Higurashi no Naku Koro Ni escrita por Arnya_


Capítulo 1
Tsubasa no Tenshi


Notas iniciais do capítulo

Hoje é dia de finados.
Eu perdi minha avó e passei no cemitério para chorar um pouco.
Nesse dia tão triste resolvi fazer uma singela homenagem ao meu personagem favorito do universo de Naruto. O irmão que eu sempre quis ter e o único personagem de Naruto que me faz chorar toda vez que eu vejo sua morte.

Sentirei saudades, Uchiha Itachi.



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Konoha – 18 anos após o ataque da Kyuubi



Em uma chuvosa terça-feira, todos os habitantes da honrada vila da folha saíram de seus lares em direção ao cemitério. Ambos empunhando um guarda-chuva e de semblantes baixos marchavam até o mais novo campo de misericórdia do país do fogo.


Um jovem de olhar inexpressivo acabava de sair de casa e com um semblante de desgosto viu dois homens mascarados o seguirem vila afora. Deu ombros e continuou a percorrer o úmido caminho até seu destino. Fez uma pequena pausa e arremessou a proteção para o alto, permitindo a fina chuva percorrer seu corpo dolorido. Perguntou a si mesmo se toda aquela água eram lágrimas de quem se foi, mas negou internamente e voltou a andar.


No campo, certa loira começava um longo discurso sobre a trajetória da guerra, e pediu que todos orassem fervosamente pelas almas daqueles que partiram defendendo a aldeia. Um enorme silêncio permaneceu no local e junto de uma intensa rajada de vento um jovem moreno ultrapassara os portões. Ela interrompeu seu discurso com uma simples troca de olhares com o Uchiha e fez com que todos os holofotes se voltassem para ele. Porém, o garoto dos olhos ônix seguiu mais a frente e passou do campo de visão da platéia, fazendo enfurecer diversos cidadãos que ali rezavam.

Os companheiros do jovem prodígio olharam de relance, o loiro encurtou o olhar enquanto a rosada já batia em retirada atrás do antigo amor. Outros conhecidos apenas permaneceram em silêncio e continuaram a peregrinação dos mortos. No entanto, uma pequena garotinha que segurava as mãos da mãe continuou a observar Sasuke partir, e contra a vontade da mesma que já lhe advertira muitas vezes se dispersou com a careta gélida do menino.


Onii-san...


Distante dali, ao final da faixa de terra, o Uchiha sacava uma afiada kunai e após um pequeno furo no indicador começara a escrever o nome do falecido irmão na pedra. Em sua mente só uma cor residia, o sangue de seu nii-san escorrendo por sua testa. Imaginava que seu sangue contaminara o de Itachi e que esse laço imundo acabou se tornando um ciclo vicioso. A sede por vingança que teria de carregar pelo resto da vida.


Ergueu-se novamente e inclinou o pescoço até que as gotas tocassem seus olhos. Deixou que escorressem por suas bochechas e logo suas próprias lágrimas se misturaram ao líquido pegajoso que já lhe dava náuseas. Uma suave mão tocou seus ombros e lhe ofereceu um guarda-chuva acima da cabeça. Ele permaneceu imóvel, mas ela fora resistente e reuniu coragem para dizer


– Sasuke-kun...

– Me deixe Sakura. – respondeu rispidamente ao chamado.


– Eu só quero...

– Vá embora! – dessa vez disse mais exaltado – Quero ficar só!

– T-Tudo bem... – murmurou a garota das esmeraldas.

Novamente ele estava sozinho e esperou sua antiga companheira partir para cair de joelhos na grama. Seu choro se misturou com o da chuva e sua garganta ardia de tanto soluçar e balbuciar palavras desconexas. Agora, quem o observava era um pedaço de gente que levava nas mãos um singelo crisântemo vermelho. Aproximou-se lentamente e sem pedir permissão se colocou a frente de Sasuke.


– Onii-san... – a voz dócil despertou o Uchiha – Coloque isso no túmulo.

Onii-san era a última coisa que ele imaginava ouvir naquele dia, um enorme déjà vu nas suas mais dolorosas lembranças. Da época em que realmente fora uma criança e poderia dizer sem pestanejar que era feliz. Ele aceitou, e aos poucos começara a esboçar um curto sorriso fazendo brotar outro nos lábios da garota. Sasuke se levantou e ao segurar fortemente o caule da flor seu sorriso murchara, dando lugar aos conhecidos lábios friccionados.


– Sayonara... Itachi.

Postou a flor na pedra, deu ombros à garota e voltou a trilhar seu caminho até o distrito Uchiha. A pequenina sentiu a tristeza que os enormes olhos ônix tentavam absorver. Desviou o olhar e passou um dedo sobre as pétalas sem entender o motivo de seu onii-san ter partido. Fitou pela segunda vez o nome cravado na rocha e quando decidiu voltar ao crisântemo seu corpo recebeu um choque. Ela podia jurar que vira um homem pálido carregar a flor consigo. Desesperada se levantou e gritou pelo garoto que a havia deixado só há poucos minutos, mas não obteve êxito apenas fitando o ser claro partir.


Tentou persegui-lo, mas as fortes mãos de sua mãe a seguraram pelo pulso a impedindo de conseguir a pequena flor de volta. A senhora começava a dar uma séria bronca na filha e quando viu o sangue no túmulo começou a se desesperar verificando cada parte o pequeno corpo de sua filha e depois a abraçando forte.


– Filha você está bem?!

– Mamãe ali! – ela apontou para o nada – O cara de branco pegou minha flor!

– Filhinha, não tem nada ali...

– Tem sim! Eu vi ele levar o crisântemo do onii-san!

– Basta Hikari! – estressada a mãe levou a filha pelos braços – Vamos voltar.

As duas partiram, mas a pequenina ainda via o homem carregar a flor vermelha para longe. Sem dar ouvidos as reclamações da mãe esfregou os olhos consecutivas vezes e fitou pela última vez o homem, um eterno anjo que com um sorriso nos lábios abria suas imensas assas para o céu.

Higurashi no naku koro ni

(Quando as cigarras choram)

Furimuita sono ushiro no (shoumen daare?)
Atrás de onde eu olhei (Quem está à frente?)

Urayami ni tsume o tatete (yoru o hikisaita)
Eu levantei minhas garras na escuridão (e rasguei a noite à distância)

madare wa chi no shizuku to natte hoho o tsutai ochiru
Gotas de chuva tornam-se gotas de sangue e escorrem por minhas bochechas

Mou doko ni mo kaeru basho ga nai nara
Se não há lugar para eu retornar jamais

Kono yubi tomare watashi no yubi ni
Pegue esses dedos, meus dedos

Sono yubi goto tsurete tte ageru
Eu levarei todos os seus dedos

Higurashi ga naku akazu no mori e
para a intocada floresta onde as cigarras choram

Atomodori wa mou dekinai
Não há como retornar

...
Oni-san kochira te no naru hou e
Irmão, venha aqui, para onde minhas mãos batem palmas

Donna ni nigete mo tsukamaete ageru
Não importa como você fuja, eu o capturarei

Higurashi ga naku kemonomichi kara
A voz que vinha do rastro do animal

Kikoete ita koe wa mou nai
onde cigarras choram, não há


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Notas finais do capítulo

Bem, aí está uma one-shot difícil de escrever, mas está aí.
A música é o tema de abertura do anime Higurashi no naku koro ni, recomendo para pessoas que adoram sangrias e muito terror.
Acredito que essa música seja perfeita para a história dos irmãos uchiha, e apesar de eu não ter colocado ela inteira vão as partes que mais tocam.

Se alguém vai ler isso eu não sei, mas sei que essa história vai ficar marcada no meu coração.

Kissus
Arnya