Lá estavam eles, fugindo novamente. O Esquadrão Classe A. Face, Baracus e Murdock. O cel. Hannibal era o homem a ser resgatado dessa vez. Os três estavam a bordo de um velho helicóptero de guerra americano, que rodopiava no ar feito pipa.

_ Mas que droga, Murdock. Pilota esse negócio direito... _ Baracus se sacudia dentro da sucata voadora.

_ Na próxima eu prometo que vou pilotar direito, ok B.A?

_ Sério? _ O grandalhão se encheu de esperança.

_ Mas claro... Que NÃO. _ Murdock jogou a cabeça para trás e riu desvairadamente.

A missão que haviam completado, só para variar havia sido um sucesso, mas ainda aguardavam serem inocentados do incidente com as placas de impressão de dólares, ocorrido cerca de seis meses atrás.

_ Então... Pra onde estamos indo? _ Murock debruçou a cabeça para trás para falar com Face.

_ Precisamos de mais munição e de descanso. E eu conheço o lugar perfeito.

A casa nos arredores de Los Angeles era simples. Dois andares, três quartos e uma garagem com duas vagas. Não era lá uma mansão, mas servia bem ao propósito da moradora. A poucos metros dali havia um heliporto e uma loja de conveniência. E naquela manhã, Candice recebeu uma ligação absoluta e totalmente inesperada.

Depois de uns 15 minutos tentando entender o significado da mensagem que recebera, a jovem Candice ouviu um ruído que não lhe era familiar. Alguém estava tentando invadir sua casa.

Rápida e silenciosamente, ela pegou sua arma de estimação e se postou atrás da porta que estava sendo arrombada. Quando esta foi aberta, a morena se deparou com uma figura alta, de boné vermelho e um sorriso lunático no rosto.

_ Quem diabos é você? _ Ela apontou a arma para o peito do invasor.

_ Opa, opa... Calma aí, moça... _ Ele levantou os braços, o olhar vidrado nem Candice, como se estivesse hipnotizado.

_ Vamos... Vai falar ou prefere levar um tiro?

Imediatamente atrás do homem de boné, surgiu uma figura que a dona da casa conhecia muito bem.

_ Peck? _ Ela baixou a arma e passou ao lado do invasor para abraçar  Templeton Peck, mais conhecido como Faceman, o "Cara-de-pau".

_ Como você cresceu, menina. Ficou linda. _ Face a fez rodopiar.

_ Cala essa boca, Peck... Onde está o papai? _ Candice piscou.

_ Papai? _ Murdock e Baracus estavam estáticos.

_ Pai adotivo. _ Peck se virou para os dois. _ Temos que buscá-lo na cadeia em Santa Fé. Hoje ainda...Sabe como é, assuntos do FBI...

_ Ah que ótimo. O grande coronel Hannibal, preso de novo... _ Candice ironizou.

_ E como está indo, Candy?_ Ele indagou.

_ Fazendo uns serviços aqui e ali... Vou levando... E quem são esses?

_ Deixe-me apresentá-los. Esse é o cabo Bosco Baracus e o capitão James Murdock. Achei que já os conhecia, Candy. Parou de ler jornal? _ Face ria das caras pasmas de Murdock e Baracus.

_ Parei Face, e já faz tempo.

Candice Annabelle Smith era filha adotiva do cel.Hannibal e segundo as contas do mesmo, devia estar com 20 anos. Boa parte desses anos passados na Inglaterra e na França, onde Candy dividia seu tempo entre os estudos de idiomas e o estudo de armas de fogo, para desespero de sua família, exceto de seu pai, que achava extremamente útil o hobby da filha. Era a Candice que sempre recorria quando precisava de munições. E dessa vez, Peck e o resto do esquadrão recorreram a ela.

_ Prazer, eu sou o James. _ Murdock tirou o boné, se aproximou e estendeu a mão a Candice. Ela olhou dele a Peck que se contorcia para não rir.

_ Prazer. Candice. _ Ela apertou a mão dele relutantemente. Mas Murdock não parou de encará-la, com aquele olhar insano.

_ Candy, querida... O que tem para nós hoje? _ Peck parou na frente do espelho da sala e ajeitou os cabelos.

_ Do que precisam?

_ De tudo. _ Ele sorriu.

_ Certo, por aqui.

Enquanto passavam pelo corredor da casa até o arsenal no porão, Murdock ficou para trás, observando as fotos nos porta retratos na parede.

_ Ei, Candice. É você? _ Ele apontou para uma das fotos, de uma menina de chapéu de caubói ao lado de um pônei.

_ Sou eu sim... Anda logo. _ Ela sequer se virou para falar com ele.

O arsenal de Candy não perdia em nada para os arsenais militares. Tudo que se podia imaginar, ela possuía. Metralhadoras, granadas, napalm, bazucas, rifles, pistolas, munições variadas e até uma miniatura da bomba atômica.

_ Meu Deus, Candy. O que você faz com tudo isso? _ Face perguntou.

_ Vendo, troco e quando é um caso especial, faço de graça. Pode pegar o que precisar...

Face saiu escolhendo um punhado de armas, munições e explosivos. Quando a mesa no centro do porão estava cheia, ele sorriu aos três companheiros e anunciou:

_ Senhores, podem começar a encher os bolsos. Temos muito que carregar.

B.A olhou desolado para a enorme quantidade de tralha que teriam que carregar, enquanto Face só sorria. Estava evidente que o grandalhão do moicano faria todo o trabalho pesado.

_ Isso não justo, Face.

_ O que foi dessa vez, B.A? _ Cara de pau abandonou o sorriso ante a indignação do amigo.

_ Vou ter que carregar essa merda toda sozinho.

_ Deixa de ser florzinha, Baracus. Puta merda. Tem medo de entrar num avião e agora não quer carregar uma granadazinha?

Baracus fez uma cara emburrada e começou a juntar as coisas para levar de volta para o helicóptero. Murdock olhava curiosamente para as estantes de armamento.

_ Me diz uma coisa, Candice. Você também tem um apelido? Feito o seu pai? _ Ele perguntou.

_ Não. Não tenho. _ Ela deu de ombros.

_ Como assim não tem? _ Face indagou.

_ Não tendo. _ Ela deu um muxoxo.

_ Vamos arrumar um para você. O que sugere, Murdock?

_ Ah... Sweetie? _ O piloto maníaco pareceu meio envergonhado.

_ Sweetie? Que coisa mais cafona, Murdock. Que tal Cannibal?

_ Mas eu nem sou canibal, Face. Pelo amor de Deus...

_ Não tem nada a ver, menina. Cannibal é Candy mais Hannibal. Entedeu?

_ Que coisa mais horrorosa, Face. Só podia sair da sua cabeça mesmo.

_ Está ótimo, Candy. Agora só vou te chamar de Cannibal.

Ela revirou os olhos em desaprovação. Por pior e por mais cafona que fosse, o “Sweetie” que Murdock propusera era realmente bonitinho e gentil. Até parecia que ele estava apaixonado por ela, com todo aquele jeito educadinho de tratá-la e com aquele olhar vidrado.

Depois de carregar tudo sozinho para o helicóptero,  B.A estava bufando de cansado e doido para resgatar Hannibal da cadeia em Santa Fé, para que tivessem um pouco de descanso.

_ Vocês dois. Vamos logo. Temos que tirar o chefe da cadeia hoje. Senão estamos fodidos.

_ Pois é, Cannibal. O dever chama. _ Face se adiantou e ia saindo da casa.

_ Eu agradeceria se não me chamasse mais por esse apelido idiota, Face. Ou vou começar a te chamar de Templeton. Que acha?

_ Mas de jeito nenhum! _ Ele protestou.

_ Então estamos combinados. _ Candice se aproximou dele e o abraçou. _ Mande notícias pro meu pai. Diga que estou com saudades.

_ Eu mando. Pode deixar, linda. _ Face piscou e saiu rindo.

_ B.A, a gente se vê!! _ Ela acenou para ele, da porta.

_ Murdock, seu maluco. Anda logo!! _ Baracus gritou de dentro do carro que os levaria de volta ao heliporto. Mas o amalucado piloto não estava por ali. Enquanto procuravam por Murdock nos arredores da casa, eis que um fantoche de porco surgiu no batente da porta.

_ Olá... Meu nome é Percy. Você gostaria de um pouco de carne de porco? _ Era Murdock, que saiu detrás da porta rindo a valer.

_ Eu juro que ainda quebro todos os ossos da tua mão, Murdock. _ B.A detestava aquelas brincadeirinhas. Mas Candice havia caído na risada. Definitivamente James Murdock era boa pessoa, o problema é que ele nem sempre se encaixava nos padrões.

_Até a vista, Sweetie. _ Murdock correu até o carro, acenando para Candice com a mão do fantoche.

Quando estavam dentro do helicóptero, Baracus tentava sem sucesso falar com Murdock, que cantarolava uma musica em alemão.

_ Mas que diabos aconteceu com esse maluco?

_ Acho que algum canibal comeu o coração dele. _ Face comentou risonho, enquanto ainda olhava a paisagem pela janela.