Sempre Juntas escrita por Jiinx93


Capítulo 1
Capítulo 1




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Adorava aquela paz que lhe tomava quando estava com Kayle. Seus problemas simplesmente evaporavam e tudo que lhe importava era curtir aquele amor que a invadia.

Voltavam agora de um restaurante que Kayle a levara para comemorarem seus cinco anos de casamento. Repousava a cabeça no banco e a mão na perna de Kayle enquanto esta dirigia. Lembranças daqueles cinco anos lhe vinham, boas e ruins, não importava. Passaram por tudo juntas, como disseram ao trocar as alianças “Na alegria e na tristeza...”.

Kayle era totalmente o oposto de si, muitas pessoas diziam que elas não dariam certo juntas por isso. Aqueles cinco anos eram a prova de que estavam errados.

Suas diferenças já começavam pela família. Ela era descendente de alemães, os mais velhos nazistas; Kayle era neta de judeus, seus avós sofreram nas mãos de alemães. Kayle era calma e quase uma puritana, enquanto ela, Lívia, era temperamental, os sentimentos mais estranhos lhe apareciam nas horas mais impróprias.

Kayle era uma arquiteta renomada e ela medica pediatra. Seus horários eram super apertados mas conseguiam arrumar um momento para as duas.

Abriu os olhos e fitou a mulher ao seu lado que dirigia séria. Seus avós lhe disseram que ia se arrepender de sua decisão de casar com Kayle, olhando-a agora tinha certeza de que nunca se arrependeria. Amava Kayle e esse sentimento só aumentava com o passar do tempo, e não ia parar.

Kayle parou no sinal vermelho do semáforo e olhou para ela. Pegou Lívia a fitando com um sorriso bobo nos lábios. Sorriu de volta e acariciou-lhe o rosto com carinho e ternura. Depois voltou a atenção para o transito. Pôs o carro em movimento ao sinal verde.

Estavam passando pelo semáforo quando uma luz forte de farol atingiu-lhes os olhos. Não tiveram tempo se quer de piscar os olhos e um caminhão já vinha para cima do carro.

Uma escuridão caiu sobre si, tentou lutar contra ela mas não tinha forças. Não ouvia mais nada, nem sentia e seu último pensamento foi em Kayle.

***

(KAYLE)

Abri os olhos e uma dor imensa atingiu-me a cabeça. Não conseguia ver nada direito mas sabia que estava em uma situação horrível. Ouvi gritos e uma voz grossa chamar por alguém mas tudo o que pude pensar foi em Lívia. Como ela estava? Tentei virar a cabeça mas estava presa então tentei chamar por ela, tudo o que consegui foi um sussurro fraco de seu nome.

- Se acalme garota vai ficar tudo bem já estamos chegando ao hospital – ouvi aquela voz grossa dizer.

Mas eu não queria ir a hospital nenhum, queria ver Lívia. Precisava saber como ela estava. Tentei mover-me mas meu corpo estava preso, como minha cabeça. Logo senti mãos me puxarem e ser colocada encima de algo macio.

Consegui distinguir alguns vultos de pessoas a minha volta e ouvia claramente as vozes.

- Precisamos identificá-las ... Os sinais vitais estão normais.

- Preciso de uma equipe especializada com a outra moça doutor, ela está com os batimentos fraco e suspeito de uma lesão na coluna.

- Tudo bem, chame a equipe que precisar. Vou começar imediatamente os exames nesta paciente, faça o mesmo com a outra.

Foi só o que ouvi. De repente cai em um sono profundo.

Quando acordei novamente não sentia mais dores, senti uma mão apertando a minha. Virei o rosto e vi minha mãe ao meu lado.

- Mãe ... – disse com a voz fraca. Ela deu um pulo da cadeira e em um gesto rápido me abraçou.

- Oh meu Senhor, graças a Deus você acordou querida. – Disse ela com lagrimas escorrendo pelo rosto.

Olhei ao redor e constatei que estava em um hospital, as paredes brancas e o cheiro eram inconfundíveis. Também vi muitas flores espalhadas pelo quarto e isso me fez sorrir.

- Onde está Lívia – perguntei, com a voz mais forte agora.

- Lívia está ... – ela parou como se estivesse procurando palavras para me responder. – Vou chamar o medico para vê-la e depois conversamos.

Ela saiu quase correndo do quarto e em segundos voltou com um homem mais velho ao seu lado.

- Bom dia senhora Montesino – disse com uma vós que me soou familiar – sou o Dr. Macedo – estendeu-me a mão que apertei sem muita força, ainda estava muito fraca. – Estamos muito felizes por ter acordado. Vou fazer alguns exames de praxe e acredito que receberá alta ainda pela tarde.

- Obrigada. – respondi sem muito entusiasmo – Mas quero saber como esta Lívia.

- Deve ser sua esposa. Bem... acredito que sua mãe poderá lhe responder melhor e depois de seu exames podemos conversar. Agora se me dão licença começarei a preparar tudo para seu exame.

- Obrigado Doutor – Respondeu minha mãe e logo que ele fechou a porta ela desabou na poltrona ao lado da cama e enterrou o rosto em suas mãos.

- Mãe... por favor, me diga logo como está Lívia – pedi desesperada. Minha cabeça já estava fazendo mil opções do que poderia ter acontecido. E nenhuma delas eram boas.

  - Primeiro tem de se acalmar – pediu minha mãe em um tom frio.

Encostei-me nos travesseiros de novo sentindo meus olhos se encherem.

- Quando cheguei aqui os policiais já haviam me falado sobre o acidente. Seu irmão ficou cuidando de tudo com eles e eu vim pra cá. Os médicos me disseram que vocês estavam sendo examinadas mas o caso de Liv era mais grave. Depois de muito tempo esperando noticias vieram me avisar que você estava bem, mas precisavam esperar que acordasse para ter certeza. Quando perguntei de Liv eles disseram que... – sua vós fraquejou e uma lagrima caiu de seus olhos. Os meus naquele momento já estavam transbordando de lagrimas em desespero. – Disseram que ela estava com uma fratura na coluna e minutos depois de constatarem isso ela entrou em coma. Você está aqui há dois dias e nada mudou no estado clínico dela. Sinto muito querida.

Não conseguia dizer nada, estava em estado de choque. Senti os braços de minha mãe me envolver tentando me reconfortar. Mas uma dor muito grande invadia meu peito e ninguém conseguiria tirá-la a não ser Lívia.

- Não. Não pode ser. Minha Liv, não. Não pode ser mãe... – sussurrei apertando mais o abraço.

Depois de muito tempo ali chorando consegui me controlar.

- Preciso vê-la – disse a única coisa que conseguia pensar.

- Depois veremos isso Kayle, agora precisa ir fazer os exames. – Disse minha mãe.

Não protestei. Já não tinha forças pra mais nada, nem mesmo para chorar.

***

Estava atrasada. Ainda precisava passar no hospital e depois ir á casa de seus pais, era aniversario de casamento do casal e a mãe queria a presença de todos os filhos. Não daria tempo de tirar o terninho de trabalho, ia assim mesmo, decidiu.

Entrou no hospital cumprimentando a todos que conhecera durante esses seis meses desde o acidente. O medico ligara horas atrás lhe dizendo que precisavam conversar sobre o estado de Liv. Há seis meses ela permanecia em coma, ligada a aparelhos. Não haviam percebido nenhuma evolução no caso e ela só permanecia ligada por não terem desistido e por Kayle não deixar que desligassem os aparelhos.

Sabia que o médico ia lhe propor novamente que assinasse os papeis para desligarem os parelhos e, novamente, lhe responderia que não. Nunca desistiria de Liv, nunca desistiria do amor de sua vida.

Encontrou o medico e como previra ele lhe fez a proposta. Recusou novamente e em seguida foi ao quarto de Liv.

Sentou na poltrona ao lado da cama onde Liv estava deitada. Ficou ali a olhando.e pensando em tudo o que viveram juntas.

Depois de muito tempo aproximou-se da cama e sentou pegando a mão de Liv.

- Por favor Liv... apenas um sinal – pediu em um sussurro. – Acorde Liv, eu não posso mais viver sem você.

Uma lágrima solitária escorreu-lhe pelo rosto. Encostou seu rosto no dela e beijou-lhe o lábio.

- Eu te amo Liv e não vou desistir. Queria que não desistisse também.

Enxugou o rosto e saiu.

Próximo à recepção ouviu seu nome ser chamado:

- Senhorita Montesino... Kayle... – um rapaz muito jovem vinha correndo pelo corredor. Era um dos enfermeiros que cuidavam de Lívia.

Esperou que ele se aproximasse e que tomasse fôlego.

- Senhorita, tem de vir comigo. Não vai acreditar no que aconteceu...

- Me fale logo então. Eu estou atrasada para um compromisso.

- É sobre sua esposa, ela... ela abriu os olhos do nada. Ela acordou... e não para de te chamar...

Kayle não acreditou no que ouvia, só podiam estar brincando com ela.

- Só pode estar brincando. Sai de lá a pouco...

- Não estou brincando – interrompeu, sorrindo – Precisa vir comigo.

- Tudo bem. Vamos. 

Subiu até o quarto rapidamente e ao chegar encontrou vários médicos na sala e fora dela o Dr. Macedo.

- O que aconteceu? – perguntou meio sem fôlego.

- Sua esposa saiu do coma senhora Montesino – começou ele – e está muito agitada. Preciso que entre comigo e tente acalmá-la para que possamos começar os exames.

Kayle estava em estado de choque, não conseguia pensar direito. O médico foi lhe conduzindo para dentro da sala.

Sua cabeça só parou de girar ao entrar e ver aqueles lindos olhos verdes de sua amada abertos e voltados para si e junto deles o chamado feito pela voz mais doce que conhecia no mundo.

***

(LÍVIA)

Não estava entendendo o porque de estar ali naquele hospital. Não via Kayle em lugar algum, só médicos andando para todo lado. Não conseguia sair daquela cama, minhas pernas não respondiam aos meus comandos. O desespero se apossou de mim e a única coisa que pensei em fazer foi gritar o nome da única pessoa que sempre esteve comigo me protegendo:

- Kayle!!!

Gritei inúmeras vezes mas ela não aparecia e meu desespero foi aumentando. Olhava para a porta e nada. Os médicos tentavam me acalmar mas só uma pessoa poderia fazer isso agora.

Mais uns minutos chamando-a e de repente a porta se abre, mais um médico entra na sala, mas logo atrás dele vem ela, aquela que era única para mim. A dona do meu coração e de minha alma.

- Kayle ... amor, me ajuda – pedi olhando em seus olhos.

Ela veio em minha direção com um sorriso aberto, o meu sorriso. Aquele que só eu tinha dela. Tocou meu rosto com a maior delicadeza e aproximou seu rosto do meu.

- Você não desistiu ... voltou pra mim – disse ela tocando seu rosto ao meu – Agora ficará tudo bem. Não deixarei que nada lhe faça mal.

Suas palavras, sua presença tinha o poder de me acalmar. Escorriam lágrimas incessantes de seus olhos, mas ela ainda sorria e apertava minha mão junto a sua.

- Fica comigo Kayle – disse eu – Estou com medo.

- Sempre – respondeu sussurrando em meu ouvido – Nunca te abandonarei. Você é o amor da minha vida e sem você não posso viver.

Depois de suas lindas palavras consegui me acalmar e deixei que os médicos cuidassem de mim. Agora eu estava protegida.


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