Apelos ao vento.

─Sim, eu entreguei lá e saí.

─Obrigada pai, eu te amo.

─Eu te amo também.

─Por que você está tão triste?

─Eu prefiro não falar agora.

─É sobre a minha doença?

─Sim.

─Então fale.

─Você só tem mais três meses de vida. O único paciente compatível com você é uma garota chamada Isabela, assim como a sua amiga. Ela está em coma, sofreu um traumatismo craniano, ela levou um tiro. Nenhum parente veio visitá-la e ninguém sabe se ela pode doar medula óssea ou não.

─Quantos anos tem essa garota.

─7 ou 8, não sei.

─Pai, essa garota pode ser minha amiga.

[Juliana off]

[Bruno on]

Eu preciso ter notícias da Bela, se não vou enlouquecer.

─Enfermeira, minha prima está aqui, ela levou um tiro na cabeça.

─Só com essas informações eu não posso saber.

─Ela tem 8 anos, cabelo loiro escuro e estava usando um vestido vermelho com uma faixa branca.

─Eu pesquisar para ver se ela está aqui. Algum outro familiar dela está aqui?

─Eu acho que não.

Espero e torço mais, e mais para que não tenha acontecido nada de mal a ela.

Cada minuto que se passa parece horas, mas é preciso ter paciência.

─Bom, ela está aqui sim. Você pode me dar algum número do pai ou da mãe dela? – neste momento eu pensei em onde estaria Cláudia.

─Sim, mas como ela está?

─Infelizmente ela sofreu traumatismo craniano e está em coma.

A partir daquele momento eu comecei a chorar, tanto pedido e nenhuma notícia boa, talvez o destino já esteja planejado a cada um.

Eu daria a minha vida para salvar a dela, mas neste caso eu não posso fazer nada.

Passo o número do pai dela e durmo, a fim de esquecer tudo que se passou até agora.

[Bruno off]

[Christian on]

Estou no meio de uma reunião agora. Estou dando o meu máximo para não ser demitido novamente, se não eu estarei perdido.

Mais um sucesso, negócio fechado, minha reputação continua intacta. Saio da reunião e vou direto para a minha sala.

Meu celular toca, atendo:

─Alô.

─Senhor Christian, por favor.

─É ele mesmo.

─Aqui é do hospital Windsor e eu estou convocando a sua presença. Dois parentes seu encontram-se conosco, um já está na recuperação e o outro não está muito bem.

─Quem são?

─Venha até o hospital que você vai ter acesso a todas as informações. Obrigada, tchau.

─Espera...

─Tum, Tum, Tum...

Corro e deixo com a secretária de que tive um grave problema familiar, caso de vida ou morte.

Chego até a recepção e sou atendido por uma enfermeira que diz que vai me explicar a situação.

─O Bruno está aqui, conhece?

─Sim.

─E a Isabela.

─Minha filha?

─É.

─O Bruno levou um tiro no braço e na perna. Ele passou por uma cirurgia imediata, está se recuperando e só depois vamos perguntar o que aconteceu.

A Isabela levou um tiro na cabeça, passou por uma cirurgia também, mas não conseguimos conter o traumatismo craniano e ela está em coma. Nós fizemos o máximo possível.

─Não pode ser.

─Senhor, me acompanhe que eu vou te dar um calmante.

Eu estava em estado de choque, eu nunca passei por dor semelhante, eu não estou acreditando nesta história. Como isso aconteceu?

[Christian off]

[Bruno on]

Acordei e agora eu sinto a dor aguda no meu braço e na minha perna. Uma dor que queima. A enfermeira entra.

─Bruno, o senhor Christian está aí, ele está se acalmando. Eu preciso saber de toda a história.

─Ele não pode saber, porque envolve ele e a mulher dele, mas o que ele fez não foi legal.

─Porque você está aqui agora?

─Vai parecer besteira, mas é a verdade, tudo mundo já deve estar sabendo. Eu e a Bela descobrimos todo o segredo que estava escondido, inclusive o grande segredo da mãe dela, a mulher do Christian. Nós estávamos indo até a delegacia entregar as provas, quando ela veio de carro na nossa direção e começou a atirar. Depois que o resgate chegou a polícia foi atrás dela, eu acho.

─A própria mãe da menina atirou nela?

─Sim, o segredo da Cláudia, era que ela era uma psicopata, eu tinha a prova disso em um relatório médico, que foi encoberto por propina.

─Isso é uma grande revelação.

─Então, eu e a Bela espalhamos todas as provas na internet antes de caminharmos até a delegacia. Nós não sabíamos que ela tinha descoberto.

─Ok. O que isso tem de ameaçador ao Christian?

─No meio das provas tem fitas dele tendo relações íntimas com uma menor de idade, a ex-namorada do filho dele que já morreu.

─Essa história é muito grande. Eu vou manter o silêncio, mas eu vou ter que chamar um policial especializado para confirmar o caso e te ouvir.

─Tá.

Enfim eu vou conseguir me certificar de que a história chegou às mãos da polícia.

─Olá, eu sou o cabo Henrique. Eu queria inicialmente dizer que a pessoa que ligou para a polícia deu explicações que batem com o seu caso, me informe mais para que eu me certifique de que os casos são o mesmo.

─Cabo, a pessoa que ligou foi um homem que estava no local, ele viu a cena toda, a mulher dentro do carro atirou na menina Bela, ela caiu e me pediu para que eu continuasse a andar para entregar umas provas de um grande caso para a polícia. Eu não queria deixar ela lá, então eu gritei para alguém chamar a polícia e continuei a correr em direção à delegacia.

─Hum, uma pessoa não identificada entregou uns documentos na delegacia hoje, umas horas depois deste ocorrido. Uma pessoa foi encarregada de ler. Soubemos de relatos na internet que diziam a mesma coisa, isso tem ligação com o seu caso?

─Sim, eram estas provas que eu e a Bela iríamos levar até a delegacia. Depois que alguém ler eu posso confirmar tudo que está escrito e o conteúdo dos vídeos. Você tem notícias do que aconteceu com a mulher perseguida?

─Sim, nós conseguimos pegar ela, ela se encontra isolada em uma cela.

─Cabo, leia aquelas provas antes de fazer alguma coisa com ela, ela é uma psicopata está tudo provado.

─Tenha calma, eu vou passar essas informações para a minha equipe. Obrigado pelo depoimento.

Ele saiu do quarto e eu me dei conta de que o que aconteceu não foi uma simples coisa. A Bela está em coma, a Cláudia está na cadeia e as provas estão rolando por aí.

Agora meu peito dói também, e eu percebo de que isso não é uma pequena ocorrência, mas um grande caso de difícil porte.

[Bruno off]

[Cabo Henrique on]

Essa história vai dar o que falar. Esse caso é uma bomba.

Dirijo rápido até a delegacia, o delegado tem que analisar bem os fatos, esse caso é sem dúvida muito complicado.

─Delegado, eu conversei com o menino que está envolvido no caso da “atiradora de elite”.

─Fala.

─As provas que foram deixadas aqui são todas deste caso. O menino me informou de que ele e a menina estavam vindo até aqui entregar para nós, quando a mãe da garota atirou neles. Você viu todo o documento?

─Eu li o relato do menino, a prova de que a mãe é psicopata bateu com as páginas do diário e dos papéis médicos. O médico encobriu a situação e a polícia encobriu depois escondendo a real causa da morte do irmão. Eu não estava aqui quando essa história aconteceu.

─E os vídeos?

─Dois CDs mostram a mãe assassinando o filho e os outros dois o pai tendo relações sexuais com a namorada do filho.

No relatório que o garoto fez ele conta que a menina que descobriu o esconderijo, ela viu o irmão sendo assassinado e ela que começou a juntar as provas para fazer justiça pelo irmão. Ela recorreu a ele para descobrir as provas finais e para a polícia acreditar nele, pois seria difícil nós acreditarmos em uma garotinha de 8 anos e uma história dessa.

─Eu falei com a enfermeira e ela me disse que a menina está em coma por causa do tiro na cabeça. A bala foi retirada.

─Pobre garota. Nós precisamos fazer alguma coisa com essa mulher. Assim que eu vi as provas de que ela era psicopata eu reforcei a segurança. Nós temos que investigar e descobrir que é esse médico e quem encobriu.

─Ok chefe.

Saí e fui tomado pela emoção. Debaixo de qualquer máscara, nós temos uma vida, que muitas vezes pode ser a pior história de terror que alguém pode imaginar.