Borboleta

Por: Jee_kuran_95

As reuniões a que eu era submetido eram extremamente cansativas. Horas a fio pensando em projetos, discutindo os assuntos, debatendo ideias e muitas vezes o resultado era excelente, mas não hoje. Estava cansado daquela cidade. Cansado de ficar com pessoas ao meu encalce apenas me bajulando e tentando tirar proveito de mim, ou de meus recursos.

Sinceramente, às vezes acho que eu poderia ser mais feliz se fosse uma pessoal normal. A fama, o dinheiro, os "amigos", tudo isso era cansativo e repetitivo demais. Claro, tinha pessoas em que eu sabia que poderia confiar. Muito poucas, mas tinha.

Eu acho que deveria tirar férias... passar algum tempo no campo, ao ar livre, longe das pessoas. Havia alguém que me poderia trazer a paz e fazer com que eu me sentisse... completo e feliz. Ri. Eu nuca havia conhecido muito sobre sentimentos até conhce-la.

Cheguei em casa, estava vazia. A muito meus pais se foram e, quando isso aconteceu eu não derramei uma lágrima sequer. Talvez eu fosse insensível, como as pessoas várias vezes me chamavam, talvez não.

Peguei o carro e dirigi por horas com os pensamentos a fio até que parei em uma bela casa de pedra, escondida em meio ao busco num vilarejo distante da grande cidade. Por mais estranho que parecesse, tive uma sensação ruim, de que algo estava errado, o medo insconciente tomou conta de mim antes que eu me desse conta e, ao ver, eu estava estacado diante a porta.

Mas o meu dia já tinha começado ruim, o que mais poderia dar errado? O tempo estava bom, limpo e azulado, o Sol estava a pino e eu podia escutar até o baruulho dos animais correndo por ali perto. Podia ouvir o som de um rio correndo que havia ali perto e o som de galhos quebrando, sem nenhuma interferência humana.

Era incrível como o lugar parecia quieto mesmo com os barulhos naturais.

Entrei na casa, nunca batia ou anunciava a minha entrada. A casa estava vazia, não havai ninguém andando pelos corredores. Subi as escadas, o Sol refletindo-se nas paredes atravás do vidro transparente. As cordinas de veludo azul claras,, presas com um laço de fita.

Abri a porta do ultimo quarto.

Ela estava ali, mas estava... diferente.

Ela estava doente. Muito doente.

Fiquei olhando-a maravilhado, mesmo não estando como das outras vezes ela era a criatura mais bela que já havia visto. Os cabelos longos róseos, estavam presos em um longo trança de lado, a frente do seu corpo, deixando apenas a franja que caia sobre seus olhos solta. Os olhos verdes, dessa vez estava fechados, mas eram os unicos que sempre continham felicidade e que faziam a pessoas ao seu redor sorrirem. Seus lábios, sempre formosos, estavam entreabertos, e ela soltava breves suspiros enquanto dormia. Levava um roupão branco felpudo sobre o corpo mas que deixava suas pernas expostas.

Sua imagem me deixou sem fôlego.

Mas estava mais magra, pálida e eu podia ver em algumas partes  a mostra de sua pele que estavam roxas. Olhei novamente para seu rosto, seus olhos, agora abertos, me fitavam curiosa e interrogativa, enquanto um sorriso carinhoso se formava singelo em seus lábios de querubim.

- Sasori... Você veio... - murmurou ela, sua voz fraca, pouco mais alta que um sussurro.

E eu sabia, de alguma forma, que teria por pouco tempo ela ao meu lado. Me aproximei, ela estava sentada em uma cadeira, perto da janela e da cama, sentei-me na cama, passando a mão em seus cabelos e benjando-lhe castamente os cabelos.

- Sim... Está tudo bem... vai ficar tudo bem. - eu não acreditava naquelas palavras, mas por alguns momentos precisei me apegar aquilo, senti que precisava me segurar em algo, antes que eu caisse ao solo, Estava sentindo meu mundo desabar. Uma de suas mãos acariciou meu rosto e eu fechei os olhos, eu precisava daquele toque, eu precisava daquele momento para mim, senti sua outra mão acariciar meus cabelos ruivos, arrumando-os levemente.

Abri os olhos encarando as esmeraldas a minha frente. Ela estava morrendo e eu, com todo o dinheiro do mundo, não podia fazer nada para savá-la. Sabia que o simples presentimento de que alguma coisa deixaria de estar no lugar ra verdade e, quando decidi vir exatamente para cá, algumas horas antes, sabia que não voltaria mais.

Senti meus olhos lacrimejarem, eu não podia demostrar fraqueza na frente dela, não naquele momento.

- Sabe... chorar não é um sinal de fraqueza do homem, Sasori - disse em um voz fraca, mas decidida - é uma prova de que existem sentimento em você e que... há algo... com que você se importe a ponto de deixar... seu orgulho de lado e abrir seu coração para este - ela sorriu, como uma mãe que ensina lições da vida ao filho e disse em uma voz séria. - Todos temos uma dívida a pagar... Talvez eu já tenha pago a minha nesta vida... talvez eu já tenha aprendido tudo que devia e que podia aprender...

Sua voz foi ficando fraca, seus olhos sem vida, minha borboleta, que logo após sair do casulo mostrou sua beleza, minha prima mais nova, sempre esteve doente, sempre tão bela e elegante perante a sociedade... mas, pude escutar suas últimas palavras da unica pessoa que me importei e da única a quem amei de verdade.

- Eu amo você, Sasori... -

E perceu ali, linda, bela e majestosa.

A borboleta alçou seu ultimo voo, para logo depois partir.

As lágrimas desceram por meu rosto sem minha permissão. E eu chorei, como nunca havia chorado em minha vida.