Segredo Familiar. escrita por mokoli-me


Capítulo 8
Ainda há esperança.




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Ainda há esperança.

Finalmente não estou mais sozinha nesta jornada difícil, agora eu tenho as minhas lágrimas de volta, e a sensação de que o Bryan está comigo, me ajudando.

A noite passada foi uma das mais felizes e ao mesmo tempo uma das mais tristes. Parece que sempre que eu chego ao topo da montanha eu escorrego e tenho que subir tudo de novo. A vida é terrível.

Pelo que tudo indica, vou ter de ficar no hospital por uma semana, até que os pontos fiquem bons, mas não vai ser tão mal assim, pois eu tenho a companhia da enfermeira, que sempre me explica sobre as doenças e o significado de uma boa ação.

Rezo, e peço à minha correntinha que salve a Juliana, pois preciso dela para completar o meu objetivo aqui na Terra. Encontro-me presa em um quarto de hospital, isso me deixa louca, pois não posso por meu plano em prática, graças à minha falta de inteligência em me auto-prejudicar.

Arruinada, minha vida não faz mais sentido, quero terminar logo a minha missão, para poder conquistar a paz eterna.

Espero ansiosamente o momento em que vou receber a notícia de que Juliana está bem, que ela não me abandonou.

O pior de tudo é ter que olhar na cara de meus pais, os maiores responsáveis pelo estado em que me encontro agora, e eles sabem muito bem disso.

Os dias se arrastam, fico sem nada para fazer. Desejo poder tornar especiais os presentes que ganhei, pois eles não têm culpa pelo que ocorre comigo. Decidi pedi-los à minha mãe Cláudia.

No quarto dia na “solitária”, decidi fazer alguma coisa para me distrair. Peguei minha varinha de fada, minhas folhas, minha caixinha de música e uma caneta. Minha letra não sairá muito legal por causa dos pontos, que não me deixavam movimentar direito a minha mão.

Ligo a caixinha de música e começo a escrever nas folhas desenhadas. Escrevo sobre meus sentimentos, desejos, sonhos e meus segredos mais confidenciais.

Escrevo cartas, destinadas às pessoas que irão lê-las depois de minha morte. Não que eu já queira morrer, mas é só para garantir que se eu não conseguir fazer o que desejo outra pessoa possa ver o que eu tentei, o quanto eu lutei.

A carta que eu escrevi para deixar meus desejos depois de minha morte, eu li um trechinho em voz alta, para ver se estava boa:

“─Aqui nesta carta eu deixo os meus desejos para quando em vim a falecer.

1° Quero que todos os meus órgãos sejam doados, para que outras pessoas possam ser felizes com eles;

2° Quero que façam uma caixinha em forma de casa, e coloquem dentro potinhos com as lágrimas das pessoas que realmente foram minhas amigas e dediquem para mim;

3°É tradicional que os corpos sejam enterrados, mas eu quero ser cremada, para que eu viva para sempre na memória das pessoas que me conheceram e para que eu seja reconhecida por aqueles que estão por vir;

4°Em torno do meu jarro com minha cinzas quero que seja escrita a seguinte frase: Nasci, vivi o que tinha que viver, e vou embora feliz por ter dado o melhor de mim, por tentar aproveitar o tempo que a vida me deu. Cada vez que sentir minha falta, me procure no céu, mas não entre as estrelas cadentes, mas na lua que encanta e tem brilho próprio, assim como eu tive um dia;

5°Meus pertences deverão ser guardados;

6°Jamais reprimam suas lágrimas, pois elas lavam a alma, e sem elas a sensação de estar sozinho é grande.

Beijos, e desejo felicidades a aqueles que me fizeram feliz.

Não achei que ficou tão bom, mas pelo menos eu espero passar a minha mensagem.

Estar preparada sempre, para o que der e vier, quero ser esse tipo de pessoa.

Hoje vou visitar Juliana, quero poder conversar com ela, tentar fazer com que ela acorde deste sono profundo.

─Enfermeira Mariana.

─Oi.

─Será que você podia me levar para visitar a Juliana?

─Tudo bem.

Foi um alívio saber que eu poderia ficar perto de uma pessoa que eu gosto.

Dirijo-me até a sala de recuperação e posso ver um monte de equipamentos ligados a ela.

A família dela tinha acabado de sair, então eu pude ter um momento para falar tudo que eu tinha vontade.

─Ju, eu sei que você precisa de mim, mas eu não sei como te ajudar. Não me deixe sozinha, você é tudo o que eu tenho. Do fundo do meu coração, eu quero dizer que você mal entrou na minha vida, mas já é uma pessoa especial para mim. Amiga, eu te amo.

Fiquei lá, apenas olhando para ela e esperando que ela reagisse, mas nada aconteceu.

Em uma bela lua cheia, eu segurei uma das pedrinhas de minha correntinha e fiz esse pedido para a Juliana:

Por favor, tente ser forte, tente vencer esse desafio, eu sei que você consegue você é querida aqui, tem gente que te ama. Volta. Nós seremos muito felizes. Eu prometo.

Dois dias se passaram. Estou na cama deitada, esperando a chegada do meu penúltimo jantar neste hospital.

Nada de bom aconteceu, até aquele momento. Mariana entra euforicamente no quarto, dando pulinhos de felicidade, não consigo saber o que é. Ela me abraça e diz:

─Isa, a Juliana saiu do coma e já está se recuperando.

Não aguentei de felicidade e comecei a chorar. Finalmente um desejo meu foi realizado. Eu estou feliz. Dei-me conta de que a minha vida não tinha só tragédias, minha vida não estava arruinada completamente, ainda há esperanças de que eu consiga conquistar a felicidade.

Olhei para o céu e a lua parecia sorrir para mim, a esperança renasceu em mim.


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Notas finais do capítulo

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