A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 72
Capítulo 20 - Antigas tradições nunca morrem


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D Demorei, mas terminei o cap... Eu adorei escrevê-lo, espero que gostem de lê-lo xD
LEITORES NOVOS: Sejam muito bem vindos! Espero que gostem da reta final da fic ;)
Muitas dúvidas ainda estão no ar, entre elas a Caos... Bem, me aprofundarei nessa parte no próximo cap, mas já temos algumas coisinhas nesse ^^
Boa leitura.



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Capítulo 20. Antigas Tradições nunca morrem

POV Bella

Chegamos em casa quando o dia ameaçava começar. O céu ainda estava escuro e minha filha dormia no meu colo. Antes que qualquer um pudesse raciocinar direito um vulto ainda de pijamas derrubou Bernardo no sofá e os dois se embolaram no chão gargalhando.

- Bruna, não mate seu primo. - repreendeu sua mãe descendo pelas escadas.

Foi impossível não rir.

- Você tem que lembrar que eu sou o único humano dessa casa. - disse Bernardo com falsa braveza.

Bruninha lhe mandou a língua. O riso mais uma vez preencheu o ambiente fazendo Nessie acordar. 

- Já chegamos? - perguntou manhosa.

- Já sim meu anjinho. - respondi e ela sorriu largo pulando do meu colo indo direto pular em cima da prima. 

- Eu trouxe um presente de aniversário para você! 

- Mas meu aniversário é só daqui dois meses. - explicou para a prima que deu de ombros e correu até o carro para voltar com o leãozinho nos braços.

- Nessie humilhou a mim e uma menina na máquina de bichinhos. - comentou Bernardo divertido.

Sorri para a doçura de minha filha e senti minha espinha gelar com a possibilidade de alguém lhe fazer mal. Senti os dedos de Edward entrelaçando com os meus. Virei meu rosto para olhá-lo e meu vampiro sorriu levando minha mão aos seus lábios e beijando em seguida.

Relaxei imediatamente.

- Acho melhor você ir descansar um pouco meu anjo.

- Vem comigo? - pedi em um sussurro.

Minha resposta veio em forma de sorriso.

- Vai levando Nessie que eu vou em seguida. - Edward foi até a entrada pegar nossas malas enquanto eu ia até nossa filha.

- Nessie, agora que você já deu o presente para a Bruna vamos subir para dormir mais um pouquinho ok?

Ela iria reclamar, porém um bocejo a impediu. Com um biquinho lindo ela correu para o seu quarto. Sorri e desejei boa noite, ou melhor, boa manhã de sono para todos.

Assim que cheguei ao quarto de Nessie percebi ela brigando com seu pijama. Segurei o riso e sentei em sua cama.

- Vem aqui que a mamãe ajuda. - com um biquinho contrariado ela tentou mais algumas vezes antes de desistir e vir até mim.

Teimosa igual ao pai.

Coloquei-a na cama e beijei sua testa. Nessie pediu para eu ficar com ela até que dormisse então deitei ao seu lado segurando sua mãozinha. Não faço idéia de quem dormiu primeiro, eu ou ela, só sei que acordei com Edward me carregando para a nossa cama. Logo senti o colchão macio em minhas costas e mãos rápidas de meu marido tirando meus tênis e meu grosso casaco. 

Não conseguia manter meus olhos abertos, então apenas senti Edward abrindo minha calça jeans para não incomodar enquanto eu dormia. Seus braços formaram um casulo e logo eu caía totalmente no mundo dos sonhos.

.

O som de ferro chocando-se com ferro soava. A cada novo som uma comemoração. Minha visão turva começou a identificar dois homens lutando. Suas espadas eram as únicas totalmente visíveis para mim. Uma delas parecia à espada de papai, mas não poderia ser, já que a espada de papai possuía apenas três pedras (azul, verde e amarela) em sua extensão e essa possuía 8 pedras (azul, verde, amarela, vermelha, lilás, laranja, prata e rosa). A espada oponente possuía 4 pedras (preta, roxa, dourada  e marrom). A cada golpe positivo da espada com 8 pedras os gritos de comemoração soavam altos. Lembrei-me de filmes de guerra medievais. 

.

.

- Quem nos chama?! Quem ousa nos acordar de forma tão rude?! Apresente-se jovem elementar! - rugiu uma voz de trovão em meio a uma forte luz. 

Uma sombra formou-se na frente da luz. Era um homem. Ele se colocou com um joelho ao chão e cabeça baixa. A mão direita em seu peito. Seu ato era de extremo respeito. Na verdade mesmo assistindo de camarote esta visão eu também sentia em meu peito grande respeito por aquela luz. Ele ergueu a cabeça para responder.

- Perdão por acordá-lo desta maneira. Sou Peter, filho de Charlotte e Louis. 

.

.

- Sua loucura um dia vai matá-lo. - sussurrou uma voz de sino.

- Sua sentença já foi proferia meu irmão. Cabe a nós morrermos juntos ou deixá-lo morrer sozinho. - respondeu a voz sem emoção alguma.

- Não vou perder minha vida por conta das idiotices dele! Que morra sozinho!

- E assim acontecerá. 

.  

.

As folhagens faziam barulho cada vez que eu pisava nelas. O cheiro de terra invadia meu nariz e uma nostalgia se apoderava do meu peito. Tinha pessoas a minha volta, mas não consegui as identificar. A cada passo que eu dava sentia um poder adentrar pelo meu corpo e circular por minhas veias.

O reconhecimento desse poder fez minhas pernas dispararem em direção a essa energia. Tudo virou um grande borrão verde até que como uma parede o poder me invadiu com força e me derrubou ao chão.

Meu corpo tremia, não estava doendo, mas também não era uma sensação boa.

- Bella! Você está bem?! - reconheci a voz de Dan.

Minha respiração estava agitada.

- É aqui Dan! É aqui! Eu posso sentir! É aqui!

.

Abri meus olhos puxando o ar que parecia me faltar. Edward me olhava preocupado enquanto eu tentava acalmar meu coração. Consegui enxergar o reflexo de meus olhos nos seus. Meus olhos estavam azuis... Foram visões... Eu nunca tive tantas visões em apenas uma noite.

Cai nos braços de meu marido me sentindo completamente exausta e principalmente faminta.

- O que você viu? - perguntou fazendo carinho em meus cabelos.

- Muita coisa. - sussurrei. - Estou com fome.

Edward beijou o topo de minha cabeça e me ajudou a levantar.

- Tome um banho amor, você está derretendo em suor. Precisa abaixar sua temperatura. - assenti e me dirigi para o banheiro, mas antes de dar dois passos eu desabei. - Bella o que há de errado? - sua voz estava assustada enquanto me levantava no colo.

- Não fique assustado. - sussurrei. - Estou apenas exausta.

- Apenas?! Eu não te vejo tão fraca desde quando estávamos no colégio!

- Essas visões foram muito intensas... Só me ajude no banho, preciso recuperar minha energia.

- Por Deus Bella! Até sua voz está fraca!

Eu não gostava de ver seus olhos tão preocupados, mas eu não tinha o que fazer. Precisava me restabelecer.

POV Edward

Ajudei minha princesa a esfriar seu corpo, mas eu estava extremamente preocupado com ela. Seu rosto estava mais pálido que o normal, seus olhos caídos como se estivesse doente. Até sua voz soava lenta e cansada.

Bella abriu sua mente me mostrando suas visões. Sem sombra de dúvidas eram extremamente confusas.

Enrolei-a na toalha e a levei até o quarto. Não deixei que Bella fosse pegar suas roupas no closet. Quando voltei ela estava vestida com suas roupas intimas deitada na cama. Sorri de lado.

- Se não estivesse tão fraquinha...

Bella ergueu a cabeça e sorriu. A ajudei a se vestir e a peguei mais uma vez no colo.

- Tudo bem que eu estou fraca, mas estou começando a me sentir inútil. - reclamou risonha.

Sorri beijando sua bochecha e indo para a cozinha.

- O que aconteceu? - perguntou Esme assustada ao nos avistar.

- Visões. - respondeu Bella simplesmente.

Esme fez cara de quem compreendia, mas uma ruga apareceu em sua testa.

- Eu também me assustei mãe... Faz muito tempo que Bella não ficava tão fraca com uma visão.

- Eu estava guardando o almoço já que pelo jeito as crianças vão demorar para acordar. Mas acho que você está faminta Bella.

- Oh sim Esme! Estou morrendo de fome! Passa para cá essa panela! - pediu esticando os braços fazendo eu e minha mãe gargalharmos.

Coloquei Bella sentada na bancada e Esme colocou a panela de picadinho em seu colo então se despediu para ir cuidar de suas flores.

- Meu Deus Bella! - assustou-se Dan ao avistar a irmã comendo de colher os pedacinhos de carne, batata e cenoura.

Nati apenas riu sentando-se em cima da bancada ao lado da cunhada. Minha esposa deu uma pausa em sua fome desvairada e perguntou ao irmão.

- Dan? O que são os elementares?

- Elementares? Uau! Faz tempo que não escuto esta expressão. Onde você ouviu? - pareceu confuso.

- Em uma de minhas visões... Por isso que estou comendo desse jeito. Fiquei esgotada. Tive quatro visões diferentes. - fez uma careta.

- E o que você viu exatamente quando escutou esse nome? - insistiu ainda mais confuso.

- Eu vi uma forte luz e o garoto Carter em seu joelho prestando seu respeito enquanto uma voz mais forte que a de Emmett perguntou quem tinha ousado acordar a ele e mais alguém. Então perguntou quem era o jovem elementar. 

Daniel arregalou seus olhos.

- Espera! A voz chamou Peter de elementar?

- Foi isso o que eu entendi. - Bella deu de ombros franzindo o cenho.

Meu cunhado sentou-se um tanto atônito. Seus pensamentos estavam rápidos demais, até que finalmente eu conseguir ler o que ele estava pensando. Meus olhos também arregalaram.

- Bem... Isso explica muitas coisas. - disse ainda prestando atenção em seus pensamentos.

- Hey! Compartilhem! - reclamaram Bella e Nati ao mesmo tempo.

As duas riram revirando seus olhos.

- Eu já suspeitava disso... Mas maninha, você acaba de me dar a certeza. - sorriu Dan.

- Certeza do que?

- Bem... Você se lembra da história que papai e mamãe contavam para nós quando éramos crianças? Aquela sobre como nós lunares fomos parar na Lua?

- Sim, sim... 12 seres de extremo poder que governavam o povo na Terra, porém acabaram por deixar que o povo crescesse demais o que levou ao Caos... - Bella parou de falar com os olhos arregalados e olhou para mim pedindo socorro.

- O que foi? - perguntei assustado com sua expressão.

- Eu... Eu sempre imaginei essa história como muita coisa ruim acontecendo ao mesmo tempo, mas nunca cheguei a pensar que o Caos...

- Fosse uma pessoa. - completei compreendendo seu raciocínio.

Não pude evitar que minha boca se abrisse em um perfeito "o". Então a mulher que se apoderava do corpo de Bella era a mesma que quase destruiu a espécie lunar quando tudo começou.

- Do que estão falando? - perguntou Nati preocupada ao ver as lágrimas no rosto da cunhada.

Abraçou-a de lado, já que eu estava paralisado.

- A mulher que se apoderou do meu corpo... - compreensão passava pelo rosto do casal real. - Ela se apresentou como Caos, ou melhor, ela disse que a chamavam de Caos... Mas eu nunca fiz relação com essa história.

- Não se sinta mal Bella. - Daniel parecia o mais calmo entre nós. - Não sabemos realmente se é ela, além do mais você a dominou não é? Ela disse que não iria mais aparecer... Ela apareceu novamente? - perguntou ao ver o bico de choro de minha esposa.

Bella assentiu.

- Ontem... Quando Jane fez menção a Nessie. Ela ficou tão furiosa quanto Bella. - expliquei sentando ao lado de minha esposa e segurando sua mão.

- Ela ama Nessie do mesmo modo que eu. Na luta do estádio de futebol, quando estávamos brigando mentalmente ela disse que Nessie era filha dela também. Eu não entendo... - lágrimas jorraram de seus olhos. - Quem é ela? Quem sou eu?

- Não começa com isso! - rugiu o rei levantando-se. - Você é minha irmã porra! Para com essa merda de não sei quem eu sou! Você sabe muito bem quem você é!

- Cresci ouvindo as pessoas dizerem que eu não sou quem penso que sou... Chega um momento que a gente passa a creditar no que elas dizem. - sussurrou Bella.

- Eu ouvi a mente de Caos Bella. - disse firme. - Sei que está pensando que talvez vocês sejam a mesma pessoa. Não é verdade. Ela não é você!

- Por favor, Bellinha, não viaja... Ninguém capaz de destruir um povo é capaz de amar como você ama. Não pense absurdos. - disse Nati de maneira amorosa.

Bella se encolheu. Eu via em seus olhos que ela não acreditara em nenhuma das palavras que dissemos, porém não insistiria mais no assunto.

Limpou a garganta.

- E quanto aos elementares?

Daniel sentou-se novamente e respirou fundo antes de responder.

- Os doze lunares governantes eram chamados antigamente como elementares, assim como seus sucessores. Nós somos elementares, assim como nossos pais, avós, bisavós... Porque descendemos dos antigos governantes. 

- Então Peter descende de um dos governantes. - completei.

- Não somente um... Pelo poder demonstrado pelo garoto acredito que mais de uma família. 

Quem franziu a testa agora foi eu.

- Bem... Por ser capaz de ver o passado eu tenho sonhado com algumas informações que estão me ajudando com minhas dúvidas... Nossa família descende de 3 elementares. Argos, Thalles e Agnes. Argos foi o escolhido entre os 12 elementares para ser o primeiro rei lunar. Ele casou-se com uma moça comum que apesar de receber poderes de seu marido não pode passar os poderes para sua filha. Por este motivo foi designado que toda vez que uma mulher nascesse um dos homens elementares ou um de seus descendentes deveria casar-se com a filha para que os da realeza sempre tivessem poder para governar. Porém eles não sabiam que se dois elementares se unissem nunca mais seria necessário esse cuidado, já que os genes elementares seriam passados para os filhos não importando o sexo.

"Esse negócio de genes eu pedi para Charlie me explicar... Ele me disse que não compreende totalmente nosso DNA, mas acontece que os poderes dos elementares só passavam de pai para pai e de mãe para mãe. Então se no caso uma das mulheres fosse escolhida como a primeira rainha e nascesse uma menina, essa criança teria os poderes elementares. Agora se nascesse um menino, essa criança não teria poder algum, porém se no futuro ele tivesse uma filha menina, então essa menina teria poderes elementares."

"Thalles teve um filho homem e Agnes uma filha mulher, seus filhos se casaram dando origem a uma sucessão infinita de elementares. O neto de Thalles e Agnes casou-se com a neta de Argos. Chegando assim a sucessão infinita aos da família real. Por este motivo o povo acostumou-se com um reinado sempre de muito poder e autoridade. Por isso implicaram tanto quando você nasceu sem poderes maninha."

Eu e Bella parecíamos duas crianças escutando um conto de fadas.

- Mas porque a tradição de que a princesa sempre deve se casar com um elementar?

- Por dois motivos. O primeiro era para controlar o poder, você lembra que papai nos contava que seus avós eram tiranos. A tirania teve que acabar de outra forma já que mais nenhuma família elementar entrou para a realeza. O segundo motivo era para aumentar o poder da família real.

- Então quanto mais descendentes elementares, mais poder? - perguntei.

- Basicamente isso. - respondeu Nati. - Peter deve descender de no mínimo 2 elementares para ter conseguido derrubar Dan com a ajuda do veneno de lobisomem.

- Por isso insinuou que ele estava escondendo algo? - perguntei.

- Sim. Queria saber se ele sabia e estava escondendo suas origens ou se não fazia idéia do que eu estava falando. Pela sua reação ao ler a mente do garoto eu percebi que ele não tinha idéia ou talvez tivesse outro motivo. Então eu o desafiei para uma luta para saber se foi apenas o veneno que o deixou tão forte ou se ele tem sangue elementar ou sangue real como também é chamado.

 - A não ser que queiram que Bruninha saiba que seu futuro marido é descendente real e conseqüentemente saiba que vocês sabem que ela está apaixonada pelo garoto Carter é melhor trocarmos de assunto, Bruna está acordando. - sorri matreiro.

Daniel bufou com as minhas palavras.

- Bem no futuro! Bruna ainda é uma criança! - nós três gargalhamos com suas palavras.

- Maninho, maninho... Quando você perceber que sua filha já é uma mulher será tarde de mais. - cantarolou Bella fazendo seu irmão bufar novamente e sair da cozinha com sua esposa gargalhando em seu encalce.

Beijei as costas da mão de minha esposa que estava entrelaçada a minha.

- Eu sei que sua cabecinha está cheia de caraminholas. Mas não vamos pensar nisso agora ok? Acho que devemos deixar as coisas acontecerem naturalmente, não adianta se desesperar. - murmurei. 

Bella baixou seus olhos e suspirou. Só então voltou a me fitar diretamente. Era difícil decidir como eu preferia a cor de seus olhos, castanhos chocolate ou azul céu da noite.

- Não importa o que vocês digam Edward. Dentro de mim eu sinto a verdade... Eu e Caos somos a mesma pessoa, mas não consigo entender como isso é possível. O estranho é que não me sinto incomodada com ela, pois sei que agora, nesta época em que estamos, ela não é a mesma que era. Apesar de ser extremamente arrogante e irritante... - revirou seus olhos. - Eu sinto todo seu arrependimento. E também sinto o peso da responsabilidade de seus atos, ou meus atos, eu não sei... Sinto falta de mamãe e papai, eles saberiam me dizer que merda está acontecendo comigo.   

- Talvez no futuro descobriremos tudo isso que acontece meu anjo, enquanto isso nós vamos vivendo... Quando você voltará a dar aulas?

Minha princesa olhou-me confusa.

- Eu não sei se voltarei a dar aulas... Não sei se vão me aceitar.

- Você está brincando? Meu anjo, seus alunos te adoram! E não só porque você tem toda essa coisa de ser princesa da Lua, mas porque eles adoram suas aulas. - sorri.

Bella fez biquinho.

- Ok, me convenceu. Vou falar com o diretor. - sorriu largo.

Ri pegando seu rosto em minhas mãos e beijei seus lábios. O que era para ser um beijo estralado tornou-se violento. Não demorou para que a panela que estava em seu colo voasse para o chão e eu estivesse imprensando minha esposa contra a bancada. Nossas línguas praticamente travavam uma batalha na qual eu sempre ganhava. Minha princesa gemeu contra a minha boca ficando completamente mole em meus braços. Senti seu sorriso e sorri igualmente mordendo seu lábio inferior.

Abri meus olhos e Bella fez o mesmo em seguida. O azul estava ainda mais escuro e brilhante. Ela entreabriu os lábios me convidando a continuar meu trabalho. Suas pernas a minha volta me puxaram para mais perto... Eu não me fiz de rogado e aproveitei. Nossos olhos voltaram a se fechar e o beijo voltou com tudo. Usei minha velocidade, Bella amava quando eu o fazia e eu amava a sentir se derreter em meus braços.

- Papai! Porque você está engolindo a mamãe?! - a voz alarmada de Nessie fez eu afastar minha boca da de Bella, mas não meu corpo dela.

Minha princesa ficou roxa ao escutar as gargalhadas de seu irmão, cunhada e sobrinha. Confesso que até eu fiquei sem graça ao ver minha filha com seus olhos arregalados segurando sua boneca contra o corpo.

- Papai não estava engolindo a mamãe. - disse tentando manter minha voz natural.

- Mas parecia. - fez biquinho dando as costas para nós e seguindo para a sala.

Mais uma rodada de risos. Dessa vez até Bella riu escondendo seu rosto em meu peito.

[...]

POV Daniel

Uma semana inteira em casa. Definitivamente era o meu Record! Tudo bem que eu não deixei de trabalhar, mas era muito melhor resolver problemas pelo celular ou por vídeo conferência. Claire e Ângelo me ligavam periodicamente para me passar todas as informações, leia-se problemas, que eu precisava saber.

Claire tornou-se minha assessora, ela construiu uma equipe de lunares de confiança que a ajudava, alguns humanos também participavam da equipe, praticamente todos eram parceiros de algum lunar. Sua carreira de jornalista se ajustou ao seu novo trabalho, agora ela só trabalhava no jornal internamente.

A equipe era responsável por verificar os problemas que o povo passava entre os humanos e apontar soluções. Geralmente eu participava das reuniões, mas com tudo que vem acontecendo com a minha família tenho me sentido esgotado mentalmente. Então pedi um descanso e eles se prontificaram a continuar de olho nas coisas. Os lideres dos humanos pareciam gostar de ocupar meu tempo, impressionante como me faziam propostas absurdas. Porém alguns pediam ajuda com alguns trabalhos que lunares seriam bem-vindos. Com esse conhecimento nós íamos até alguma família que não conseguira se encaixar em determinada cidade e oferecia a oportunidade em outra cidade ou até mesmo país. Deste modo, pouco a pouco, meu povo se adaptava a vida com os humanos sem precisar esconder sua real identidade.

Ângelo como chefe de segurança era não somente responsável pela guarda real, mas também pela segurança do povo lunar e humano. Então ele estava sempre atento a qualquer coisa que pudesse ameaçar a vida. Ele fazia reuniões periódicas com os ministros da segurança de diversos países. Seu tempo era mais vago, por isso estava sempre com sua família quando não estava na sede principal da guarda comandando os treinamentos.

Pensando em trabalho... Meu telefone tocou, no visor indicava Claire Neveu.

- Fala Claire.

Boa tarde majestade. O assunto é meio urgente, na verdade já autorizei é só para avisá-lo mesmo.

- Do que se trata?

Um prédio desabou na França. Ligaram para nós para pedir ajuda no resgate. Era um orfanato. Liguei imediatamente para todos que moravam nas imediações e pedi que ajudassem até que nós enviássemos pessoas especializadas.

- Fez bem Claire, falou com chefe Jackson?

Sim. Ele disse que enviaria alguns agentes que possuíam treinamento especial para esse tipo de acidente. Os humanos estão com medo de usar máquinas e acabar com a vida dos sobreviventes, e só com eles fazendo o resgate o relógio parece correr mais rápido. O assunto se torna muito mais delicado quando se trata de crianças.

- Sim, com certeza. Obrigado, tem mais algum assunto para me passar?

Na verdade hoje o dia foi bem calmo, com exceção dessa tragédia, é claro. Acho que finalmente as coisas estão ficando em seu lugar.

- Estariam em seu lugar se estivéssemos na Lua.

Mas infelizmente não podemos mais meu rei.

- Infelizmente... - murmurei com a esperança de que isso um dia mude. - O jeito é nos adaptarmos. Obrigada novamente Claire, se as coisas se agravarem na França por favor me ligue.

Sim majestade.

Desliguei o telefone e voltei meu olhar para a televisão. No mesmo momento o noticiário apontou o acidente na França. 23 crianças estavam desaparecidas e 5 foram encontradas mortas. Esse tipo de coisa quebra o coração de qualquer um. A jornalista tinha os olhos marejados enquanto relatava o resgate e o desespero das pessoas que presenciaram a queda. Mostrou então os lunares franceses que estavam ajudando na procura de sobreviventes.

Ici! Il a un enfant ici! [Aqui! Tem uma criança aqui!] - gritou o lunar chamando a atenção dos bombeiros.

Logo mais dois lunares estavam ajudando a tirar os escombros para que nada escorregasse e voltasse para o chão enquanto os bombeiros humanos traziam a maca e equipamentos para o socorro.

Era um menino de aproximadamente 10 anos. Ele pedia socorro embaixo dos escombros. Foi resgatado com sucesso o que animou todos que participavam do resgate.

Uma hora depois a equipe da guarda real chegou para ajudar. Mais 5 crianças foram resgatadas antes disso e 3 corpos encontrados. O trabalho se tornava mais delicado devido a quantidade de escombros.

10 vezes seguidas a frase "Un cœur bat toujours là!" [Um coração ainda bate aqui!] foi proferida. E cada menininha e menininho que saía vivo de todo aquele concreto recebia uma salva de palmas dos espectadores. Exatos 40 minutos se passaram depois que a equipe de Ângelo chegara e todos foram encontrados. Infelizmente os últimos 4 sem vida.

- Eu não entendo como pode ter gente que abandona essas crianças! Se elas tivessem um lar nada disso teria acontecido. - a voz de Esme me chamou atenção.

Não havia notado que ela estava na sala. Minha esposa sentou-se ao meu lado concordando. As duas estavam no jardim. Era incrível a paixão que Esme possuía pelas flores e encantador o modo como Nati admirava o resultado do trabalho da vampira.

- Mas parece que os sobreviventes não ficarão mais abandonados. - disse Nati olhando o noticiário.

A repórter acabara de falar que muitos casais se ofereceram para adotar as crianças.

- É uma pena que as pessoas só se importem quando acontece uma tragédia dessas.

- Isso me revolta. - disse Esme se levantando e indo para a cozinha. - Vou preparar a janta.

Suspirei relaxando no sofá. Nati se aconchegou em meu peito. Aproveitamos esses momentos sozinhos já que Charlie e Carlisle estavam no hospital e o resto do povo daqui de casa foram para o centro. 

- Temos que comprar um presente para Bruninha.

- Ainda tempos tempo.

- Mas eu queria comprar algo com a carinha dela, não aquele tradicional anel ou jóia que os pais sempre dão para as filhas quando percebem que elas estão crescendo.

Nati riu.

- Finalmente admitindo que sua filha está virando uma mulher.

Fiz uma careta com suas palavras. 

- Só quero comprar algo especial. Podemos ir na cidade ao lado ver alguma coisa no shopping.

- Não quero comprar alguma coisa do shopping. 

- Deixa de ser ranzinza. Vamos ver as coisas, talvez encontremos algo diferente. 

- Ok. O que eu não faço quando você fala com esse ar de sabe-tudo. - brinquei mordendo seu nariz.  

Nati riu em meus braços. Logo nosso namoro foi interrompido pelos Cullen que chegavam. Bella e Edward nos cumprimentaram sorrindo e seguiram para a biblioteca. Logo atrás deles entraram Bruninha e Bernardo que se jogaram para o sofá.

- Papai, leva a gente amanhã no shopping da cidade vizinha? - perguntou fazendo cara de Alice.

Franzi o cenho para seus olhos pidões. Minha esposa riu e respondeu.

- Nós levamos sim. Só vocês dois?

- Er, na verdade se puder dar uma carona para o Denis...

- O garoto que te agarrou?

Bernardo gargalhou confirmando minha pergunta.

- Claro que eu levo filha. - respondi sorrindo.

- Papai! - reclamou Bruna.

- O que?!

- Não sorria desse jeito!

- Que jeito?

- Desse jeito "Vou matar o amigo da minha filha, só porque ele lhe roubou um selinho por causa do fogo do momento". - ela imitou minha voz o que fez todos gargalharem, inclusive Emmett, Jacob, Jasper, Alice e Rose que estavam no jardim brincando com Nessie.

Bruna fez uma careta.

- Promete que não vai matá-lo?

Fiz uma careta a contragosto.

- Ta, ta.

- Vamos papai, seja bonzinho. - revirei meus olhos.

- Eu prometo não matar seu amigo que te agarrou desrespeitosamente em um jogo de futebol. - disse entediado escondendo um sorriso... Eu não iria matá-lo, mas...

Edward gargalhou da biblioteca com os meus planos.

- Papai!

- O que?! Seu tio que está de agarração com sua tia e fica rindo e eu que tenho culpa?! - Bruninha estreitou seus olhos.

Ela levantou-se e olhou para a sua mãe suplicante.

- Mamãe, não deixa o papai fazer nada com o Denis, ele é só meu amigo e mesmo que fosse algo mais não é nada legal esse terrorismo.

- Não se preocupe pequena, vou puxar a orelha do seu pai. - disse Nati realmente puxando minha orelha.

- Hey! - reclamei e elas riram.

- Vou ligar para a Anne para confirmar. Ber você liga para o Nick?

- Ligo, já aproveito e falo para ele confirmar com a Maggie. - respondeu levantando e seguindo para seu quarto seguindo os passos da prima.

"Sem terrorismo com o garoto!" - o tom de Nati era de aviso.

"Não vou aterrorizá-lo, só me divertir um pouco..."

"Daniel!"

"Ai amor, não começa..." - comecei a beijar seu pescoço fazendo-a perder a linha de raciocínio.

Sorri contra seu pescoço com ar vitorioso.

POV Edward

Tive que rir mais uma vez com os pensamentos de meu cunhado. Ele não tinha jeito mesmo. Bella sorriu escutando meu riso, mas logo voltou sua atenção para o grande e antigo livro em suas mãos.

Nós estávamos pesquisando em todos os livros que Charlie trouxera com ele do castelo da Lua antes da guerra começar. Não eram muitos, mas já dava para procurar o que queríamos, ou melhor, o que Bella queria. Minha princesa precisa saber mais sobre Caos. Ela procurava qualquer referência que poderia ser relacionado com a alma arrogante que se apoderava de seu corpo.

Os livros foram escritos na língua lunar e eu não saberia ler se não tivesse casado com Bella. Poderes da realeza que eu nem sabia que haviam sido passados para mim. Mas foi bom. Desta forma eu poderia ajudá-la mesmo não sendo lunar.

Escutei Bernardo falando com seu amigo no telefone. Eles estavam combinando o horário em que se encontrariam. O tal Nick perguntou se ele não queria carona, mas meu neto insistiu em não ir junto, por seus pensamentos percebi que ele estava dando um de cúpido com os amigos.

Dei um beijo na bochecha de Bella e disse que logo voltaria. Segui para o segundo andar para o quarto de Bernardo. Percebi que ele não estava mais no telefone, bati na porta.

- Entra. - autorizou.

Abri a porta e o avistei mexendo em seu computador. Ergueu o rosto e sorriu.

- Oi vô. - devolvi seu sorriso.

Era estranho e ao mesmo tempo bom ser chamado de avô. Bernardo não estranhava mais, pois ele finalmente entendia que o fato de me chamar de avô não diminuia o amor que sentia por seu avô de criação.

- Vocês estão planejando sair não é? - perguntei retoricamente e ele assentiu.

- Missão cupido. - sorri.

- Não quer o carro? - perguntei.

Bernardo sorriu largo.

- Quando eu aprender a dirigir com certeza vou aceitar. - franzi a testa.

- Não sabe dirigir?

- Ia tirar a carteira ano passado, mas com tudo o que aconteceu... - deu de ombros.

- Um Cullen que não sabe dirigir é quase um insulto a família. - ele riu de minhas palavras. - Quer aprender?

- Vai me ensinar? - pareceu empolgado.

- Claro! Mas vamos esperar passar o aniversário de Bruninha, Alice nos deixará loucos nas próximas semanas.

- Tanto assim?

- Você nem imagina... - respondi com cara de aterrorizado.

- EDWARD ANTONY MASEN CULLEN! ESTOU VENDO ISSO! - gritou a tampinha fazendo meu neto gargalhar e eu sorrir.

[...]

POV Daniel

O silêncio imperava dentro do carro. Segurei meu sorriso e percebi pelo espelho retrovisor Bernardo fazer o mesmo. Nati me olhava feio exatamente igual a nossa filha enquanto o pobre garoto Denis permanecia feito uma estátua.

Veja bem, eu não fiz nada... Ainda.

- Então... - comecei deixando as garotas mais tensas, o menino estava branco feito papel. - Que filme vocês vão assistir?

- Ainda não sabemos... Terror de preferência. - quem respondeu foi Bernardo.

- Ah não Ber! Tem que ser romance... Vai ver acende uma luz na cabeça daqueles dois! – reclamou minha filha. - Não é Denis?!

- Hã? - minha filha revirou os olhos.

- Porque vocês não armam para eles irem em uma sala e vocês em outra? - opinou minha esposa virando-se no banco para observá-los.

- É uma boa... Assim a gente coloca eles em um romance meloso enquanto nós assistimos um filme bom. - Bruninha revirou os olhos com as palavras do primo, mas aceitou a idéia.

- Ok, ok... Então um de nós vai ter que comprar as entradas e depois quando voltarmos dizemos que as seções estavam lotadas e que só tinha 4 poltronas no filme de terror e 2 no romance.

- Sua amiga vai nos encontrar lá?

- Sim... Anne vai de moto, aquela lá é meio doidinha.

- Doutor Pitty já está na cidade? - perguntou minha esposa.

- Eles chegaram ontem à noite. Estou tão feliz que Anne vai estudar com a gente!

- Pensei que ela fosse um ano mais velha. - comentou Bernardo confuso.

- Ela é. Mas é um pouquinho encrenqueira sabe... Ela perdeu muitas aulas por causa de suspensões e conseqüentemente provas importantes, acabou reprovando.

- Ulisses quer ela na guarda. - comentei.

Eles me olharam surpresos.

- Ana tem o temperamento forte e não aceita muito bem ordens, ele acha que talvez com o treinamento da guarda ela seja menos impulsiva. - dei de ombros. - Mas não acho boa idéia... Se não for da vontade dela o treinamento de nada vai adiantar.

- A não ser que o objetivo seja levar Ângelo a loucura. - sorri com as palavras de minha filha.

- Hey Bernardo, ouvi dizer que vai receber aulas de direção. - puxei assunto com meu sobrinho.

Ele sorriu largamente.

- Vovôvamp disse que vai me ensinar.

- Edward provavelmente vai ensinar algumas brincadeiras.

- Bella vai matá-lo se ele ensinar alguma coisa desse tipo. - disse Nati revirando os olhos.

Só para provocá-la acelerei o carro. Minha esposa estreitou os olhos pra mim. Olhei para ela sem deixar de acelerar o carro.

- Talvez esse ele realmente não ensine. - sorri.

- Daniel. - advertiu minha esposa.

- Amor, eu não vou bater... E se batermos ninguém se machucará. - apertei ainda mais o acelerador.

- Esqueceu de nosso sobrinho e de Denis?

- Bem... Dá tempo de tirar Bernardo. - sorri.

- Papai! O senhor prometeu ser bonzinho!

Olhei pelo retrovisor avistando minha filha com um biquinho de braveza extremamente lindo, Bernardo segurando o riso e Denis olhava apavorado para a janela na qual a paisagem passava como um borrão.

- Daniel. Diminui a velocidade. Agora. - sibilou Nati irritada.

Ok, acho que já estava bom de susto... Olhei para frente rindo e diminuindo a velocidade.

- Eu não acredito nisso! - murmurou minha esposa desgostosa.

- Provavelmente isso seu avô não lhe ensinará, não vai te colocar em perigo... Mas tem coisas seguras - mandei uma piscadela.

Ele sorriu largo gostando da idéia.

- Homens... – bufou Nati.

Liguei o rádio para dissipar o silêncio já que as duas mulheres da minha vida estão querendo arrancar meu pescoço, mas valeu à pena.

Não demorou para chegarmos. Foi engraçado o modo como o garoto praticamente correu do carro assim que eu estacionei. Nati me olhou feio quando eu não segurei o riso.

- Desculpa amor, não resisti.

- Você é pior que criança!

Fomos andando mais atrás enquanto os três se dirigiam para a escada rolante.

- Poxa Brubs, acho que seu pai nunca vai esquecer o beijo que eu te dei. - escutei o pobre garoto cochichar.

- Não liga para o papai Denis, ele não vai fazer nada com você... Só está exercendo a função de pai. Dar showzinho de ciúmes. - o que?!

Nati gargalhou.

- Bem feito... Poderia começar à tarde sem essa. - fiz uma careta.

- Eu juro que foi super sem intenção aquele dia... Juro mesmo. Eu extravasei minha alegria de um jeito totalmente errado. - ok, fiquei com dó do garoto.

- Denis, esquece isso... Já passou. Papai não vai mais te azucrinar.

Logo chegamos a frente do cinema.

- Nós vamos dar umas voltas, qualquer coisa meu celular está ligado. - comuniquei minha filha.

- Nada vai acontecer papai... - disse ela, mas pareceu se arrepender de suas palavras.

Eu sei o que passou em sua cabecinha. A última vez que disse isso ela foi perseguida por vampiros, por um lobisomem e Peter ficou sem controle.

- Nada vai acontecer. - disse confiante para que seus medos não a impedisse de se divertir.

Beijei sua testa e segui com Nati pelos corredores do shopping.

Antes de começar a ver a lojas minha linda mulher dos cabelos negros pediu-me um suco de manga que logo fomos buscar na praça de alimentação ali perto do cinema. O garoto cheio de espinhas que trabalhava no quiosque de sucos naturais levou quase trinta minutos para preparar o suco de tão nervoso que ficou ao ver minha esposa. Fiquei aguardando encostado no corrimão ao lado da escada rolante. Nati sorria gentil para o rapaz que derrubou o copo ao chão umas três vezes antes de finalmente entregar o suco para ela.

Sinceramente me diverti com o desastre do rapaz, mas os olhinhos azuis de minha rainha me repreendiam.

Passei meu braço sobre os ombros dela enquanto o seu rodeava minha cintura. Nati ora tomava seu suco olhando as vitrines, ora esticava seu braço para eu tomar um gole.

Eu gostava desses momentos, fazia tempo que não passávamos assim, sem grandes preocupações assolando nossos pensamentos.

- Como eu imaginei, não há nada por aqui especial o suficiente para darmos a Bruninha. – disse emburrado.

- Ainda estamos no primeiro andar... Faltam mais dois. – retrucou Nati sorrindo de seu modo doce. – Sinto que acharemos algo.

- Mulheres... – desdenhei e em conseqüência levei um beliscão na cintura.

Ri matreiro e beijei sua bochecha de modo estralado. Ela sorriu me olhando, mas algo chamou-lhe a atenção às minhas costas.

Me virei para saber o que ela observava.

- É perfeito! – disse admirado a puxando para dentro.

A lojinha era daquelas que possuíam peculiaridades do mundo, desde coisas antigas até extremamente atuais, tudo bem organizado. Mas o que me chamou a atenção foi um pequeno conjunto de pinceis com cabos de cristais. Estavam em um pequeno estojo com revestimento preto.

- Boa tarde. – cumprimentei a senhora atrás do balcão.

- Boa tarde... – ela olhou-nos com curiosidade. – Vocês me parecem familiar... Oh! Formam um casal tão bonito! O que desejam?

Eu e Nati sorrimos. Era difícil achar alguém na rua que não soubesse quem nós éramos.

- Gostaríamos de olhar aqueles pincéis de cristal. – disse minha esposa.

- Oh! Claro! Eles são tão lindos! Vieram da índia, dizem que cada pincel possui uma propriedade mágica dada pelos deuses. – tagarelou a senhora enquanto mexia em um pequeno armário.

Ela pegou uma caixa de madeira retangular colocando-a sobre o balcão. Assim que abriu a luz bateu nos cristais refletindo arco-íris em nossas roupas. Eu não entendia muito de pintura, mas tinha certeza que as cerdas deles eram de total qualidade.

Ao contrário do pequeno estojo na vitrine, a caixa era grande com o revestimento azul escuro. Dentro havia mais de 15 pinceis de tamanhos diferentes tanto em comprimentos dos cabos até na espessura e quantidade das cerdas.  

Eram hipnotizantes com suas cerdas negras presas por um delicado metal ao cristal. No metal havia alguns desenhos de elefantes indianos em um tamanho realmente pequeno o que tornava o material ainda mais delicado.

- São lindos... – sussurrou Nati tão encantada quanto eu. – E perfeitos...

- Especiais... – completei sorrindo ao notar que eu achara o presente para minha filha.

- O estojo também vem com as tintas base e uma placa de cristal para despejar as tintas e fazer a mistura. Apesar de achar todo esse material bonito de mais para ser realmente utilizado. – disse a senhora.

- Eu entendo o que a senhora quer dizer, dá dó de usá-los, são tão magníficos... – disse Nati.

- Vamos levar. – disse sorrindo.

A vendedora ofereceu o brinde uma gravação na caixa de madeira que sinceramente, mesmo não sendo de cristal, era magnífica. Ela perguntou o nome da presenteada, mas eu e Nati resolvemos grava uma frase.

Mensagens que não são lidas com os olhos, mas sentidas com o coração.

Porque quando nossa filha desenhava ou pintava ela passava mensagens, não só da beleza da paisagem gravada na tela, mas algo a mais que fazia nosso coração se encher de certo sentimento. Muitas vezes me deparei fechando os olhos em frente as suas pinturas apenas para sentir aquilo que ela queria transmitir. Sem dúvidas era seu maior talento, algo de que eu senti muito orgulho.

Agradecemos a vendedora e seguimos com a sacola para a frente do cinema. Ainda era muito cedo para o filme ter acabado, porém resolvemos namorar um pouquinho enquanto esperávamos.

[...]

- Ow! Eu estou dizendo que vocês vão ter que pagar um psicólogo! Assim não dá não! – a voz de nossa filha fez com que nos separássemos para olhá-la de braços cruzados no peito e olhar divertido.

- Estou louca para você começar a namorar e eu te atrapalhar do jeito que você atrapalha a mim e ao seu pai. – Nati disse erguendo suas sobrancelhas.

Bruna ficou com as bochechas vermelhas e virou de costas para nós.

- Não atrapalho mais, podem se comer se quiserem!

- Bruna! – repreendemos ao mesmo tempo.

Ela se virou novamente nos olhando sem graça.

O riso de seus amigos nos chamou a atenção, pelo jeito tudo ocorreu bem.

- Boa tarde majestades. – curvou-se Ana Pitty.

- Como vai Ana?

- Eu vou bem. – sorriu. – Papai e mamãe mandaram seus cumprimentos.

- Retorne a eles, por favor. – sorri e ela assentiu. – Estão com fome? Hoje o lanche é por minha conta.

Logo estávamos todos na praça de alimentação rindo de Bruninha que tentava adivinhar o que tinha na sacola.

- Poxa! Será meu daqui algumas semanas! O que custa adiantar o que é? – choramingou.

- Sem chances princesa. Só no seu aniversário. – sorri comendo mais uma batata.

- Você vai gostar pequena, te garanto. – piscou sua mãe.

Ela fez um bico imenso.

- Estou curiosa... Vocês disseram que todo seu povo vai estar na festa da Bruna... Todos dão presentes? – perguntou a garota Maggie.

- Somente os mais próximos, os outros deixam mensagens escritas em um livro. Se prepare meu bem, você lerá de tudo.

- Como assim? – perguntou minha filha sorrindo.

- Bem... Não pense que terão apenas mensagens de felicitações. As pessoas às vezes pegam pesado, às vezes escrevem coisas que você não gosta e infelizmente são as que mais ficam em sua memória. Mas acredito que não haverá tantas negativas... O momento é muito diferente... Quando eu fiz dezessete o povo estava revoltado. – dei de ombros.

- Por causa de tia Bella né?

- Isso que mais me irritava na época, sua tia era apenas uma criança sabe? Ela não merecia toda aquela raiva. Mas seus avós levaram as coisas de uma maneira invejável, acho que se eu estivesse no lugar deles e falassem o que falavam de minha filha eu teria feito um escarcéu.

- Own que protetor. – Bruninha apertou minha bochecha.

Revirei meus olhos enquanto a mesa gargalhava.

- Está perdendo o respeito. – murmurei a contragosto.

Nati riu alto.

[...] [...] [...]

POV Bella

As aulas voltaram com tudo. Os alunos estavam extremamente animados e me receberam muito bem. Edward estava certo, eles gostavam de minhas aulas. Eu estava muito feliz com isso, mas tinha que brigar todos os dias com Ana para que ela parasse de me chamar de princesa e fazer reverências cada vez que me via.

Nessie avançou para o primeiro ano, tecnicamente ela seria alfabetizada. Tudo bem que ela já era, graças a Edward que sempre a ajudou com os estudos. Mas nossa filha se adaptava com o ambiente facilmente, sua convivência com as crianças era tranqüila.

Os Cullen estavam quase enlouquecendo com os últimos preparativos da festa de Bruninha que aconteceria hoje à noite. Alice deixou a todos em uma pilha de nervos. Mas agora as coisas estavam mais calmas.

- OH MEU DEUS! NÃO ACREDITO! – o grito de minha sobrinha nos chamou a atenção.

Não levamos 5 segundos para estar em sua porta e gargalharmos com a cena.

Ela tinha um sorriso de orelha a orelha com uma caixa em mãos. Era o presente de seus pais.

- São lindos. – sussurrou pegando algo dentro da caixa.

Assim que ela ergueu sua mão avistamos o pincel de cristal. Era realmente lindo.

- Não queria te dar aqueles presentes tradicionais como um anel ou colar... Sei que ia gostar, mas esses pincéis são mais a sua carinha.

- Oh papai! Muito obrigada, eu amei! – jogou-se no pescoço do pai chorando emocionada.

Dan não conseguiu segurar suas próprias lágrimas. Foi impossível não sorrir com a cena. Meu irmão pegou o rosto da filha entre suas mãos e perguntou retoricamente.

- Quem foi que te permitiu crescer? Hein? – então puxou-a novamente para os seus braços.

Senti meus olhos umedecerem. Me senti mal por sentir inveja de meu irmão. Queria que minha princesinha crescesse também, o fato dela não seguir o rumo natural me angustia.

Senti braços ao meu redor e um beijo em minha têmpora. Relaxei no mesmo instante. Edward entendia o que eu estava sentindo.

Esperamos a família a nossa frente se recuperar e então chamei.

- Bruninha?

- Oi tia?

- Venha cá, quero te dar meu presente.

Ela sorriu largamente e saltitou até mim.

Fomos até o lago atrás de casa. Minha sobrinha tentava a todo custo adivinhar o que tinha dentro da caixa em minhas mãos.

- Calma sua curiosa. – gargalhei com seu bico.

Sentamos na ilha de pedra. Entreguei a caixa. Bruna a abriu entusiasmada e fascinou-se pelo grosso caderno de capa de camurça em tons azuis escuros.

- Não é somente um caderno... – expliquei. – É um diário.

- Diário?

- Abra.

Bruna fez o que eu pedi e surpreendeu-se ao notar que letras elegantes o preenchiam. Olhou-me confusa.

- Era de sua avó Anita.

- Esse é o diário de vovó?

- Sim... Nele conta os detalhes de tudo o que ela sentiu quando se apaixonou por seu avô. Ela me deu antes da luta em que ela veio a falecer.

- E porque está me dando?

- Porque acho que vai te ajudar no que sente agora pelo garoto Peter. Vocês dois nasceram na Terra, conviveram com os humanos, cresceram com humanos, mas não sentem como eles. Seu tio me contou toda a sua confusão. – sorri. – É normal, mas tem que saber que o que esse sentimento significa para os lunares, pequena. E acho que esse diário fará você entender muitas das atitudes de Peter, já que ele é plebeu assim como sua avó era.

- Eu não me importo com suas origens. – sussurrou timidamente espremendo o diário contra seu peito.

Retribuí seu sorriso.

- Eu sei... Mas tem que entender que não é tão fácil para ele. Já parou para pensar em toda a responsabilidade que ele assumirá quando se render ao sentimento? Ele não se sente pronto ainda, caso contrário ele já estaria lhe cortejando formalmente.

- Oh tia! Por favor! Que palavra mais velha! Cortejar!

Gargalhei.

- Ok princesa, vamos dizer que ele estaria sendo mais, er, direto.

- Talvez o jeito dele seja mais lento. – deu de ombros mordendo seus lábios. – Ou talvez eu esteja confundindo os sentimentos.

Revirei meus olhos.

- Leia o diário. Daqui a pouco venho te chamar para se ajeitar... Ah! Bruna? – ela olhou para mim. – Feliz aniversário.

Minha sobrinha sorriu largamente.

- Obrigada tia.

POV Bruna

Simplesmente impossível não se sentir feliz no dia de hoje. Acordar com uma mensagem vinda daquele pelo qual estou apaixonada me desejando feliz aniversário não tem preço. Contei para ele que eu havia nascido as cinco da manhã então quando o relógio mostrou 05:01 uma mensagem no meu celular me despertou. 

Estava pronta para xingar a infeliz da operadora que vivia me mandando mensagens a respeito de promoções e bônus que eu não queria. Mas qual foi a minha surpresa ao me deparar com aquelas palavras tão gentis de Peter me desejando feliz aniversário. Como não se apaixonar?

Não consegui mais dormir encantada com seu jeito. Fechei meus olhos sorrindo feito boba e não sei quanto tempo se passou, mas despertei novamente com minha família pulando sobre mim e cantando parabéns.

Esme e Carlisle me presentearam com 6 passagens de avião para o Brasil. Disseram que era para eu levar meus amigos conhecer o país em que nasci. Duvidava que papai e mamãe me deixariam ir, tia Ali logo mandou-me uma piscadela me passando a mensagem que ela me ajudaria. Tia Rose e tio Emm me deram um lindo conjunto de joias para eu usar hoje a noite o que combinaria com o presente de tia Ali e tio Jazz que seria meu vestido e sandálias. Ber disse que o presente dele e de meus outros amigos seria dado na festa já que as garotas estavam com ele.

Mas quando meus pais chegaram com aquela caixa com materiais para pintura eu pirei. Aqueles pincéis eram simplesmente perfeitos! Não consegui segurar minhas lágrimas, nada poderia ser melhor, vindo deles.

E agora aqui estou eu sozinha com o presente que recebi de tia Bella.

Nunca imaginei que vovó teria um diário. As folhas internas eram mais grossas que as de papel que eu conhecia. Talvez porque foram feitas na Lua... A tinta também parecia diferente e possuía um cheiro doce... Só eu mesmo para reparar nessas coisas! Deve ser a alma de artista.

Dei de ombros rindo de mim mesma e tratei de ler aquelas palavras. Franzi o cenho, aquela era outra língua... Uma língua que eu não conhecia.

Como eu leria aquilo?!

Como resposta aos meus pensamentos as palavras de repente começaram a fazer sentido, como se eu sempre soubesse seus significados. O que foi realmente estranho. Mas não dei muita importância a isso e comecei a ler as confidências de vovó.

Não sei quanto tempo demorei para ler boa parte do diário, só sei que tive que parar quando minhas bochechas coraram e meu coração acelerou o ritmo ao ler uma descrição um tanto detalhada de um ato um tanto íntimo. Er,... Acho que já li o ponto que tia Bella queria que eu lesse.

- Bruninha, Alice está te chamando para se ajeitar. - a voz de tio Ed veio da beira do lago.

- Já estou indo tio. - pulei pousando ao seu lado.

Ele sorriu de lado.

- Meu presente só vai acontecer na festa.

- Vai acontecer?

- Sim. E não faça mais perguntas. - fez cara feia e então sorriu.

- Ok...

Não deu muito trabalho convencer tia Ali a me deixar almoçar antes da tortura, digo, embelezamento... Ela previu que todos seriam contra eu não ter tempo para comer. O resultado foi eu a escutando reclamar a tarde inteira. Ela ficava ainda mais brava quando eu dizia que ela começara a revelar sua verdadeira idade como uma velha resmungona. Tia Bella e tia Rose gargalhavam e Esme prendia seu riso. Mamãe se juntou a nós para se ajeitar também. Nessie estava uma bonequinha, porém não teve muita paciência para ficar conosco e desceu brincar com Jacob. Fui a última a estar completamente pronta e as mulheres me olhavam sorrindo admiradas antes mesmo de eu mesma me olhar no espelho.

- Oh! Meu bebê se tornou uma mulher. - minha mãe fingiu limpar uma lágrima de seus olhos.

Revirei os meus seguindo para o espelho.

Não pude deixar de abrir um sorriso para a minha própria imagem. O vestido caíra muito bem em meu corpo, o azul destacava ainda mais meus olhos. A maquiagem apenas ajudava a destacar. Tudo estava suave e bonito. Será que Peter iria gostar?

- Eu sei o que está pensando e a resposta é sim. - disse tia Ali.

- Pensei que o leitor de mentes da família era o tio Ed. - ergui uma sobrancelha a olhando através do espelho.

Foi impossível não rir com o seu revirar de olhos.

- Vamos logo garotas! Ou então a aniversariante chegará atrasada ao próprio aniversário! - chamou papai impaciente.

Com mais alguns retoques na maquiagem e mais chamados dos homens da família finalmente descemos as escadas.

POV Edward

Bella foi a primeira a descer as escadas com seu vestido longo prateado que moldava perfeitamente seu corpo. Seus cabelos presos parcialmente deixando seu rosto a mostra. Sorri sem conseguir desviar meu olhar.

- Está linda maninha. - disse Daniel quebrando nossa troca de olhares. - Vai dar trabalho para seu marido... Graças a Deus esse não é mais meu trabalho. - brincou.

Minha princesa riu revirando os olhos e veio beijar meus lábios levemente. Em seguida passou o dedo em minha boca limpando o batom que deixou.

Logo todas as mulheres desceram com seus elegantes vestidos. Rose com seu tradicional vestido curto e vermelho sangue. Alice também usava um vestido curto, porém delicado e espevitado, foi impossível não chamá-la de fada Sininho pelo tom verde chamativo. Mamãe estava com um longo em tom bordo, realmente muito bonito e elegante. Nati desceu em seguida com seu também longo e dourado vestido tomara que caia.

- Me sinto um castiçal. - reclamou Bernardo.

- Relaxa Ber, vou te ajudar a segurar s velas... Pelo menos até chegarmos no salão. - disse Bruninha que descia as escadas com um vestido curto azul que acentuou ainda mais seus olhos. 

http://www.google.com.br/imgres?q=vestidos+curtos+azuis&start=210&hl=pt-BR&biw=1366&bih=643&gbv=2&tbm=isch&tbnid=nrqh1jys-kT4hM:&imgrefurl=http://espalhou.com/category/verao/&docid=6rE0TB5STlKP_M&imgurl=http://espalhou.com/wp-content/uploads/2012/02/363cVESTIDOS-DE-FORMATURA-2012-AZUL-CURTO.jpg&w=408&h=575&ei=UWZRT-ugPInu0gHLy-nBDQ&zoom=1&iact=hc&vpx=188&vpy=254&dur=615&hovh=244&hovw=173&tx=71&ty=178&sig=103666800657987419772&page=8&tbnh=141&tbnw=100&ndsp=30&ved=1t:429,r:0,s:210

Daniel fechou a cara percebendo que eu tinha sorte por ter apenas uma mulher para tomar conta.

- O que aconteceu com os vestidos longos e bufantes? - perguntou mau-humorado. 

Bella riu baixinho em meu peito. Estávamos abraçados olhando a todos. 

- Papai, por favor! Em que século estamos mesmo? Já passamos dessa fase. - piscou petulante com apenas um olho. 

Emmett soltou uma estrondosa gargalhada.  

- Vamos então? - chamou Carlisle divertido.

Assim que chegamos a frente de casa Jacob falou.

- Olha só quantas moças bonitas! Porém nenhuma é párea para a princesinha da família! - disse rodando Nessie pela mãozinha que soltou uma de suas gostosas gargalhadas. - Nem mesmo a loira do banheiro. - sussurrou para a pequena.

- Fido, Fido... Pela primeira vez na vida terei que concordar com você. - cantarolou Rose despreocupada.

Era só colocar Nessie no meio da frase para minha irmã virar gelatina.

Após nos dividirmos nos carros seguimos o caminho para a cidade onde ocorreria a festa de minha sobrinha. Alice nos enlouqueceu nos últimos dias e eu e meus irmãos fizemos mais viagens nessa semana do que em nossa vida inteira.

Com o nosso modo de dirigir chegamos ao local em menos de uma hora. A pequena viagem foi animada com Bernardo tagarelando sobre as aulas de história do novo professor. Bella sorria enquanto eu narrava alguns fatos que presenciei na história. Meu neto ficava fascinado. Acho que seu interesse na medicina era apenas curiosidade, tudo indica que ele irá para uma área de humanas... 

Assim que chegamos ele abriu a boca incrédulo. Eu entendia, aquele lugar era imenso. Também para uma festa com mais de três mil convidados.

Alguns lunares já estavam presentes no evento, eles trabalhariam na segurança e servindo os convidados. Todos fizeram uma reverência assim que avistaram minha esposa que sorriu docemente para todos desejando boa noite.

- Meu irmão logo chegará... Fomos os primeiros da carreata. - me olhou feio. - Pé de chumbo!

Revirei meus olhos enquanto Bernardo ria.

Menos de dois minutos depois os carros da família estacionaram e minha filha correu até Bella pulando em seu colo.

- Mamãe eu estou com sede. Vovô disse que eu poderia tomar alguma coisa aqui.

- Quando que você não está com sede, meu amor? - retrucou minha esposa fazendo bico igual a filha.

- É sede de refrigerante mamãe. - colocou as mãozinhas na cintura se segurando em Bella apenas com suas perninhas.

Tive que rir.

- Posso levá-la na cozinha princesa. - ofereceu uma das lunares simpaticamente.

- Por favor, Katrina. - sorriu Bella lhe entregando Nessie que foi de bom grado no colo da mulher que parecia completamente encantada com a criança. 

- Ela tem o mesmo encanto que Bella tinha com os empregados do castelo. - a voz de Charlie nos chamou a atenção as nossas costas.

- Oi pai. - sorriu minha esposa ao virar-se.

Charlie acabara de chegar junto de Lara. Ele tinha saído mais cedo para buscá-la.

- Está muito bonita Lara. - elogiei educadamente.

Ela sorriu sem graça agradecendo.

- Eu não te disse? - perguntou Charlie sussurrando na orelha da namorada.

Seguimos todos para dentro enquanto Dan passava as ordens para a segurança e cozinha. Bruna ficou completamente encantada com a decoração do salão. Alice poderia ser irritante, mas sabia fazer um bom trabalho, ou melhor, mandar que os outros façam um bom trabalho.

O espaço foi bem utilizado com as mesas redondas para 12 pessoas cada uma. Um palco fora instalado em frente a pista de dança que fora delineado pelas mesas. No lado oposto do palco estava uma grande mesa com doces de todos os tipos existentes. Perto dali também tinha uma grande mesa de Buffett que mais tarde seria servido o jantar.

A decoração fascinou minha esposa que retornou sua memória para as festas no castelo da lua com grandes panos caindo do alto teto e se enrolando em pilares. Em cada mesa uma toalha branca e um cobre-mancha dourado por cima. No centro um alto castiçal, porém em vez de velas havia flores enfeitando. Muito bonito.

Alice também contratara uma equipe de fotógrafos humanos, os mesmos que cuidaram de meu casamento de Bella.

O DJ que estava no fundo do palco soltou algumas músicas leves no ambiente e logo os convidados começaram a chegar. Puxei Bella para dançar após ver nossa filha correr de um lado para o outro fugindo de Jacob que apesar da cara emburrada se divertia, e ver Bernardo junto com seus amigos humanos que acabaram de chegar.

- Edward não tem ninguém dançando. - cochichou minha esposa tentando voltar para a nossa mesa.

- E? - ergui uma sobrancelha sorrindo torto enquanto a girava para o meu peito.

Bella revirou seus olhos.

- Você é impossível. - beijei seu bico de criança mimada em um rápido estalinho.

- E você uma garota mimada. - revidei a provocando.

Minha princesa gargalhou e escondeu o rosto em meu peito.

- Ok, eu danço com você.

- Como se fosse uma tortura.

- Edward! Deixa de ser metido!

- É o meu charme. - ela revirou os olhos, mas não conseguia esconder o sorriso.

Ficamos nos embalando de um lado para o outro ao som da música lenta. Alguns casais seguiram nosso exemplo e se embalavam em suas próprias bolhas.

Esqueci das mentes e conversas a nossa volta e me concentrei em minha princesa.

Seus pequenos dedos em minha nuca causavam-me arrepios, fechei meus olhos em deleite e minhas mãos em sua cintura a puxaram para mais perto. Bella suspirou encostando seu rosto em meu peito. Apoiei meu queixo em sua cabeça sentindo seu coração bater contra meu corpo e a palma de minha mão.

- Eu amo escutar sua respiração. – sussurrou esfregando o rosto contra meu peito. – Bem aqui.

- Eu amo sentir seu coração. – sussurrei de volta e acariciei suas costas. – Bem aqui.

POV Bruna

Suspirei observando os tantos casais apaixonados na pista.

- Ah o amor... – suspirou Maggie observando o mesmo que eu. – Isso é incrível sabia? Nunca vi tanta gente apaixonada em apenas um lugar. – sua última frase soou um tanto amargurada.

- Pensei que tivesse se acertando com o Nick. – comentei.

- Muita coisa aconteceu nas férias Brubs... Muita coisa. – seu tom soou triste e percebi seus olhos brilhando.

Antes que eu pudesse exigir que ela me contasse o que diabos havia acontecido que mexeu tanto com ela e Nicolas, dois braços se jogaram entre mim e minha amiga.

- Hey garotas! – Bernardo sorriu entre nós. – Olha a cara do Denis. – avisou em tom conspiratório.

Nos viramos para onde ele apontou e logo avistamos Denis encolhido ao passar perto do meu pai que o observava com os olhos estreitos e um sorriso maldoso nos lábios.

- Papai! – exclamei exasperada.

Ele ergueu as mãos para cima em rendição. Revirei meus olhos enquanto meus amigos gargalhavam. Logo Denis chegou perto de nós meio amuado.

- Não liga pro meu pai Denis, ele está apenas brincando com você. Ele gosta de ser sádico de vez em quando. – eu sabia que papai escutaria. Era para escutar mesmo!

- Ele só está protegendo quem ele ama. Não há nada de errado nisso. – respondeu meio tímido.

- O garoto acaba de ganhar o meu respeito. – escutei meu pai falar e sorri em resposta.

- Boa noite princesa. – Malaky parou em nossa frente fazendo uma reverência.

- Malaky! Boa noite! – sorri me aproximando para abraçá-lo.

Meu guarda-costas retribuiu com carinho. O olhar dele sempre me intrigou, eu conseguia ver sabedoria, uma sabedoria que vinha do passado, o ajudava no presente e previa o futuro. Era como se ele soubesse tudo o que o futuro me reservava. Não como tia Alice ou mamãe e tia Bella quando tinham as suas visões, mas como se apenas enxergasse um padrão ou falta dele em mim. Podia considerá-lo tranquilamente como um amigo. Não só pelo seu jeito, mas também pelas palavras irritadas de Peter quando se referia ao parceiro, pois o carinho era malmente escondido pela sua suposta raiva.

- Feliz aniversário majestade. Que a justiça prevaleça em seu reino.

- Obrigada Malaky. – sorri ao me afastar.

Essas “felicitações” eram completamente estranhas, porém já as escutei de tantos lunares que as palavras começam a parecer delicadas e bondosas. Mamãe disse que o reino gostava de mim.

- Peter veio com você? – perguntei olhando as suas costas para ver se encontrava meu... Amigo por ali.

O homem a minha frente gargalhou com vontade e me lançou um olhar perspicaz... Er, eu entendia o que Pete queria dizer com os olhares irritantes do parceiro.

- Não veio princesa, ele vem mais tarde com seus tios. – sorri sem graça por ter sido pega em flagrante.

Malaky se aproximou e sussurrou em minha orelha.

- Não sinta vergonha princesa, não se deve ter vergonha desse tipo de sentimento. – quando pisquei ele não estava mais em minha frente.

Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa um lunar me chamou para dançar. Sorri aceitando.

Já perdi as contas de quantos me tiraram para dançar. Todos eram extremamente respeitosos e me faziam perguntas delicadas sobre mim. As vezes me elogiavam, outras elogiavam o modo de governo de meus pais, as vezes me pediam opiniões. E todos demonstravam grande carinho pela minha família.

Não ficava para trás e perguntava sobre suas vidas também. Conheci muita gente que simpatizei.

As pessoas iam chegando a cada dança. Fui passando de braço em braço até chegar em Bernardo.

- A te que em fim poderei dançar com a minha prima! – disse com falsa braveza e então sorriu. – Está requisitada hoje.

- Sabe como é... – apontei para mim mesma. – Princesa.

- Futura rainha. – lembrou ele.

Fiz uma careta em resposta que o fez rir. Imediatamente lembrei do diário que tia Bella me deu.  Vovó narrou todos os seus pensamentos que conflitavam com seus sentimentos pelo meu avô. Ela se sentia insegura, não por seus sentimentos, mas pela responsabilidade que assumiria assim que aceitasse o sentimento. Era apavorante para ela se enxergar rainha, afinal meu avô era o futuro rei e a mulher que ele escolhesse seria sua companheira na vida e no governo. Toda a responsabilidade... Tantas pessoas que dependem de você, que esperam que você tome decisões sábias, que torne suas vidas dignas...

Só de pensar nisso e olhar todas essas pessoas a minha volta eu realmente entendo o medo de vovó, e mesmo sendo princesa e tendo essa ideia implantada em minha cabeça desde o dia em que nasci, sinto medo... Medo de quando chegar a hora eu fazer tudo errado, de decepcionar todas essas pessoas.

Mas de algum modo eu sei que se eu tiver ao lado de Pete as coisas ficaram bem, que juntos tudo vai dar certo. E que no futuro tudo ficará bem. Mas enquanto estamos separados estaremos com medo do que nos aguarda no futuro.

- Você não tem medo? – a voz de Ber me despertou dos meus devaneios.

Olhei-o em dúvida.

- Dessa paixão eterna que vocês lunares possuem com seus parceiros. Digo, nem com os vampiros é assim... Talvez apenas com meu avô por causa de sua tia... Não sente medo de saber que essa conexão tão forte jamais vai acabar?

- E você não sente medo de não saber quanto tempo à conexão vai durar? Se vai durar para sempre ou não? – respondi com uma pergunta.

Meu primo ficou pensativo por alguns segundos e então sorriu.

- Acho que não tem como não sentir medo. – gargalhou.

Revirei meus olhos e continuei dançando com ele.

- Bem... Falando nisso. – seus olhos fitavam algo as pinhas costas.

Acompanhei seu olhar parando de dançar. Meu corpo arrepiou-se e de repente tudo a minha volta ficou em câmera lenta. Um sorriso cresceu em meu rosto sem que eu percebesse.

- Vai lá. – sussurrou Bernardo me dando um leve empurrão para frente.

Sem me virar para dizer qualquer coisa para meu primo eu disparei rumo à entrada desviando dos casais dançando na pista e de algumas mesas.

POV Bella

- Vamos dar uma volta lá fora? – perguntou Edward sedutoramente em minha orelha.

Sorri erguendo minhas sobrancelhas.

“Não precisa perguntar duas vezes.” – respondi por pensamento.

Meu vampiro me mandou seu sorriso torto e segurou minha mão me puxando para fora da pista. Sorri para todos que me sorriam. Seguimos para a porta onde estavam meu irmão e cunhada.

Virei meu rosto para conferir onde estava Nessie e não consegui segurar o riso ao vê-la pulando nas costas dos lobos. Jake estava radiante com todos seus irmãos reunidos, assim como suas esposas e filhos.

Assim que chegamos ao meu irmão Peter e seus tios entraram no salão e foram cumprimentar os reis. O garoto fez uma reverência enquanto seus tios apertavam as mãos.

- Hey Peter, como está o ombro? – perguntei sorrindo.

Ele abaixou a cabeça em um cumprimento.

- Novo em folha princesa. – sorriu docemente.

Edward riu de algum pensamento, olhei-o curiosa.

“Seu irmão está se perguntando se Peter fará como eu fiz quando fui a festa no castelo... Quando te cumprimentei. Lembra?”

Sorri confirmando.

Mas para total desespero de meu irmão a cena não se repetiu. Segurei meu riso ao ver meu irmão emburrado.

Bruninha simplesmente correu e se jogou no garoto enlaçando seu pescoço e ficando com suas pernas no ar. Peter um tanto surpreso a segurou pela cintura.

Dan revirou seus olhos e se retirou junto de Nati que gargalhava. Edward também ria e me puxou para fora do salão.

O fato era que meu irmão não poderia surtar quando era justamente sua filha que se atirava nos braços do garoto e não ele tentando uma cantada barata.

POV Peter

- Pensei que não vinha. – sussurrou em minha orelha.

Apertei-a ainda mais no abraço me permitindo fechar os olhos e senti-la contra mim. Sua pele me arrepiava, seu cheiro me enlouquecia, seu coração batia junto ao meu.

Suspirei a soltando.

Princesa Bruna afastou-se um tanto envergonhada por sua atitude e sorriu tímida.

- Não podia faltar. – respondi baixinho fazendo uma reverência.

- Você realmente precisa para com isso. – disse mal-humorada me fazendo sorrir largamente.

- É a única coisa que possa me pedir que eu não irei cumprir.

Ela revirou seus olhos

- Já vi que não adianta discutir. – colocou as mãos na cintura e bateu o pé direito.

Segurei meu riso.

- Sem chance.

- Hey! Não ria! – esbravejou cutucando minha barriga.

Não consegui mais segurar e ri. Ela me acompanhou se rendendo.

- Onde estão seus tios?

Franzi o cenho olhando para trás.

- Eles estavam bem aqui... – murmurei até que os encontrei sentados na mesa de Malaky. – Lá estão eles.

- Deixe-me ir cumprimentá-los. – disse andando ao meu lado.

Pude notar alguns olhares curiosos para nós e escutei algumas conversas também.

- O garoto Carter é bem próximo da princesa Bruna, parece que ela lhe quer muito bem.

- Ele salvou sua vida, é normal que se tornem amigos.

- Será que existe alguma coisa entre eles?

- Se existisse nosso rei já teria feito alguma coisa, afinal não é novidade para ninguém o ciúme que ele tem da filha.

- É, mas não podemos esquecer que rei Daniel desafiou o garoto para um combate...

Fiz uma careta para os comentários.

- Tudo bem Pete – perguntou preocupada a princesa.

- Apenas conversas alheias. – dei de ombros tentando parecer despreocupado.

- Não sabia que dava ouvidos a essas coisas. – pareceu surpresa.

- No fundo sou uma velha fofoqueira. – confidenciei em tom de brincadeira.

A princesa gargalhou alto com minhas palavras. Nada mais foi dito entre nós já que finalmente chegamos a mesa. Ela logo foi abraçar meus tios e lhes dar boas vindas. Os dois lhe desejaram feliz aniversário e se desculparam por não trazer presente.

- Peter disse que a tradição é diferente... Mas tenho algo em minha casa para você, quando nos visitar lhe entregarei. – sussurrou minha tia.

- Peter estava certo, realmente não precisa de presentes. Afinal se cada um trouxesse alguma coisa ia ser um tanto de exagero, não é mesmo? – falou educadamente. – E só aceitarei seu presente, pois são encantadores. – sorriu meigamente.

- Você que é encantadora. É muito doce garota. – disse tia Jan.

- Diz isso porque ainda não me viu brava. – seu tom era de segredo.

- Bem agora que a senhorita já cumprimentou este casal tão louvável, aceitaria dançar comigo princesa? Ainda não tive essa ilustre oportunidade.

Fechei a cara para Malaky e seus olhos provocativos para mim.

- A não ser que meu amigo já a tenha chamado antes. – filho da mãe!

- Na verdade não... – murmurou a princesa olhando para mim.

Seus olhos perguntavam se eu a chamaria para dançar ou não.

- É. Ainda não chamei Malaky. – com minhas palavras ela sorriu alegremente e saltitou para a pista junto de meu parceiro.

Bufei sentando ao lado de minha tia. Minhas mãos foram para os bolsos de meu paletó e lá eu senti a pequena caixinha que eu trouxera para a princesa. Eu não fazia ideia de como entregaria seu presente.

Droga!

Qual é o problema comigo afinal? Como fui me apaixonar pela princesa? Bem, não é tão difícil com todo o seu jeito doce e ao mesmo tempo destemido de ser. Como minha tia disse a pouco ela é encantadora.

Suas brincadeiras, suas preocupações, seu carinho, sua coragem... Os melhores minutos do meu dia eram aqueles em que nós conversávamos pelo celular. Com a volta de meus treinamentos não pude mais ligar, porém sempre arranjava um jeito de lhe mandar uma mensagem. Ela se tornara vital para mim. Nem sei como tudo tornou-se tão grande em meu peito. Eu simplesmente sentia o gigante sentimento e simplesmente o amarrava cada vez mais forte ao meu coração.

Entre uma olhada e outra na pista eu cumprimentava os agente que chegavam do Buffett ou chegavam à festa. O clima estava realmente bom. A mistura de espécies se tornava homogênea. Os garçons e garçonetes tomavam cuidado para oferecer as bebidas certas aos convidados. Para humanos, lunares e lobos, vinhos e refrigerantes. Para os vampiros sangue de leão com uma gota de sangue lunar o que tornava o sangue para os vampiros mais doce do que sangue de humanos.

O sangue lunar tem muito poder e apenas uma gota transforma todos os litros de sangue de leão.

Olhei mais uma vez para a pista e encontrei a princesa dançando com Ângelo. Suspirei ao notar o fim da música. Levantei e segui na direção de minha princesa.

- Bem... Acho que tem um jovem querendo dançar com a senhorita. – disse chefe Jackson.

Ela virou-se sorrindo. Estendi minha mão e ela logo pousou a sua sobre a minha.

- Porque demorou tanto? Já estava cansada de pensar que era você toda vez que era passada para outra pessoa. – disse assim que Ângelo se distanciou.

- Perdão. Só estava tomando coragem. – respondi sorrindo.

- Ainda bem que a tomou. – brincou.

- Então... Pelo jeito todos querem dançar com a senhorita.

- Para você ver a ironia da situação. – fez um biquinho encantador.

Sorri e lhe girei graciosamente. Ela riu ao se encontrar novamente em meus braços.

- Tenho um presente para você. – sussurrei em sua orelha antes de outro giro.

Princesa Bruna me olhou surpresa.

- Era de minha mãe... Quando era criança eu sempre a via se ajeitar e colocar uma fivela nos cabelos. Ela dizia que era uma joia de família, que foi passada por muitas gerações e que quando eu ficasse maior ela me daria para que eu presenteasse uma pessoa especial.

- Pete... – sussurrou com os olhos brilhantes.

- Está no bolso do meu paletó, pode pegar. – sussurrei.

Nós não dançávamos mais.

- Mas...

- É seu... Não consigo pensar em outra pessoa mais especial que você, princesa.

Um tanto hesitante ela se aproximou e colocou a mão em meu bolso pegando a caixinha, mas antes que ela pudesse abrir uma voz poderosa entoou.

- Eu lhe desafio rei Daniel! Pela mão de sua filha!

A música parou, quem dançava na pista procurava quem havia dito aquilo, burburinhos encheram o salão e tudo o que eu queria era abraçar minha princesa e dizer que ele chegara tarde demais, Bruna já estava prometida a mim.

POV Bella

- Você viu a cara de seu irmão? – riu meu vampiro.

- Bruninha é decidida, não vai deixar o garoto escapar. – sorri.

- Assim como eu não te deixei escapar. – me abraçou pela cintura me erguendo.

Ri.

- Meu bem, quem não te deixou escapar fui eu. – lhe mandei uma piscadela e beijei a ponta de seu nariz.

O vento frio da noite me arrepiou. Estávamos em um gramado na lateral do salão.  Olhei para cima sorrindo. A escuridão tomava o local tornando as estrelas no céu ainda mais brilhantes.

- Incrível. – sussurrou Edward.

Olhei-o interrogativamente.

- Não sei se são seus olhos que refletem as estrelas ou as estrelas que refletem seu olhar. – meu coração saltou com suas palavras. – Eu amo você Bella.

- Eu também te amo Edward. – sussurrei quebrando a distância entre nossos lábios.

Eu ainda estava com meus pés fora do chão. Meu vampiro me abraçava pela cintura, consequentemente eu estava mais alta que ele. Abaixei meu rosto para aprofundar ainda mais o beijo.

Fui escorregando pelo seu corpo até estar com os pés no chão e a mão de Edward em meu pescoço comandando nosso beijo.

Não sei quanto tempo ficamos trocando caricias, mas meu vampiro desgrudou seus lábios dos meus de repente.

- O que foi? – ele olhava para o lado do portão de entrada.

- É melhor irmos lá. – disse segurando minha mão e seguindo para o portão que ficava a cerca de 100 metros do salão.

Conforme fomos nos aproximando pude escutar a pequena confusão.

- Como assim eu não posso entrar? Como ousa me barrar? – eu conhecia aquela voz e não gostei nem um pouco de escutá-la.

Edward estava extremamente sério quando chegamos ao portão. A imprensa humana estava em peso na porta filmando e fotografando todos que entravam. O aniversário da princesa da Lua estava muito mais badalado do que qualquer festa de celebridade. Bruninha ia pirar.

- O que está acontecendo? – perguntei em tom sério ao chefe da segurança que protegia o portão.

Seu nome era Victor e ele não teve oportunidade de responder.

- Estão me barrando princesa! Não me deixam entrar! – disse Aro exasperado como se aquilo fosse uma grande ofensa.

Suspirei e me virei para Victor.

- E porque não o deixam entrar?

O segurança me olhou sem saber o que falar. Dei um leve sorriso para que ele entendesse meu jogo. Percebi seus ombros relaxarem.

- Ele não está na lista majestade. – respondeu com forte sotaque russo.

Virei para Aro.

- Não está na lista Aro, você não entra. – disse séria.

- Estão me barrando? – perguntou de maneira sombria.

Edward me puxou para trás de seu corpo e olhou ameaçador para o Volturi.

- Quer convite especial para se retirar Aro? – perguntou petulante.

- Respeite-me garoto, que eu saiba você me deve obediência. – respondeu seco.

Era estranho ver o Volturi sem máscaras de bom moço. Sem aquele ar doentio de sempre ou seu tom sádico.

- Meu rei é Daniel, não você. – meu marido disse no mesmo tom. – Não, não estou dizendo isso por ser casado com sua irmã... Considero Daniel meu rei, pois eu o respeito e admiro. A você os vampiros só se submetem por medo, e vou te contar uma novidade... Os Cullen não tem medo de você.

- Não se esqueça Edward que sua filha é submetida a lei dos vampiros... E obviamente ela é uma criança imortal. Não quer arrumar briga... – Aro não precisou terminar sua frase para que os rosnados fossem audíveis.

- Como ousa ameaçar nossa pequena princesa?! – rosnou Victor em posição de ataque.

Seus companheiros pareciam tão furiosos quanto ele. Minhas presas estavam à mostra e meus olhos mais azuis do que nunca.

- E não se esqueça você Aro que minha filha é metade lunar, princesa da Lua assim como eu e a impressão do alfa dos lobos Quileutes. Ameace a ela e estará enfrentando três famílias poderosas. – rosnei tremendo.

Eu escutava outro rosnado dentro de minha cabeça e sabia que Caos estava tão furiosa quanto eu, porém estava se controlando. Ela sabia que se tomasse o controle iria atacar o vampiro e seus atos teriam consequências.

A tensão se alastrou entre os humanos da imprensa. Eu também estaria se fosse humana.

- Edward querido, porque ainda não o matou? – a voz de minha cunhada soou as nossas costas. – Oh, entendo... Bem eu não tenho problemas quanto a isso.

Em um piscar de olhos Nati tinha Aro de joelhos ao chão, seu pé nas costas do vampiro e os braços do Volturi presos por suas mãos sendo puxados para trás.

Minha boca quase foi ao chão com o que se seguiu.

- Sabe, eu já estou irritada com isso. Você vem na festa de minha filha ameaçar minha sobrinha e ainda fica se escondendo nesse seu falso moralismo de bom moço que não quer briga. Já estou sem paciência com você. – dito isso ela puxou com mais força os braços do vampiro os retirando do tronco.

Não vou negar, foi nojento.

Os humanos soltaram gritos assustados, mas logo se calaram ao ouvir a risada de Aro.

- Eu gosto de você rainha, tem mais atitude que seu marido. – Nati rosnou e empurrou o salto nas costas do vampiro que caiu com a cara no chão.

- Bem meu caro, você é realmente doente. Não vou lhe matar, não é da minha índole. Mas quero você fora daqui agora, não quero mortes pelo caminho até a sua cidade. Se você o fizer eu vou saber, acredite em mim.

Nati jogou os braços de Aro ao lado do dono e voltou-se para a entrada.

- Sabe a quanto tempo que não perco os braços minha rainha? – perguntou rindo o Volturi.

Sério, ele precisa de um psiquiatra urgente!

- Não sei Aro, mas se não quiser perder seus três membros inferiores também é melhor se retirar agora. Entenda isso como uma segunda chance. Sabe? Aquela que vocês nunca dão. – provocou com os olhos estreitos. – E não se esqueça de seus braços. – suas palavras finalmente se fizeram entender.

Ah! O ego masculino...

- Victor querido, leve Aro até a saída do estacionamento, por favor. Deixe que ele remonte seus braços sozinho. E se ele irritar a você ou algum de seus companheiros tem carta branca para matá-lo.

O agente assentiu sorrindo sombriamente e ergueu o Volturi pelo paletó. Outro agente pegou os braços do chão. E assim eles se foram.

Olhei para Nati de forma inquiridora.

- Ah! Por favor, ninguém ameaça minha sobrinha e volta para casa inteiro! – disse colocando as mãos na cintura.

- Obrigada Nati.  – sussurrei.

- Eu entendo que vocês não queiram dar o primeiro passo. Mas não podemos mais deixar que ele faça o que bem entenda. Ameaçar Nessie foi a gota d’água. E eu ainda não esqueci do fato deles quererem transformar Bernardo.

- Eu não posso iniciar essa guerra Nati. – disse Edward em tom baixo. – Se nós fizermos teremos que assumir o controle dos vampiros... Nossa família nunca quis isso.

- Acharemos uma solução cunhadinho, não fique com essa cara de homem de mais de 100 anos.

- Eu tenho mais de 100 anos.

- Mas com corpinho de 17. – piscou minha cunhada rindo.

Tive que acompanhar seu riso.

- Com licença rainha Natalia. – uma voz imponente soou perto dos humanos.

Automaticamente todos se viraram para ele. Era um lunar muito bonito, naturalmente. Olhos azuis como os de minha cunhada, cabelos loiros e bem cortados. Seu rosto muito bem desenhado com uma maxilar bem marcado. Porém sua expressão era extremamente séria.

- Bem... Isso será realmente interessante. – meu vampiro tinha um sorriso irônico nos lábios.

- Apresente-se senhor. – pediu Nati em seu tom autoritário.

Realmente os olhos do homem indicavam certa idade, talvez ele fosse mais velho que Ângelo.

Ele se aproximou de nós e abaixou a cabeça em respeito para entrar responder olhando dentro dos olhos de minha cunhada.

- Príncipe Otelo.  

- Oh! – exclamou Nati, minha boca foi ao chão. – Tenho que concordar com meu cunhadinho... Realmente interessante. Apesar de já ter uma ideia do que se trata pode me dizer o que lhe trás aqui?

- Vim reclamar o que me é de direito. – respondeu seriamente, as mãos em frente ao seu corpo como se segurasse algo invisível.

Foi só quando a espada se materializou que eu compreendi. Observei que nela havia quatro pedras, preta, roxa, dourada e marrom. Imediatamente lembrei-me da minha visão de algumas semanas atrás. Oh! Meu! Deus!

Isso é tão... Legal! Caramba! Quase quiquei em meu próprio lugar. Sorri largamente. Caramba, lembro que amava as histórias que mamãe me contava a esse respeito. Não havia associado minha visão com um duelo para disputar a mão da princesa.

- Um duelo! Uau! Mamãe me contava sobre eles! – exclamei sorrindo.

- Guarde sua espada guerreiro, vamos para dentro e lá falará com meu marido. Porém não seja tão arrogante, creio que será surpreendido. – Nati sorriu de lado.

Minha cunhada foi na frente seguida de Otelo. Eu e Edward seguimos atrás.

POV Alice

Minha festa já estava sendo perfeita, agora ela seria épica. Quiquei em minha cadeira depois da visão que tive.

- O que viu Alice? – perguntou Rose preocupada.

Nessie estava em seu colo e eu falara a pouco o que ocorreria lá fora. Nossa família estava tensa juntamente com nossos amiguinhos humanos da escola. Eles estavam presentes quando tive a visão de Aro.

- Já disse que Nati está dando um jeito em Aro, ele vai embora sem causar maiores problemas. – disse entediada. – Mas... – sorri largamente.

- O que? – perguntaram ansiosos.

Ri extasiada.

- Teremos um duelo pela mão de Bruna. – cochichei em segredo. – Um homem acabou de chegar se intitulando príncipe Otelo. Vai desafiar Daniel.

As bocas foram ao chão.

Menos de 10 segundos se passaram quando Ed e Bella chegaram a nossa mesa e o tal príncipe disse extremamente alto.

- Eu lhe desafio rei Daniel! Pela mão de sua filha! – todos começaram a conversar entre si formando um grande burburinho.

- Eu não sabia que existiam príncipes lunares. – comentou Maggie. – Brubs nunca me disse nada a respeito.

- É que acho que nunca ninguém comentou nada a respeito... Faz muito tempo que não ocorre esse tipo de coisa. – explicou Bella. – É tradição que quando nascem princesas, um lunar, descendente das doze famílias elementares, as quais deram origem a família real, desafie o rei pela mão da princesas. As vez não é preciso luta, o rei concede a mão de sua filha sem problemas, as vezes acaba em morte e as vezes a princesa já é apaixonada pelo dito cujo...

- Você parece animada com essas histórias. – observou Esme.

- Bem... – sorriu tímida. – Eu sou uma princesa, quando era pequena eu sonhava que meu príncipe, como são chamados os descendentes elementares, viesse em seu cavalo branco desafiar meu pai pela minha mão... Aí eu lembrava que o povo me odiava e nunca isso aconteceria. – disse risonha.

Reviramos os olhos pelo seu tom desdenhoso em relação a sua própria vida.

- Irônico. Você esperando seu príncipe em seu cavalo branco e eu recebo uma princesa em seu cavalo negro. – brincou Edward a abraçando por trás.

- Ow, vocês estão muito grudados hoje. – reclamou Emm.

Nós rimos e então voltamos a nossa atenção para onde estavam Daniel e Otelo se olhando firmemente. As pessoas abriram espaço para observar se direcionando para as suas mesas. Apenas alguns continuaram na pista. Entre eles Bruna, Peter, Ulisses, Anne, Ângelo com sua esposa, Malaky junto com outro membro da guarda que possuía um forte sotaque italiano, e mais alguns membros da guarda que eu não conhecia.

Nati se aproximou de seu marido, porém se manteve afastada.

POV Daniel

Estreitei meus olhos para o homem a minha frente.

- E quem é você? – perguntei em tom autoritário.

- Príncipe Otelo. – respondeu apenas abaixando a cabeça em uma reverência respeitosa. – Sou descendente de Noemi, Maximiliano, Alicia e Lorena. Venho reclamar o que me é de direito.

Interessante. Quatro elementares... Porém seu tom arrogante não me agradou. Percebi meu povo com olhares surpresos pelo homem descender de tantos elementares.

- Então quer a mão de minha filha?

- Sim.

- Ela é muito nova. – respondi dando de ombros.

- Que eu saiba ela está fazendo 17 anos hoje. A idade adulta para nós. – retrucou com o seu tom autoritário.

Porém eu sou rei, seu tom não tem efeito sobre mim. Mas tem efeito sobre os outros que tremeram com sua voz.

Rosnei expondo meus dentes. Ele tinha seu ponto. Voltei ao normal quando uma ideia me veio a cabeça. Sorri.

- Tudo bem então. – respondi.

Ele pareceu surpreso.

- Papai...? – a voz hesitante de minha filha soou, mas não olhei para ela.

- Então aceita um duelo? – perguntou Otelo confuso.

- Não. – respondi simplesmente.

Ele franziu o cenho ainda mais confuso.

- Vai conceder a mão de sua filha sem um duelo? – perguntou.

- Espera aí! Papai, do que ele esta falando? Eu não tenho voz nessa palhaçada não? – Bruninha estava irritada e um tanto desesperado com o rumo da conversa.

Finalmente voltei meu olhar para a minha filha. Seus lindos olhos azuis estavam decepcionados comigo.

- Não me olhe desse jeito meu bem. Antigas tradições nunca morrem. É a única lei que não posso mudar. – expliquei delicadamente.

Seus olhos encheram de lágrimas e ela rosnou.

- Se o senhor não quer lutar pela minha liberdade de escolha então quem lutará sou eu! Eu luto com o tal do príncipe aí! – segurei meu riso pelo seu tom desdenhoso para o homem.

O escutei rosnar baixinho com seu ego ferido. Olhei seriamente para minha filha.

- Você não vai lutar. Nem eu. – antes que ela protestasse eu completei. – Carter vai.

Seus olhos arregalaram e ela se virou para o garoto que ficou completamente paralisado com as minhas palavras.

Absolutamente todos no salão olhavam para ele que me fitava ainda paralisado, mas eu percebia a falta de entendimento em seu olhar.

- Ele é apenas um garoto! – protestou Otelo. – Como pode ordenar que um garoto me enfrente? Ele será massacrado!

Percebi os lábios de Carter entortarem e seus olhos estreitarem. Ele se ofendera pelas palavras. E aquilo era bom, muito bom.

- Não pode obrigá-lo papai. – minha filha me olhou suplicante.

- Não confia em seu amigo?

- É claro que confio! Sei que ele é capaz de arrancar a cabeça desse aí. – deu de ombros. – Mas não acho que ele deva fazer isso por mim. – murmurou mordendo seus lábios.

- Não deve mesmo? – retruquei lançando um olhar para Peter que dizia claramente que eu sabia de seus sentimentos para com minha filha.

Ele assentiu tão minimamente que duvidava que mais alguém naquele salão tenha percebido.

- Em todo caso não estou ordenando. Fazemos um acordo, eu havia desafiado Carter... Então eu o libero do desafio se ele lutar em meu lugar contra Otelo. Simples assim. – dei de ombros. – Então Peter? – fui andando lentamente em direção ao garoto desviando de minha filha que estava um pouco mais a frente. – Vai lutar em meu lugar? – parei em sua frente e continuei a instigá-lo sem tirar meus olhos dos seus. – Ou vai permitir que a tradição se cumpra sem luta?

Eu podia escutar seu coração bater forte e cada vez mais rápido a cada palavra que eu dizia.

- Vai deixar que seu povo seja governado por um rei que o faz por obrigação e não por amor. – um rosnado baixo saiu de seus lábios e seu corpo começou a tremer. – Vai deixar que Bruna seja infeliz? – ele negou tão levemente que eu tive certeza que ele estava controlando sua raiva. – Vai permitir que sua princesa se case com alguém que ela não ama? – os rosnados se tornaram audíveis para todos no salão.

Controlei meu próprio sorriso. Então minha boca se moveu tão rápido e minha voz soou tão baixa que somente ele foi capaz de me compreender.

- Vai deixar quem você ama escapar por entre seus dedos?  - foi o estopim.

Peter se colocou em posição de ataque e rosnou alto expondo seus dentes. Seus olhos em um verde totalmente escuro. Ele estava furioso quando disse em um rosnado.

- Eu luto.

Sorri dando um passo para trás e me virando para Otelo que observava o garoto com desdém.

- Instigou o garoto, grande coisa. Ele ainda vai perder. É uma criança. Nada sabe sobre a vida. Deixou-se morder por um lobisomem... Ele será massacrado rei Daniel. Não consigo entender como não pode perceber isso. É só um lunar comum.

- Se está tão seguro assim, não entendo sua hesitação em lutar com Peter. – provocou minha filha.

- Não se preocupe, não machucarei muito seu amigo. – retrucou lhe mandando uma piscadela prepotente e fazendo sua espada aparecer em suas mãos.

- Idiota. – bufou Bruninha indo em direção a sua mãe que sorria largamente assim como eu.

- Nati... – ela assentiu. – Obrigada meu amor.

Minha esposa usou seus poderes para fazer uma espécie de palco retangular com algumas mesas no meio da pista de dança. Os burburinhos começaram novamente empolgados com a breve luta.

Aproximei-me novamente de Peter, ele estava mais calmo, porém seus olhos estavam grudados em Otelo.

- Peter. – chamei calmamente.

- Majestade. – respondeu olhando para mim.

- Quero que lute com a minha espada. – disse e seus olhos antes ciumentos me indicavam surpresa e um tanto medrosos. - O que foi.

- Nunca lutei com uma espada antes. – respondeu.

Ergui minhas sobrancelhas em surpresa. Então sorri.

- Não se preocupe. É instintivo.

Estiquei minhas mãos com a palma para cima e a espada que era de meu pai apareceu sob minhas mãos com suas três pedras.

- Pegue. – o garoto tirou o paletó rapidamente e abriu os botões do pulso de sua camisa.

Respirou fundo e segurou a espada. Meus olhos arregalaram em surpresa, assim que Peter tocou a espada cinco pedras se juntaram as três já existentes. Fiz as contas mentalmente e não pude acreditar. Soltei um riso incrédulo. E então sorri.

- É sua. – disse ao garoto que olhava admirado a arma em suas mãos.

Ele sorriu levemente preocupado em minha direção. Apenas assenti lhe encorajando e peguei seu paletó.

Ângelo me lançou um olhar preocupado, ele estava ao lado dos tios de Peter. Sorri confiante e ele suspirou aliviado falando alguma coisa para os dois humanos que pareciam extremamente preocupados.

Segui até minha esposa e filha. Entreguei o paletó do garoto a Bruna.

- Para a sua coleção. – suas bochechas ficaram tão vermelhas que eu não pude segurar meu riso.

Nati me deu um tapa no braço me reprovando, eu apenas ri mais.

- O povo acha que você é louco. – disse minha esposa.

Apenas sorri e falei alto para que todos escutassem enquanto os dois guerreiros subiam nas mesas. Cada um em um lado oposto ao outro.

- Lembrem-se que não é permitido jogos mentais, então... Sem poderes Peter. E Otelo, não conheço seus dons, mas saberei se utilizá-los e mesmo que ganhe a luta de nada valerá. Temos o povo como testemunha.

Os dois assentiram.

- Ângelo, ordene a guarda que não se intrometa ok? Não importa o que aconteça. Caso isso ocorra Otelo é o vencedor automaticamente.

Olhei na direção de minha irmã que tinha Nessie em seu colo.

- Bella. Proteja-os de interferências externas por favor.

- Claro maninho. – seus olhos se tornaram azuis e um escudo da mesma cor, porém transparente formou-se a volta da comprida mesa.

- Que comece o duelo! – proferi alto.

A guarda gritou fazendo barulho como incentivo ao amigo batalhando.

Otelo não deu brecha para qualquer tempo de preparação. Atacou com toda a sua experiência em luta de espadas. Sem duvidas ele foi muito bem treinado. Carter bloqueou os ataques com extrema dificuldade. Ele realmente não tinha experiências com espadas.

Percebi minha filha se encolher abraçando o paletó do garoto.

O povo começava a ficar hesitante. Peter estava perdendo, era visível para qualquer um. Meu sorriso não se abalava. Eu confiava no garoto e não me surpreendi quando ele bloqueou perfeitamente o ataque do príncipe que seria fatal.

Otelo ficou tão surpreso que arregalou os olhos quando o garoto girou sua espada com a dele lhe mandando um ataque tão forte que quase fez seu oponente perder sua arma.

A guarda real gritou com o ataque de Carter.

- Andiamo ragazzo! [Vamos garoto!] – gritou Giovanne um dos amigos de Peter da guarda.

Todos tinham muito carinho por Peter. Afinal ele possui uma educação exemplar e é de extrema humildade.

- Pete! Pete! Pete! Pete! – soava a torcida batendo as cadeiras no chão como batidas de um coração.

As espadas se batiam e causavam altos estrondos. Observei a feição de Peter. Ele estava sereno, concentrado em se defender dos ataques de Otelo que começara a ficar impaciente, eu percebia seu olhar incrédulo por não ter ganho a batalha ainda. Então tudo mudou.

O olhar de Carter tornou-se astuto e em uma inversão perfeita ele saltou sobre o adversário dando uma cambalhota no ar. Ficou de costas para o príncipe que atacou sem piedade. E o incrível aconteceu.

Peter bloqueou o ataque mesmo de costas e quando se virou todas já sabiam que ele havia ganho aquela luta. Em uma sequência impressionante Carter atacou. E o mais incrível foi o estilo que usou. Simplesmente o próprio estilo de Otelo. O príncipe entendeu tudo quando estava no chão, sem sua espada e com Peter apontando sua arma para ele em um cheque mate.

Porém o garoto não iria matá-lo, não era de sua índole.

Otelo o olhava abismado enquanto o povo comemorava. Até Bruninha soltou um gritinho.

Bella desfez o escudo e eu me aproximei dos dois guerreiros.

- Você imitou meus movimentos! – exclamou em tom acusatório Otelo.

- Nunca lutei com espadas senhor, ainda não passei por esse treinamento. O único modo de ganhar essa luta era aprendendo com o senhor. – respondeu educadamente estendendo sua mão para o perdedor.

Otelo aceitou sua mão e se ergueu. Então olhou para mim.

- Como eu perdi?

- Como eu ganhei? – perguntou Peter para si mesmo como se sua pergunta fizesse mais sentido que a do oponente.

- Pegue sua espada Otelo e desça. Peter, desça também.

Os dois fizeram o que eu pedi.

Nati começou a colocar as mesas no lugar com a sua telecinese. E eu tratei de explicar o que diabos havia acontecido ali.

- Peter, empreste sua espada por favor.

- Ela é sua majestade. – disse me entregando.

Sorri para ele.

- Não mais.

Antes que ele pudesse me perguntar o que eu quis dizer ergui a espada para que eles observassem.

- Observem. Essa espada pertence a minha família, as três pedras representam cada elementar que se juntou a minha família. Cada elementar que eu descendo. A azul de Agnes, a verde de Argos e a amarela de Thalles. Agora observe sua espada Otelo. Existem quatro pedras e cada um representa um dos elementares que descende.

- Noemi, Maximiliano, Alicia e Lorena – murmurou observando as pedras.

Entreguei a espada para Peter e cinco novas pedras apareceram.

- O que isso significa. – perguntou o garoto.

Otelo já tinha a boca aberta ao entender o que eu queria mostrar.

- Ele não sabe? – perguntou para mim.

- Seus pais faleceram antes que pudessem lhe contar.

- Me contar o que? – perguntou o garoto impaciente.

- Essas três pedras simbolizam os elementares de minha família. As outras cinco representam os elementares da sua família Peter.

Novamente tudo a nossa volta ficou em silêncio.

- O que? – sussurrou o garoto.

- Você descende de 5 elementares. Eu já suspeitava disso há algum tempo, por ser rei eu posso sentir os descendentes de nossos antigos governantes. É uma espécie de reconhecimento assim como eu reconheci Otelo quando adentrou o salão. Porém não tinha certeza de quantos. Quando me derrubou após ser mordido pelo lobisomem eu tive certeza que eram no mínimo dois elementares. Para confirmar minhas suspeitas você usou sua voz de comando em Ângelo e Malaky que tremeram com sua voz, uma voz que somente quem descende de algum elementar possui. A certeza só aumentou quando minha irmã teve uma visão de alguém lhe chamando de jovem elementar.

- Se isso é verdade, como meus pais estão mortos? – seus olhos queimaram com a pergunta.

- Eu pensei nisso também. – disse com delicadeza. – James tinha poder suficiente para lutar de igual com meu pai e minha mãe juntos. Ele tinha poder para me matar Peter, mesmo eu descendendo de 3 elementares. Um de seus pais descendiam de 3 elementares assim como eu e o outro descendia de 2. Por este motivo vocês descende de 5. Se James estivesse vivo hoje, você seria capaz de derrotá-lo e permaneceria vivo. Eu também conseguiria derrotá-lo, porém morreria.

O garoto negou controlando seus próprios olhos de o delatarem e me entregou a espada.

- Ela é sua. – disse tentando lhe devolver.

Ele negou.

- Não sou quem diz que sou. – respondeu e simplesmente sumiu de minha vista.

Com o canto dos olhos notei Bruna correr atrás do garoto.

- Ainda não entendo. Minha experiência deveria valer alguma coisa não? Ele nem sequer sabia quem era.

- Nenhuma princesa casa com quem ela não ama. Acho que seus pais não lhe explicaram isso. – lhe mandei uma piscadela e fiz sinal para o DJ continuar a música.

A festa ainda estava longe de acabar.

Fim do Capítulo20.


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Notas finais do capítulo

Entãooo? Gostaram? A festa ainda será descrita em boa parte do próximo cap ;)
Gente amanhã começam as minhas aulas, ou seja, vai ficar ainda mais tenso para eu escrever. De modo que quando terminar ALL2 ficarei apenas com NEPA2 para postar. Não tenho mais condições de postar várias fics ao mesmo tempo, ainda mais fics com capítulos como os dessa fic aqui.
Semana que vem sai um cap novo em NEPA e também passarei para vocês o endereço do meu blog. Ele está quase terminado... Acho que vocês vão gostar ^^
Beijos.