A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 70
Capítulo 18. Não existe morte


Notas iniciais do capítulo

Oiiii gente :D Voltei de férias.... Vou postar agora o cap completo, espero que gostem *o* E tenho que agradecer a mais recomendações que recebi, oinnn vocês são fofos demais! 16 recomendações nessa fic!



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Capítulo 18. Não existe morte

POV Peter

Cada partícula do meu corpo doía imensamente, porém essa dor não chegava aos pés ao estranho sentimento que tomava conta de meu peito cada vez que se aproximava essa linda garota dos cabelos negros.

Apertei-a contra mim ignorando a dor em minhas costelas ou a estranha textura em meus dedos, tudo o que eu queria era sentir seu doce cheiro. Fechei os olhos deixando meus sentidos mais aguçados e me permiti sentir aliviado por ela estar bem. Consegui protegê-la afinal de contas.

Mas algo começa e me intrigar. Seu choro está muito forte para o pouco que sofri. Foi apenas uma mordida de uma estranha criatura, não foi?

- Não chore princesa. - pedi estranhando a fraqueza de minha voz.

Ela soluçou em meu ombro.

- Ah Pete! Me perdoe! Não queria que nada disso tivesse acontecido com você! Você está tão machucado... - murmurava com pesar e dor.

Franzi a testa, não me lembro de ter perdido tão feio a luta. As dores que sinto são meio surreais em relação as minhas lembranças.

- Não estou tão mal assim. - disse com a mesma estranha fraqueza de voz.

Ela afastou-se para fitar meu rosto. Seus lindos olhos azuis ainda mais brilhantes pelas recentes lágrimas. Uma de suas mãos permaneceu em meu peito enquanto a outra repousava delicadamente em meu rosto. Seus dedos um tanto frios me passavam um formigamento gostoso que me fez fechar meus olhos em deleite.

- Você está febril. - sussurrou escorregando seus dedos pela minha testa e voltando para a bochecha.

Abri meus olhos notando a proximidade em que estávamos. Ela estava sentada ao meu lado, sua cocha esquerda tocava a minha. A parte de cima de seu tronco estava quase colada ao meu peito. Eu podia sentir o ritmo de sua respiração contra meu tórax. Eu sentia cada partícula de sua suave pele tocando meu pescoço e rosto. Minhas células pareciam vibrar com o contato. Seu hálito fresco acariciando meu rosto me inebriava e hipnotizava.

O silêncio entre nós era pesado, mas não no sentido ruim. Seja lá o que esteja sentindo parece estar se tornando físico. Olhando seu rosto de porcelana não resisti não fitar seus lábios rosados e a lembrança de meu sonho tornou-se quase palpável com o toque de sua boca contra a minha.

Minhas mãos espalmadas em suas costas. Não resistiram ao instinto de puxá-la lentamente para mais perto colando de vez nossos corpos. Querendo que o sonho se torna-se realidade e o toque entre nossos lábios realmente acontecesse.  

Incrivelmente eu escutava o martelar de meu coração batendo junto ao dela em um ritmo estranhamente calmo. Olhando em seus olhos eu tinha a sensação daquilo estar tão certo, mas essa sensação desapareceu ao mesmo tempo em que a porta se abriu.

Então tudo se tornou errado. Muito errado.

- Er, desculpem... - disse Malaky com os olhos um tanto arregalados enquanto um sorriso malicioso formava-se em sua boca.

Ele fechou a porta sem margem para palavras.

O coração da princesa disparou enquanto ela se afastava em um pulo ficando em pé ao lado de minha cama. Droga! O que eu estava pensando?! Ela é minha princesa! Eu não posso... Droga!

- Hã... - começou ela constrangida com as bochechas extremamente coradas e merda! Eu não conseguia não achar aquilo lindo! Eu não conseguia controlar um sorriso satisfatório que instaurava em meu rosto. - Você deve estar com fome Pete, depois de todo esse tempo sem comer.

Como uma previsão meu estômago roncou ruidosamente. Fiz uma careta, mas o que mais me chamou a atenção foi na frase da princesa "depois de todo esse tempo" quanto tempo fiquei desacordado? O que diabos aconteceu afinal?

Ela sorriu levemente.

- Confesso que também estou faminta... Vou buscar algo para nós! - disse rapidamente e praticamente correu para fora.

Ela estava sem graça pelo que quase aconteceu.

Suspirei jogando meu corpo para traz ficando reclinado no travesseiro. Fechei meus olhos tentando pensar em algo que não fosse a linda garota que acabara de sair deste quarto, mas estava se tornando uma missão difícil de mais para mim.

Não se passaram muitos segundos até que a porta abriu novamente, eu conhecia os passos. Uns eram de Malaky e os outros eram de Ângelo.

Abri meus olhos de maneira raivosa ao avistar primeiramente aquele sorriso convencido do babaca do Malaky, mas então me xinguei por estar sentindo raiva dele por ter atrapalhado o que poderia ter acontecido. Eu devia agradecê-lo por ter atrapalhado a loucura que eu cometeria.

Tentei suavizar meu olhar, mas estava difícil parar o turbilhão de sentimentos acumulados em meu peito. Parecia que a qualquer hora eu iria explodir sem resistir à pressão.

- Hey garoto! Como se sente? - perguntou chefe Jackson me tirando de meu inferno particular.

- O que aconteceu comigo? - perguntei sem querer responder a pergunta daquele que considerava mais que um chefe ou amigo, eu sentia extremo respeito e admiração por Ângelo.

Os dois trocaram um olhar rápido então Malaky disse seriamente.

- Você beijou a princesa Bruna. Nosso rei viu e literalmente te quebrou ao meio.

Meus olhos arregalaram e por um instante senti todo o sangue fugir de meu rosto. Gelei.

- Não foi um sonho? - perguntei-me em um sussurro que foi audível para meu parceiro que deixou de lado sua máscara de seriedade e não conseguiu prender o riso.

- Quer dizer que anda tendo sonhos eróticos com a princesa? - filho da puta!

Rosnei jogando o travesseiro nele.

- Vai se foder Malaky!

- Uau! Senhor Carter falando palavrão! O mundo está mesmo acabando. - zoou ele.

Rosnei de volta me controlando para não pular no pescoço do filho da mãe. Como ele ousa desrespeitar desta maneira minha princesa?!

- Olha o respeito babaca! - não importava do que eu o xingava, Malaky se divertia.

- Já chega garotos. - pediu Ângelo e só agora lembrei-me de sua presença.

Seus olhos pareciam mais brilhantes do que o normal e ele tentava inutilmente esconder um sorriso. Oh não! Ele também não!

Ângelo trocou um olhar com Malaky novamente que deu de ombros sorrindo.

- O que realmente aconteceu comigo? - pedi me irritando com a estranheza de minha voz.

Aguardei impaciente que me respondessem, mas as palavras não saíram de suas bocas. Bufei irritado e joguei minhas pernas para fora da cama. Me arrependi no exato momento em que o fiz. Todo meu corpo doeu e foi impossível segurar um gemido de desagrado.

- Pare quieto garoto. - os dois já me empurravam novamente para a cama.

- Não agüento ficar parado nessa cama imaginando o que diabos aconteceu! Se vocês não me respondem, a única opção que sobra é ir atrás de respostas. - rebati irritado. 

Percebi Malaky trocar um olhar com Ângelo novamente.

- Acho melhor chamar o doutor. - opinou chefe Jackson. 

- Não preciso de médico! Só preciso que me expliquem porque a princesa estava tão desesperada por eu apenas ter sido mordido por aquela criatura! E porque tenho a impressão que se passaram horas depois que apaguei! - explodi e imediatamente minha cabeça começou a doer como o inferno.

Controlei-me para não me encolher ou mostrar que estava sentindo dor. As expressões dos dois já estavam tensas de mais.

- Peter, está com essa sensação porque realmente se passaram horas. Na verdade faz mais de 24. - explicou meu parceiro com cuidado.

Só então percebi que eu não estava sendo eu mesmo. Meus sentimentos pareciam a flor da pele. Tudo estava muito intenso.

- O que está acontecendo comigo? - perguntei sem agüentar a dor em minha cabeça.

- Você foi mordido por um lobisomem. - quem falou foi a princesa Isabella que acabara de entrar.

Ela sorriu para Ângelo e explicou.

- Bruninha foi comprar um lanche com Edward e avisou que Peter havia acordado. Estávamos monitorando o quarto... - apontou para uma câmera instalada em um canto do teto. - Quando o doutor quase teve um colapso ao ver o garoto tentar sair da cama.

Seu tom era risonho então me olhou com doçura.

- Pelo pouco que escutei acredito que esteja confuso com o que aconteceu. - assenti sentado a cama, consegui me acomodar com a nova posição.

Porém a dor em minha cabeça continuava intensa.

- Está sentindo dor Peter? Além dos machucados. - perguntou preocupada.

Não consegui esconder a verdade.

- Minha cabeça... Parece que vai explodir. - sussurrei com um tremor.

- Não acha melhor descansar um pouco mais... Depois lhe contamos tudo o que aconteceu. - sugeriu.

- Não! - a palavra saiu mais forte do que eu desejava o que fez os dois homens pularem assustados.

POV Bella

Ergui minhas sobrancelhas admirada com o tom do garoto. Não me ofendi nem nada, mas confesso que me surpreendi. Aquele tom possuía extrema autoridade.

- Perdão princesa. - murmurou levando as mãos a cabeça e fechando os olhos com força. - Está tudo tão intenso.

Sorri compreendendo seu estado.

- Não se preocupe com isso. Malaky. Ângelo. Porque não vão avisar meu irmão e minha cunhada que o dorminhoco acordou? - pedi e eles assentiram com expressões assustadas, ainda não haviam se recuperado da voz de Carter.

Esperei que eles saíssem para iniciar nossa conversa.

- Lobisomens não estavam extintos? - perguntou encolhido.

Pobre garoto deveria esta sentindo muita dor. E o pior é que não sabíamos se podia ou não dar-lhe algum remédio.

- Era o que achávamos também. Mas parece que eles se mantiveram escondidos por todo esse tempo... - mantive minha voz suave e continuei a contar tudo o que tinha acontecido desde que ele fora mordido.

A cada palavra que eu dizia seus ombros iam caindo e seus olhos arregalando.

- Eu... Ataquei a princesa Bruna? - perguntou chocado.

- Não se sinta mal. Não era você controlando seu corpo, além do mais depois que retomou a consciência conseguiu impedir uma tragédia. Olhe suas mãos Peter, machucou-as tentando impedir que ferisse sua princesa.

- Eu sinto muito... - olhou diretamente nos meus olhos. - Nunca quis causar esses problemas, nem colocar ninguém em risco.  

Sorri.

- Não precisa se desculpar garoto. Não é preciso ler mentes para saber que seus pensamentos são nobres. Nem se sinta mal. O que aconteceu a você poderia ter acontecido a qualquer um disposto a proteger Bruninha.

Ele se encolheu ainda mais e assentiu.

- Sua cabeça ainda dói não é?

- Sim. - sussurrou fechando os olhos com força.

- Descanse mais um pouco, tente dormir. - olhei a tela do celular e vi que já passava das dez da noite. - Talvez com o fim da noite as coisas melhorem.

- Na verdade, acho que ficar sozinho é pior. - murmurou.

- Tem certeza?

- Sim... Será que eu poderia ficar com os outros?

- Não há problema garoto... Só deixe-me ajudá-lo a levantar... Até parece que você foi quebrado ao meio!

Suas bochechas coraram imensamente. Não entendi por que. Dei de ombros e estendi minha mão sorrindo.

POV Bruna

Eu ainda me sentia tonta com o que acontecera naquele quarto... Na verdade não conseguia entender o que aconteceu.

Tio Ed permanecia em silêncio ao meu lado.

- Se quiser conversar é só avisar... Você está tão confusa em seus pensamentos que pensei que preferia o silêncio.

Fiz uma careta enquanto caminhávamos lado a lado até um McDonalds ali perto.

- Não é que eu prefira o silêncio... É só que...

- Não sabe o que sente. - completou tio Ed sorrindo.

Senti minhas bochechas corarem... Na verdade acho que sei o que estou sentindo.

Ele ergueu uma sobrancelha enquanto abria a porta da lanchonete. O local estava lotado e a fila para comprar extensa. Fomos em direção a ela. Observando o local notei um casal brincando, o garoto colocava ketchup no nariz da namorada que brigava com ele, mas não conseguia esconder sua diversão. Sorri tristemente.

- Por que essa carinha pequena? - perguntou tio Ed batendo levemente em meu nariz.

- Porque estou com medo...

- Ainda não entendi... Está com medo do que está sentindo? É isso?

- Na verdade tenho medo de estar confundindo o que estou sentindo... De estar viajando... De não ser...

- Correspondida. - completou sorrindo divertido.

Fiz uma careta em resposta.

- Ah pequena! Essa época é tão boa! - disse ele sorrindo largamente, acho que uma mulher desmaiou atrás de mim.

Finalmente chegamos ao caixa.

- Aproveite.

Sorri matreira e ele fez uma careta.

- Está andando demais com Alice. Não abuse do meu cartão.

Foi impossível não rir. Fiz um pedido imenso... Não sabia do que Peter gostava e nem o quanto ele estava com fome. Tio Ed fez cara feia, mas não reclamou. Acho que ele não se importava realmente, só estava pegando no pé.

Enquanto esperávamos ignorando os olhares sobre nós sentamos em uma mesa. Queria retornar o assunto, mas não sabia como. A lembrança do ocorrido a pouco no quarto veio a mente. Porque Malaky tinha que entrar naquele momento?!

- Tio! - reclamei quando ele começou a rir. - Não tem graça! - cruzei os braços no peito sentindo minhas bochechas queimando e virei o rosto.

- Não seja boba pequena! Como pode ter dúvidas depois destas lembranças em sua mente? - retornei meu olhar para ele.

Tio Ed tinha um sorriso calmo, mas não era zombador.

- Quando disse que a época era boa pequena, me referia a essas inseguranças e descobertas. Todos esses sentimentos preliminares. - seu olhar era distante e feliz.

- Não está falando de mim...

- Falo de todos Bruninha. Se apaixonar é igual e diferente ao mesmo tempo para cada um. E aí está a beleza da vida.

Tive que rir com suas palavras.

- Você é um romântico nato tio!

- Foi desta maneira que conquistei sua tia. - mandou-me uma piscadela fazendo-me rir mais ainda - Além do mais eu nasci no século XVIII.

Tio Ed se levantou para buscar nossos pedidos que estavam prontos. Sorri o seguindo.

- O importante pequena, não é ter ausência de medo e sim não deixar que ele te impeça de seguir em frente. Você sabe que está apaixonada pelo garoto Carter, mas não pode deixar que o medo de não ser correspondida te deixe infeliz.

Assenti. Mas foi quase impossível não lembrar de tantos relacionamentos que não deram certo entre meus amigos. Em tantas lágrimas que eu via escorrer nos rostos de garotas e garotos com corações partidos...

- Bruna. - chamou meu tio.

Olhei para ele com meu coração apertado, essa montanha russa de sentimentos em meu peito estava mexendo de mais comigo.

- Você e Peter nasceram na Terra, mas não pode esquecer que o sangue que corre nas veias de vocês é lunar. Não compare os sentimentos que sente com os sentimentos que suas amigas humanas tem por um garoto qualquer. Humanos se apaixonam várias vezes, para os lunares a paixão é única e completamente avassaladora.  

Suas palavras foram tão fortes que meu coração se apertou, mesmo que eu não tenha entendido completamente o significado delas.

POV Jasper

Acompanhávamos as notícias pela televisão. O clima em casa era tenso, ninguém imaginava que lobisomens ainda existiam e ainda mantinham-se escondidos do mundo. Carlisle já havia ligado do hospital querendo saber notícias, disse que Charlie não estava conseguindo falar nem com Daniel nem com Bella, parece que seu celular estava com problemas.

Rose estava prestes a ligar para Bella quando Alice ficou muito tensa. Até a pouco ela estava chateada já que não conseguira ver absolutamente nada do que aconteceu em LA. Nem o ataque a Bruninha, nem os lobisomens, nem nada. A todo o momento grunhia um “Malditos cachorros!”. Mas agora ela via algo.

Ajoelhei-me em sua frente e segurei suas pequenas mãos.

- O que está vendo Alice? – perguntei.

Senti os sentimentos de minha fada mudarem de tensão para tristeza e então pena. Seus olhos focaram-se em mim de maneira pesarosa.

- Katharine... Ela vai falecer nessa madrugada. – murmurou.

- Podemos salvá-la? – perguntei em um salto.

Ali me olhou tristemente.

- Não se pode lutar contra a natureza Jazz... Chegou sua hora.

Suspirei sentando-me ao seu lado e a puxando para um abraço.

- Edward e Bernardo ficarão arrasados. – disse Rose com o celular na orelha. – Bella!

- Oi Rose. – respondeu a princesa do outro lado da linha.

Rosálie perguntou como as coisas estavam e então lançou a bomba da morte de Katharine. Bella lamentou e disse que contaria a Edward e que provavelmente amanhã antes da hora do almoço chegavam por aqui para auxiliar Bernardo.

- E Emmett Ali? Vai demorar muito para voltar? – perguntou Rose sentando-se a poltrona enquanto olhava suas unhas vermelhas.

- Meia hora Rose. – ela bufou impaciente e seguiu para fora de casa pegando seu celular para ligar para Carlisle.

Emmett foi acompanhar Joseph até a saída do estado. O recém criado decidiu viajar sozinho para exercitar seu alto controle. Ficava apavorado apenas em pensar um deslize perto de seu filho. O garoto ficou arrasado quando o pai lhe contou que ele continuaria morando com a tia por mais um tempo. Mas no fim acabou por entender o medo do pai.

Alice aconchegou-se melhor em meus braços e olhou em meu rosto, pude sentir todo o sentimento que ela tinha por mim e não consegui evitar sorrir.

- Eu às vezes gostaria de ficar velhinha assim que nem a Kathy sabe? – falou ela e eu franzi a testa. – Eu admiro a fé que ela possuí, o amor que ela sente. Mesmo depois da morte do marido que ela tanto amava ela continuou vivendo com alegria com o pensamento de que quando chegasse sua hora ele estaria a esperando do outro lado. – sorriu docemente. – Eu acredito que se nós envelhecêssemos, eu também teria a mesma fé que ela, mas quando eu penso em nossa imortalidade é difícil ter um tempo certo de reencontro, 80 anos não é nada comparado a eternidade. Acho que não agüentaria de saudades para te reencontrar, não importa se eu estivesse viva esperando a morte ou morta esperando a sua hora.

- Isso é meio sádico minha fadinha. – disse sorrindo e batendo levemente em seu nariz.

Ela riu percebendo minha brincadeira.

- Você entendeu o que eu quis dizer Jazz.  – me mandou a língua.

Sorri.

- Eu entendo Ali, acho que eu também não agüentaria seguir em frente como Katharine fez.

Apertei-a em meus braços e continuamos assistindo os noticiários da madrugada.

POV Daniel

Finalmente Abraim acabou por dormir exausto. Por falta da luz da lua ele não se transformou, porém seu lado animal estava desperto e aquilo o deixava nervoso fazendo-o querer sair daquela jaula.

Nati também cochilou em meu ombro. Estávamos sentados em frente a cela do lobisomem. Acariciei os cabelos de minha esposa tentando fazê-la relaxar um pouco mais. Estive em falta com ela nas ultimas horas, ela cuida de mim e eu não retribuo como devo retribuir, mas é que os últimos acontecimentos me deixaram pensativos.

O que o secretário de segurança me contou poderia mudar absolutamente tudo. Deixou-me extremamente feliz, porém eu precisava de uma confirmação sem nenhuma sobra de dúvidas. Eu também não podia contar a ninguém, já que se não fosse verdade haveria muita decepção e eu não quero fazê-lo com minha família ou meu povo.

Olhei para o homem dentro da cela, suas roupas estavam em pedaços, seu corpo estava machucado e sua alma carregava muita dor. A notícia que o secretário me dera mudaria a vida de todos os lunares, mas as vidas dos lobos seria a que mais mudaria... Para melhor.

- Majestade? – chamou Ângelo em tom baixo.

Olhei para minha direita e o encontrei ao lado de Malaky. Os dois tinham feições assustadas o que me alertou.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei tentando ao máximo deixar minha voz em um tom baixo para não acordar Nati.

- Carter acordou. – respondeu Malaky um pouco mais calmo do que antes.

- Ele está bem?

- Sim, princesa Bella está falando com ele agora, explicando o que aconteceu. – assenti.

- Minha filha? – perguntei tentando descobrir o porquê de eles estarem assustados há pouco.

- Saiu com Edward para comprar algo pra comer. – assenti novamente e não consegui controlar perguntar.

- Está tudo bem com vocês? Parecem-me um tanto assustados.

Os dois trocaram um olhar rápido antes de Ângelo me explicar.

- Na verdade estamos surpresos meu rei...

- Surpresos com o que?

- Com a força da voz de Peter.

Franzi minha testa. Ainda era muito cedo para Peter ter voz de comando... Talvez seja o veneno que despertara alguns poderes... Mesmo assim era estranho, o garoto não tinha sangue real para ocorrer este despertar... A não ser que ele tenha sangue real. Talvez essa seja a confirmação do que eu já desconfiava. Peter tem grandes possibilidades de ser descendente daqueles que comandaram nosso povo há muito tempo.

O resmungo de minha esposa tirou-me de meus devaneios.

- Olá dorminhoca. – cumprimentei sorrindo.

Ela suspirou preguiçosa até finalmente abrir os olhos e notar os dois agentes no corredor.

- Está tudo bem?

- Sim meu amor, chefe Jackson e Malaky só vieram avisar que Peter acordou.

- Oh! E ele está bem? Bruninha está com ele? Eles já jantaram? – disparou preocupada.

Não consegui segurar meu riso. Os dois agentes sorriram também.

Levantei puxando-a junto. Joguei um de meus braços sobre seus ombros e seguimos andando pelo corredor junto aos dois homens.

- Peter está bem, Bruninha está com Edward comprando algo para jantar e não eles ainda não jantaram. Respondi todas? – perguntei brincalhão e acabei levando um beliscão. – Aiai amor!

- Não zombe do meu extinto materno. – brigou emburrada me fazendo rir e beijar sua bochecha.

Estávamos dois andares para baixo da delegacia. Ao subirmos encontramos minha irmã junto a Peter e o médico chamado Natan. Bella sorria enquanto o garoto tinha uma feição entediada no rosto ao escutar as broncas do doutor por ele estar de pé.

- Deixe o garoto doutor. – disse em tom divertido me aproximando dos três.

- Mas majestade, não sabemos se ele pode ter outra crise, é melhor que fiquei descansando e...

Prendi meu riso quando Peter virou-se ignorando o médico e seguiu o caminho para o primeiro andar. Bella o seguiu rindo baixinho. Natan quase teve um treco.

- Relaxe Natan, nada vai acontecer. Peter está bem, o pior já passou. – disse minha esposa suavemente colocando sua mão no ombro do médico.

- Deve ser minha sina pegar pacientes impacientes. – murmurou emburrado nos fazendo rir.

- Releve doutor, ele só tem 19 anos. – pediu Ângelo sorrindo.

- Mas é teimoso feito um velho milenar. – retrucou e eu gargalhei.

Seguimos para o primeiro andar do subsolo. Poucos lunares se encontravam lá, aqueles que antes estavam conosco ajudaram no que podiam e espalhariam a notícia de boca em boca até que Claire desse uma declaração pública a respeito da descoberta da “volta” dos lobisomens.  

Os agentes conversavam amenidades, mas não conseguiam evitar olhares de esguelha para Peter que estava sentado no sofá de dois lugares assistindo as propagandas da madrugada que passavam na pequena televisão. O garoto tinha ataduras por todo o corpo e acho que isso chamou a atenção de Nessie que parou de brincar com Jacob e olhava curiosamente para Carter.

Ela se aproximou lentamente com seu jeitinho inocente e extremamente curioso. Ficamos apenas observando o que ela iria fazer.

O toque do celular de minha irmã chamou-me a atenção, era Rose querendo saber como as coisas estavam. Bella foi para o corredor para conversar com a cunhada mais a vontade.

- Nessie já não deveria estar dormindo? – perguntou minha esposa para Jacob que estava encostado em uma bancada perto de nós.

- Hun! Com todo esse agito você realmente acha que ela dormiria feito um anjinho? – perguntou retoricamente com um bufo. – Nem Edward conseguiu fazê-la dormir agora a pouco... Acho que apenas Jasper conseguiria fazê-la se acalmar.

- Ela é muito doce, acho que ninguém realmente se importa com ela acordada. Além do mais Nessie prefere o seu modo de conversar, às vezes nem noto sua presença de tão quietinha que fica. – comentei sorrindo para a menina que sentara em cima da mesinha de centro na frente do sofá onde Carter estava sentado.

Ela ainda o observava com seus astutos olhos verdes. Percebi os agentes um tanto tensos com a aproximação da pequena ao garoto, creio que eles não confiavam totalmente na recuperação de Peter, como se a qualquer momento ele fosse atacá-la.

- Bruninha era completamente contrária a prima, quando tinha essa idade. – disse minha esposa.

Observei os olhos de Carter desviarem da televisão para nós assim que o nome de minha filha foi pronunciado. Ergui uma sobrancelha em sua direção e ele se ajeitou desconfortável no sofá desviando o olhar de nós. Segurei meu riso e Nessie virou a cabeça para o lado como se o movimento de Peter fosse muito peculiar.

- Bruna deixava Bella louca com suas percepções indiscretas. – riu Jacob lembrando-se de algum fato.

- Ela conseguia perceber as coisas com muita mais facilidade do que outra criança. Dificilmente conseguíamos manter algum segredo, mesmo que este fosse um segredo intimo. – comentou Nati nostalgicamente.

Sua mente abriu-se, provavelmente sem ela perceber, mostrando-me a imagem de Nati preparando a janta quando nossa filha chegou correndo gargalhando com alguma brincadeira. Minha esposa sorriu para ela, mas Bruna não retribuiu, em vez disso pediu para a mãe não ficar triste por que logo eu estaria em casa.

Na época eu deveria estar em alguma viagem atrás de lunares e Nati como sempre estava preocupada comigo. Nossa filha percebeu a tristeza da mãe, mesmo que a mesma tentasse esconder a todo o custo o sentimento.

Sorri.

- O que você esperava? Ela é minha filha afinal. Temos o dom de descobrir os segredos mais íntimos... – deixei a frase no ar enquanto segurava meu olhar em Carter que fixara seu olhar na televisão quase como se sua vida dependesse daquilo.

Seu pomo de Adão subiu e desceu com a engolida seca que ele deu. Segurei meu riso, mas Jacob não.

- Pobre garoto. – disse ele entre risos.

Porém antes que qualquer um se interessasse demais pelo que falávamos Bella voltou com uma expressão perturbada.

- O que ouve? – perguntou Nati.

- Não se preocupem... Apenas a natureza mostrando quem manda. – disse ela sentando-se no braço do sofá onde estava o garoto.

Ela deu um sorriso triste para Nessie e então disse para nós.

- Alice teve uma visão com Katharine, ao que tudo indica ela falecerá nesta madrugada.

- Charlie ou Carlisle não podem fazer nada? – perguntei.

Minha irmã suspirou.

- Ela já tem 97 anos Dan, para uma humana ela agüentou muito tempo... Acho que ela vinha se segurando para que Bernardo não ficasse sozinho.

- De qualquer forma ele sofrerá muito... Bruna nos contou que ele perdeu os pais quando era criança e então o avô há alguns anos e agora perderá a avó que é a única familiar... Dá para imaginar a solidão que ele sentirá. – disse minha esposa com pesar.

- Sim... Mas agora ele tem a mim e principalmente a Edward, não vamos deixá-lo desamparado. – disse minha irmã desviando seu olhar para Nessie que lhe passava alguma mensagem pela mão.

Bella riu.

- Oh meu anjinho, quando sua prima voltar peça para ela. Tenho certeza que valerá muito mais. – Nessie a olhou sem entender, mas deu de ombros sentando-se ao lado de Peter e ficou dividindo olhares entre a televisão e o garoto ao seu lado.

POV Bruna

Eu e tio Ed finalmente chegamos à sede da guarda real de LA. Eu pretendia ir até o quarto de Peter para levar a janta, porém me deparei com ele sentado na pequena saleta de descanso.

Senti minhas bochechas corando com a lembrança da conversa que tive com tio Ed, mas tratei de espantar qualquer vestígio de vergonha. Sorri para meus pais que estavam na bancada junto a Jacob.

- Vou comprar as passagens... Jacob você vem junto? – perguntou tio Ed com a voz séria.

Estranhei seu tom. O que eu tinha perdido?

- Não sei... Vai precisar de alguma coisa de mim Daniel? Tentar algo com os lobisomens? Sei lá. – perguntou Jake ao meu pai.

- Teremos tempo para isso, se quiser ir fique a vontade.

- Então eu acho que vou sim... Ficarei com Nessie enquanto cuidam de Bernardo.

- O que aconteceu com o Ber? – perguntei assustada colocando os pacotes marrons sobre a mesa de centro.

Sentei-me ao lado de minha prima que ficara entre eu e Peter. Tia Bella que estava ao meu lado no braço do sofá respondeu.

- Não aconteceu nada com seu primo, não se preocupe... Mas ele passará por maus momentos nas próximas horas. Kathy falecerá.

Minha boca abriu-se e meus olhos se encheram d’água.

- Ela já estava velhinha pequena... – murmurou minha tinha passando a mão em meu cabelo.

- Eu sei... – sussurrei tristemente.

Sentiria falta de Kathy, ela era extremamente doce conosco. Senti um toque quente em minha mão e em seguida meu corpo estremeceu. Meu olhar seguiu para Nessie, ou melhor, para o lugar atrás dela onde estava minha mão. Peter a segurava de maneira firme enquanto fazia círculos com seu dedão sobre minha pele.

Seu gesto foi tão doce que eu quase chorei de soluçar.

Ergui meu olhar para agradecê-lo, porém seu olhar estava fora de foco. Quando seus olhos voltaram a vida ele piscou confuso e olhou para Nessie.

Seguindo seu olhar percebi a mãozinha de minha prima no braço de Peter. Ela deve ter passado alguma imagem para ele.

- Falecer é quando aqueles que já cumpriram suas obrigações na vida viram estrelinhas para ficar cuidando de seus familiares lá do céu. – disse Peter de maneira carinhosa para Nessie. – Assim como seu avô Arthur, sua avó Anita e meus pais.

Minha prima piscou várias vezes seus lindos olhinhos verdes e esticou a mãozinha para passar outra imagem para Peter. Ele sorriu com os olhos fora de foco para então piscar rapidamente.

- Exatamente. – disse ele e Ness sorriu largamente balançando suas perninhas.

- Bruna, vai querer ir para casa também? – perguntou tio Ed.

- Vou sim. – respondi com meu coração mais leve após o toque de meu amigo que ainda segurava minha mão.

Apesar de querer curtir mais essa sensação ao lado de Peter eu queria voltar para casa para dar uma força a Bernardo. Ele ficará muito mal.

POV Bella

Edward estava angustiado com a notícia da morte de Kathy. Contei-lhe por pensamento e o mesmo trancou sua mente em seguida. Tratou de ligar para a companhia aera para comprar as passagens.

Assim que desligou o telefone eu o chamei com o olhar. A nossa volta pequenas conversas se instauravam.

- Só há passagens para daqui 3 horas.

Meu vampiro suspirou me puxando para um abraço. Ele estreitou os olhos para o sofá onde nossa filha escondia a mão do garoto Carter segurando a da minha sobrinha. Sorri beijando seu queixo.

- Hey Pete, você não estava com fome? – perguntou Bruninha e o garoto sorriu soltando sua mão observando-a se ajoelhar em frente ao sofá.

- Acho que não precisava de tanto. – murmurou ele meio assustado com a quantidade de caixas de sanduiches Bruna tirava dos sacos.

Ela sorriu sem graça.

- Não sabia qual você gostava... Além do mais não é como se o cartão de tio Ed tivesse um limite. – sorriu arteira.

Tive que rir com essa. Edward fez cara feia, mas era notável sua despreocupação com o caso.

- Está andando demais com Alice. – murmurou meu marido me abraçando por trás e apoiando seu queixo em meu ombro.

Ela riu dando de ombros.

Edward sorriu, mas seus olhos ainda apresentavam tristeza. Suspirei e tentei tirar a pequena ruga em sua testa com a ponta de meu dedo. Meu vampiro olhou-me pedindo colo e conseqüentemente quebrou meu coração. Passei meus braços entorno de seu pescoço e o apertei contra mim.

- Sinto muito. – sussurrei em sua orelha.

Meu marido assentiu com o rosto escondido em meu pescoço.

“Estou com medo da reação de Bernardo” – confessou por pensamento. – “Kathy há tempos vinha se despedindo e pedindo que cuidássemos dele, mas ela não pode prever a reação do neto.”

“Não se preocupe com isso, ele ficará mal, mas nós vamos resgatá-lo da dor.” – tentei confortá-lo.

Ele suspirou afastando seu rosto de meu pescoço para beijar minha testa.

- Assim espero meu anjo, assim espero. – murmurou com o olhar distante.

Tudo o que eu queria neste momento era tirar essa tristeza de Edward. Odiava o ver desta maneira. Mesmo sabendo e entendo que esses são momentos que não podemos fugir por conta da imortalidade, não posso impedir que esse sentimento de proteção se apodere de meu coração. São nessas horas que pensamentos como nunca mais se relacionar com humanos nos vem à mente. Mas logo essas idéias se esvaem quando lembramos do que eles são capazes de nos fazer sentir e aprender.

Sem sombra de dúvidas Katharine foi um grande exemplo para mim. Suas atitudes, sua evolução ao longo de sua vida. Para mim e principalmente para Edward que a conhecemos há muito tempo é fácil notar todas as mudanças, no caso de Kathy para melhor.

Acariciei lentamente os cabelos de meu vampiro. Ele estava com seu queixo apoiado em meu ombro e seus olhos fechados em suas divagações.

“Amo você” – ecoei em pensamento.

Edward sorriu ainda com os olhos fechados.

- Eu sei. – sussurrou ele sorrindo mais largamente.

Uau! Fazia tempo que não brincávamos disso!

“Eu também amo você.” – completou apertando seus braços ao meu redor.

Aconcheguei-me em seu peito fechando meus olhos, mas os abri rapidamente quando escutei um gemido de dor.

- Tudo bem Carter? – perguntou Edward alerta.

Peter respirou fundo com os olhos espremidos e o braço sem ferimentos segurando suas próprias costelas.

- Tudo bem. – sussurrou ele com a voz rouca. – Só minhas costelas...

- Er, desculpe por isso. – disse meu irmão com uma careta.

O garoto o olhou chocado.

- Eu lutei com o senhor?

Meu irmão o olhou interrogativamente estranhando a falta de memória do futuro genro.

- Peter não se lembra do que aconteceu, apenas flashes de quando Bruninha o acordou. – explicou meu marido.

- Bem... Você não só lutou comigo como eu fui incapaz de te derrotar. – disse Dan como se não fosse nada demais.

Carter que sentara ao chão ao lado de minha sobrinha se afogou com a batata que acabara de abocanhar.

- Não sabemos se foi o veneno que te deixou mais forte ou se aquela era sua força normal, o único modo de saber é eu lutar contigo novamente... Quando estiver curado, é claro. – meu irmão dizia tão naturalmente algo que para todos ali não era nada normal.

Meu irmão estava pedindo um desafio! Geralmente quem fazia isso eram os príncipes para mostrar toda a sua destreza na arte da guerra, mas isso ocorria há muito tempo atrás e meu irmão não era mais príncipe e sim rei!

Todos ficaram em silêncio esperando a resposta de Peter que ficara quieto demais.

- A não ser que esteja com medo... – os olhos de Daniel faiscaram em provocação.

- Dan... – tentou intervir Nati, mas meu irmão insistiu.

- Ou então esteja escondendo algo. – as palavras dele deixaram absolutamente todos tensos.

O que diabos meu irmão pretendia?!

Peter arregalou seus olhos, mas o sentimento que por eles passavam era a mais pura e profunda confusão.

- Peter é nobre demais para esconder alguma coisa. – interveio meu marido em tom risonho, mas eu pude notar sua testa vincar durante uma fração de segundos.

Meu irmão riu concordando.

- Então Carter?! Vai ou não aceitar o desafio de nosso rei? – provocou Malaky com um sorriso maroto.

Finalmente Peter respondeu, não sem antes mandar um olhar feio para o amigo.

- Eu aceito o desafio. – disse olhando fixamente nos olhos de meu irmão. – Mesmo tendo certeza que o senhor me derrotará com extrema facilidade.

Meu irmão sorriu largamente.

- Sábia escolha de palavras.

- Ness! – brigou minha sobrinha de olhos arregalados.

Observei minha filha com o rosto em pura confusão e com a mãozinha esticada no ar após, provavelmente, ter passado algo a prima.

Bruna estava extremamente vermelha. Sorri já imaginado o que minha baixinha passara a ela. Edward riu confirmando meus pensamentos.

- Nessie, minha filha, por que não mostra ao seu novo amigo o que acabou de passar para a sua prima? – murmurou Ed lhe mandando uma piscadela.

Nessie sorriu assentindo e esticou a mãozinha em direção a Peter, mas foi impedida por sua prima com o rosto ainda mais vermelho.

- Não é necessário, né Ness? – disse ela com a voz mansa enquanto segurava a prima quase como uma prisão de braços então olhou feio para nós dois. – Isso não é engraçado!

Gargalhamos discordando totalmente de sua opinião.

POV Bruna

Nessie se debateu em meus braços e logo foi salva por tia Bella que a puxou para seu colo.

Deus do céu! Eu ainda sinto meu corpo em chamas de tanta vergonha. Eu sei que foi totalmente inocente, mas... Oh Deus!

Minha prima mostrara minha imagem beijando Peter... Oh Deus! Só de lembrar sinto minha pele arrepiar e um frio estranho na barriga. Mas a analogia dela não tinha nada de mais. Nessie sempre recebia beijos para que seus machucados se curassem, então sua lógica dizia que alguém tinha que beijar Peter para que seus machucados se curassem. No caso... Eu!

Peter olhou-me curiosamente e eu mandei um sorriso sem graça. Fiz um gesto com a mão para ele não ligar para o que acabou de acontecer. Ele sorriu ainda curioso, mas voltou sua atenção para o sanduiche.

Suspirei aliviada, mas sem deixar de olhar feio mais uma vez para meus tios. Eu tinha uma grande sensação que eles que aprontaram essa presepada comigo!

Eles ignoraram meu olhar rindo mais uma vez. Bufei os ignorando e pegando meu sanduiche, estava morta de fome.

[...]

Depois de jantar ficamos mais algum tempo conversando, ou melhor, todos os agentes ficaram conversando. Eu fiquei em silêncio com meus pensamentos muito inquietos. Ora em Peter, ora em Bernardo.

Meus devaneios foram interrompidos quando doutor Natan mandou Pete para o quarto descansar. Ele deveria estar com dor, pois foi sem titubear ou reclamar.

- Bruninha, vamos? Ainda tempos que passar no hotel pegar as coisas. – chamou tio Ed com Nessie dormindo em seu ombro.

Assenti me levantando do chão e segui me despedir de meus pais.

POV Peter

Minha cabeça rodava e eu mal conseguia pensar em algo com nexo, nada fazia sentido. Eu via as paredes do corredor rodarem como se eu estivesse completamente bêbado.

Apoiei minha mão na parede e respirei fundo. Aos poucos minha visão voltou ao normal, ao mesmo tempo escutei passos chegando atrás de mim e um cheiro tão conhecido e tão bom invadiu meu olfato.

- Er, Pete?

- Sim princesa? – perguntei sorrindo levemente quando me virei para ela.

Tentei ignorar tudo o que acontecia dentro do meu corpo. O frio na barriga que subia e descia sem parar, meu coração batendo sem ritmo, minha respiração que de repente ficara extremamente pesada e meus pensamentos... Droga! Eu tinha que controlá-los, pois eles pareciam não entender que a linda garota em minha frente era a princesa de meu povo! Não entendiam que seu pai acabara de me desafiar para uma luta, pois achou que eu possuo muito poder e que existe um motivo secreto para isso! Não entendiam que iam acabar me deixando louco se não parassem de pensar nessas coisas!

- Eu vim me despedir... Estou voltando para casa, não quero deixar meu primo desamparado. – explicou-se ela receosa.

Não entendia seu receio, mas a preocupação pelo primo acordara um sentimento estranho dentro de meu peito. Assenti me controlando para que a raiva não aparecesse em minha expressão. Xinguei-me por dentro e obriguei-me a responder delicadamente.

- Tenha uma boa viagem princesa.

- Obrigada. – respondeu pausadamente e mordeu seu lábio de maneira hesitante.

- Quer me dizer mais algo? – a incentivei.

Uma luta interna apareceu em seus olhos até ela finalmente suspirar e pegar minha mão livre da tipóia. Seus olhos azuis brilharam de maneira intensa enquanto ela falava olhando diretamente para os meus.

- Eu queria te agradecer por ter salvo minha vida... Nunca vou me esquecer disso Pete.

- Era minha obrigação. – sussurrei tentando me convencer que aquilo era verdade, mas creio que nem ela acreditou em minhas palavras.

- Realmente salvou-me por obrigação? – perguntou com um misto de irritação e mágoa.

Seu tom me surpreendeu e me senti envergonhado por ter sido pego no flagra. Suspirei mandando para um lugar bem longe meus medos e tudo aquilo que aprendi sobre hierarquia e respeito pela família real.

Apertei levemente sua mão antes de soltá-la. Seu olhar ainda era magoado, mas tornou-se confuso quando eu sorri.

Aproximei lentamente minha mão de seu rosto e o toquei levemente em sua bochecha, gostaria que meus dedos não estivessem enfaixados para poder sentir sua pele contra a minha, por mais simples que esse toque seja.

- Não. – disse olhando diretamente em seus lindos olhos azuis. – Não te salvei por obrigação. Te salvei porque não suportaria ver-te machucada.

Ela fechou seus olhos apoiando o rosto em minha mão.

- Olhe o resultado Pete? Está todo ferido por minha causa. – disse ela apoiado sua mão nas costas da minha impedindo que eu deixasse de tocá-la.

- Não foi por sua causa, foi por causa dos Volturi. Se eles não estivessem atrás de você ninguém teria se machucado. – retruquei de forma carinhosa, porém firme.

A princesa abriu seus olhos e sorriu. Minha mão saiu de seu rosto, mas ela não deixou de segurar minha mão entre nossos corpos.

Suas bochechas ficaram vermelhas quando ela perguntou.

- Eu... Eu posso te ligar? Para saber como você está e tudo mais... – perguntou sem graça pegando o celular no bolso.

Sorri concordando. Sua mão foi rápida em tirar uma foto enquanto eu sorria e então me entregou o celular para colocar meu número. Fiquei sem graça, mas minha mente estava em branco para qualquer responsabilidade.

- Isso é meio injusto princesa. – ela franziu o cenho em dúvida. – Tem meu celular, mas eu não tenho o seu.

Ela sorriu envergonhada e eu fui tão rápido quanto ela em tirar uma fotografia. Passei-lhe o aparelho e ela anotou seu número.

Sorrimos.

- Eu... Tenho que ir. – ela suspirou e sorriu se aproximando para me abraçar.

Retribui com força querendo que fossemos apenas dois adolescentes curtindo um novo sentimento que nascia e não um agente da guarda real e a princesa da lua. O que eu sentia por ela implicaria em coisas que eu não conseguia evitar pensar, coisas que me faziam sentir medo de seguir em frente... Em tomar uma atitude.

- Vê se não se deixa perseguir por vampiros sanguinários. – sussurrei em seu ouvido.

- E você tenta não ser mordido por lobisomens descontrolados. – sussurrou ela beijando minha bochecha.

Senti meu corpo inteiro arrepiar com o toque de seus lábios em minha pele. Nos afastamos com aquela sensação de não querer se afastar e sorrimos um para o outro.

Segurei sua mão e a levei aos meus lábios.

- Boa viagem princesa.

- Obrigada, mande um abraço para os seus tios. – assenti confirmando e soltando sua mão.

Ela virou-se e se foi pelo corredor deixando-me sozinho com tudo o que acabou de acontecer, tudo o que meus atos implicavam. Finalmente eu aceito que eu estou realmente apaixonado pela princesa de meu povo. E por mais que eu tenha tentado lutar contra o crescimento desse sentimento me recusando a aceitá-lo eu não posso impedir que, mesmo inconscientemente, eu lute por ele. Porque quando estou perto dela eu simplesmente ignoro os gritos de meus pensamentos, pois os gritos de meu coração são muito mais altos.

[...]

POV Bella

O aeroporto não estava cheio já que pegaríamos um avião de madrugada, então não tivemos problemas com flashes em nossos rostos, o que não quer dizer que não escutávamos conversas a nosso respeito.

Nessie dormia no colo de Jacob e Bruninha encostada ao seu ombro. Eu e Edward estávamos em pé um pouco mais a frente. Eu tentava a todo custo tranqüilizar meu vampiro que andava de um lado para o outro impaciente com a demora.

- Edward! Vai acabar abrindo um buraco no chão se não se acalmar! – bradei segurando suas mãos e o puxando para sentar junto de Jacob. – Você já ligou para Carlisle, ele já prometeu que vai ajudar Bernardo enquanto não chegamos... Então senta e se acalma, não adianta ficar nervoso, dependemos do avião...

- Deveria ir correndo, chegaria mais rápido... – resmungou bufando.

Suspirei e sentei ao seu lado. Segurei suas mãos tentando passar calma.

- Eu sei que está preocupado, sei que está ansioso para estar ao lado de seu neto, sei que prometeu isso a Kathy... E você vai cumprir, mas agora, por favor, se acalme antes que eu tenha que te amarrar a essa cadeira!

Ele suspirou recostando sua cabeça em meu ombro. Começamos uma conversa banal para tentar distraí-lo. Não deu muito certo, mas logo estávamos dentro do avião e seguíamos viagem. Não demorou para que estivéssemos no carro de Emmett seguindo para a cidade, já eram nove da manhã e provavelmente Bernardo já deveria ter encontrado o corpo da avó. Era o que mais doía em Edward.

POV Bernardo

Acordei cedo para me encontrar com Denis e Nick que voltaram de viagem ontem. Combinamos de ir ao parque para botar o papo em dia. Parece que Nick viajou para o mesmo lugar que Maggie e acabaram se encontrando por lá, mas o que seria uma oportunidade para eles se acertarem tornou-se uma merda, pois Johnny e sua trupe de arrogantes estavam lá... Pelo pouco que Nick me contou parece que deu a maior confusão no hotel em que eles estavam.

Minha avó ainda dormia então segui direto para a praça. Logo encontrei meus amigos.

- ... Eu acho que ela dormiu com ele... – murmurou Nick cabisbaixo se referindo a Maggie e Johnny.

- Eu não entendo como que ela ainda dá trela para aquele otário! – grunhiu Denis.

- Ninguém entende. – completei. – Cara, e a faculdade?

- Voou tentar juntar um dinheiro neste ano, não consegui completar o que preciso para entrar... Mas não tem problema, já arrumei um emprego na loja de instrumentos musicais. Não paga muito bem, mas com um ano de salário eu terei o suficiente. – respondeu Nicholas dando de ombros.

- Nós dois teremos mais um ano de sofrimento do ensino médio... – reclamou Denis.

- É o ultimo... – dei de ombros.

- Hey Bernardo, sua avó não deveria ter aberto a sorveteria?

Olhei para trás e notei as portas fechadas. Realmente já deveria ter aberto... Vovó costumava abrir cedo nas férias, mesmo com o inverno a sorveteria era um bom local de encontro para os jovens.

Resolvi ir até em casa para ver o que tinha acontecido, os dois me acompanharam. Abri a porta já chamando por ela.

- Vovó? Vó? A senhora ainda está dormindo? – perguntei indo para o seu quarto.

A encontrei deitadinha em sua cama com um sorriso calmo no rosto. Sorri e me aproximei para acordá-la. Mexi seu ombro delicadamente.

- A senhora vai dormir o dia inteiro é? Depois eu que sou o preguiçoso.

Meu cenho franziu já que ela continuava parada. Comecei a sacudi-la com um pouco mais de força, mas nada aconteceu.

- Vovó! – comecei a chamá-la sem parar percebendo sua pele gelada.

Meus ouvidos pareceram receber tampões, não escutava mais nada a minha volta. Meus olhos estavam embaçados e da minha boca saiam gritos, porém eu não os escutava. Lembranças de uma situação semelhante me veio a cabeça e tudo o que eu queria era acordar daquele pesadelo.

Senti braços gélidos e de extrema força me segurarem e me tirarem de cima de minha avó, mas tudo o que eu conseguia fazer era chorar desesperado sabendo que eu estava sozinho no mundo, pois minha única família estava morta.

[...]

POV Bella

Assim que chegamos a praça Edward pulou do carro e correu em direção a sorveteria. Bernardo estava sentado na pequena escada da entrada com os a cabeça enterrada em seus joelhos chorando compulsivamente.

Um pouco mais afastado estava Carlisle conversando com os paramédicos da ambulância. Os amigos de Bernardo também estavam por perto e tinham lágrimas nos olhos. Bruna correu se juntar a eles enquanto Emmett levava Jake e Nessie para casa.

Fiquei um pouco mais afastada observando o modo como Bernardo se segurava em Edward como se sua vida dependesse daquilo.

Fui até eles e sentei-me do outro lado do garoto. Coloquei minha mão em suas costas tentando consolá-lo, mas seu choro não parava.

- Não ficará sozinho Bernardo. – murmurava Edward constantemente.

- Porque todos a minha volta morrem? – perguntou quebrando meu coração.

- Não é por sua causa... É o rumo natural da vida. – disse meu vampiro de maneira carinhosa com seu braço em torno dos ombros de seu neto. – Sua avó sabia que estava chegando sua hora... Ela estava bem com isso. Sabia que você seria protegido por mim e Bella, além do mais queria encontra-se com seu avô novamente.

- Isso é loucura... – disse ele tristemente com seu acesso de choro terminando.

- Não é Bernardo, sua avó foi a pessoa mais sensata que eu já conheci em toda a minha vida, e olha que não sou nem um pouco nova... Seus avós se amavam profundamente e esse tipo de amor não é separado pela morte.

O garoto voltou a chorar, mas aos poucos foi se acalmando até ficar em um estado letárgico.

Edward não saiu de seu lado por nenhum momento enquanto eu e Carlisle cuidávamos dos tramites para o enterro de Kathy. Tínhamos que avisar alguns parentes distantes também, mesmo que se tratasse de pessoas das quais minha amiga não gostava nem um pouco já que foram eles que a trataram tão mal quando ela mais precisou.

As horas passaram rapidamente e logo estávamos ouvindo as palavras do padre enquanto o corpo de uma velhinha que marcou muitos corações era enterrado.

Nessie estava em meu colo observando tudo em silêncio. Sua mãozinha em meu rosto secando uma lágrima que escapara de meus olhos. De repente uma imagem sobrepôs a vista pelos meus próprios olhos. Meu coração perdeu uma batida e meu ser encheu-se de alegria.

Eu via Kathy, com seus vinte e poucos anos e seu lindo cabelo loiro, olhos azuis e pele quase translucida, de mãos dadas com um homem que aparentava a mesma idade, tinha cabelos claros também assim como os olhos extremamente azuis. Os dois formavam um casal muito bonito. Os dois sorriram para mim e depois olharam para Bernardo. Não pude evitar a surpresa ao avistar mais um casal ao por perto.

O homem tinha os cabelos loiros como os de Katharine e bagunçados como os de Edward, era alto como meu vampiro e o rosto era perfeitamente misturado com os traços másculos de meu marido e a delicadeza de Kathy. Seus olhos verdes como esmeraldas. Era um homem muito bonito.

A mulher tinha os cabelos escuros, um tom de chocolate parecido com o meu. Os olhos verdes também. Sua estatura mediana e a pele morena clara. Os traços bem desenhados e uma feição doce.

Os dois sorriram para o filho e a mulher sibilou “Estaremos sempre com você.”

Nessie tirou a mão de meu rosto e sorriu para mim.

- Mostre a Bernardo. – pedi a colocando no chão.

Minha filha correu até o sobrinho e puxou sua camiseta. Com lágrimas nos olhos Bernardo a pegou no colo e logo começou a desabar em lágrimas assistindo a imagem que Nessie passara.

Edward também estava emocionado ao ver o filho pela primeira vez.

Sorri para eles e me aproximei de Esme passando-lhe o braço pela cintura a abraçando.

- Nessie viu Kathy e o marido e Thiago e a esposa. – disse sabendo que os outros também ouviriam.

- Para quem precisa de provas para acreditar que há algo além da morte aí está. – disse Carlisle.

Assenti concordando.

- Teremos problemas... – murmurou Alice.

- Daquela senhora de lenço vermelho, não é? – perguntou Jasper. – Ela está nos olhando com raiva, seus sentimentos são rancorosos.

- Ela é sobrinha de Katharine, parece que ela não quer que Bernardo fique conosco. Vai alegar que é loucura e tudo mais... Não vai dar para resolver apenas conversando. Ela está com a intenção de entrar na justiça. – dizia Alice.

- Isso vai causar uma enorme repercussão. – alertou-se Rose.

- Bernardo pelo menos conhece essa mulher? – perguntou Esme.

- Ele não tem nem idéia de quem ela seja.

- Não vou deixar meu sobrinho neto morar com uma mulher que ele nem conhece e ainda por cima longe da gente. – grunhiu Emm seriamente com seu extinto protetor ao máximo.

Ninguém deixaria.

As pessoas começaram a ir embora. Começamos a nos afastar também. Edward estava ao lado de Bernardo atento aos pensamentos da mulher que se aproximava.

- Bernardo querido, sinto muito! – disse ela abrindo os braços como se esperasse um abraço.

Ele ainda tinha Nessie no colo. Olhou em dúvida para a mulher.

- Quem é você?

- Sua prima Tereza. – esclareceu ela. – Vamos para casa.

Bernardo arregalou seus olhos para Edward e deu um passo para trás.

- Bernardo já está indo para casa. – proferiu meu vampiro.

- Casa ou covil? – ergueu o nariz petulante.

- Chame do que quiser. – retrucou Edward passando o braço sobre o ombro de seu neto pronto para ir embora.

- Não pode levá-lo! Tenho uma ordem judicial impedindo que levem meu primo.

Meus olhos arregalaram. Quer dizer que a mulher já estava preparada antes mesmo de Kathy morrer.

- E eu tenho outra anulando a sua. – interferiu um homem de idade mediana usando terno e gravata.

Ele tinha cabelos escuros assim como seus olhos. Sua feição um tanto cansada, como alguém que trabalhou muito para chegar onde está. Sua voz não permitia discussões quando ele entregou o papel para a mulher.

- Katharine Tereza Johnson, minha cliente, com medo que sua família interferisse a respeito da tutela de seu neto Bernardo Masen após o seu falecimento, contratou-me para que sua vontade fosse feita. Bernardo fica com o avô paterno até o fim do processo judicial se a senhora resolver continuar com essa briga.

- Mas é claro que continuarei! Be...

- Foi o que Katharine disse, logo aconselho a senhora a buscar seus direitos. – cortou-a terminando com o assunto se virando para Bernardo esticando sua mão em cumprimento. – James McGonagol.

A mulher ficou paralisada com as palavras do advogado. Edward pediu para que conversássemos melhor em casa e assim nós fomos.

POV Bruna

Assim que chegamos em casa Esme passou o braço na cintura de Bernardo em um abraço extremamente materno.

- Venha querido, vou levá-lo ao seu novo quarto, ainda não tive tempo de ajeitá-lo ao seu gosto, mas faremos tudo como você quiser. Os meninos mais tarde vão buscar suas coisas. – seu tom foi totalmente amoroso.

- Obrigado. – sussurrou ele.

Tadinho, Ber estava devastado.

Segui com os dois até o quarto de hospedes que seria transformado no quarto de meu amigo. Tio Ed provavelmente queria conversar com o tal advogado.

Bernardo sentou na cama e ficou com o olhar perdido. Sentei-me ao seu lado e aguardei ele querer falar.

- Não sei como vai ser sem ela. – sussurrou.

- Não vai ser fácil Ber, mas você precisa seguir. Sua avó preparou tudo para que você não ficasse sozinho.

- Ela arquitetou tudo... Mas eu não podia esperar outra coisa, vovó sempre cuidava de todos os problemas sozinha. Só me contava quando tudo estava resolvido. – deu um sorriso triste e então me fitou. – Mas você também não passou por bons momentos não é?

- Pois é, o ano começou bem. – ironizei lembrando-me da minha corrida desenfreada fugindo dos Volturi.

Mas então lembrei-me de tudo o que descobri em relação a mim e Peter e quase não consegui esconder um pequeno sorriso.

- Você está diferente. – disse ele de repente.

- Diferente como?

- Mais bonita, algo em seus olhos que... Não sei dizer, um brilho diferente. – analisou-me.

Senti minhas bochechas queimarem. Então sussurrei.

- Acho que estou apaixonada.

Bernardo esboçou um sorriso carinhoso.

- Pelo teu segurança né? Aquele que é três anos mais velho que a gente. – meus olhos arregalaram. – Não me olhe assim, é meio óbvio sabe?

Senti minhas bochechas corarem.

- É tão óbvio assim?

- Extremamente. – riu.

Mandei-lhe a língua, porém não consegui esconder o sorriso.

- É bom te ver sorrir Ber.

Ele se encolheu com as bochechas levemente coradas.

- Não vou mais chorar. Vovó não vai querer que eu fique lamentando. Não quero incomodá-la, ela está feliz agora ao lado de vovô e de meus pais. – sorri concordando com suas palavras.

Joguei-me de costas na cama e Ber seguiu meu movimento deitando ao meu lado.

- Eu to com medo Brubs. – sussurrou.

- Eu também.

- A gente encara. – disse ele tentando se entusiasmar.

Tive que rir.

- A gente encara primo.

[...]

Fim do Capítulo 18.


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Notas finais do capítulo

Próximo cap vai demorar um pouquinho, ainda estou escrevendo o comecinho.