Um Momento a Dois escrita por Misuzu


Capítulo 1
Capítulo Único - Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

MeruPuri pertence à Matsuri Hino. No entanto esta história pertence à mim, portanto não a copie.



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          Era noite, há muito o casamento havia terminado. A garota de longas madeixas onduladas estava sentada numa pedra em um pequeno bosque de Aster, admirando a beleza de uma cachoeira. Assim como a cachoeira, as lágrimas lhe escorriam pela face. Longe de tudo e de todos, onde não precisava fingir ser forte, onde podia chorar sem nem mesmo se lembrar o motivo. Ah! Claro, o motivo, ele havia se casado. Ela pensava que podia ser forte e assistir àquilo, mas não conseguira. Ela se perguntava por que motivo ainda chorava, se há muito tempo seu coração já deixara de bater mais forte ao vê-lo. Tudo que ela via nele agora era o príncipe em que se tornara, havia crescido e agora até mesmo se casara com a mulher que tanto amava. E ela? Ela estava realmente feliz em ver a alegria dos dois juntos, até mesmo tornara-se amiga de sua esposa, na medida do possível. Então ela voltava a se perguntar, por que razão ainda derramava lágrimas por ele se já não mais o amava?

          Com o passar dos minutos seus pensamentos mudaram lentamente. Ela pensava na beleza dos olhos esverdeados de Alam e na tranquilidade que eles exalavam. Mas os olhos antes verdes, foram tomando uma tonalidade diferente atingindo um lindo azul prateado. Que olhos são esses?, ela se perguntava, no mesmo tempo em que no fundo de sua alma sabia que os conhecia. Eram decididos, demonstravam segurança e coragem. Imaginar aqueles olhos desconhecidos, porém tão conhecidos, estava deixando seu coração aquecido, afastando lentamente a tristeza que o inundava. Imaginou a pele branca como a lua e os cabelos de chocolate de Alam. Mas lua as poucos, tornou-se sol e o chocolate deu lugar às brilhantes safiras.

          Por que pensar nestes traços que claramente não eram os do Alam, deixava seu coração mais calmo que pensar nos do próprio Alam? Imaginou-se nos braços deste estranho de cabelos azulados, olhos cor de prata e pele acobreada. A sensação que sua imaginação lhe proporcionou ao pensar nisso fora tão agradável que ela esquecera que o homem por quem sempre fora apaixonada acabara de se casar. Ela deixou-se envolver pelos braços do estranho aproveitando a doce sensação tentando assim apagar a dor que sentia no seu coração. Mas ela não sabia que por muitos anos a dor de ver Alam com outra escondeu o amor que ela poderia sentir por alguém.

          Sua doce ilusão é interrompido pelo som de passos na relva, que estavam cada vez mais próximos, e ela sente raiva por aquele som ter acabado com seu breve momento se felicidade. Mas então a raiva dá espaço ao orgulho, a ideia de alguém a ver chorando neste momento não lhe parecia nada agradável. Ela vira sua face e observa a água cristalina do pequeno lago abaixo da cachoeira. Ela observa seu reflexo no lago. Sempre se achara bela, mas nesse momento, o contorno vermelho em seus olhos roubava toda a atenção para si.

          Os passos sessaram bastante próximos a ela, talvez uns cinco metros. Já compreendera que não conseguiria esconder os vestígios de seu choro, mas podia ao menos evitar derramar mais lágrima na frente de seja lá quem fosse que estava ali.

          - Ora, ora... princesa, o que faz aqui, tão longe do Reino?

          Seu olhar é atraído pelo ponto de origem da voz. Ela depara-se com o sol, a prata e as safiras. O dono daquelas feições estava ali, parado à sua frente e seu olhos cor de prata demonstraram tristeza ao ver os da garota sentada à beira do lago. Ele era a última pessoa que ela queria que a visse assim. Aquele príncipe ousado e rebelde que nem mesmo se portava como um. Ela volta a fitar o lago, esperando que ele vá embora, deixando as ondas de seu cabelo formarem uma cortina, impedindo-o de continuar vendo seus olhos vermelhos e sua face agora ruborizada.

          - Vá embora, Razu.

          Ele pensava apenas que a jovem princesinha estava dando um passeio, mas assim que viu a expressão na face da garota, a dor passou pelos seus olhos. Vê-la ali com aqueles olhos vermelhos, chorando por outro fez seu coração doer. Ele a amava. Tentava esconder isso dos outros o máximo que podia, mas de apenas uma pessoa ele não podia esconder isso: ele mesmo. Ele a amava, compreendera isso já a algum tempo, após esquecer sua obsessão por Aili. Ele não amava Aili, o que ele sentira por ela fora apenas o ódio que ele tinha de que por culpa de sua ancestral o pai dele não era o rei no momento. Mas superara isso, depois de perceber que o amor dela por Alam era verdadeiro. Também percebera, com o tempo, que ele também amava uma pessoa. Mas nunca tivera coragem de confessar-lhe isto. Ela amava Alam, e ele sabia disso. Mas vê-la ali, com os olhos maculados por ter chorado por ele fora a gota d'água.

          Seu auto-controle chega ao limite, tudo o que queria naquele momento era abraçá-la e pedir-lhe que não chorasse mais, que aquilo doía em seu coração como facadas. Em passos vacilantes ele seguiu até ela e abraçou-a com toda a ternura contida até agora. A garota fora pega de surpresa, o abraço de Razu lhe trazia a mesma sensação que o abraço imaginário de sua ilusão. As lágrimas voltaram a descer por sua face, agora desaguando no ombro de Razu. Queria corresponder ao abraço, mas seus braços estavam caídos junto de seu corpo e ela não encontrava a força para ergue-los.

          Razu afasta-se alguns centímetros, e observa as lágrimas que desciam lentamente por sua face. Ele sabia que neste momento a dor em seus olhos era um reflexo da dor presente nos olhos dela. Ela sustentava o olhar dele constrangida, pois sentia que aquele olhar via sua alma.

          - Não chore assim, Mariabelle. Não derrame suas lágrimas por ele, elas são tão preciosas, mostram o quão puro seu coração se tornou. Por isso, não derrame elas em vão.

          Mariabelle estava confusa. Olhava para os olhos de Razu, que sempre demonstraram força e confiança, mas não era isso que ela via ali, havia apenas dor e frustração nos olhos dele. Isso está errado. Razu nunca demonstrara dor nem tristeza antes, sempre fora forte. Então por que demonstra agora? Ela perguntava-se porque a dor nos olhos dele a deixava triste, de uma forma diferente da tristeza que sentia antes de ele chegar.

          - Por que você está triste Razu? Nunca o vi assim, isso me deixa confusa.

          - Eu pensei que você tivesse percebido. - Ele sussurra e então olha para o lado, tentando esconder de Mariabelle o rubor que invadira sua face. Mas não demora muito e ele volta seu olhar novamente à Mariabelle e seus olhos demonstram a força e a determinação que Mariabelle conhecia. - Eu te amo, isso nunca vai mudar, não importa o que aconteça.

          Ela é pega completamente de surpresa. Isso não fazia sentido para ela. Por alguns minutos a única coisa que ela conseguia fazer é processar a informação que recebera enquanto ficava incrivelmente ruborizada.

          - Mas você me ajudou a tentar separar o Alam e a Aili. E eu pensava que você amava ela...

          Ele leva sua mão ao rosto de Mariabelle, secando suas lágrimas gentilmente com a ponta dos dedos, aproveitando pra acariciar levemente seu rosto.

          - Eu estava apenas fazendo o que deixava você feliz, embora ver você nos braços de Alam depois que a canastra retirou as memórias dele me deixou irritado e fez me coração doer, eu queria que você estivesse nos meus braços, e não nos dele. - Razu segura a face de Mariabelle com as mãos e toca com seus lábios levemente o alto da testa de Mariabelle e logo volta a olha-la nos olhos. - Eu sempre vou amar você, mas acho que neste momento o melhor para você é ficar sozinha. Mas se sentir vontade, me procure. Apenas não chore mais.

          Ele levanta-se, enquanto ela fita o chão com um olhar confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Ele estava prestes a partir quando ela enfim compreende seu próprio coração. Antes que ele pudesse partir Mariabelle segura firmemente a barra de sua camisa, fazendo-o parar e voltar um olhar confuso à garota que agora tinha as bochechas rosadas.

          - Sabe Razu, antes de você chegar eu estava pensando no Alam, mas cada aspecto dele em que eu pensava modificava-se. Pensei nos olhos esverdeados dele, mas o que me veio a mente foram olhos azul-prateados, que me transpassavam segurança e confiança. Tentei pensar então nos cabelos castanhos de Alam, mas eles adquiriram um lindo tom de azul. Depois, na pele cor da lua do Alam, mas a noite deu lugar ao dia e a pele que eu vi foi uma linda pele acobreada. Me perguntei porque isso estava acontecendo e porque eu me sentia bem com a imagem do estranho que no fundo da minha alma me era tão familiar. Então me imaginei sendo abraçada por ele, e quando fiz isso senti uma sensação de carinho e ternura tão boa que cheguei a sentir raiva quando o som de seus passos interrompeu minha ilusão. Mas quando olhei para você eu vi os mesmos traços da minha ilusão. Agora eu entendi, eu imaginei você. Meu coração estava tentando me mostrar que é você que eu realmente amo e que minha mente estava encobrindo isso com um falso amor por Alam.

          Apenas depois de terminar de falar é que Mariabelle percebeu o quanto era constrangedor o que ela acabara de falar. Ela já estava voltando seu olhar para o chão e soltando a camisa de Razu, quando o mesmo segura sua mão e a puxa forte e no entanto gentilmente, fazendo-a se levantar. Ele a puxa para seus braços, envolvendo a com os mesmos.

          - Eu te amo Cardia Mariabelle, meu coração é inteiramente seu.

          Ele aproxima lentamente sua face da dela, afinal, eles têm todo o tempo do mundo de agora em diante. Seus lábios encontram os dela e os dois se unem, completando um ao outro. Entre doces beijos, Mariabelle encontra fôlego o bastante para sussurrar algumas palavras.

          - Eu também amo você, Zelothya Razard.


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Notas finais do capítulo

E então?? Ficou boa? Ficou uma porcaria? Me diz, ou então não poderei corrigir meus erros, nem me orgulhar de meus acertos. Obrigada por ler minha fic, Ja ne!



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