Um verdadeiro amigo é aquele que entra quando todos os demais se vão.

Ok, vamos começar pelo meio da história, eu sou Katherine Miller, mas todos me chamam de Kate, tenho 18 anos e sou... Digamos que eu vivo como uma humana, eu me sinto assim, depois de passar 3 anos sem nem ouvir falar no Olimpo.

Isso mesmo, Olimpo, eu nasci semideusa, filha de Atena, mas eu não sou mais uma, se você acha impossível vai lá em casa, tem mais quatro meninas que conseguiram a mesma coisa que eu. Eu me lembro como se fosse hoje, aquele dia da minha vida, onde tudo mudou.

Digamos que eu fiz uma coisa que minha mãe odiou, ela ficou com tanto ódio de mim por desonrá-la daquela maneira que me recusou como sua filha, fiquei com raiva dela, afinal foi muito ridículo ela morrer de raiva de mim por aquilo, e desde então tento ser o oposto de uma filha de Atena.

A única coisa dela que eu nunca recusei foi a esperteza e a inteligência, afinal eu curso Direito em uma das melhores faculdades do país. Mas a conversa que os homens atrapalham tudo da minha mãe, que ela divide com Ártemis, eu não sigo essa baboseira, na verdade eu tenho o recorde da faculdade, já transei com 85 caras.

Vingativa? Muito! Puta? Só um pouquinho...

Olhei no espelho do meu quarto, é, essa roupa aqui está ótima pro sábado à noite. Minhas botas pretas de couro com salto agulha, um micro-short preto com paetês, um top branco apertado com um decote bem generoso e um casaco de couro. Prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo e fiz uma maquiagem bem pesada.

Saí do quarto e encontrei as meninas prontas pra sair também, me despedi delas e saí, o meu vizinho gostosão me deu uma cantada, como sempre ele faz, o cara ainda não aprendeu que não repito caras na minha cama! Ok, eu estou parecendo uma vagabunda, mas é que eu não posso ter um relacionamento sério!

Comecei à andar sem rumo pelas ruas de Nova Iorque, me mudei pra cá quando tinha 15 anos, com minhas amigas. Essa aqui é a melhor cidade do mundo inteiro, a vida noturna é fantástica e tem tanta gente e tanto movimento!

Quando percebi estava entrando no Empire State, como eu posso ter sido tão descuidada? Eu sempre tentei fugir desse lugar! Eu detesto isso aqui! Me concentrei em sair, mas não estava dando, como se alguma coisa me puxasse para aquele lugar. Se eu encontrar alguém...

É só eu pensar?

- Srta. Miller! – chamou o porteiro – Tem alguém que deseja conversar com a senhorita.

- Me chame de Kate! – eu sorri amarelo pra ele.- E não quero conversar com ninguém daqui.

- Nem comigo? – ouvi a voz do único deus que eu não odiava.

- Apolo! – sorri e fui até ele. – À quanto tempo!

Ele me deu um abraço e fiquei completamente errada. Fomos para fora e ele comprou dois cachorros-quentes. Eu fiquei desconfiada, o único ser desse Olimpo que eu sempre quis rever é Apolo, mas eu duvido que deuses procurem mortais sem motivos.

- O que o Olimpo quer de mim? – perguntei e ele ficou surpreso.

- Por que temos que querer alguma coisa de você?

- Você não me procuraria. – eu disse desafiando ele. – Qual é, Apolo? Todo mundo sabe que eu estou muito bem de vida com as garotas.

- Sua mãe não acha isso. – ele disse.

- Minha mãe desistiu de mim depois daquele... Incidente. E duvido que com a teimosia sem fim de Atena que ela me perdoou. – eu disse levando a sobrancelha. – Podemos mudar de assunto? Porque senão eu vou embora, estou muito bem, obrigada.

- Você se tornou uma má pessoa, Kate. – ele disse pegando no meu ombro. – O que aconteceu com aquela garotinha de óculos adorável que encantava todo mundo com sua ingenuidade e sabedoria?

- Ela morreu! – eu praticamente gritei. – Não existe mais! Eu vou embora! – eu me virei, mas ele me puxou.

- Deixe de ser infantil! Me ouça sua piveta insolente que eu não vou mais tolerar isso! – ouvi uma voz feminina fria, mamãe. – Você vai voltar para aquele acampamento com todas as meninas e nunca mais vai se meter em encrenca, vai treinar até não agüentar mais e vai, pelo menos uma vez na sua vida, me dar orgulho.

Eu não olhei pra ela, apenas saí correndo com toda a minha velocidade, atropelei todas as pessoas que passavam pela rua e gritei de raiva para qualquer um que pudesse ouvir. As meninas não atendiam o celular e eu não conseguia voltar pra casa, minha cabeça estava girando e minha visão ficou embaçada.

Em uma rua pouco movimentada eu acabei caindo no chão, como se alguma onda elétrica percorresse meu corpo todo. Os deuses não prestam mesmo! Como de uma vez eles querem aparecer na minha vida? Como têm coragem de me torturar só pra fazer uma coisa pra eles?

Se bem que não me surpreende! Eles são capazes de irem por cima de tudo e de todos pra conseguir o que querem, são baixos e nojentos! Por isso eu não quero ter nada haver com essa vida. Não concordo em magoar as pessoas só pelo seu bem próprio.

“Você não faz diferente, Katherine” Ouvi a voz de Atena na minha cabeça. Bati na minha nuca e continuei me continuei me contorcendo no chão sujo de NY. Depois de um tempo eu me senti bem melhor. Como se os deuses tivessem desistido.

Fui pra casa, não vi as meninas, ou estavam fora ainda ou estavam dormindo, tomei um banho bem relaxante e fiz uma malinha, coloquei um top branco e short azul, botas de couro e coloquei meu cabelo em um rabo de cavalo, tudo muito simples.

Alguma coisa dentro de mim sabia que era o certo à fazer, outra achava que isso é loucura. Uma estava pensando que nunca mais ia ver minhas amigas, outra muito forte dizia que elas estariam lá, nunca estive tão confusa quanto agora.

Corri até a rua e pulei em um taxi, olhei para o taxista e disse:

- Long Island, por favor, colina meio-sangue. – eu disse me ajeitando lá.

O taxista me deu um sorrisinho presunçoso e começou a dirigir em alta velocidade, ou o cara é maluco ou eu estou em fria.