperança de ser feliz tomasse conta dela e ela passou acreditar que poderia viver um futuro próspero ao lado dele e de sua famíla quando acordasse novamente.

O amor faz a paz

Alguém dizia
Uns concordam, outros desconfiam
Se não existissem tormentos
Não sentiria a paz no carinho
dos seu braços
Quando te abraço

            Sentia o calor daquelas mãos que a levantou e sustentou em diversas ocasiões, ela não conseguia mais esconder o que sentia há tanto tempo e sempre deixava de lado devido a obsessão que a assolava, não queria mais esconder o amava como nunca tinha amado ninguém antes, o desejava como homem só a pessoa do cavaleiro não mais bastava. Era tanto carinho naquele toque que a necessidade de tê-la que ele tentava esconder se tornava urgente, a frieza daquela pele pálida ficou num passado distante. Aquele calor fez ela mirá-lo e pedir sem falar para estar entre seus braços.

Fiquei muda, com o coração fechado
Desde não sei quando
Pensei que este amor ia ser acabado
Esta mão sobreposta
Não vou soltar desta vez

            Batia em uma cadência acelerada nunca sentira tamanha velocidade, por mais que se locomovesse rápido quando necessário seus atos sempre eram calmos tanto quanto sua expressão; essa diferença a fez olhar para ele que como sempre retribuiu com calma, ela sorriu.

- Haji....

            E alcançou seu rosto com delicados dedos que passeavam pela face branca, seguiu o contorno do lábios que se abriram em um sorriso deixando que ela presenciasse a beleza daquele rosto sorrindo. Uma das mãos dele que estava no frágil braço subiu para tirar a teimosa mecha de cabelo que quase encobria seus olhos, ela ao sentir seu toque fechou os olhos querendo apenas sentir aquele momento, ele desceu a mão pelo rosto dela contemplando a expressão de felicidade da amada e sentindo aquela pele tão cálida.

- Saya...

A força de acreditar
liberta o amor
Contando com a amizade,
Imaginando o futuro,
A felicidade é visível

Mas não consigo me enxergar

            Estava sendo tão bom senti-lo que ela não queria mais abrir os olhos seu corpo correspondia com arrepios que percorriam a sua espinha, mas ele a chamava.

- Saya...

            Ela abriu e só podia ver aqueles dois orbes mirando-a, desnudando-a, sentiu medo por um instante e pensou em desistir mas ele a reteve somente com o olhar acalmando-a para que ela se mantivesse com ele, chegou perto do ouvido dela e disse.

- Amo você.

Deu um leve beijo e abraçou-a querendo transmitir a segurança que ela tanto precisava para espantar o medo que a perturbava e conseguiu.

- Haji...

Ela falou ao sentir-se protegida entre os braços dele e em resposta ele a beijou no pescoço desejando ir mais além e aguardando a decisão dela.

Se seguir as promessas
como bússola
Este amor vai perder o rumo
Prefiro pegar na sua mão
A esperar o milagre,
A força de acreditar,
me liberta

            Já estava decidida desde o momento que largou a espada não voltaria a sofrer daquela forma, não mais. Afastou-se dele um pouco somente para olhar o rosto do seu futuro depois olhou para trás e viu as pequenas sobrinhas se mexendo e sorriu, voltou-se para o homem à sua frente que também sorria. Ele entendeu o significado daquele gesto e se aproximou lentamente dela deixando claro que ela poderia desistir caso quisesse, mas não foi isso que encontrou a tocar seus lábios.

Se seguir as promessas
como bússola
Este amor vai perder o rumo
Prefiro pegar na sua mão
A esperar o milagre,
A força de acreditar,
me liberta

            Agora eles eram um, acima dos medos acima dos desafios eles tinham se tornado um, ela o queria e ele a completava e vice-versa. O que começou casto e lento tornou-se profundo tomando-os por inteiro não deixando espaço para dúvidas nem para a presença de outros; ao longe Kai observava o desabrochar da sua irmã.

            Não existia sangue entre eles, o desejo e não mais a obrigação de matar algo fez com que seus lábios se unissem e eles aproveitaram ao máximo a volúpia reprimida aprofundando o toque dos lábios, saboreando o gosto um do outro. Haji a abraçava mais forte não querendo perdê-la e ela correspondia a altura, somente quando não suportavam mais a falta de ar que eles se soltaram, abraçaram-se e ficaram sentindo um ao outro.

            Saya sabia que seu futuro seria diferente mesmo com 30 anos de separação ela sabia que quando acordasse a felicidade estaria lá esperando-a.

O amor faz a paz