Segredo Familiar. escrita por mokoli-me


Capítulo 10
Segredo secundário.




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Segredo secundário.

A noite chega e eu durmo horrorizada com o que vi, na minha cama aconchegante.

Não sonho há dias, é bom sonhar, eu só gosto quando o sonho é bom.

Não sei se tenho coragem para ver o resto das coisas que tem naquela caixa. Meu próximo alvo seriam os papéis, mas eu poderia ter outra surpresa desagradável.

O meu dia corre no mesmo ritmo. Escola, casa, balé, casa, rotina chata!

Relembro os dias anteriores, onde estava com minha nova amiga Juliana, pode parecer que conversamos por pouco tempo, mas esse tempo foi o suficiente para me alegrar e fazer amizade com alguém.

Como a minha correntinha é linda. Parece que ela tem algum encanto, que foi preso às pedrinhas azuis. Ela deve ser mágica.

Seguro uma das pedrinhas na mão e peço que ela me ajude a não ficar tão abalada diante destas situações.

Cada vez mais eu preciso de ajuda, mas não ajudo ninguém, isso é terrível.

Há muita coisa escondida nesta casa, mas a única coisa que eu preciso é da prova que vai desvendar o mistério de uma vez por todas.

Eu me aproximo da verdade, mas a verdade é dura.

Mergulhada em pensamentos, eu decidi que vou esperar mais um pouco até abrir aquela caixa de novo. Uma pergunta fica em aberto: por que meu pai guardou todos esses vídeos?

O meu sono é interrompido pela gritaria no quarto de meus pais.

É briga na certa! Não uma comum, meu pai está revoltado, acordou para a vida.

―Christian, me solta!

―Não vou vagabunda.

―Eu não te quero.

―Você vai fazer o que eu mandar.

―Não vou, seu idiota.

―Sua louca!

―Froxo, eu te odeio.

―Prostituta!

A pancadaria tomou cena, eu não sabia se meu pai estava batendo nela, mas coisas estavam caindo no chão.

Tudo o que se seguiu foi um barulho irritante de uma mobília quebrada rangendo e o choro sufocado de minha mãe.

Seja lá o que aconteceu, meu pai ficou muito bravo, ele estava com certeza com a mão a boca da minha mãe, para que ela não fizesse barulho.

Pressionei o travesseiro na minha cabeça e desejei que tudo isso acabasse.

Meu choro foi misturado ao de minha mãe. Naquela noite eu realmente estava cansada de ter que aguentar essa gritaria e essa enxurrada de tristeza todo dia.

Disque polícia? Eu acho que é 190, mas eu tenho que ter certeza, o tempo está correndo depressa. Não tenho uma pessoa acessível em quem confiar e não tenho tempo também.

Arrumei um tempo em que pude ficar sozinha e abri a caixa. Não quis nem pensar no que havia nos outros vídeos, fui direto ao ponto, direto aos papéis.

Eram mais ou menos 5 folhas, não era muito, talvez um sinal de que não fosse tão importante.

Recoloquei todos os DVDs na caixa e me sentei na cama para ler as folhas.

No começo não entendi absolutamente nada, aquela linguagem era de médico, não entedia nada mesmo do que estava escrito lá, mas aos poucos o texto foi falando a minha língua.

Distúrbio psíquico, deficiência psicológica, descontrole mental, indivíduo incapacitado de viver em um ambiente comum. Eu decifrei um pouco destas palavras.

No final do documento, havia um arquivo encerrado estava escrito em negrito, escrito de lápis, ao lado disso estava escrito caso esquecido.

Com certeza eu nunca poderia descobrir o que significavam realmente aquelas palavras, mas eu teria a capacidade de interpretar os textos naquele documento?

Eu estava desesperada, aquelas páginas falavam sobre o meu pai, era a única coisa a se esperar. Primeiro os vídeos proibidos dele, e agora os papéis, a ligação era inevitável.

As pessoas a nossa volta são tão cheias de pecado, de rancor e maldade, que quando você é uma criança e tem que lidar com isso, você se vê perdida, é assim que eu me sinto.

Guardo tudo correndo, meu coração está acelerado, alguém pode descobrir o que eu sei, e se meu pai for mesmo tudo aquilo que estava naquele relatório médico, eu estava completamente perdida, estou com um medo tremendo dele.

Minha mãe Cláudia bate na porta.

―Isabela, eu posso entrar?

―Sim mãe.

―Eu queria saber se você ouviu alguma coisa ontem.

―Sim, ouvi você e o papai brigando.

―Desculpa filha, eu não queria atrapalhar seu sono.

―Tudo bem?

―Tudo.

―Você estava chorando ontem, meu pai estava com a mão na sua boca, para você não fazer barulho não foi?

―Sim, mas não foi nada de mais. Eu sou chorona às vezes. – disse isso prestes a chorar de novo. – Quer que eu faça alguma coisa para você?

―Queria que você me respondesse se você não tem alguma doença, porque você é muito nervosa.

―Não, que ideia maluca.

―Mãe, ontem à noite a cama quebrou não foi?

―Chega Isa, você já está extrapolando. Você não pode conversar comigo normalmente?

Bateu a porta com força. Por que eu fui fazer aquilo? Eu é que devo estar doente.

Ser legal, tudo que eu preciso é disso. Os segredos ocultos estão se revelando aos poucos e é bom por um lado não entender de quem os papéis falavam e nem exatamente do que falavam, pois não quero ter mais preocupações.

Amanhã eu vou ter uma apresentação no balé, meus pais vão e o nome da peça vai ser “Fios de ouro”, eu estou ansiosa.

Meus pais sempre filmam as minhas apresentações e fingem serem conservadores perto dos outros pais, mas atrás das lentes da câmera há um mundo em ninguém ousaria conhecer se soubesse o que se passa dentro deste mundo, desta realidade familiar que eu não desejo para ninguém.

Socorro, meu corpo e minha alma só pedem socorro. Eu não sei o que vai acontecer no dia de amanhã, mas eu tenho a esperança de que seja o dia em que eu vou encontrar uma luz, a luz que vai me levar até a saída.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews, please!!!!