Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 17
16 Não foi meu fim




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     Seu olhar me apanhou no portão, ele pisou apressadamente com suas enormes botas de combate, eu também apressei o meu caminhar, sem tirar os olhos dele, nem por um instante. Deus era testemunha do quanto eu era perdidamente apaixonada por ele, e do quanto eu lutava dia após dia contra o apego afetivo. 

               Seus cabelos longos e arrepiados castanho-escuros se eriçando na atmosfera. Seu rosto estava vazio, e seus lábios estavam voltados para o emburramento, mas seus olhos estavam transbordando de cordialidade. Ele era um bom menino e todos sabiam disto. Um bom rapaz.  

            Chegamos ao ponto de embate. Eu o olhei e sorri quase involuntariamente, e como um imã os lábios dele se repuxaram ao meu riso – fora sempre deste jeito.

— Eu sinto muito por todas as brigas. Eu sinto muito por hoje na escola. E eu sinto muito pelo que a desocupada Anabel deu um jeito de te contar – sussurrei, já com meu coração nas alturas.

— Eu te amo – disse me abraçando apertado.

Eu oscilei quase sem ar, pois tinha certo problema com o achatamento dos meus pulmões.

— Você está me... esmagando...— disse entredentes. Ele me soltou.

Chegando a frente do grande portão de alumínio da casa dele, nós paramos.

Enquanto ele movia o portão, eu pensei que não deveria estar ali.

Poucas vezes eu ia visitá-lo e não era a toa, a casa dele era repulsiva a mim. Meus pretextos eram tão lívidos quanto à água, mas aparentemente eu era a única a enxergá-los. Tony nunca os abrangeu, nem mesmo um motivo, nem mesmo se deu o trabalho de querer entender, e creio que nunca os compreenderia.
A mãe e a irmã mais velha de Anthony não consideravam minha presença afável naquela casa ou ao lado de Tony – a realidade dos fatos, é que me achavam pobre demais, para pertencer a uma família tão extraordinariamente importante da cidade. Anthony não era rico, mas ele tinha melhores condições financeiras do que eu. – na infância sempre teve os brinquedos mais caros, na pré-adolescência os vídeos-game mais comentados e por fim com a adolescência vieram os sonhos grandiosos. Sonhos que eu não tinha. Sempre pensei em nós como um casal 'discussão' – mas isto nunca tinha se mostrado um grande problema, ao menos não o fundamental. Ele nunca pareceu se importar com isto - contrariando as espectativas da mãe e da irmã.


Ele abriu o portão e eu entrei timidamente.


— Eu espero não estar incomodando.
— Você nunca incomoda.


Entrei e cumprimentei todas as pessoas da casa com quem cruzei. Afinal eu era educada quando queria. Falei com a mãe – a tia gente boa – a avó querida, e por fim a irmã que tanto me detestava. April, sempre deixou claro que nunca gostou de mim, mas isto só veio a degradasse ainda mais com os anos. Como uma espécie ferrugem peçonhenta. Meus sentimentos por ela eram reciprocos: Eu a via como um ser mesquinho, hostil e maldoso. Causadora de todas as brigas ou grande parte delas entre mim e o irmão.

Subimos um lance de escada ornamentada em carpete escuro, havia muitos quadros na parede, pintados em maioria por April e Tony. Eram pinturas subentendidas, cheias de rabiscos e efeitos especiais. Eu adorava um em particular, pintado por meu namorado – um navio em um riacho tortuoso. Eu já tinha contemplado aquele quadro em várias ocasiões, condudo sentia uma grande satisfação particular, toda vez que meus olhos tocavam a tela outra vez.


Chegando ao final da escada, demos três ou mais passos em direção ao quarto dele. Ao lado permanecia o quarto de April —nunca deu um passo sequer naquele comôdo. Mas, enquanto passava por ele, dei um olhar de soslaio. E percebi que era muito bem zelado, cada coisa em seu devido lugar e cheio de recordações. Notei em especial o quadro de fotos — Ela era do tipo quase popular — patricinha, mimada e esnobe. O tipo de garota que daria a vida para sair na televisão, conhecer o RBD e Ser a Srtª ABELHA RAINHA. Deveras, April tinha o REI na barriga.

O quarto de Tony, não era grande nem tão pouco pequenino. Era habitual. No chão a continuação do carpete. Um quadro de pintura abstrata. Havia duas camas adjacentes, unidas por um guarda-roupa de madeira clara. A parede ao lado da janela era vermelho vivo — mais escuro que sangue. Havia um raque amparando uma televisão, CDs, vídeo-cassete. DVDs e uma foto minha - de quando eu tinha apenas seis anos. As janelas eram preservadas por cortinas pesadas que se arrastavam no chão. Era um quarto bonitinho e organizado, não deixava nada a desejar.

Entramos e ele encostou a porta - na verdade ele a fechou, eu não me sentia avontade com aquilo, mas deixei passar desta vez. Pisei devagar. E acomodei-me em uma de suas camas. Estranhei como era fofa e pulava por conta propria — Molas. Tony sentou-se na outra cama ficando de frente pra mim.

— O que você queria conversar? – Perguntei sem graça.
— Recebi uma mensagem de texto da sua amiga. — Eu me mantive séria.
— Anabel? — chutei com plena confiança
— A vadia mesmo.
— E o que dizia?
— Veja você...

Puxou o aparelho do bolso da calça jeans e o desdobrou pra que eu pegasse. Eu tomei o celular em minhas mãos. Ele mudou o ângulo da cabeça, me olhando meio de lado, novamente havia uma nuvem escura sobre seus olhos puxados.

OLA MEU CUNHADINHO, TUDO BOM?
QUE FELIZ coincidência, ter encontrado a ROC aqui no
Memórias. Não é incrível que ela e Lucas estejam se dando tão bem?


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Notas finais do capítulo

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