A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 68
Capítulo 17. A Maldição da Lua Cheia


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, primeiramente quero agradecer a mais duas recomendações que a fic recebeu. Muito obrigada mesmo *o*
Agora vamos ao cap... E aviso importante no final, portanto não deixem de ler ;)



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Capítulo 17. A maldição da Lua cheia

POV Bella

Nati tinha os olhos úmidos sem saber o que realmente estava acontecendo. Meu irmão teve uma visão e nela algo aconteceu a Bruna, algo que realmente o abalou. Edward também não esclareceu nada quando saiu a passos rápidos em direção a porta enquanto falava pelo celular com o chefe Jackson.

Eu também estava nervosa com aquele silêncio e principalmente olhar de Dan. Mas eu tinha que manter a calma que os reis não possuíam neste momento.

Ajoelhei-me em frente ao meu irmão e a minha cunhada que estava ao seu lado sem desgrudar os olhos da feição dele.

- Dan? – chamei com a voz firme chamando-lhe a atenção. – O que foi que aconteceu?

Ele demorou alguns segundos para responder.

- As visões de Bruna não são sobre o passado. São sobre o futuro.

Sua voz estava rouca e seus olhos demonstravam medo.

Eu e Nati demoramos algum tempo até assimilar. Meus olhos arregalaram.

- Isso é impossível! – exclamei alarmada.

Minha cunhada arregalou seus olhos seu coração acelerando em seu peito.

- Bruninha está bem. O sangue que viu em sua visão não era dela. – falou Edward ao se aproximar.

Os dois pareceram relaxar com essa afirmação. Dan retomou o controle de suas emoções e levantou junto de sua esposa.

- De quem era o sangue? – perguntou ele.

Meu vampiro estava tenso.

- Peter Carter. Malaky o levou para a Sede da guarda de LA. Bruna está com eles.

Meu irmão assentiu e começou a andar em direção a saída. Nós três o seguimos. Edward continuava passando as informações que acabara de conseguir.

- Parece que Peter foi... Mordido.

- Lobisomens! Como isso é possível? Eles não estavam extintos? – perguntei acompanhando a quase corrida de minha família.

- Foi o que os Volturi nos disseram. – disse secamente meu irmão.

- Parece que os Volturi estão escondendo mais segredos do que imaginávamos. – murmurou Edward sombriamente. – Malaky contou que tinha Volturis rondando a princesa e que provavelmente foi graças a eles que Peter se feriu.

- Será que eles estavam atrás do Lobisomem e acabaram topando com minha filha? – se perguntou Nati.

- Parece que não. Eles estavam atrás da princesa, planejavam emboscá-la. Peter e Malaky se dividiram para protegê-la dos três vampiros. Um deles foi deixado inconsciente por Malaky, os outros dois acabaram topando com o lobisomem durante a perseguição a Bruna. Após os morder o lobo foi atrás da princesa e de Peter que acabou sendo mordido.

Meu irmão rosnou tomando uma expressão que eu só vi uma vez em minha vida. E foi no dia em que James apareceu no colégio para nos atacar.

- Onde está o lobisomem agora? – perguntei.

- Não sei. Teremos que falar com Bruna quando chegarmos. A visão de seu irmão não foi muito clara e Malaky disse que quando alcançou os dois, eles já estavam sozinhos e Peter ferido.

- Então é melhor corrermos, se o lobo ainda está por ai ele pode oferecer perigo para mais gente. – concluiu Nati começando a correr, mas os meus pés paralisaram.

Olhei para Edward assustada. Ele não precisou ler minha mente para entender o que me apavorou.

- Jacob e Nessie já estão no hotel e nossa filha já está dormindo. Contei a ele sobre o que aconteceu e ele prometeu não sair do lado dela e se caso ele suspeitar de algum perigo vai nos ligar. – explicou meu vampiro rapidamente e meus ombros relaxaram automaticamente. – Acho melhor irmos.

Assenti e então começamos a correr.

Não demorou a chegarmos à sede da guarda de Los Angeles. Ficava no subsolo de uma delegacia. Os humanos que trabalhavam por lá, em sua grande maioria, não tinham problemas conosco e até gostavam de nossa ajuda.

Muitos membros da guarda real, trabalhavam juntamente com os humanos em casos policiais. São chamados de agentes especiais.

Assim que entramos avistamos Bruna sentada em uma cadeira em frente a uma escrivaninha onde uma policial a olhava preocupada.

Meu olhar também estava preocupado. Minha sobrinha estava com a sua roupa ensopada de sangue. Sua expressão era desolada, porém as lágrimas já haviam secado  deixando seu rosto marcado pela maquiagem.

Assim que nos avistou se encolheu ainda mais do que já estava. Percebi vergonha de si mesma em seu olhar.

Corremos até ela. Nati a puxou para um abraço apertado. Minha cunhada tinha lágrimas em seus olhos.

- Nada pode acontecer em 30 minutos, né?! – vociferou em um misto de alivio e agonia.

- O importante é que ela está bem Nati, pelo menos fisicamente. – disse Edward com um leve sorriso, mas seu olhar ainda era tenso.

- Papai está bravo comigo. – murmurou minha sobrinha tristemente.

Dan acabara de entrar no elevador e nem se quer havia falado com a filha.

- Não é com você que seu pai está bravo, pequena. – tentei tranqüilizá-la.

- Pois deveria! Eu fui irresponsável! Eu fui covarde! E por minha culpa Peter foi mordido pela aquela coisa e agora ninguém sabe o que vai acontecer com ele! – explodiu em lágrimas – Que tipo de princesa sou eu que fica tão apavorada que mal consegue se mexer?

- Não é pecado ter medo Bruna. Eu já perdi as contas de quantas vezes paralisei sem conseguir lutar.

- A senhora nunca paralisou tia Bella, sempre foi corajosa. Ao contrário de mim.

- Você apenas não se lembra pequena, mas eu ficava tão aterrorizada de medo de James que eu não conseguia me mexer. Pergunte ao seu tio, ele sempre esteve lá para me ajudar, assim como Peter estava para ajudar você.

- Eu podia ter ajudado tia. – choramingou inconsolável.

- Sim. Você poderia. Mas teve medo. Normal, Bruna. Você tem apenas 16 anos! Ninguém espera que seja corajosa sendo tão nova e mesmo que fosse mais velha ninguém te julgaria. Agora se acalme. – disse Nati de maneira firme a filha.

Agora que viu que Bruna estava bem, conseguiu controlar seus próprios nervos.

- Como está Pete? – perguntou em um sussurro.

- Febril. A ferida ainda não cicatrizou e os médicos não sabem que veneno é capaz disto. Seu pai está falando agora para eles que foi um lobisomem que o mordeu. – explicou Edward.

Meu vampiro conseguia ler mentes em uma distância maior do que sua própria audição poderia alcançar.

- Ele está furioso. – o olhar de meu vampiro deixou de vagar no vazio para nos fitar com seriedade. – Se Daniel ver Aro pela rua aguardem uma grande merda. Nunca vi os pensamentos de seu irmão tão irritados quanto hoje. Se ele não se acalmar é capaz de fazer algo precipitado.

- Vou levar Bruna para o hotel. Tentar fazê-la descansar um pouco pelo menos. Vocês ficam aqui com Daniel e qualquer coisa me chamem. – eu e meu marido assentimos para Nati.

- Não. Eu quero ver como ele está. – choramingou Bruna.

- Peter está sob cuidados médicos agora, não há nada o que você possa fazer filha. Amanhã de manhã nós voltamos ok?

Minha sobrinha insistiu por mais alguns minutos, mas acabou cedendo e indo para o hotel junto da mãe.

- Porque ela se cobra tanto? É apenas uma menina. – comentou a policial que estava sentada do outro lado de sua escrivaninha.

- Uma menina que é a futura rainha de todo um povo. Mesmo que ninguém coloque pressão sobre ela ou fique a lembrando que um dia ela terá que assumir o lugar de seus pais Bruna sabe da responsabilidade que possuí. – lembrou Edward.

- Mesmo assim Ed, ela não estará sozinha no dia que isso vier a acontecer. Ela não precisa exigir tanto de si mesma.

Meu vampiro sorriu.

- Que eu me lembre você ficava apavorada com a idéia de ficar no lugar de sua mãe.

Olhei-o entediada.

- A diferença é que quando tinha a idade da Bruna mais da metade do reino me odiava.

- Ok. Você tem um ponto.

Revirei meus olhos, mas então uma voz feminina chamou minha atenção as minhas costas.

- Princesa?

- Olá Claire.

- Eu precisava falar com o rei. Informaram-me que ele estava aqui.

- Está sim. Vamos, nós já estávamos indo ao seu encontro.

Despedimo-nos rapidamente da policial e seguimos para o subterrâneo.  

Claire seguiu diretamente falar com meu irmão.

Cerca de 7 agentes estavam no subterrâneo. Tinham feições preocupadas, mas nada comparado a Ângelo que chegara esbaforido.

POV Daniel

Meu maxilar começou a doer com a força com que travei meus dentes. Milhares de coisas passavam em minha mente. Como eu resolveria esse problema? Bruna estava bem? Peter acabaria se tornando um lobisomem? De que maneira mataria os Volturi? Rapidamente ou lentamente? O que será do futuro se o garoto não resistir? O que será de minha filha se ele não resistir? O que me faz voltar a pensar nos Volturi e em como eu acabarei com sua festa.

- Majestade. - inclinou-se Claire rapidamente ao meu lado.

Ela olhava para o meu rosto de maneira preocupada, mas eu não a fitei. Continuava com o meu olhar fixado em meus próprios olhos através do reflexo do vidro da janela do quarto aonde Peter estava. O pobre garoto se contorcia e suava delirando em febre.

Percebendo que eu nada diria Claire Neveu falou com cuidado.

- O secretário de segurança nacional entrou em contato comigo. Parece que câmeras de segurança de um banco daqui de LA captaram uma forma estranha andando na calçada há pouco mais de uma hora. Não tinha forma de nenhum animal conhecido. Um dos nossos agentes que trabalha em Washington foi verificar e ficou apavorado por reconhecer um lobisomem. Agora o secretário quer marcar uma reunião com o senhor para que se explique o porquê de sempre falarmos que os lobisomens estão extintos quando a realidade é outra.

Assenti me segurando para não soltar um bufo revoltado.

- Eu assegurei para ele que nós todos estávamos tão surpresos quanto ele. Mas ele não acreditou muito em minhas palavras e disse que está chegando em LA amanhã de manhã.

Assenti novamente ainda sem olhá-la diretamente. Mas eu percebia através de seu reflexo no espelho a sua agitação. Meu silêncio estava deixando-a nervosa. Mas se eu abrisse a boca para falar qualquer coisa acabaria soltando besteiras.

Quando Ângelo se aproximou ao meu lado ela resolveu se retirar. Ele estava mais nervoso do que eu e logo se precipitou até os médicos que tentavam buscar alguma resposta.

- Como ele está?

- Lutando. Não sabemos o que fazer para abaixar a febre. Nenhum medicamento funciona, em nenhuma dosagem. Tudo o que podemos fazer é esperar e rezar para que os medicamentos comecem a agir.

- Parece que sua reza é forte. - disse de repente Claire.

Todos se voltaram para ela e então para a grande janela. Peter parara de se contorcer e a temperatura caiu cerca de 4 graus, porém ainda era alta.

- Finalmente. - suspirou um dos médicos.

- Os tios de Carter estão na cidade, não estão? Alguém já avisou a eles? - perguntou Ângelo.

- Malaky está fazendo isso agora.

- Parece que o temor de sua tia se confirmou.

Deixei-os conversando e fui até o banheiro. Joguei água em meu rosto tentando acalmar toda a merda que se passava em minha cabeça. Nunca em toda a minha vida eu tive tanta "sede" de sangue quanto estou agora. Nunca senti tanta vontade de destruir. Nem mesmo quando o psicopata do James atacava minha irmã. Sim eu queria destruí-lo, porém eu quero muito mais contra os Volturi. Quero que eles se fodam. Quero que pesam socorro para que recusar ajuda.

E esses pensamentos não deveriam habitar minha mente. Porra! Eu sou o rei de um povo e prometi governá-los sem derramamento de sangue. E agora aqui estou pensando em táticas de guerra contra vampiros. O pior de tudo isso é que sei que se eu propor um guerra contra os Volturi terei mais apoio do que posso esperar e não haverá pessoas sensatas que impeçam o absurdo de mais uma guerra.

Deus do céu tira essa raiva do meu corpo! Daqui algumas horas terei uma reunião com humanos e se eles começarem com a merda do interrogatório não sei se conseguirei me segurar.

- Posso ir com você. - ofereceu meu cunhado ao entrar no banheiro.

Provavelmente veio atrás de mim a pedido de Bella. Edward sorriu confirmando. Bufei.

- Ela está preocupada com você. Nunca te viu tão puto da cara.

Nem eu me vi assim.

- Eu vou com você na tal reunião com o secretário. Se quiser eu mesmo explico tudo a eles. Assim não precisa abrir a boca para xingá-los. - sorriu brilhante.

Revirei meus olhos rindo. Mas o riso saiu irônico por causa do meu mau humor.

É bom que vá mesmo. Espero que ainda esteja mais forte caso precise me segurar.

- Ainda estou um pouquinho mais forte que o Emm... Mas é melhor não tocar nesse assunto ou Bella vai querer que eu a morda. - isso é bem a cara da minha irmã mesmo. - Ah! Nati ligou. Parece que Bruninha finalmente dormiu, mas ela está preocupada. Precisa de você. Volte para o hotel, eu e Bella cuidaremos das coisas por aqui.

Assenti. Obrigado.

15 minutos depois eu estava deitado no sofá com a cabeça no colo de minha esposa que mexia em meus cabelos finalmente acalmando meu coração.

[...]

POV Bella

Bocejei cansada. Já passava das quatro da manhã e eu ainda não fora dormir. Meu sapato já estava jogado em um canto da delegacia e o paletó que descobrir ser de meu irmão estava me esquentando. Afinal eu ainda usava aquele vestido fino da apresentação.

- Escuta meu anjo, porque não vai para o hotel e descansa um pouco? - perguntou Edward após eu bocejar mais uma vez.

- Não quero. Vou ficar aqui contigo. Prometi ao meu irmão que cuidaria das coisas para que ele descansasse um pouco. - teimei.

- Não há muito o que fazer agora. Você já falou com os tios de Peter, lembra? Agora o que resta fazer é esperar que ele melhore.

Suspirei. Meu vampiro tinha razão quanto a isso.

A conversa com os tios do garoto foi complicada. Sugou tudo de mim. Dona Janeth estava praticamente histérica e bradava que nós tínhamos colocado um garoto em risco. Que nós éramos culpados por ter acontecido o que aconteceu. Não levei em consideração seus xingamentos, afinal ela estava nervosa e temia a vida de seu afilhado.

Não tentei me desculpar, pois sabia que os culpados de toda essa merda não estavam entre os lunares ou até mesmo entre os lobisomens e sim entre os Volturi. Então tentei ao máximo assegurá-la que faríamos de tudo para salvar Peter. E lhe falei do quanto nossa família gostava do garoto.

Quando mostrei a ela o quanto conhecia da personalidade de seu sobrinho, finalmente ela parou de me atacar e então começou a chorar desesperada me implorando para salvá-lo. Seu marido manteve-se quieto durante toda a discussão e apenas apoiou sua esposa a abraçando.

Edward contou que ele não falou nada, pois entende que não temos culpa e que Peter assumiu todas as responsabilidades e conseqüências de um soldado, que era como ele encarava a profissão do afilhado. Quer dizer, quando um soldado é ferido numa guerra ele não culpa o governo por isso, apenas se feriu defendendo o seu país. E no caso do garoto seu ferimento era ainda mais nobre, pois estava protegendo a futura monarca de todo um povo, o seu povo.

Com muita dificuldade conseguimos convencer o casal a voltar para o hotel. Mas assim que amanhecesse eles estariam de volta para saber novidades.

- Bella?

- Hã?

- Você está dormindo em pé. - riu Edward.

Respondi com um careta.

- Pode descansar em meu quarto princesa, não irei conseguir dormir mesmo. - ofereceu Natan, comandante da guarda de LA e também médico de lunares.

- Obrigada doutor, mas não será necessário. Acho que vou lá em cima tomar um ar.

- Teimosa. - cantarolou meu marido e eu lhe mandei a língua.

Os postos da guarda real muitas vezes funcionavam como alojamentos. Os agentes preferiam dormir nos quartos, pois muitos deles não possuem família ou então a mesma mora longe. Além do mais cada posto de comando era composto de no máximo 10 pessoas, ou seja, não é necessário um espaço muito grande.

Tentando espantar o sono subi para a delegacia dos humanos. Diferentemente da calmaria lá de baixo a madrugada para eles estava agitada. Vários telefones tocando com denuncia de crimes pela madrugada.

Mantive-me fora do caminho para não atrapalhar o trabalho. Mas minha idéia de subir para acordar funcionou. Enrolei-me melhor no paletó do meu irmão e me xinguei mentalmente por estar descalça naquele chão frio. Fui até uma máquina que vendia café, mas perdi meu tempo. Os bolsos do casaco estavam vazios. Fiz uma careta e pedi por pensamento que Edward me trouxesse alguns trocados, pois só agora percebi que estava morta de fome.

Ele riu ao me responder e disse que já chegava.

Enquanto o esperava a policial com quem conversei mais cedo sorriu para mim.

- Noite longa? - perguntou ela colocando uma moeda na máquina.

- Já tive noites mais tranqüilas. - respondi cansada. - Mas parece que as coisas estão agitadas por aqui também.

- Na verdade não muito. É que estamos com um caso grande de um serial killer. As vítimas são crianças. - disse ela com pesar, a exaustão marcando seus olhos.

Estremeci.

- Não sei como conseguem trabalhar com isso. São muito fortes. Acho que eu não teria estômago.

- Crimes que envolvem crianças são realmente pesados. Estamos com dificuldade, já que os lunares estão cuidando do caso da princesa. Acho que ficamos mal acostumados com a ajuda de poderes. - ela sorriu divertida.

- Se eu puder ajudar de alguma forma... - ofereci.

- Não quer ir pegar comida em algum lugar Bella? - perguntou Edward se aproximando com a carteira na mão.

- Não precisa eu como um salgadinho qualquer. - dei de ombros.

- Sabe que desse jeito não terá moral nenhuma com sua filha. - ergueu uma sobrancelha.

- É por esse motivo que você não falará nada para ela. - sorri brilhante.

- Você não tem jeito.

Edward me entregou uma nota e eu logo fui colocar na máquina.

- Estava esperando para comprar! Deveria ter me pedido. - disse a policial.

- Não tem problema. - sorri. - Então, estava me dizendo como posso ajudá-la.

- Bem, não sei se poderá fazer muita coisa. Estamos interrogando um suspeito, mas não conseguimos tirar nada dele. Já tentamos de todas as formas.

- Já tentaram ler sua mente? - perguntei e sorri para Edward que assentiu.

- Isso ajuda, mas não valerá em um julgamento. - disse ela empolgada.

- Mas se eu passar o que o suspeito está pensando vocês saberão exatamente como interrogá-lo e fazê-lo falar.

Seguimos a policial que descobri se chamar Olivia. Fui comendo meus salgadinhos e matando um pouco da minha fome. Entramos na ante-sala do interrogatório aonde tinha um grande vidro do qual enxergávamos o suspeito e o policial interrogando-o.

Edward rosnou ao meu lado.

- Essa é uma das mentes mais nojentas que já escutei em toda a minha vida. Se estavam em dúvida se foi ele que cometeu as atrocidades, não tenham mais. Foi ele. - afirmou.

Os outros dois homens que estavam na saleta assentiram cansados. A exaustão era evidente.

- Precisamos que ele confesse. Não posso chegar para um juiz e dizer que ele é culpado, pois um vampiro leu em sua mente a confissão. - disse o homem que deveria ser o promotor.

- Não precisará, ele é completamente perturbado. Se gaba de tudo o que fez e está adorando toda a atenção em cima dele. Pensa que está os enganando. Basta o oficial lhe dizer que encontraram outro suspeito e que ele não teria capacidade para matar as crianças.

E assim foi feito. O homem ao ver que perdeu o controle da situação acabou confessando tudo. E como se não bastasse Edward conseguiu ler em sua mente sobre outra criança que ele botara em cativeiro poucas horas antes de ser preso. Graças às informações que meu marido passou a policia conseguiu chegar até a criança e levá-la novamente aos seus pais.

- Foi por causa deste tipo de mente que eu passei quase 10 anos bebendo sangue humano. - comentou meu marido recostado em uma das escrivaninhas com os braços cruzados no peito enquanto observava o homem ser lavado.

- É uma pena que tenha parado. - comentou um dos policiais do caso.

Olivia estava certa o agito da delegacia estava grande por causa deste caso, pois assim que tudo foi solucionado as coisas se acalmaram. Essa policial foi extremamente doce comigo e até mesmo me emprestou uma roupa. Ficou um tanto grande, mas não me importei. Eu agradeci muito seu ato, pois estava morrendo de frio com aquele vestido.

Porém nosso pequeno momento de paz foi interrompido pelo noticiário da madrugada. Ao que tudo indica a câmera do banco não foi a única a filmar o lobisomem. Mais 15 vídeos já estavam online na internet. E as imagens estavam bem mais claras. Agora a questão era: O lobisomem filmado pelas diversas câmeras era o mesmo que atacou minha sobrinha ou eram outros?

A polícia ajudou a marcar os locais das filmagens em um mapa. E chegamos a conclusão que deveria ser o mesmo, já que os horários e locais formavam um caminho.

- Meu irmão não ficará nada feliz com isso. - murmurei.

- E quem fica? - retrucou Edward. - Ele não está muito longe daqui. Acho que vou caçar.

- Nem fodendo! - rugi expondo meus dentes em sua direção.

Meu vampiro arregalou um pouco os olhos assim como os policiais. Mas pouco me importei.

- Você não sai daqui. - sibilei.

- Bella pensa bem, é a maneira mais fácil de acabar com isso.

- Não Edward. É a maneira mais fácil de você ser morto.

- Eu não vou morrer. - revirou seus olhos.

- Não? Quem garante? Esse lobisomem matou nessa noite dois vampiros. E não foram dois vampiros quaisquer. Foram dois vampiros Volturi. E você sabe muito bem que eles pertenciam ao esquadrão de elite de Aro. E como se isso não fosse suficiente esse lobisomem mordeu Peter que é o melhor agente da guarda, que tem seus poderes comparados aos do meu irmão quando ainda era príncipe. E agora você me diz que quer caçar o filho da lua sozinho?! Que vantagem você tem que os outros não tinham? - talvez eu estivesse um pouquinho histérica.

- Eu sou rápido. - arriscou ele encolhendo seus ombros.

Estreitei meus olhos.

- Não me faça ter que amarrá-lo.

- Ok Bella, fica calma. - pediu Edward notando as lágrimas se acumulando em meus olhos.

- Ficarei calma quando você não pretender me deixar viúva e sua filha órfã. - murmurei engolindo o choro.

Agora não era hora para isso.

- Em todo caso dentro de poucos minutos a lua se põe e então nós poderemos rastreá-lo sem perigo.

- Podemos ajudá-los. - ofereceu o chefe da delegacia.

- Agradeço a boa vontade. Eu só gostaria que nos avisassem se houver algum humano ferido ou mordido. Eu realmente não sei o efeito que o veneno pode ter em vocês. Só espero que não seja nada parecido com o efeito que dá nos vampiros.

- Qual o efeito nos vampiros? - perguntou Olivia.

- É fatal.

[...]

POV Nati

Acordei meio torta por ter dormido sentada. Daniel ainda estava deitado sobre minhas pernas e Bruna encolhida ao meu lado. Avistei o relógio e constatei que passavam das 7hrs da manhã. A reunião que meu marido precisava ir começaria as 08h00min.

Comecei a acariciar seus cabelos me sentindo mal por ter de acordá-lo.

- Amor? - chamei. - Dan?

Ele suspirou sem abrir os olhos.

- Pensei que os problemas fossem pesadelos. - resmungou ele erguendo-se e sentando na beirada da cama e de costas para mim.

Apoiou seus cotovelos em suas penas e a cabeça em suas mãos.

- Dan... - murmurei abraçando-o por trás. - Vamos superar isso, você vai ver.

Meu marido suspirou novamente e me puxou para sentar em seu colo. Seus braços me envolveram em um abraço apertado enquanto seu rosto escondia-se na curvatura do meu pescoço.

- Reis poderiam tirar férias não acha? - perguntou cansado.

Tive que rir de suas palavras.

- Sim poderiam.

Ficamos em silêncio por mais alguns minutos apenas escutando o leve ressonar de Bruna.

Ela estava exausta por ontem à noite. A pobrezinha se sentia péssima pelo que acontecera a Peter, mas seu medo de perdê-lo a machucava ainda mais. Doía de mais vê-la nesse estado e nem quero imaginar o que será dela se algo de muito grave acontecer ao garoto. Tenho certeza que isso também está angustiando meu marido.

- Sim, também está me angustiando, minha esposa. - disse Dan um tanto risonho.

- Droga! Acho que nunca vou aprender a controlar isso. - murmurei emburrada.

Daniel afastou seu rosto do meu pescoço para me fitar nos olhos. Um leve sorriso estava em seus lábios.

- Faz diferença você controlar ou não? - perguntou.

Dei de ombros.

- Eu não escondo nada de você mesmo. Mas existem pensamentos vergonhosos sabe?

- Como as músicas mentais e os planos absurdos contra os paparazzi? - perguntou retoricamente e eu gemi envergonhada escondendo meu rosto em seu peito.

Ele riu com gosto fazendo meu corpo tremer sobre o seu.

- Shii, vai acordar Bruna. - reclamei mais envergonhada do que realmente preocupada em acordar nossa filha.

- Ok meu bem, mas saiba que eu gosto de escutar seus pensamentos insanos. Eles me lembram do porque me encantei com você.

- Se encantou por mim por me achar louca? Lembre-me de nunca deixá-lo visitar um sanatório. - disse ranzinza fazendo-o rir novamente.

Dan segurou meu rosto entre suas mãos e me beijou lentamente. Nossas respirações calmas enquanto nossas bocas dançavam. Suspirei me afastando.

- Você tem que ir, senão chegará atrasado.

- Eu sei. - murmurou retornando a feição cansada, mas sua expressão estava bem mais leve. - Eu me sinto mais leve.

- Argh!

Ele riu e beijou meus lábios rapidamente.

- Edward me mandou uma mensagem mais cedo. Disse que assim que a lua desapareceu do céu eles foram rastrear o lobisomem. Parece que Bella e ele fizeram amizade com os policiais e agora estão ajudando também. Estão indo em todos os lugares que o filho da lua foi visto verificar se ele havia ferido alguém. - explicou enquanto se levantava e trocava de roupa.

- Espero que não tenha atacado mais ninguém se não as coisas ficarão realmente feias.

- Não para nós. Os humanos sabem muito bem que estávamos tão na ignorância quanto eles.

- A questão é: Eles vão acreditar em nós?

- Nós nunca mentimos para eles, e convenhamos, nós os ajudamos muito.

Suspirei concordando, mas nós dois sabíamos como essa conversa com o secretário de segurança seria difícil.

- O que fará em relação a Aro? - perguntei.

- Sinceramente? Não quero pensar nisso. Tenho medo da minha reação ao encontrá-lo.

- Temos um prisioneiro Volturi, não temos?

- Pois é. Malaky conseguiu derrubar o vampiro e levá-lo até a sede da guarda de LA. Ele sente-se meio culpado quanto a isso. Disse que deveria ter deixado o vampiro no chão e ido ajudar Peter, talvez assim ele não teria se machucado.

- Talvez, porém não teríamos como provar o ataque contra Bruna.

- Exato. Malaky agiu certo. Ele não poderia imaginar que haveria um lobisomem a espreita. Além do mais, sabia muito bem que Peter era capaz de derrubar dois vampiros. Bruna o ajudaria, tenho certeza.

Assenti concordando.

- Eu tenho que ir meu amor. - disse após terminar de vestir sua camisa social.

Fui até ele e ajeitei sua gola.

- Assim que Bruna acordar eu vou levá-la até a sede de LA. Tenho certeza que ela vai querer ficar ao lado de Peter. - Dan fez uma careta, ele sabia que Bruna estava apaixonada pelo garoto. - Você não fará nada para atrapalhá-los né? Que nem fazia com sua irmã.

Meu marido sorriu matreiro.

- Daniel! - estreitei meus olhos e ele alargou seu sorriso.

- Não se preocupe com isso agora, eles nem sabem o que sentem um pelo outro. - beijou a ponta do meu nariz. - Tenho mesmo que ir.

- Ok. Boa sorte.

- É, eu vou precisar. - murmurou se aproximando de Bruna e beijando-lhe a testa. - Tchau, amo vocês.

Dan então desapareceu de vista correndo para o encontro.

Deixei Bruna quietinha e fui tomar uma ducha rápida. Minha pequena estava tão cansada que nem acordou com minha conversa com seu pai. Assim que saí do banheiro fui até a sala e pedi um café da manhã na recepção. Eles não demoraram a trazer. Percebi que o homem que trouxera o carinho com a comida tinha um olhar hesitante como se lutasse internamente.

- Quer me perguntar algo? - pergunte suavemente.

Ele mordeu os lábios nervosamente.

- Pode falar, eu não mordo. - brinquei e ele riu ainda mais nervoso.

- É verdade? Que a princesa foi atacada? - ok, de todas as coisas que ele poderia perguntar essa era a menos provável.

Suspirei.

- Sim, é verdade. Mas graças a Deus ela não se machucou.

- Er, de quem era o sangue? - perguntou ainda mais hesitante.

Agora entendo sua pergunta. O fato era que entramos pelos fundos do hotel. Algum funcionário deve ter visto Bruna em prantos e completamente ensangüentada.

- O sangue era de um agente da guarda real. Ele acabou se ferindo para protegê-la. - o homem pareceu se aliviar, mas seus olhos ainda estavam preocupados.

Franzi minha testa em dúvida.

- Porque das perguntas?

- Er, é que bem... Um dos seguranças noturnos saiu ontem de madrugada para lanchar e não voltou mais. Hoje de manhã ligaram de um hospital dizendo que ele foi encontrado desacordado com uma mordida de animal na perna. - segurei minha respiração.

- Pode me dizer o nome do hospital em que seu amigo foi internado? - pedi. - Acho que ele foi atacado por um lobisomem. E se foi ele tem muita sorte de estar vivo.

Ele me passou o nome do hospital e o nome completo da vítima. Estava meio assustado com o que eu lhe contei, mas garanti que já estávamos no encalce do lobo.

Bruna acordou logo depois que o homem saiu. Enquanto ela silenciosamente tomava café eu liguei para o hospital em busca de informações, mas foi uma ligação inútil já que como eu não era parente e não acreditavam que eu era a rainha do povo da Lua não me passaram nenhuma informação.

- Mãe, nós vamos para a delegacia não é? – perguntou ela.

- Sim. Vou te deixar lá e depois vou para esse hospital atrás de informações. O dia será agitado pequena.

Bruninha assentiu tristemente.

POV Bruna

Segui para a delegacia com mamãe. Não gravei o caminho, estava completamente zonza com tudo o que aconteceu. Todos dizem que a culpa não foi minha do que aconteceu com Peter, mas então o que é esse aperto no peito que sinto quando penso em tudo o que ele fez por mim? Porque sinto tanto medo do destino de sua vida?

Minha corrida foi parada quando mamãe parou a minha frente. Acabei trombando com ela, mas ela estava tão tensa que nem saiu do lugar.

- O que houve agora? – perguntei.

Ela se manteve em silencio. Olhei na direção em que mamãe olhava e avistei a multidão de repórteres em frente a delegacia. Droga! Isso lá é hora?! Mas então um homem muito alto de pele morena, um pouco mais clara que a pele de Jake, veio em nossa direção. Ele tinha um olhar desesperado e cansado, suas roupas estavam maltrapilhas e parecia que ele tinha levado uma surra. Seu cheiro também era diferente de qualquer ser que eu já tivesse cheirado.

Os repórteres vinham quase correndo em nossa direção, mas pararam quando o homem jogou-se aos nossos pés.

- Mas que... – mamãe começou, mas parou quando escutou os soluços do homem.

- Perdão! Perdão! Por favor, perdão! – implorava.

Olhei para mamãe assustada, mas ela estava tão confusa quanto eu.

- Perdão princesa! Eu não conseguia controlar! Mas eu sabia disso, a culpa foi minha, fui imprudente! Perdão por tê-la machucado! – sua linguagem era antiga.

- Você é o lobisomem? – perguntou mamãe espantada.

O homem chorou ainda mais.

- Não foi a mim que mordeu. – disse com a voz esganiçada.

Vê-lo chorar me dava vontade de chorar também. Abaixei-me para ficar de sua altura.

- Qual é o seu nome? – perguntei tentando acalmá-lo.

Finalmente ele ergueu o rosto para nós. Mas agora lágrimas não escorriam mais de seu rosto, porém sua expressão era apavorada.

- Quem eu mordi? – sussurrou.

- Meu amigo Peter. – respondi com medo pela sua reação.

- Por favor, diga-me que ele é humano. – pediu a voz ainda mais sombria.

Senti meus olhos enxerem-se d’água. Voltei meu olhar para a minha mãe que acabara de avisar tia Bella que o lobisomem estava na frente da delegacia.

- Qual é o efeito do veneno em humanos? – perguntou ela de maneira firme abaixando-se ao meu lado.

- A mordida em si machuca mais que o veneno. Não faz nada além de coçar bastante durante a cicatrização. – respondeu automaticamente, seus olhos percebendo o meu pavor. – Seu amigo não é humano é? – respondi sem palavras apenas negando com a cabeça. – Oh Deus! Eu não posso tê-lo condenado a isso também! – voltou a chorar.

- Mãe... – murmurei temerosa lágrimas já escorrendo em meu rosto. – O que vai acontecer com Peter?

- Qual é o efeito em um lunar? – perguntou secamente.

O lobo apenas chorou.

- Fale lobo! Qual é o efeito? – a autoridade imperou em sua voz e como o chamado de um alfa o homem obrigou-se a responder, mesmo que entre soluços.

- O veneno causa confusão mental. Delírio. Febre. Aumenta a força e a velocidade.  

- Mata? – mamãe foi direta.

Engoli em seco esperando a resposta.

- Não mata. Mas muito pior do que morrer é se transformar em um assassino. É isso que o veneno faz, nos transforma em assassinos durante toda lua cheia. E quando acabamos de ser mordidos não precisamos da luz da lua para nos vermos insanos.

- Então Pete está se transformando em um lobisomem? – perguntei em um sussurro.

- Assim que ele matar sua primeira vítima estará condenado.

- E se ele não matar? – foi minha tia quem perguntou.

Ela tinha acabado de chegar.

- Não sei. Nunca nenhum lunar mordido na Terra fora capaz de não matar. – respondeu desolado.

- Bem... Parece que esses lunares não possuíam amigos ou família. Não permitiremos que Peter mate qualquer um. – disse mamãe firme.

Assenti concordando e me levantando para ir para dentro da delegacia, mas percebi um homem lunar correr até nós e dizer.

- Carter sumiu.

Senti minha espinha gelar.

- Temos que achá-lo! – disse já tentando farejar seu rastro.

Mamãe e tia Bella assentiram, mas não correram.

- Bruna vá com Malaky atrás de Peter, eu e sua tia vamos avisar seu pai. Os outros vão se dividir para ajudar vocês dois.

Dividimos-nos em três grupos. Tia Bella e mamãe foram voando para falar com papai. Eu me juntei com mais dois lunares que trabalhavam na delegacia dos humanos e seguimos para um rastro. Malaky se juntou com outro lunar e seguiu para o hotel verificar se os extintos fizeram com que Peter voltasse para sua família.  

Quatro lunares se mantiveram na sede da guarda juntamente com o lobisomem que iria passar a eles todas as informações que sabia sobre o inicio da transformação. Esses lunares manteriam o contato conosco para nos ajudar de qualquer forma.

Então eu corri. Corri como nunca farejando o rastro daquele que me protegeu com a própria vida.

POV Ângelo

O rei me pediu para acompanhá-lo na reunião com o secretário de segurança. Afinal eu era o chefe da guarda real. Meu cargo era equivalente ao do humano. Apesar de me sentir mal em deixar o garoto naquela maca eu segui a ordem de meu rei.

Eu sempre seguiria as ordens de rei Daniel de olhos fechados, pois sinto nele, assim como sentia em seu pai, o caráter dos justos. Ele era sem sombra de dúvidas um homem justo. Talvez um pouco temperamental em relação a sua família, mas isso só demonstra o imenso amor que ele sente por seus entes queridos. E esse amor acaba nos atingindo também. A atual família real é a geração mais querida entre os lunares mais antigos. Nós amamos essa família e somos capazes de tudo para que continuem nos governando.

Porém apesar de vivermos a geração da justiça vivemos também a geração dos problemas. Parece efeito dominó. Um problema puxa o outro. Não é a toa o visível cansaço de nossos patriarcas. Fico me perguntando quando tudo isso vai acabar. Quando poderemos viver nossas vidas em paz sem ter que nos preocupar se seremos atacados por algum inimigo ou então por humanos revoltados com a nossa presença em seu planeta.

O fato é que as coisas estariam melhores se toda aquela maldita guerra na Lua não tivesse ocorrido. Hoje ainda estaríamos vivendo tranquilamente em nosso astro, talvez rei Arthur e rainha Anita ainda estivessem no poder. Seus filhos viveriam sua juventude sem a pressão das responsabilidades. E suas netas não estariam em constante perigo.

Princesa Bruna quase foi mordida por um lobisomem! Se não fosse pelo garoto Carter eu nem sei o que seria da família real. Rei Daniel com certeza entraria em colapso. Estaríamos em uma crise muito pior do que a que vivemos agora.

Porém apesar de estar orgulhoso por Peter ter feito que o que fez eu me sinto com raiva por ele ter feito. Amo aquele garoto como se fosse meu filho. E a raiva que sinto é o resultado do meu medo pelo destino de sua vida. Quando o trouxe para guarda achei que ele não duraria sequer um mês e aí está ele a quase 6 meses sem que ninguém duvide de sua capacidade. O respeito que os agentes da guarda tem por ele é de se invejar. O garoto conseguiu o respeito que eu consegui em anos em apenas meses. E sem se esforçar para isso. Ele apenas batalha para fazer o que é certo, sem ambições ou maldades. Não tripudia em suas vitórias e nem humilha seus oponentes. Tem o coração mais nobre que já vi.

E agora temo por sua vida. Ninguém sabe ao certo o que o veneno será capaz de fazer a ele. Na pior das hipóteses o matará.

- Descobriremos uma cura. – disse Edward seriamente sem deixar de correr ao nosso lado.

Ele veio junto também a pedido do rei. Ficaria como do lado de fora apenas acompanhando os pensamentos e as conversas do lado de dentro.

Suspirei cansado.

- Assim espero.

Não demoramos a chegar. Nos deparamos com a imprensa humana em peso do lado de fora. Percebi o vampiro ao meu lado fazer uma careta para tamanha confusão. O rei Daniel ainda não havia dito uma sequer palavra desde que nos encontramos para conversar com o secretário que agora estava se fazendo de corajoso enquanto dava sua declaração.

- Eles não podem falar uma coisa e depois desmentir! Nos disseram que lobisomens estavam extintos e agora um deles aparece em nossas câmeras de vigilância. Confiamos em sua boa fé. Acreditamos em suas palavras. Queremos saber se fomos muito ingênuos em não inquiri-los logo que se fizeram vistos... – suas palavras foram morrendo em sua boca quando nos avistou.

- Não acha que deveria abrir o jogo com a população secretário? Nunca confiaram em nós. Não é a toa que o governo trabalha em uma tecnologia que possa nos parar se necessário. Sabe muito bem que se quiséssemos poderíamos ter acabado com isso há muito tempo. Mas não o fizemos! Pelo simples motivo que não temos pretextos! Só queremos viver em paz! Se soubéssemos que ainda existiam lobisomens vocês teriam sido avisados. Fomos pegos de surpresa tanto quanto vocês! – era Claire Neveu.

Definitivamente ela estava na profissão errada. Deveria ser advogada. Pois defendes suas opiniões com extrema paixão.

- Ora Neveu! Quer nos convencer que seu rei não sabia de nada?! – debochou um dos repórteres.

- Se nosso rei soubesse de alguma coisa acham mesmo que ele permitiria que um dos nossos fosse ferido pelo lobisomem? – retruquei entrando na discussão.

- Um humano também foi ferido! – berrou uma mulher do meio das pessoas que acompanhavam a confusão.

- O veneno de lobisomem não causa nada além de coceira nos humanos. Para minha espécie é fatal. Para os lunares é pior que a morte, é uma maldição. – proferiu Edward de repente seus olhos estavam fora de foco então ele disse para o rei. – O cachorro se entregou parece que ele não tinha controle do corpo enquanto transformado, mas assim que viu as notícias teve consciência do que fez.

Os humanos ficaram em silêncio após o vampiro falar. Não esperavam tal informação. Na verdade nem eu.

- Bella acaba de me avisar. Estão resolvendo as coisas com o lobo. – explicou e então rosnou olhando para o lado.

Três figuras corriam em nossa direção. A mais pura arrogância estampadas em suas faces e antes que eu pudesse pensar em algo rei Daniel segurava Aro pelo pescoço.

- Me dá um bom motivo para não te matar agora. – sua voz saiu mansa e completamente perigosa.

Os dois guardas ao seu lado ameaçaram lutar, mas o vampiro ergueu a mão para pará-los. Aro não parecia abalado por estar pendurado pelo pescoço. Em seus olhos existia uma raiva contida.

- Não há motivos para violência meu rei. – disse ele entre dentes.

POV Daniel

Rugi sentindo meu corpo tremer de raiva. Joguei Aro contra a escadaria do prédio onde seria a reunião com o secretário. Eu não tinha me esquecido dos humanos logo atrás, mas eu estava tão puto da cara que não me importei com a opinião deles.

Esse vampiro de merda metido a patriarca está precisando de uma lição.

- Não há motivos?! – repeti furioso. – Você manda sua guarda para matar minha filha e não há motivos para violência?!

- Não sei do que o senhor está falando. – respondeu de mal grado massageando o pescoço e se levantando.

A escadaria de cimento virou um buraco cheio de pedras.

- É claro que não sabe. – sorri sem humor. – Você nunca sabe não é Aro? Sempre não fui eu. Não sei do que está falando. Eu achei que isso era o melhor... Eu fico me perguntando quando você vai virar homem e assumir o que realmente quer! Deixar de ser esse covarde de merda e enfrentar quem tem que enfrentar! Você é desprezível Aro! Quer me atingir matando minha filha e para isso manda seus capangas. Nem coragem para fazer por si só você tem. – olhei seriamente para o vampiro, minha raiva crescia a cada instante que eu imaginava o que poderia ter acontecido com Bruna. – Covarde! – rugi minhas mãos esquentando.

Aro mantinha-se em silêncio apenas me olhando sem expressão. Os outros dois vampiros que o acompanhava também se mantinham em silêncio, porém eu via o medo em seus olhos rubis.  

Mas o líder dos vampiros tinha que se mostrar corajoso perante as câmeras, não percebia que agia como um tolo.

- Suas acusações são infundadas. Está sendo injusto majestade.

Tive vontade de rir. Aro é ridículo.

- Injusto Aro? Vamos ver se eu estou sendo injusto quando lhe mostrar o vampiro que estava atrás de minha filha e foi capturado pela minha guarda. Quando ele falar na sua frente quem o ordenou atentar contra Bruna quero ver se finalmente assumirá uma postura de líder e admitirá suas verdadeiras intenções.

O vampiro sorriu assumindo sua habitual postura debochada. De certo pensou que já estava fora de perigo.

- Ora rei Daniel, esse vampiro deveria estar caçando... Não existe um culpado, afinal o sangue de vossa família é... – lambeu os lábios. – De dar água na boca.

Filho da puta do caralho! Estava me provocando!

Avancei furioso.

- Para Dan! – a voz de minha irmã soou as minhas costas.

Olhei feio para ela parando o meu ataque.

- Não arreganhe esses dentes para mim! – implicou séria recolhendo suas asas. – Temos problemas maiores que esse.

- Manda maninha, meu dia já está uma merda mesmo. – dei de ombros recolhendo minhas presas.

Já estava satisfeito por Aro ter se encolhido de medo.

POV Edward

Bella me passou rapidamente por pensamento como estava a situação. E não estava nada bonita. Pelo menos Daniel estava mais relaxado após extravasar sua raiva em Aro.

- O que há de errado agora? – perguntou meu cunhado a esposa que ainda não havia proferido nenhuma palavra.

Nati estava nervosa com a situação de Peter. Se caso se concretizasse sua transformação o futuro estaria completamente virado. Ela passou rapidamente o que estava acontecendo para Daniel.

A mente angustiada de Ângelo me chamou a atenção e eu tratei de explicar o que estava acontecendo.

- Peter sumiu. – o chefe perdeu a cor do rosto. – Se ele matar alguém vai virar um lobisomem.

Sua mente ficou vaga por alguns segundos. Seu coração perdeu uma batida.

- Calma meu amigo, vamos achá-lo. – disse meu cunhado percebendo o estado de Ângelo.

Chefe Jackson tinha o garoto como filho e temia mais do que todos pela vida de Peter.

- ABAIXA! – gritou minha esposa despertando a todos do momento atônito.

Um carro girava no ar e vinha em nossa direção. Minha princesa parou a ferragem no ar e o colocou com cuidado longe de qualquer um.

Quem atirara o automóvel estava há mais de 100 metros de nós. Sua figura tinha uma postura selvagem, meio arqueada com as mãos em forma de garra. Seu rosnar era misturado com a respiração ofegante. Seus cabelos estavam bagunçados e sua boca arreganhada mostrando as presas. Seus olhos estavam irreconhecíveis. O branco do olho mal aparecia, toda sua íris tomava o espaço. Suas pupilas estavam enormes.

Concentrei-me em sua mente, mas nada existia lá. Parecia que eu estava lendo a mente de um animal selvagem qualquer. Tudo o que se passava em sua cabeça eram imagens de sua visão. Porém tudo parecia intenso de uma maneira diferente. Meio borrado, as cores se intensificavam de um jeito estranho. Seus olhos corriam rápidos de um lado à outro, porém a imagem em sua mente era lenta.

Sua visão parecia a de vampiros quando estão correndo.

Peter começou a andar em nossa direção de maneira lenta. Seu foco estava em Daniel, agora eu não conseguia entender o porquê disso. Se pelo menos ele estivesse raciocinando...

Então seu andar virou corrida furiosa. Nos preparamos para segurá-lo. Não queríamos machucá-lo, porém o pobre garoto estava visivelmente fora de controle.

Antes que ele chegasse a metade do caminho um corpo se chocou com o dele. Era Malaky.

Malaky caiu juntamente com Peter, porém acabou sendo jogado longe com uma força impressionante. O agente chegou a ficar inconsciente por alguns segundos. Logo foi ajudado pelos outros dois agentes que estavam com ele.

Aquilo nos assustou. O garoto Carter estava completamente fora de controle e estava usando toda a força que possuía e a mesma não era pouca.

- Não dá para lutar com ele sem dar tudo o que temos. – murmurou minha esposa.

- Sabe que não podemos arriscar matá-lo. Há muito mais em jogo do que somente sua vida. – retrucou meu cunhado.

- Eu já suspeitava disso. – Bella suspirou. - Mas se não o segurarmos com tudo o que temos, quem vai acabar morrendo somos nós e o futuro vai tomar um caminho nunca antes visto.

- Acho melhor vocês discutirem o futuro mais tarde. – avisei já que o garoto vinha novamente em nossa direção.

- Nati! – chamou minha esposa.

As duas trocaram um olhar e assentiram.

Voltei meu olhar para Peter e ele estava paralisado como se uma grande força o segurasse. Então era isso que as duas estavam planejando.

- Ah! Eu não vou agüentar por muito tempo. – olhei assustado para Bella.

Acho que era a primeira vez que a via no seu limite de força. Nati tinha a mesma expressão que minha esposa. As duas caíram de joelhos com os braços esticados a frente.

- Isso é impossível. – assustou-se Ângelo vendo as duas em seus últimos esforços para segurar Peter sem machucá-lo.

- Parem. Soltem-no, não há outro jeito, eu vou segurá-lo. – Daniel arregaçou suas mangas se preparando para correr.

Bella gemeu ao parar de forçar. Sua respiração estava ofegante e eu a ajudei a se levantar. Mas algo estava errado, pois Carter ainda não se mexia.

- Pare Nati, vai ficar esgotada! – a rainha ainda o segurava.

Um filete de sangue começou a escorrer de seu nariz com o esforço mental que fazia.

- Majestade! – preocupo-se o chefe Jackson e então correu ajudá-la quando ela berrou.

- Vai Dan! Agora!

A velocidade que Daniel chegou a Peter foi impressionante até mesmo para mim. O choque entre os dois corpos foi surpreendentemente forte. O chão chegou a tremer e o som alto como se fosse uma explosão ecoou fazendo várias pessoas gritarem assustadas.

Eu não conseguia entender como Daniel podia usar toda a sua força com o garoto Carter. Tudo bem que ele estava mais forte e mais rápido por causa da mordida do lobisomem. Porém, mesmo assim... Ele era apenas um garoto lunar normal, não era? Seus pensamentos nobres deixam completamente fora de questão uma suspeita como tomar sangue humano, como foi no caso de James. É um completo absurdo pensar algo parecido.

Mas acho que o que mais surpreendia mesmo era o poder de Peter. Daniel estava visivelmente tendo muitos problemas em segurá-lo. Bella e Nati mal o seguraram por mais de um minuto. Era simplesmente... Incrível.

O garoto estava lutando de uma maneira selvagem e sem qualquer estratégia. Creio que isso se deve ao fato de ele estar completamente tomado pelo seu extinto animal.

"Porque não o apaga de uma vez? Porque está brincando?" - a voz mental de Nati me chamou a atenção.

Ela alertava o marido que ao contrario do infectado usava todas as estratégias possíveis para afastá-lo das pessoas e preservar sua vida.

Meu cunhado não a respondeu. Sua mente estava relaxada. Sua concentração focada completamente em não machucar o garoto e ao mesmo tempo mantê-lo longe de qualquer ser vivo, pois com certeza Peter estava completamente capacitado a completar o ato.

A preocupação do rei estava tão em proteger os outros que ele esqueceu-se de proteger a si mesmo e de repente Daniel estava voando em nossa direção e caindo de costas no chão.

- Au. - gemeu ofegante olhando para nós.

- Pare de brincar! - brigou minha esposa.

- Não estou brincando maninha. Estou tentando cansá-lo. Mas parece que esse veneno está lhe dando uma boa disposição. - Daniel sorriu.

Ergui uma sobrancelha.

- Seu humor melhorou. - constatei e seu sorriso alargou.

- Quando o garoto estiver livre da maldição eu com certeza quero lutar com ele como se deve.

- Sério que você está pensando nisso agora? - Nati falou descrente.

Daniel deu de ombros.

- Parece que seu plano está dando certo majestade. Peter está ofegante, mas logo se recuperará para o segundo round. - percebeu Ângelo, seu tom de voz demonstrava a esperança que sentia que as coisas acabariam bem.

Lunares cercavam Peter a metros de distância. Humanos curiosos mantinham ainda mais longe. Os mais próximos da luta eram aqueles que acompanhavam o secretário de segurança. O engraçado era que eles estavam sempre falando barbaridades dos lunares, mas quando as coisas esquentavam eles se mantinham atrás da família real para se proteger.

Os Volturi observavam a tudo com curiosidade. Aro com muita curiosidade, principalmente pelo fato da força de Peter e da luta ser tão párea com o rei Daniel.

A rua estava fechada pelos policiais e um grande congestionamento se formava. Percebi bem lá ao fundo da rua Bruna pousando juntamente com mais dois lunares. Percebi Dan e Nati ficarem tensos, algo lhes dizia que sua filha estava sob forte perigo.

Ela começou a andar em direção a Peter que mantinha sua postura agachada observando todos os lados, completamente defensivo.

- Não, não, não... - começou a murmurar meu cunhado já prevendo o que a filha faria.

- Bruna! Mantenha-se longe! - gritou Nati com a potência de autoridade de rainha e de mãe.

A pequena estremeceu com a ordem, mas não deu ouvidos e continuou. 

- Majestade! - Malaky correu até a princesa.

POV Bruna

Assim que Malaky se aproximou eu parei de andar. Fiquei um tanto horrorizada com o sangue seco grudado em seus cabelos, rosto e braço.

- Foi Peter que me fez isso. - disse ele percebendo que eu olhava demais para o sangue em suas roupas.

Apesar de assustada com suas palavras me mantive determinada. Eu faria Pete voltar a si. Algo me dizia que eu conseguiria o fazer.

- Não tente me segurar, Malaky. - sussurrei na defensiva.

- Não vou segurá-la. - respondeu seriamente.

Suas palavras me surpreenderam.

- Vejo que está determinada a fazê-lo acordar, mas não deixe que a sua fé a coloque em perigo.

Assenti entendendo suas palavras. Se Pete machucou seu amigo, ele também poderia me machucar.

Estávamos seguindo o rastro de Pete quando escutamos o grande estrondo e vimos em seguida, na televisão de uma loja, o que estava acontecendo.

Eu falei pelo celular com o lobisomem, já que mamãe e papai não atendiam ao telefone, muito menos tia Bella. Assim ficava difícil né? Então ele falou comigo enquanto eu me direcionava, juntamente com os dois lunares, para o lugar onde a luta ocorria.

Contou-me que o veneno dominava a mente e apagava qualquer resquício de razão. Era como se estivesse em coma, porém o corpo continua a agir sem consentimento. Depois que a transformação é completa tudo piora, pois é a consciência toma seu lugar por fragmentos de segundos e mesmo assim não consegue controlar o corpo. Então tem-se pequenos flashes da realidade, como um sonho, ou pesadelo, mal montado. Quando a lua desaparece do céu esses fragmentos aparecem como memórias e a dor da culpa leva a vontade do suicídio.

Eu já estava dispostas a impedir que Peter se transformasse antes de saber isto, mas depois que o lobisomem me contou minha disposição só aumentou com o pavor da idéia de meu amigo ter que passar por tamanha maldição. Tudo o que passava em minha cabeça era protegê-lo dele mesmo.

Ele sempre é tão certinho, sempre seguindo as regras... Se começar a matar e não conseguir se controlar, tenho certeza que cometerá uma loucura contra a própria vida. E isso eu não vou permitir! Então minha mãe pode ordenar o quanto quiser para eu me afastar que eu não irei fazer! 

Ignorei os rosados de meu pai e as ordens de minha mãe e segui em direção ao meu amigo.

POV Edward

O rei e a rainha estavam loucos de preocupação.

- Parem os dois. Deixem Bruna tentar. - olhamos descrentes para a minha esposa. - Nós três já tentamos segurá-lo e não conseguimos, vamos dar essa chance para Bruninha. Ela precisa disso.

- É loucura. - murmurou Daniel, mas ponderou o que a irmã lhe disse. - Bruna não vai conseguir ganhar uma luta corpo a corpo contra Carter.

- Ela não vai deixar chegar a isso, basta olhar sua postura. - disse Bella em tom óbvio.

- Eu ficarei concentrado na mente de Peter, se algo acontecer eu aviso. Porém se continuar em branco...

- Eu tirarei ela de lá. - completou minha princesa sorrindo para mim.

Retribuí e voltei meu olhar ao garoto, concentrando-me somente em sua mente vazia.

Assim que Bruna aproximou-se mais Carter virou-se em sua direção e rosnou. A pequena rosnou de volta expondo seus dentes. Foi um sinal de afronta e o garoto a atacou.

Bruna surpreendeu a todos quando utilizou-se da melhor defesa de todas... O ataque.

Agachou-se rapidamente e espalmou suas mãos no asfalto. Quando ele estava a quase 5 metros da princesa, uma grossa raiz de árvore cresceu quebrando o asfalto e se amarrando nas pernas de Peter que caiu no chão.

- Ok, vamos dar uma chance a Bruninha. - disse Daniel em tom orgulhoso.

- Continua sendo loucura. - murmurou Nati preocupada.

Peter ergueu parte do tronco sacudindo a cabeça se recuperando do baque.

- Vamos Pete, eu sei que você está ai dentro. - disse a pequena andando a volta do garoto ao chão.

Ângelo me fitou perguntando em pensamento se algo havia ocorrido. Apenas neguei.

Bruninha não perdeu as esperanças com a primeira tentativa falha.

- Bruna! Não tente uma luta direta, seu pai não foi capaz de detê-lo! - gritou minha esposa.

Minha sobrinha pareceu surpresa com o fato e correu afastando-se quando o garoto tentou atacá-la novamente. Bruna pensou nas lições que Bella lhe dera. Principalmente na parte de usar aquilo que sobrara de opções. Como seu pai não fora capaz de vencer um embate corpo a corpo ela tinha consciência que não tinha chances, então lhe restaram poucas opções.

"Eu não acredito que vou ter que fazer isso, só espero que não o machuque muito" - pensou a pequena e então disparou uma descarga elétrica na direção de Peter.

Ele tremeu fechando os olhos. Mas o choque foi fraco e quando voltou a abrir seus olhos eles estavam raivosos.

- Mais forte! - gritou Malaky percebendo tanto quanto nós o perigo para com a princesa.

- Acorda Pete! - implorou Bruninha e descarregou toda a energia que tinha.

Ela estava começando a perder a razão e isso era muito perigoso em uma luta difícil como esta. Carter chegou a se encolher com a dor, mas agüentou a eletricidade e quando ninguém achava que ele iria atacar ele o fez.

As respirações travaram quando Peter avançou em Bruna que gritou.

- VOCÊ PROMETEU! - e foram suas palavras que fizeram com que as mãos do garoto se fixassem na parede do prédio atrás de Bruna, com ela entre os braços de Peter.

Um flash de memória passou-se pela mente de Carter. Daniel estava prestes a avançar para proteger sua filha quando eu o impedi.

- Espere! - meus olhos des-focaram com total concentração na mente do garoto.

- Você prometeu. - sussurrou Bruna novamente olhando diretamente nos olhos raivosos.

O rosnado continuava a sair junto com as lufadas de ar, batendo no rosto de minha sobrinha. As mãos esfarelavam o concreto da parede do prédio. E Bruna se via completamente encurralada, mas com a esperança intacta em seu coração.

 E ela estava certa em sentir tal esperança, pois suas palavras despertaram a racionalidade de Peter que começou a lembrar-se de Bruna.

"Não tenha medo, eu vou protegê-la. – As forças de minhas palavras implicavam em uma promessa."

Pelo contexto, acredito que foram no dia que os dois fugiram do lobisomem. Então a mente do garoto ficou confusa.

- Porque a princesa está chorando? - perguntou-se mentalmente, repeti suas palavras e os que estavam a minha volta prontos para proteger minha sobrinha pararam. - O que está acontecendo? Porque ela me olha com medo?

Seu momento de confusão controlou seu extinto animal. Bruna percebeu e começou a falar rapidamente.

- Você foi mordido por um lobisomem, o veneno está controlando seu corpo. Você precisa se controlar! Se matar alguém a transformação ficará completa!

- Mas os lobisomens não estavam extintos? - repeti a pergunta de sua mente. - O que...? Mas... - rosnei juntamente com o garoto que sentia seus músculos agirem por conta própria. "Corra princesa!" - gritou por pensamento tentando segurar-se.

Chacoalhei minha cabeça voltando a mim e gritei.

- Bruna! Corra!

Bruninha se abaixou assim que a mão em garra tentou acertá-la. Carter fizera um buraco na parede do prédio, porém agora ele brigava com ele mesmo.

"Não vai machucá-la! Eu prometi que a protegeria e o farei mesmo que tenha que protegê-la de mim mesmo!"

Minha sobrinha ficara desnorteada e iria se machucar se não fosse Malaky a correr e puxá-la para longe. O garoto virou-se para os dois.

"Malaky está ferido... Oh não! Fui eu que o machuquei..." - seu corpo iria atacá-los se não fosse uma parede ferro que se formara em sua frente.

- Incrível. - murmurei. 

- Peter não pode controlar seu corpo... Mas pode controlar sua mente. - disse Daniel com um misto de alegria, orgulho e preocupação.

POV Bruna

Malaky suportou meu corpo que ficara mole de repente. Minhas mãos tremiam.

- Tudo bem princesa, vossa alteza conseguiu. - disse ele tentando me acalmar, mas tudo o que eu via era meu amigo rosnando como um animal selvagem.

- O que está acontecendo? - perguntei em um sussurro ao ver paredes de ferro aparecerem do nada a volta de Pete.

- Carter está lutando. Provavelmente não consegue controlar seu corpo então ele fará de tudo para não machucar ninguém. - explicou apreensivo.

- Mas ele vai acabar se machucando...

- Feridas físicas podem se curar princesa... Já a dor de matar alguém que se ama nunca abandona nossos corações. - suas palavras escondiam muito mais coisas do que apenas o seu significado.

Me encolhi com o som de cada golpe nas paredes de ferro. A mão de Malaky que me sustentava pela cintura também me apertava com um pouco mais de força, mas sua expressão séria não mudava. 

Pareceu durar uma eternidade as batidas e arranhões. As paredes já apresentavam curvas, mas continuavam firmes prendendo Pete. Meu desespero crescia cada vez mais e já não conseguia controlar minhas lágrimas. Então os sons pararam. As paredes desapareceram da mesma forma como apareceram. E Peter caiu inerte ao chão.

Seus braços e mãos estavam ensangüentados, assim como suas roupas. Cortes e arranhões apareciam pelo seu rosto exausto. 

Corremos até nosso amigo. Logo os outros da guarda se aproximaram também. Ângelo com cuidado começou a levantá-lo e Malaky foi ajudá-lo.

- É melhor levá-lo para a sede da guarda, lá podemos cuidar de suas feridas. - disse um lunar que estava por perto.

Meu coração se partia com o estado de Peter. Ele estava muito machucado.

POV Daniel

Eu via a dor no rosto de minha pequena e Deus sabe o quanto eu me sentia péssimo com aquilo. O que me deixa mais aliviado é que o pior já passou e como o Sol está próximo de se por, tudo indica que as coisas melhorarão.

- Eu vou com ela. - disse minha esposa beijando meu rosto.

Sorri assentindo.

- Logo vou para lá também... Ainda tenho que resolver umas coisas por aqui.

Ficamos apenas eu, minha irmã, meu cunhado, alguns lunares que moravam na cidade e vieram ajudar se necessário e uma multidão de humanos. Ah! E não podemos nos esquecer das câmeras, muitas câmeras.

Mas meu papo não era com elas. Era com Aro.

- Uma bela luta majestade. - falou com seu tom arrogante.

- Ainda querem que acreditemos que os lobisomens estão extintos?

- Não sabíamos. Se soubéssemos que havia sobrado, hoje eles estariam extintos. - incrível como Aro tinha o dom de irritar com poucas palavras.

- Sério que vamos rodar de novo esse assunto? O fato é que os lobos foram enviados a Terra por nossos pais para proteger os humanos, ninguém sabia que a transformação ocorreria diferente. Vocês Volturi foram enviados em seguida para mandar os lobos de volta, em vez disso resolveram exterminar seu inimigo natural. A conseqüência foi que sem a força dos lobos a guerra ficou equilibrada de mais e acabou por destruir o nosso astro. - disse minha irmã a fim de por um ponto final naquela história.

- Com todo o respeito princesa, falas como se tivéssemos que seguir vossas ordens.

Minha irmã ergueu suas sobrancelhas e perguntou para seu marido.

- Edward... Eu não me lembro muito bem... Mas como era mesmo o juramento que se fazia para o rei de livre e espontânea vontade pedindo para entrar na guarda?

- Bem... Que eu me lembre era um juramento de obediência as ordens da família real. Mas seu pai sempre deixou em aberto as discussões para missões mais importantes. - disse o vampiro dando de ombros.

- Você está reclamando das ordens de meus pais, mas esquece que foi você mesmo que se ofereceu para entrar na guarda. Você sabia das implicações! Sabia de seus deveres! Então não me venha com esse falso moralismo e deixemos as coisas as claras Aro. Eu até acredito em você quando diz que não sabia que haviam lobisomens vivos, afinal depois da demonstração de poder do garoto Carter que foi apenas mordido e com sua incrível força de vontade não matou ninguém para completar a maldição, dificilmente vocês arriscariam mais lutas com os filhos da lua. - disse seriamente. - Mas o que realmente me irrita é o fato de estar atacando minha família. Qual é o seu objetivo afinal?

- Meu rei... Já disse que nada foi ordenado aos da minha guarda. Se por um infortúnio da coincidência eles estavam caçando e acabaram cruzando com sua filha de nada tenho a ver com isso.

Soltei uma risada irônica.

- Ok Aro, continue fingindo falar a verdade que eu continuarei fingindo acreditar nelas.

- Quanto ao Felix? - perguntou a vampira que acompanhava Aro.

- Está na sede da guarda. Se quiserem podem buscá-lo. - dei de ombros.

- Não basta soltá-lo?

- Ele não está preso. Só está inconsciente. Malaky o apagou de uma maneira surpreendente.

- Vão buscá-lo. - ordenou Aro.

Hun! E ainda vem reclamar de receber ordens.  

- Sim mestre. - disseram os dois fazendo uma leve reverência e então sumindo entre os prédios.

Fiquei olhando interrogativamente para o vampiro de olhos vermelhos que continuava ali.

- Jovem Edward? - perguntou ao meu cunhado.

Edward revirou seus olhos.

- Não... É, eu pergunto para ela. Mas acredito que já saiba a resposta.

Aro suspirou.

- É uma pena.

Então ele fez sua reverência debochada para nós e então desapareceu de vista flutuando sobre a calçada.

- Deixa eu adivinha... Quer você e Alice na guarda Volturi? - perguntei.

- Ele pergunta como se nossa opinião fosse mudar. Meu rei é você, não ele. - respondeu Edward sem paciência.

Virei-me para o secretário de segurança.

- Ainda quer fazer a reunião?

- Er, as coisas mudaram um pouco...

- Nem me fale... - murmurei cansado.

- Dan, eu vou com o Ed para o hotel, quero ver minha pequena. Mais tarde encontramos com vocês. Pode deixar que eu levo uma muda de roupa para Bruninha, será difícil ela desgrudar de Peter. - disse minha irmã sorrindo levemente .

Meu estômago roncou.

- Levamos a janta também. - Bella riu.

Fiz uma careta e os dois se foram andando tranquilamente. Enquanto os observava reparei no grande buraco no chão ao qual eu construí usando um vampiro como ferramenta.

- Depois eu concerto o chão tá? - falei para o secretário que me olhou com um misto de descrença e confusão.

- Ok. - murmurou ele então tomou um ar sério. - Acho que lhe devo desculpas.

- Não é necessário. Entendo que ao principio as coisas parecem ser de um modo... Mas hoje vocês viram que para nós as conseqüências são piores. Digo, um lobisomem pode realmente matá-los dependendo de como lhes mordem, é como um cachorro muito bravo, porém para nós é como se esse cachorro transmitisse a raiva. Uma raiva que nos tira completamente a razão, uma raiva que nos leva a ferir aqueles que amamos, a matar aqueles que amamos. Entendem o que eu quero dizer?

- Majestade? - chamou Claire. - Como o garoto conseguiu lutar com o senhor?

Sorri largamente fazendo com que a jornalista ficasse com um enorme ponto de interrogação em sua mente.

- Incrível não é? 

- Impossível, eu diria. - disse ela. 

Eu não responderia sua pergunta. Peter ainda era muito jovem para ter os olhares de um povo sobre ele. 

- Quantos anos o garoto tem? Porque é difícil de mais entender a relação de novo e velho para vocês. - perguntou um colega de Claire.

- Peter é um garoto até para vocês John. Ele tem somente 3 anos a mais que a princesa Bruna, 19.

- É mesmo um garoto.

- Rei Daniel, poderíamos conversar um instante? - perguntou o secretário.

- Claro, afinal foi para isso que vim para cá... Mas as coisas saíram um pouco dos meus planos. - sorri e o segui para dentro do prédio.

POV Malaky

Mantive-me em silêncio apenas observando toda aquela situação. O quartel, como costumávamos chamar as sedes da guarda, estava lotado de pessoas. Muitos moradores de LA foram para o local da luta assim que viram a confusão nas televisões, alguns seguiram conosco para entender melhor tudo o que aconteceu. O sentimento em sua maioria era de curiosidade e não solidariedade. O fato do garoto Carter ter derrotado nosso rei estava causando grande reboliço, ainda mais porque a princesa Bruna estava ao lado do leito de Peter, segurando sua mão.

O fato era que muita gente começava a perceber o que eu já notara há muito tempo. Porém para mim é certeza, os outros ainda estão em faze de negação e dúvida.

Alguns acreditavam que o rei só fora derrotado porque não queria machucar o garoto e então não usara toda a sua força, outros achavam que o veneno de lobisomem aumentara consideravelmente a força de Peter. E a terceira parte das pessoas se manteve em silêncio, mas eu via em seus olhares um brilho de dúvida e curiosidade, o mesmo brilho que eu vi em meus próprios olhos quando comecei a reparar em Peter.

Não era a toa que ele tinha tamanha aptidão em lutas. Não era a toa o respeito que nossos colegas tinham por ele. Não era a toa tamanho poder que ele insistia em esconder a todo o custo.

Mas hoje sem o controle de seu corpo, todos foram capazes de ver do que Peter é capaz. Acredito também que ele só derrotou nosso rei por causa do veneno, mas o fato é que com qualquer um outro, mesmo envenenado, não haveria como superar o poder da realeza. E isso indica somente uma coisa. Ele tem sangue real. Ele é descendente daqueles que governavam nosso povo muito antes de condenados a vida na lua... E pelo sentimento que ele vem demonstrando pela princesa Bruna é ele que será nosso futuro rei. Não tenho dúvidas disso.

E acredito que rei Daniel já percebera. É notável seu olhar orgulhoso e carinhoso com o garoto.

Agora só falta Peter notar quem realmente é, ou melhor, quem ele se tornará.

Aos poucos as pessoas foram indo embora, somente os mais curiosos ficaram. Com a chegada da noite tínhamos outro problema para cuidar. O lobisomem.

Ele pareceu sentir quando a lua se aproximara e começou a se desesperar em meio a todos. Rainha Natália pediu que ele se acalmasse e o levou até as celas mais profundas. O lobo chamava-se Abraim, um nome estranho, mas há muitos milênios não tão estranho assim.

Abraim contou que a falta de contato da pele diretamente com a luz da Lua ajudava a controlar-se. Porém não eximia perigo. Disse-nos que ele e mais um grupo de 12 lobos viviam juntos se ajudando contra a maldição. Em semana de Lua cheia se amarravam com correntes em porões profundos. Quanto maior a profundidade, menor era a agressividade descontrolada.

Ele foi o primeiro a ter coragem de ir atrás de nossos reis. O lugar que encontraram como esconderijo ficava muito longe da realeza e a viagem durava muito tempo o que arriscava a vida dos humanos que estivessem pelo caminho e os lunares com os quais cruzariam seriam amaldiçoados aumentando assim a população de lobisomens.

Tudo poderia se resolver com uma viagem de avião, porém eles estavam sem recursos financeiros tanto para comprar a passagem quanto para fazer documentos, já que todos os amaldiçoados eram nômades com idades já muito avançadas. Tinham medo de se expor. Medo que os Volturi descobrissem sobre eles antes que seus reis o fizessem e desta maneira seriam para sempre esquecidos, ou nem se quer saberíamos sobre suas existências.

Adentrando pela noite comecei a sentir o cansaço de meu corpo. E a fome que nem lembrava que tinha deu sinal de vida quando a princesa Isabella chegou ao lado de seu marido e filha com algumas sacolas com comidas.

- Uau. Isso aqui está mais cheio do que mais cedo. – disse a princesa sorrindo suavemente.

Fizemos uma reverência a cumprimentando. Ela começou a distribuir as quentinhas ignorando as negações. A pequena princesa Reneesme ajudava a mãe e era simplesmente impossível recusar vindo da criança.

Ela aproximou-se de mim estendendo uma sacola. Abaixei-me sorrindo e aceitei sua entrega.

- Obrigado princesinha. – ela sorriu largamente e colocou a mão em meu rosto.

Eu tinha conhecimento do dom da criança, mas nunca o senti antes. Foi uma experiência muito interessante. A imagem que se formou foi do que tinha dentro do vasilhame. Uma deliciosa refeição com direito a carne, legumes e batatas fritas. Na imagem estava implícita uma pergunta.

- Nessie quer saber se gostou do cardápio. – explicou seu pai, ela sorriu assentindo.

Retornei seu sorriso e respondi que gostava muito do cardápio. Ela fez uma careta demonstrando que não gostava do mesmo. Não pude evitar o riso quando Edward a repreendeu dizendo que se não desse jeito em seus hábitos alimentares sua mãe iria ter um colapso nervoso.

- Jacob está trazendo mais comida. – respondeu ele a uma pergunta mental da pequena.

Sua expressão não era das melhores ao falar o nome do lobo Quileute que chegou em seguida carregado com mais comida.

Logo a grande maioria dos presentes estava em silêncio aproveitando a refeição. O som que ecoava no local era das risadas da criança que brincava com seus pais.

Passados alguns minutos os tios de Peter chegaram para saber como ele estava. Nossa princesa os acompanhou até o quarto do garoto que pelo que escutei dos médicos continuava desacordado.

POV Bella

Segui com os tios de Peter até o seu quarto. Dei duas batidinhas na porta antes de abri-la. O som chato de bips estava constante conforme os batimentos cardíacos do garoto. Sua pressão também era monitorada. Nenhum tipo de remédio foi dado a ele, já que não havia certeza dos efeitos colaterais quando misturados ao veneno de lobisomem. Os médicos não tinham certeza se o que deram a Peter ontem a noite potencializou ou não o veneno. Então, agora que ele estava controlado, era melhor não arriscar.

Uma câmera filmava tudo o que acontecia no quarto e se caso ele sumisse novamente teríamos as filmagens.

- Bruninha. A janta está pronta meu bem, porque não vai se alimentar um pouco? – perguntei colocando minhas mãos sobre seus ombros.

Minha sobrinha estava sentada em um banco com seus cotovelos apoiados na cama de Peter e a mão do garoto entre as suas. Seus olhos não saíram dele quando me respondeu.

- Não estou com fome.

Suspirei resignada. Eu sabia que ela não sairia do lado dele por nada neste mundo.

- Vamos, os tios de Peter vieram vê-lo. – tentei mais uma vez inutilmente.

Bruna ergueu seus olhos para o casal de meia idade que estava atrás de mim com feições chocadas ao ver o garoto.

- Sinto muito. – sussurrou minha sobrinha com lágrimas escorrendo por suas bochechas.

Meu coração se quebrou ao vê-la daquela forma. Janeth correu abraçá-la de lado.

- Não foi sua culpa. – consolou.

Resolvi deixá-los sozinhos. Talvez com as palavras da tia de seu amado o peso em seu coração pudesse diminuir.

Ao chegar novamente no salão principal vi meu irmão com uma expressão inteligível, ao me notar perguntou sobre a filha.

- Ela não vai comer?

- Sabe que não adianta insistir Dan, ela é teimosa como você. – ele sorriu levemente e seguiu para os andares inferiores para levar a janta de Nati.

Fui até Edward que brincava com Nessie, ou melhor, disputava a atenção da filha com Jacob.

“Amor?” – chamei – “O que meu irmão estava pensando?”

“Era algo relacionado com a conversa dele com o secretário de segurança. Não entendi muito bem. Acho que ele estava tentando esconder de mim.”

Franzi o cenho. Meu vampiro apenas deu de ombros sem se preocupar muito. Mas de repente eu senti um aperto no coração, uma nostalgia crescente. Talvez fosse bobagem minha, mas acho que a conversa com o secretário foi de eximia importância.

POV Bruna

Ver Peter daquele jeito me causava sensações desconhecidas. Meu coração estava apertado como nunca, um medo de perdê-lo crescia a cada batida diferente de seu coração. Seus machucados curavam-se de maneira extremamente lenta permitindo assim imaginar a dor que sentiu em cada um deles.

Seu rosto que agora tinha a expressão serena como um anjo estava marcada por arranhões. Em seu supercílio direito uma marca arroxeada. Descendo a visão para o seu corpo era possível notar outras marcas roxas encobertas por ataduras brancas. Além da mordida que levara no ombro esquerdo, também tivera duas costelas quebradas, muitos ossos de suas mãos haviam luxado e suas unhas completamente arrancadas por causas dos golpes que proferiu nas paredes de ferro que construíra a sua volta. Deste modo suas mãos estavam enfaixadas e a ponta de seus dedos devidamente protegidas.

A cada análise de seu estado meus olhos transbordavam em lágrimas. Eu me sentia tão mal por ele ter se machucado desta maneira. E tudo aconteceu por causa de um maldito celular! Porque fui me preocupar com uma futilidade como essa? Ana entenderia se eu não ligasse para ela. Eu poderia mandar-lhe uma mensagem pedindo desculpas, talvez ela ficasse chateada, mas iria me perdoar. O risco de perder uma amiga era ridículo perto do risco de perder a vida de um amigo.

Nunca irei me perdoar.

- A culpa não foi sua querida. – sussurrou mais uma vez a tia de Pete.

- Eu poderia ter evitado. – murmurei brava comigo mesma.

- Alguma vez Peter já lhe contou o porquê quis entrar na guarda? – perguntou John fazendo com que minhas lágrimas parassem de escorrer por um tempo.

Olhei-o e neguei com a cabeça. O homem que sentara na ponta da cama de seu sobrinho sorriu nostálgico com um misto de orgulho e chateação.

- Os pais dele eram muito nossos amigos. Conhecemos-nos no colegial, Michaella e Louis formavam um lindo casal, porém sempre existiu uma aura de mistério entre os dois, afinal estavam sempre juntos e não se misturavam muito com os outros, quer dizer, conversavam o suficiente, porém não se deixam envolver emocionalmente.

- Para não levantar suspeitas... Os Cullen também faziam algo parecido, desta forma poderiam conviver socialmente sem que descobrissem suas origens. – disse esquecendo-me um pouquinho da dor de ver meu amigo tão debilitado.

Uma necessidade de saber mais sobre a vida de Peter estava dentro de mim e eu não fazia idéia de como ela aparecera ali.

- Sim, mais tarde descobriríamos isso.

- Com 16 anos Michaella engravidou. – continuou Janeth, ela estava sentada ao meu lado com um de seus braços a minha volta me passando um conforto suave. – Pelo menos todos imaginavam que ela tinha 16 anos, ninguém compreendia toda aquela calma no casal de adolescentes. Eles pareciam tão maduros, porém qualquer um surtaria ao descobrir-se pai ou mãe na adolescência. Mas tudo o que os dois faziam era planejar nome, roupas, quarto... Estavam nas nuvens tamanha felicidade. Com exceção de algumas brigas que tinham por causa dos hormônios de Micha. Com o passar dos meses sua barriga ficava cada vez mais aparente, até que finalmente chegou ao último mês de gestação. E foi no dia em que Peter nasceu que realmente nos tornamos amigos.

- Eu e Jan ainda não éramos nem namorados, na verdade nem nos conhecíamos. Isso aconteceu quando ao mesmo tempo vimos Michaella escorregar contra os armários quando estava prestes a dar a luz. Nós três estávamos matando aula, eu por ter pavor de química, Janeth por se atrasar tanto para a outra aula que desistiu de assisti-la e Michaella por querer avisar o namorado que estava em trabalho de parto. A levamos até meu carro, mas quando estava prestes a dirigir e levá-la para um hospital ela gritou dizendo para não me mexer e chamar o seu marido. – contou John perdido em lembranças.

- Achamos estranho ela chamar Louis de marido, até onde sabíamos os dois eram um casal adolescente inconseqüente por serem pais tão cedo. Mas eu praticamente ordenei que John corresse até o ginásio e achasse o pai da criança que estava prestes a vir ao mundo. Só que não houve muito tempo, com Micha deitada no banco de trás soltando gemidos que mais pareciam um rosnar de um animal selvagem começou a dar a luz a Peter. Quando vi suas presas crescerem fiquei completamente apavorada, mas quando ela me suplicou minha ajuda ignorei todo o medo e a ajudei.

Janeth limpou uma lágrima emocionada que escorria por sua bochecha.

- Foi o momento mais emocionante da minha vida. Trazer ao mundo aquela criaturinha tão pequenina, tão frágil... Foi inesquecível. Quando Louis chegou ao carro ele tinha lágrimas em seus olhos ao escutar o choro do filho. Algum tempo depois John chegou com seus olhos arregalados.

- Quando avisei a Louis que Michaella estava tendo o bebê, ele saiu disfarçadamente do ginásio junto a mim, mas quando não estava mais na vista de tanta gente simplesmente correu sem se preocupar. Foi desta maneira que descobrimos o que eles eram. Contaram-nos que já tinham bastante idade e já eram casados há mais de 200 anos. Por possuírem tamanha idade que ficaram tão felizes quando descobriram sobre a gravidez.

- Desde então acabamos nos ligando emocionalmente, Peter virou nosso sobrinho postiço. E então em vez dos dois sempre sentarem sozinhos no almoço, nós sentávamos com eles. Micha e Louis se dividiam em ir para a aula e cuidar do garotinho.

O olhar da tia de Peter ficou triste de repente.

- Em nossa formatura eu estava com Peter no colo, brincava com ele, minha mãe sentada ao meu lado estava encantada com o garotinho que acabara de conhecer. Foi então que as coisas começaram a acontecer. Tinha muita gente no ginásio, varias mesas redondas foram espalhadas para os convidados e um espaço no centro era reservado para dançar. Nossos amigos estavam dançando tranquilamente protegidos por sua bolha de amor enquanto eu cuidava do garotinho de pouco menos de dois anos. Foi então que um homem apareceu. Era extremamente belo com seus cabelos loiros e feições perfeitas, mas assim que se aproximava das pessoas elas saíam correndo ao notar seus olhos de um vermelho sangue. Instintivamente eu abracei Peter o protegendo. Micha olhou apavorada para nós e então voltou seu olhar para o homem.

- Era James? – perguntei surpresa.

- Sim querida, era ele. – confirmou John. – Louis se colocara protetoramente a frente da sua esposa enquanto quem era humano abria espaço e se afastava daquela confusão. Eu nunca havia visto olhar tão frio em meu amigo. James simplesmente avisou que uma guerra ocorreria dali alguns anos e que os dois deveriam comparecer para se curvar diante de seu mais novo rei James. Louis ficou completamente transtornado e rugiu expondo seus dentes dizendo que seu rei era Arthur e sua rainha Anita e que sua lealdade seria sempre dada a eles.

- Os dois começaram a discutir em uma velocidade impressionante e ninguém mais entendia o que eles estavam dizendo. Micha tinha os olhos arregalados e fazia de tudo para não olhar para mim que tinha seu filho nos braços, ela não podia dar a chance de James usar Peter como trunfo contra eles. Acho que o extinto materno dela a transformou em uma fera, pois ela rugiu irada mandando James ir embora. Lembro-me que o loiro riu debochado e disse um até logo, pois eles não conseguiriam fugir. Em segundos minha amiga tirava Peter de meus braços e o abraçava protetoramente, lágrimas escorriam de seus olhos enquanto sua voz soava embargada pelo desespero: “200 anos Louis! Esse desgraçado poderia ter aparecido em qualquer data desses últimos anos, mas não agora! Não quando finalmente...” Ela deixou sua voz morrer ao olhar para o filho que colocara sua mãozinha em sua bochechas tentando acalmar a mãe.

Eu estava completamente envolvida pela história. Sabia que James tinha começado a recrutar soldados anos antes de se revelar para meu pai, mas não sabia que tinham sido tantos anos antes, afinal Peter é três anos mais velho do que eu... Nessa época eu nem havia nascido.

- Louis pediu que sua esposa se acalmasse e os dois resolveram fugir com seu menino. Antes que eu perdesse de vista minha amiga pedi que ela mantivesse contato. E assim ela o fez. Cartas chegavam de diferentes lugares do mundo durantes três longos anos. Infelizmente eu não tinha como respondê-la regularmente já que não mantinham residência fixa por muito tempo. Até que quando Peter completara 5 anos eles apareceram em nossa porta.

- Nossos amigos nos contaram que seus destinos estavam traçados e suplicaram que cuidássemos de seu menino. Mas estranhamente eles não pareciam com medo ou desesperados. Quando os inquiri sobre isso Louis me explicou que havia encontrado o rei de seu povo, que agora tudo mudara. Sua vida não era mais importante, sua missão estava prestes a acabar. Não que o rei lhe tenha dito isso, muito pelo contrário, havia lhe dito para ficar junto a ele, pois assim nada de mal aconteceria a ele ou a sua família. Mas Louis e Michaella se recusaram, disseram que deixariam seu filho seguro, mas seu destino era lutar por seu reino, lutar por justiça, lutar por seus verdadeiros reis.

Minha boca se abriu levemente. A lealdade dos pais de Peter era inabalável.

- Peter entrou na guarda para seguir os passos de seus pais princesa. Não porque eles tinham essa coisa suicida, mas porque eles confiavam cegamente em seus patriarcas, sabiam que não importava o que fosse acontecer com eles, no fim seus reis estariam lá para proteger aqueles que ficam. – concluiu John olhando para o sobrinho então olhou diretamente em meus olhos. – Se Peter jogou-se em sua frente não foi porque aprendeu com os pais que deve proteger a realeza nem porque era seu trabalho, ele jogou-se em sua frente porque acredita nos mesmos ideais que seus pais acreditavam e não deixaria que nada de mal lhe acontecesse.

Suspirei sem saber o que falar. Apoiei meu rosto nas costas da mão enfaixada de meu amigo e fitei seu rosto com tristeza. Eu não gostava dessa lealdade que lhe era tão perigosa. Será que ninguém percebia que sofríamos com os ferimentos de nossos súditos? Com as mortes de nossos súditos? Nunca quisemos que eles morressem por nós, só queremos que sejam felizes... Só quero ver novamente o sorriso jovial e doce nos lábios de meu amigo.

As lágrimas voltaram a inundar meus olhos. Escutei os dois humanos levantarem e então saírem da sala.

Meus olhos não saíram do rosto de Pete.

- Porque toda essa lealdade Pete? Como pode acreditar nisso mesmo depois da morte de seus pais? – perguntei fechando meus olhos.

- Porque eu sinto que devo. – uma voz rouca e cansada soou acompanhada de um aperto em minha mão.

Abri meus olhos rapidamente, mas foi quase que inútil já que as lágrimas me cegavam. O pouco que enxerguei me fez pular em cima de meu amigo o abraçando aliviada.

- Você acordou. – disse feliz entre soluços com meus braços circulando seu pescoço e meu rosto enterrado em seu ombro direito.

- Sim princesa. – sussurrou em minha orelha com seus braços me apertando contra seu peito enfaixado.

Fim do Capítulo 17.


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Notas finais do capítulo

Com esse cap vocês alcançaram as postagens do Orkut e também o que estava escrito, ou seja, eu ainda não comecei a escrever o próximo cap o que significa que vai demorar bastante para sair. Levo em média 20 dias para escrfever um cap, porém estou tendo prova na facul toda a semada o que me deixa com o tempo escasso. Mas a notícia boa é que entro de férias dia 18 de dezembro e depois disso posso escrever a vontade.
Outra notícia é que já tenho o nome dos próximos e últimos caps da fic. Então fiquem a vontade para tentar descobrir o que está para acontecer ;)
Capítulo 18. Não existe morte
Capítulo 19. Briga na justiça
Capítulo 20. Antigas Tradições nunca morrem
Capítulo 21. Eu sou o destino
Capítulo 22. De volta para casa
Epílogo
Beijos, e até mais.