Perfeito para Você escrita por Thatah


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sem Rumo


Notas iniciais do capítulo

Ponto de vista do nosso lobinho.
Me dá ainda mais raiva do Edward... raiva da Stephane Meyer e das obsecadas por esse pote de porpurina que não conseguem ver o quanto Edward é manipulador e mesquinho.

Odeio essa parte, aliás odeio todas em que ele sofre.¬¬²



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POV JACOB

“Ó doçura da vida: Agonizar a toda a hora sob a pena da morte, em vez de morrer de um só golpe.” William Shakespeare



Não importava tanto que Bella tivesse escolhido outro. Essa agonia não era nada. Com essa agonia eu podia conviver pelo resto de minha vida idiota, longa demais e estendida diante de mim.

Mas importava que ela desistisse de tudo – que ela deixasse seu coração parar, sua pele gelar e sua mente de distorcer na cabeça de um predador cristalizado. Um monstro. Um estranho.


Eu teria pensado que não havia nada pior do que isso, nada mais doloroso em todo o mundo.

Mas, se ele a matasse…

Esta nova possibilidade me deixou inquieto.

Respirei fundo, precisava reprimir a raiva – ainda não estava 100% curado. Seria bom deixar o calor me transformar numa criatura com a qual eu podia lidar melhor. Uma criatura com instintos tão mais fortes do que as emoções humanas. Um animal que não podia sentir dor da mesma maneira. Uma dor diferente. Pelo menos, uma variedade dela.
Minhas mãos tremiam contra minha vontade. O que as abalava? Raiva? Agonia? Eu não tinha certeza do que combatia agora.

Precisava acreditar que Bella sobreviveria. Mas isso exigia confiança – uma confiança que eu não queria sentir, confiança na capacidade do sanguessuga de mantê-la viva.

Pensar em Bella diferente, e pensar em como isso me afetaria. Era tudo o que eu conseguia fazer nestes últimos dias.

Seria possível reprimir o instinto de cortar, rasgar…? Eu poderia querer matá-la? E se não fosse possível refrear o desejo de matar um deles?

Olhei as ondas rolando para a praia. Elas desapareceram de vista sob a borda do penhasco – onde eu estava sentado – mas eu as ouvi bater na areia. Olhei-as até que fosse tarde e ficasse escuro demais.

Ir para casa devia ser péssima idéia. Mas eu estava com fome e não conseguia pensar em outro plano.

Fiz uma careta, pus o braço pela tipóia que me reprimia e peguei minhas muletas. Se ao menos Charlie não tivesse me visto naquele dia e espalhasse por aí de meu “acidente com moto”. Escoras idiotas. Eu as odiava.
A fome começou a parecer melhor quando entrei em casa e tive de olhar a cara de meu pai. Ele tinha alguma coisa em mente. Era fácil de ver – ele sempre transparecia. Procurei aparentar despreocupação.

Mas Billy não ajudou. Tagarelou sobre o dia que teve antes que eu pudesse chegar à mesa. Isso me deixou inquieto. Ele nunca falava tanto, a não ser que houvesse alguma coisa que mão queria dizer. Eu o ignorei o melhor que pude, concentrando-me na comida.

Billy forçou o máximo que pode, uma resposta minha, aos seus relatos. O que não teve!

Ele não cessava sua fala. Dei um suspiro longo e profundo, e encarei a janela.
Billy ficou em silêncio por um segundo longo demais.

Quando pensei que tinha conseguido meu objetivo, o silencio foi quebrado novamente.

- Recebemos uma carta hoje.

Eu sabia que era esse o assunto que ele estivera evitando.

- Uma carta?

- Um… convite de casamento.

Cada músculo de meu corpo se trancou. Uma pluma de calor pareceu roçar minhas costas. Eu me segurei na mesa para evitar que minhas mãos tremessem.


Billy agiu como se não tivesse percebido. Ele pegou o grosso envelope marfim, que estava aninhado entre sua perna e a lateral da cadeira de rodas. Colocou-o na mesa entre nós.

Não consegui reprimir a curiosidade, de saber o conteúdo. Eu puxei o envelope da mesa.
Era um papel duro e pesado. Caro. Elegante demais para Forks. O cartão dentro dele era igual, bem acabado e formal demais. Bella não tinha nada a ver com aquilo. Não havia traço seu nas camadas das páginas transparentes impressas como pétalas. Aposto que ela não gostou nada.

Ignorei o que dizia, muito menos vi a data. Não me importava.

Atrás, havia um pedaço de papel marfim grosso dobrado em dois com meu nome escrito à mão em tinta preta. Não reconheci a letra, mas era tão elegante quanto o restante. Por meio segundo, perguntei-me se o sanguessuga estava me tripudiando.

Eu o abri.

Jacob

Estou quebrando as regras ao lhe mandar isto. Ela estava com medo de magoá-lo e não quer que você se sinta obrigado de nenhuma maneira. Mas sei que se as coisas fossem diferentes, eu teria preferido escolher. Prometo que cuidarei dela, Jacob. Obrigado – por ela – por tudo.

Edward


- Jake, só temos uma mesa – disse Billy. Ele fitava minha mão esquerda.

Era a gota d´água. Isso tudo tinha ido longe demais. Era cruel demais, e eu não era obrigado a ser indiferente.

Meus dedos se agarravam a madeira com tanta força que a mesa realmente corria risco. Eu os afrouxei um por um, concentrando-me só na ação, depois entrelacei as mãos, para não quebrar nada.

- É, não importa mesmo – murmurou Billy.

Levantei-me da mesa, tirando a camiseta.

- Não é tarde demais – murmurou Billy enquanto eu esmurrava a porta da frente para sair.

Levantei-me da mesa, tirando a camiseta.

- Não é tarde demais – murmurou Billy enquanto eu esmurrava a porta da frente para sair.

Eu estava correndo quando cheguei às árvores, minhas roupas espalhadas atrás como trilha de farelos – como se eu quisesse encontrar o caminho de volta. Agora a metamorfose era quase fácil demais. Eu não precisava pensar. Meu corpo já sabia para onde ir e, antes que eu pedisse, dava o que eu queria.

Eu agora tinha quatro patas e estava voando.

As árvores se toldavam num mar de preto fluindo à minha volta. Meus músculos se reresavam em um ritmo tranqüilo. Eu podia correr assim por dias e não ficaria cansado. Talvez, desta vez, eu não parasse.

Mas eu não estava só.

Logo que peguei a direção sul da reserva, senti alguns pensamentos se conectarem aos meus.

Me deixem em pás, rosnei.

Por mais que eles se sentissem solidários a minha dor, eu preferia senti-la sozinho. Queria o máximo de privacidade, ao menos para lamentá-la…

Eu podia sentir a preocupação deles em minha cabeça, embora me esforçasse muito para afogá-la no som do vento e da floresta. Aquilo era o que eu mais odiava – ver a mim mesmo através de seus olhos, pior agora, que seus olhos estavam cheios de pena.

Mesmo diante das minhas queixas, eles continuavam a correr atrás de mim.


Mas Sam logo veio ao meu socorro.

Deixem-no ir. O pensamento de Sam era tranqüilo, mas ainda era uma ordem. Embry e Quil – os mais obstinados a me seguirem – reduziram os passos, logo estavam apenas caminhando.

Voltem à forma humana. Orientou-lhes Sam.

Uma a uma… cada consciência há seu tempo. E então o silencio!

Volte para casa quando puder. As palavras eram fracas, falhando num vazio árido enquanto ele também partia. E eu estava só.

Melhor. Agora podia ouvir o farfalhar fraco das folhas embaixo de minhas unhas, o sussurro das asas de uma coruja no alto, o mar – longe, bem longe, a oeste – gemendo na praia. Ouvir isso e nada mais. Nada sentir a não ser a velocidade, nada a não ser o impulso de músculos, nervos e ossos, trabalhando em harmonia à medida que os quilômetros desapareciam atrás de mim.

Se o silêncio em minha mente durasse, eu nunca mais voltaria. Não sentiria necessidade de voltar à forma humana – onde a dor seria insuportável.

Obriguei minhas pernas a acelerar, deixando Jacob Black desaparecer atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

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