Trick, Treatings And Demons? escrita por nandahh


Capítulo 1
Seu mordomo, trick or treat?


Notas iniciais do capítulo

As passagens em itálico são trechos da música 'Trick or Treat', de Vocaloid /adoro*-*

Boa leitura! ♥~~



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         Outubro. É outono na Inglaterra. As folhas das árvores começam a secar, e logo em seguida caem, preenchendo as ruas da tão onipotente Londres de um colorido incrível. Apesar do frio, as pessoas saem às ruas para exercer diversas funções. Algumas delas eram simples, como comprar doces, enfeites, fantasias de bruxas e monstros e claro, abóboras.

      Afinal, faltavam apenas dois dias para o Halloween.

      As crianças corriam de um lado ara o outro da rua, afligindo as mães e roubando a atenção das pessoas. Estavam notavelmente animadas com a grande festa que se aproximava. Brincavam com os enfeites das lojas, apagavam velas que estivessem acesas, riam. Duas delas mereciam destaque.

      Todos percebiam que eram filhos de nobres ingleses. Não pelas suas roupas, mas pelos pais que acompanhavam suas travessuras. Tal fato era merecedor de alguns comentários:

      - Veja! É o filho do Conde Phantomhive! – Dizia uma mulher.

      - E a Lady Elizabeth está com ele! Não são umas gracinhas? – A outra perguntava.

      - São sim. E o conde, tão bonito... – Outra ainda ousava no elogio.

      De fato, a atenção estava toda voltada para o casal, seu filho e a sobrinha. Afinal, lá estava o dono da tão famosa Cia. Phantomhive, em um passeio tranqüilo com a família pelas ruas de Londres. Uns ainda questionavam se o conde não teria algo mais importante para fazer do que perder tempo saindo assim, tão calmo. Cochichos e comentários a parte, o sorriso era visível no rosto de todos.

      - Ciel! Não corra tanto, ou vai acabar caindo! – Uma linda mulher dizia ao nosso protagonista.

      - Não sou eu, mamãe! É Elizabeth que está me arrast—

      - Ciel, Ciel! Veja! Fantasias! Vamos experimentar? – A pequena já agarrava os braços do jovem conde, para que entrassem em uma loja qualquer.

  

     - Elizabeth! – Ciel queixava-se.

      Mas apesar de tudo, o jovem Phantomhive também estava animado com a festa de Halloween. Sabia que sua mansão seria, novamente, palco de tal celebração, tão característica. Não gostava muito de ver tantas pessoas importantes e... estranhas em sua casa. Mas adorava sair às ruas, com os pais, para pedir doces em outras casas.

      - Ciel! Olhe que linda essa de gatinho! Aposto que você vai ficar muito fofo nela!

      - E-Elizabeth... ela não é uma fantasia para meninas?

      - Claro que não! – Elizabeth emburrou – Vamos, vamos! Vista-a, que eu quero ver como vai ficar em você.

      - Eu não gostei dela, Lizzy...

      - Mas... mas... – A jovem dama lacrimejou. É, iria chorar, com certeza.

      - Ciel, não faça Elizabeth chorar novamente e vista a fantasia. – Um outro jovem também entrou na loja.

      - Mas pai!

      - Vamos, Ciel. Eu sei que você vai ficar uma gracinha nessa fantasia. – Sua mãe sorria. Adorava contrariar o filho às vezes, deixá-lo sem jeito.

      Ela sabia que Ciel possuía um coração bondoso. Nunca guardara rancor ou raiva de ninguém. Nunca brigara com Elizabeth, mesmo sabendo de suas manias. Respeitava a todos, e claro, era feliz com isso.

      Tão diferente... do que ele é agora?

      O jovem conde vestiu a fantasia. Oh, como ele ficou fofinho. E claro, recebeu vários abraços apertados de Lizzy. Pronto, estava escolhida a fantasia deste ano. Seus pais sempre usavam as mesmas, era um tipo de tradição. Mas Elizabeth não deixava Ciel seguir tal fato. Sempre obrigava-o a comprar uma diferente, todo ano. Queixava-se um pouco, mas não via mal algum nisso.

      Era divertido sair às ruas na véspera do Halloween.

      Pois a morte, o centro dessa festa, ainda não o tinha alcançado.

      Mas para isso, faltavam-lhe apenas mais alguns sorrisos.

(...)

Era hora de sair às ruas, acompanhar as outras crianças e tocar em cada casa, para arrecadar o máximo de doces possíveis. Os ingleses faziam isso no dia 30 de outubro, já que dia 31 – o dia de Halloween – permaneceriam em casa ou compareceriam em festas grandiosas, como a que estava sendo cuidadosamente preparada na mansão Phantomhive.

- Ciellllllllllll!!! – Elizabeth entrava no hall principal da mansão e corria até nosso jovem.

- Boa noite, Lizzy... – Ciel acabava de descer as escadas, com certa dificuldade, devido sua fantasia e já recebia um caloroso abraço de Elizabeth.

- Você está muito lindo com essa fantasia! Vou te chamar de Neko-Ciel agora!

- Neko-Ciel? Lizzy!

Vejam só, ele encabulou-se!

- Irmão, deixarei Elizabeth novamente com vocês essa noite, enquanto termino alguns preparativos para amanhã.

- Tudo bem. Mas você virá a nossa festa amanhã, não é?

- Claro, sem dúvidas!

- Ahhhhhhhhh! O titio está fantasiado de vampiro! Me dá medo... – Elizabeth escondeu-se atrás de Ciel.

- Hahaha, não se assuste, Lizzy.

- Afinal, tem uma bruxa muito boazinha pra cuidar desse vampiro! – A mãe de Ciel descia atrás de seu marido.

À visão de qualquer um, aquela era mais uma família feliz.

De fato, era.

Era.

- Conde, deseja algo antes de sair?

- Não, Tanaka, obrigado. Apenas cuide dos preparativos para a festa de amanhã.

- Como desejar. – E o mordomo despediu-se do casal e das duas crianças, na porta da mansão.

Seguiram de carruagem até Londres. Seus olhos iluminaram-se, juntamente com as ruas e todas as casas. Até o Big-Bang não escapou. O Halloween tinha mesmo invadido a cidade. Lamparinas, velas enfeitadas, cabeças de abóboras iluminadas e, claro, fantasmas, monstros, bruxas e os mais diversos personagens de tal festividade espalhavam cor pelas ruas.

- Vamos, Ciel! Vamos conseguir o máximo de doces que pudermos! – Elizabeth já puxava Ciel para fora da carruagem, assim que ela parou.

- Lizzy!

- Esperem por nós, meninos! – Os Phantomhive desciam, logo atrás.

Assim, os dois pequenos e os pais juntaram-se ao resto da população londrina. As crianças corriam, novamente, para ver quem chegava primeiro em cada casa e em cada loja, que permaneciam atentos, esperando o tocar de campainha dos pequenos, aguardando a tão famosa frase que exalava de suas bocas sorridentes.

Doces ou travessuras?

Os olhos de cada criança brilhavam ao ver aquele monte de chocolates, balas, pirulitos caírem em suas sacolinhas. Ciel e Elizabeth sempre recebiam os mais diversos doces, e estavam sempre sorrindo.

Ciel olhava para o céu, tão iluminado daquela noite, e pensava quantas vezes mais ele ainda poderia repetir aquela façanha tão animadora. As estrelas mostravam que seu futuro era incerto. Mas para uma criança, o futuro ainda iria demorar muito para se tornar o presente.

Sem preocupações, sem problemas, sem tristezas. A alma de Ciel era do mais puro branco existente. Como qualquer outra criança. O importante para o pequeno Phantomhive era, naquele momento, aproveitar o máximo a noite, e pegar todos os doces que conseguisse.

Sabia que seus pais não deixariam ele comer tudo que havia recebido. Mas já estava feliz o suficiente para pensar no dia seguinte.

Admirava, fascinado, as fantasias das outras pessoas.

Demônios passavam por ele.

Mas naquela época, essa realidade ainda estava distante de seu ser...

Eram apenas fantasias...

- Doces ou travessuras?! – O pequeno perguntou a uma figura um tanto quanto peculiar.

- Ora, ora, quem eu vejo por aqui... Se não é o pequeno conde Phantomhive... Boa noite! – O homem falava de um jeito manso.

- Boa noite, Sr. Funerário! – Ciel cumprimentava-o, sorridente.

- Veio buscar seus doces?

- Vim! Veja, veja!

Ciel estendeu as mãos para Undertaker, mostrando uma vasilha em forma de abóbora, abarrotada de doces. Com certeza, não ia caber mais nada.

- Are, are... Acho que você precisa de um recipiente maior. Deixe-me pegar algo para você...

Undertaker foi até os fundos de sua loja e, alguns minutos depois, retornou com um crânio humano, oco por dentro.

- Aqui, pegue! Tenho certeza que caberão mais balas aqui.

- Ahhh, obrigado! – Com certeza, ele não sabia que aquilo era um crânio verdadeiro. Crianças... – Mas, e meus doces?!

-Ah, claro! Pegue! – Undertaker colocou várias balas dentro daquele crânio – Cada uma tem um gosto diferente, sei que você vai gostar! – Vocês se perguntam do que essas balas são feitas...?

- Hai! Obrigado, Sr. Funerário!

Ciel saiu correndo pelas ruas, ao encontro de seus pais e de Lizzy, que não queria ir até Undertaker – achava-o demasiadamente assustador. Em uma das mãos, levava seu pequeno recipiente em forma de abóbora. Na outra, o crânio cheio de balas.

A cada passo que o pequeno Phantomhive dava, mais o sorriso em seu rosto mostrava-se sereno. Corria, em uma única direção, mas sem fugir de nada.

Sem fugir de ninguém.

O peso que carregava consigo não era o desejo de vingança.

Muito menos um contrato demoníaco.

A única coisa que levava era mais uma divertida e memorável noite.

Bem doce.

Pena que talvez aquela seria a última...

Sob a luz da lanterna, por debaixo das vendas

Vislumbrou as sinistras sombras que lhe gelaram o coração

Ora, ora, criança malvada. Já despertou?

- Bocchan? – O mordomo pousava sua mão sobre o ombro do garoto

- Hum...? – Seus olhos abriam-se, lentamente.

- Bocchan, creio que você adormeceu. – Sorria.

- ...

Ciel despertara. Encontrava-se sentado na escadaria da porta de sua mansão, com a cabeça apoiada na parede. Realmente, havia adormecido. Aquela noite iluminada e enfeitada de suas lembranças cedeu espaço para outra, permeada pela névoa e adentrada na escuridão. Música, dança e, na maior parte, pessoas insignificantes ocupavam sua mansão.

Caia num sonho acolhedor

Continue a se inebriar da hipnotizante fantasia

Se tirar as vendas, qual será a graça?

- SEBAS-CHANNNNNNNNNNN!!! Onde você está, meu vampiro sedutor?!!?!? – Uma voz consideravelmente familiar gritava em busca do mordomo.

- Ainda me pergunto por que você os convidou, Sebastian... – Ciel levantou das escadas que davam para a entrada de sua mansão, ainda sonolento.

- Não os convidei, bocchan. Eles vieram por conta própria.

- E quanto a Alois Trancy? Não lembro de ter requerido sua presença enojante em minha mansão...

- Ora, como representar essa noite de Halloween sem “as aranhas”? – O mordomo sorriu cinicamente.

Mais vozes conhecidas exalavam de dentro da mansão. Todos procuravam pelo jovem Phantomhive. Elizabeth gritava de um canto a outro, enquanto Alois e seu fiel mordomo demoníaco, Claude, riam – verdadeiramente? – com os outros membros da mansão.

- Bocchan, eu ainda me pergunto onde você conseguiu essa fantasia tão adorável de gato... – O mordomo colocava a mão sobre o queixo, questionando-se.

- Não importa, Sebastian...

Ciel fixou seus olhos na entrada de sua mansão, tão enfeitada para a festa de Halloween. Fora despertado de suas lembranças por um demônio. E agora percebera que o futuro sempre está mais próximo do que se pensa.

Talvez, naquela época tão feliz, ele nunca pensaria que em pouco tempo, firmaria um contrato com um demônio. Não pensaria que a morte fosse tão amedrontadora. Não descobriria o que era sofrimento.

Talvez, achava que correria pelas ruas em buscas de doces ainda muitas vezes.

Mas “talvez” não existe mais.

Vamos, estampe um sorriso em seu rosto adorável

Disfarçando-nos novamente, voltamos ao nosso teatro.

Agora, o jovem Phantomhive tem de encarar um presente sombrio, sangrento, permutável.

E mesmo diante de tudo isso, sabia que ainda havia refúgio.

Em si próprio.

Em suas memórias.

- Cielllllll! Onde você está?!?!?!?! – Elizabeth gritava de dentro da mansão.

Como ela conseguia ser a mesma, depois de tudo?

- Doces ou travessuras, Sebastian? – Ciel entregou para o mordomo um pequeno recipiente, em forma de abóbora – o mesmo, de anos atrás – repleto de doces. E sorriu.

Um sorriso que só o jovem conde Phantomhive sabia demonstrar.

- Você é quem decide, my Lord. – E o mordomo aceitou a pequena cabeça de abóbora, agradecendo na forma que qualquer servo deveria fazer.

Curvando-se.

- Vamos voltar... – Ciel ordenou.

- Como desejar.

O conde Phantomhive distanciou-se um pouco do mordomo, e logo já havia entrado de volta na mansão.

Sebastian parou e ficou olhando aquele estranho objeto cheio de balas. Resolveu pegar uma delas e prová-la. Lembrou-se de que quando foi acordar Ciel, seu mestre sorria enquanto dormia.

Realmente, ele não sabia com o que seu mestre estava sonhando, e porque aquilo o fazia sorrir.

Não sabia de onde havia surgido aquela fantasia de gato.

Não sabia o que se passava com a alma que ele estava apto a devorar.

Mas não se importava com tais questionamentos.

O que realmente era indecifrável para aquele demônio era o que ele ainda não conseguia compreender:

- Como os humanos podem gostar dessas coisas doces...? – E lambeu o açúcar que estava em seus dedos.

O melhor agora era retornar.

Antes que seu mestre ordenasse outra vez.

Não é mesmo?

Feliz Halloween.


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Notas finais do capítulo

Waaaa, é isso aí -Q
[como eu queria ser os dedos de Sebby aquela hora/hentaimode
/morre]

Espero que tenham gostado!

Reviews? ç_ç
*-*

Tks a todos~~
Nandah