A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 65
Capítulo 16. Dance comigo (Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Oláaa gente :D Mais um cap gigante que será dividido em duas ou três partes... Espero que gostem.
ceciliajardim, acho que vc irá gostar bastante desse cap já que ele tem muuuita dança xD



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Capítulo 16. Dance comigo

POV Bella

Minhas mãos apertaram ainda mais Edward contra mim, meu rosto cada vez mais enterrado em suas costas e minha raiva crescendo conforme Emmett não calava a sua boca.

- Emm! Sério pare agora. – avisou meu marido percebendo meu aperto aumentar.

Antes que meu cunhado perguntasse alguma coisa eu rosnei e fechei minha mão em punho e com a ajuda da telecinese eu fechei aquela enorme boca.

- Eu avisei. – cantarolou Edward rindo. – Meu anjo, Emm está pedindo para você deixar ele falar. Na verdade ele está gritando desesperado.

Parei de me esconder atrás de meu marido e fiquei abraçada a ele de lado. Meu rosto ainda estava em chamas, porém agora era de raiva. Meus olhos azuis e minhas presas expostas. Mas logo esse sentimento passou e eu comecei a rir.

Emmett pulava com seus olhos arregalados gesticulando para a sua boca que estava com seus lábios espremidos em uma linha fina graças ao meu poder mental. Sorri orgulhosa.

- O silêncio não é ótimo? – perguntei retoricamente.

- Ele está implorando perdão. – gargalhou Edward.

- Perdão não basta. – sorri matreira e então apontei meu dedo em sua direção e disse da maneira mais séria possível. – Sem mais piadas a respeito da minha vida sexual ou de qualquer membro da família.

Sem pensar duas vezes ele assentiu rapidamente. Sorri orgulhosa e soltei sua boca. Emmett a abriu e começou a movimentá-la para ter certeza de que todos os músculos ainda poderiam se mexer.

- Sacanagem Bellinha. – reclamou fazendo um bico e indo em direção ao sofá para se juntar a minha filha que estava assistindo desenhos.

Jake, Bruna, Jasper e Edward quase choravam de tanto rir. Meus alunos apenas tinham expressões surpresas. Sorri para eles fazendo minhas presas desaparecerem e meus olhos ficarem castanhos novamente.

- Não se preocupem, nunca fiz isso em sala de aula. Apesar de ter bastante vontade. – eles riram levemente concordando. – Então? Qual é a ocasião?

Meu amigo tomou a dianteira.

- O diretor me castigou me mandou dar aulas de dança. – explicou emburrado.

Tive que rir, Jake até que dançava algumas músicas, mas isso não quer dizer que fosse bonito de assistir. Na verdade ele é muito duro. [N/a: Sem duplo sentido gente!]

- Pois é... Você sabe que isso não combina comigo. Eles querem que eu ensine aos alunos do ensino médio a dançar valsa para a formatura do terceiro ano. Então... Socorro?

- Quando será a formatura? – perguntei.

- Dia 23. – respondeu Bernardo.

- Bem... Então temos pouco tempo. – sorri.

[...]

Liguei o som em uma valsa qualquer e fiquei em frente a Jacob. Coloquei sua mão direita um pouco acima de minha cintura e fiz ele segurar minha outra mão na altura certa.

- Meninos não se animem, pois nessa dança os corpos não ficam colados. E meninas não se assustem, pois os garotos as seguraram acima da cintura. Essa é uma dança elegante e suave. Se os garotos conduzirem bem, as garotas se sentirão levitar. – pisquei com apenas um olho para os quase 80 alunos sentados na arquibancada.

Nem todos iriam dançar esse ano na formatura, mas um dia eles iriam se formar e desta maneira já teriam uma base.

Jacob começou a balançar de um lado para o outro completamente fora do ritmo, olhando para os pés e encurvado. Em seu rosto uma careta ao escutar os primeiros risos. Não consegui segurar meu riso quando escutei a gargalhada de meu marido juntamente com a da minha filha.

- Você é uma merda cachorro. – zoou Edward com Nessie em seu colo.

Meu amigo me soltou.

- Desculpa se eu não sou um sanguessuga que nasceu no século XVIII! – retrucou Jake com misto de vergonha e raiva.

- Tem certeza que não quer ajuda meu anjo? – perguntou meu marido risonho.

Revirei meus olhos.

- Você prometeu a Nessie. – disse, mas minha voz falhou.

“Você está bem, mesmo? Podemos marcar outro dia.” – perguntou-me por pensamento.

Limitei-me a sorrir e assentir. Nessie me mandou um beijo no ar de despedida em quanto meu marido me olhava de maneira preocupada.

Edward combinou com Nessie de levá-la caçar. Não haveria problemas nisso se não fosse a recordação do dia em que ele foi seqüestrado. Mas eu não poderia prendê-lo para sempre colado a mim. Tinha que superar esse medo.

- Bella? – chamou Jake preocupado.

Pisquei meus olhos saindo de meus devaneios e sorri para meu amigo.

- Edward tem razão. Você é uma merda. – meus alunos gargalharam. – Mas por mais incrível que pareça... Já ensinei gente pior que você a dançar bem.

- Uau. Obrigado. – emburrou o lobo.

Eu ri revirando os olhos e me virei para nossos alunos.

- Preciso de uma voluntária... Vem Maggie!

Ela saltitou até nós e eu a coloquei na frente de Jacob e fiz os dois ficarem em posição. Como Jake era muito alto ele se encurvava completamente.

- Primeira coisa... – dei um tapa em suas costas. – Postura!

Os adolescentes gargalhavam com cada ordem que eu dava e Jake fazia careta respeitando. 

Fui até as costas de Maggie e ergui a mão de Jake mais para cima. Andei até as costas de meu amigo e ajeitei a mão de Maggie em seu ombro. Ajeitei a altura que suas mãos estavam.

- Essa é a posição certa. – virei para a arquibancada. – Toda essa posição não é frescura e nem apenas para deixar a dança bonita. Mas assim ficará bem mais fácil, acreditem em mim... Ok, sai daí Jake.

Fiquei na posição em que Jake estava antes fazendo o papel do homem.

- Meninos como vocês conduzem será mais difícil para vocês. – avisei e com a música ao fundo conduzi minha aluna lentamente.

Maggie não teve problemas em seguir os passos e sorriu largamente ao perceber que não era nenhum bicho de sete cabeças. Eu não ensinaria a eles uma valsa profissional. Seria apenas o básico que era extremamente fácil.

Então chamei Jake para ensinar para as meninas.

- Vamos lá Jake, usou sua memória de lobo para os passos? – brinquei.

Meu amigo fez uma careta e me conduziu. Tenho que admitir que ele conseguiu decorar os passos certinhos, mas por causa da sua insegurança com a dança ficava olhando para os nossos pés.

- Ergue a cabeça! – ordenei e ele o fez bicudo.

Depois de explicar tudo o que se podia, ou não, fazer aos alunos com as devidas demonstrações com Jake, finalmente coloquei todos para dançar.

A maioria estava completamente constrangida. Mas conforme iam pegando o jeito iam se soltando. Bruna ficou muito brava, pois os garotos estavam morrendo de medo de convidá-la a dançar. Mas logo seu humor melhorou quando Bernardo a puxou para dançar com ele com um divertido.

- Dança comigo prima!

POV Edward

Gargalhei ao ver minha filha com um bico imenso ao olhar suas roupinhas completamente sujas e rasgadas. Ela acabara de caçar alguns pequenos animais como esquilos e raposas. Nessie recusou-se a atacar coelhos, pois eles eram “fofinhos” demais.

Ela saiu-se muito bem. Eu também não esperava menos, pois esse é um extinto natural. Minha filha estava muito orgulhosa de si mesma e em sua mente ela já planejava outras caçadas em companhia de seu Jake. Fiz uma careta com o pensamento da pequena. Ela tinha que ser logo a impressão do cachorro!

“Vamos buscar a mamãe?” – perguntou Nessie por pensamento.

Geralmente quando estávamos apenas nós dois juntos ela costumava falar comigo apenas por pensamento ou me mandar imagens. Ri levemente e lhe respondi divertido.

- Eu vou buscá-la sim, mas primeiro te deixarei em casa para você tomar uma banho.

Ela sorriu e saltitou segurando a minha mão e me mandando uma imagem de nós correndo e ela chegando em casa antes de mim. Nessie me convidava para uma corrida. Fingi me distrair e deixei que ela fosse na frente.

Obviamente eu era bem mais ágil que Nessie, mas isso não me impedia de brincar um pouco. Mantive a distância de alguns passos e sempre dizia que ela estava rápida de mais ou que eu a pegaria. A gargalhada de minha filha era algo que me fazia um homem completamente vivo. Nunca a sensação de um coração em meu peito foi tão presente. Até mesmo quando estou com Bella não é assim. O amor que sinto pelas duas é imenso, mas são diferentes.

Quando Nessie nasceu foi completamente surreal, meu peito inflou de uma maneira indescritível com palavras. E em quanto Bella a amamentava e eu observava como um pai completamente babão ela me disse em uma voz suave sem nunca desgrudar os olhos de nosso pequeno anjinho.

- Até ontem eu seria capaz de dar minha vida pela sua. Até ontem você era a coisa mais importante em minha vida. A partir de hoje eu não farei mais isso, pois a pessoa mais importante em minha vida agora é essa pequena criatura.

Suas palavras não me ofenderam de maneira nenhuma, pois eu entendia perfeitamente e concordava com cada palavra, pois para mim aquilo também estava claro. Bella podia ser a mulher da minha vida, minha paixão, minha metade. Porém entre ela e Nessie, minha pequena estava em primeiro lugar.

Não me julguem por pensar desta maneira. Apenas quem tem filhos entende o que estou falando e tenho certeza que concorda com minhas palavras. O fato de uma nova vida estar entre nós não diminui o amor que eu sinto por Bella, muito pelo contrário, a cada dia eu a amo ainda mais. Mas o amor que sentimos por um filho é algo tão grande e tão profundo que supera qualquer sentimento que temos por aquela que está ao meu lado.

Nessie gargalhou convencia que chegaria em casa antes de mim, mas pegando-a de surpresa acelerei minha corrida sem dificuldades e a peguei pela cintura a jogando no ar para depois segurá-la novamente.

O riso de anjo ecoou pelo jardim e logo as mentes da casa sorriram com o som.

Levei a baixinha até Esme que a levou pára tomar um banho. Despedi-me rapidamente de todos ao perceber que eu estava atrasado para buscar Bella e provavelmente ela estaria completamente perturbada com a minha demora.

Eu não era cego, muito menos burro. Eu podia perfeitamente ler na feição de minha esposa o quanto a incomodava eu sair para caçar com Nessie. Eu sabia que ela se lembrava do dia em que eu desapareci. Mas Bella se recusava a adiar ou vir conosco. Dizia que ela tinha que superar essa fobia. Mas chegar atrasado também não ajudava né?!

Corri até o ginásio da escola na maior velocidade que pude. Bella estava conversando com algumas de suas alunas sobre o tal do Rick Santos. Mas as palavras saiam automaticamente da boca de minha esposa, percebi seu corpo tenso e conforme eu me aproximava ela relaxava. Até relaxar completamente quando eu cheguei ao seu lado.

- Desculpe o atraso. – murmurei em seu ouvido.

Bella suspirou e assentiu rapidamente para mim. As garotas não ficaram muito mais tempo conosco, pois tinham que ir para casa.

- Onde estão o cachorro e a Bruna? – perguntei notando que estávamos sozinhos no ginásio.

- Tomando banho. – ela sorriu matreira. – Digamos que eu fiz todos suarem.

Gargalhei não duvidando de suas palavras. Minha esposa suspirou enterrou seu rosto em meu peito. Minha risada foi morrendo aos poucos quando percebi o aperto de seus braços.

- Ah Bella... – suspirei enlaçando seus ombros e a apertando firme contra mim, tentando transmitir a segurança que eu queria.

- Não se atrase mais, por favor. – não foi um pedido, foi praticamente uma súplica e isso quebrou completamente meu coração.

POV Bella

Edward me abraçou firme em quanto fazia movimentos suaves com suas mãos em meus braços, me acalmando lentamente.

Quando ele percebeu que a angustia não estava mais em meu peito começou a contar-me sobre a caçada de Nessie e de como gargalhou quando ela parou de caçar os coelhos por eles serem bonitos de mais.

Logo os alunos começaram a sair do vestiário. A maioria acenava para nós com “Tchau professora. Tchau senhor Cullen”. Jacob foi um dos primeiros a sair e foi direto para casa.

Mas todo o clima tranqüilo foi dissipado com um grito vindo do vestiário feminino. Não era um grito comum, era um grito de medo, um grito constante. E era de minha sobrinha.

Eu e Edward trocamos um olhar rápido e então corremos para o vestiário. Edward chegou primeiro e desviou-se rapidamente das outras garotas que ainda estavam no banheiro. Ele segurou Bruna pelos braços e a fez sentar em um dos bancos.

Minha sobrinha tinha os olhos espremidos enquanto lágrimas escapavam de seu aperto. Suas mãos seguravam sua cabeça claramente em dor. Seu corpo se encolhia involuntariamente.

- Bruna, o que você está sentindo? – perguntei assim que estava próxima o suficiente.

Ela não me respondeu apenas apertou os lábios para não gritar novamente.

- É uma visão. – murmurou Edward com os olhos sem vida.

- Deixe-me ver. – pedi a meu marido que abriu sua mente para mim.

A visão de Bruna era completamente diferente das visões que eu tinha. Quando eu tenho uma previsão é como se eu estivesse dentro de um filme no qual meu papel é um fantasma. Ninguém me vê, ninguém me sente e eu não posso tocar em nada. É claro que pouquíssimas vezes existia uma exceção, mas era um novo poder.

O que minha sobrinha estava vendo poderia ser tanto uma visão do futuro, puxando sua mãe e a mim, quanto uma visão do passado como seu pai. O problema é que a visão é extremamente confusa e ao mesmo tempo apavorante e agonizante.

A visão de Bruna era completamente diferente das visões de nossa família. Elas vinham em flashes desconexos. Por isso era difícil dizer ao certo se eram sobre o futuro ou sobre o passado. Mas ao mesmo tempo que confusas são angustiantes, pois elas vem repletas pelos sentimentos. Tenho certeza que o que ela estava sentindo era muito mais forte do que eu e Edward estávamos.

A imagem de um bosque apareceu. O som de duas respirações ecoava no silêncio. Os baques dos pés eram rápidos como os de nenhum humano. Eu conseguia identificar o cheiro de medo das duas criaturas misturado com um sentimento de dever e também um amor jovem.

A visão mudou então para uma flor perdendo as pétalas. Nunca vi essa espécie, porém é como se eu já a conhecesse. Um sentimento de tristeza instalou-se em meu corpo. Um alto rosnar ecoou em meus ouvidos e eu me encolhi instintivamente. Antes de abrir os olhos um flash passou-se rapidamente diante meus olhos.

Um animal feroz, não sei ao certo qual, mas parecia ser um urso, mas não era um urso. O pelos da cara não eram grossos e muito menos cobriam todo o focinho. Mas os dentes eram afiados como os dentes de um vampiro, as presas eram pontiagudas como as presas de lunares e de toda a sua mandíbula escorria um líquido viscoso como o veneno de cobra. Os olhos eram raivosos como os olhos de um lobo.

Seja lá o que for essa criatura, sem dúvidas é perigosa.

Assim que abri meus olhos percebi os olhares apreensivos das poucas garotas que estavam no vestiário e de alguns garotos que invadiram após ouvirem o grito.

Os dois seguranças de Bruna também estavam lá bem próximos de nós. Eles tinham feições preocupadas, porém era notável em seus olhares que já haviam entendido o que acabara de ocorrer ali.

- Não quero mais ver isso. – choramingou minha sobrinha ainda espremendo seus olhos.

- Abras os olhos Bruna. – disse, mas ela continuou os apertando. – Abra os olhos!

Assim que ela conseguiu seu corpo tombou para frente. Bernardo e Edward a seguraram.

- Caramba, ela está quente. – admirou-se o neto de Edward.

- Não se preocupe. É normal. – tranqüilizou meu marido e o garoto assentiu.

- O que era aquele bicho? – perguntei admirada.

- Eu também não sei meu anjo, mas... – Edward parou sua fala e olhou para um dos guardas. – Se eu desenhá-lo você pode o identificar?

- Acredito que sim, senhor.

Bernardo ficou apoiando sua amiga para que meu marido pudesse pegar a folha de papel e o lápis que uma de minhas alunas o entregou. Ajoelhado ao chão e com a folha apoiada no banco Edward começou um esboço. Logicamente que com a sua velocidade ele não tardou a terminar o desenho e em poucos minutos Benjamim, um dos seguranças de Bruna, estava de boca aberta juntamente com o seu parceiro Corin.

- Então ela teve uma visão do passado? – perguntou descrente meu vampiro com alguma coisa que passou na mente dos dois.

- É a única explicação. – murmurou Benjamim, mas ele não possuía certeza em sua voz.

- Podem compartilhar a informação? – perguntei emburrada.

Os dois arregalaram os olhos prontos para pedir perdão de joelhos, mas antes que o fizessem Edward cortou-os.

- É melhor falarmos em casa. – assenti percebendo a gravidade da situação.

Meu marido passou seus braços embaixo das pernas da sobrinha e então olhou para Bernardo como se pedisse permissão para tirá-la de seus braços. Seu neto pareceu surpreso com sua atitude e eu quase ri quando o vi encabulado.

Edward a pegou no colo e nós nos dirigimos para fora do ginásio.

- Eu... Posso ir junto? – perguntou de maneira hesitante Bernardo.

Percebi os olhos de meu marido brilhando com a possibilidade de passar mais tempo com seu neto. Um sorriso quis aparecer em meus lábios, mas antes que o fizesse olhei para Edward tentando passar a mensagem de "Responda seu neto!". Meu vampiro pareceu entender.

- Claro! Mas avise sua avó antes para ela não ficar preocupada. - o garoto assentiu e começou a discar o número de sua casa.

Sorri para Edward que apesar da preocupação com a sobrinha em seu colo não conseguia não ficar feliz com a proximidade de Bernardo.

POV Bernardo

Minha avó pareceu radiante do outro lado da linha por eu passar mais tempo com meu avô biológico. Mesmo que o motivo de eu estar indo até a casa dos Cullen não seja esse. A verdade é que eu gosto do ambiente de lá, eu me sinto bem entre eles. O que é muito estranho levando em consideração que quase todos são vampiros. Sinto como se meu lugar fosse realmente entre eles. Sempre quis uma família grande e agora sinto que estou entrando em uma.

Hoje estou indo para lá, pois estou preocupado com Bruna. Meu coração foi até a boca quando escutei seu berro. Já estava prestes a sair do vestiário masculino quando escutei.

Essa garota tornou-se alguém de grande importância em minha vida. Ela tem um jeito louquinho de ser. Não tão louca como Alice e nem tão calma como Jasper. Acho que o que mais me encanta nela é o seu jeito tão natural de agir. Mesmo que ela seja uma garota da Lua, filha dos reis do seu povo e dona de um grande poder, ela age como uma adolescente normal. Fissurada em atores famosos e séries de TV populares. Vive conversando sobre as fofocas dos cantores da mídia. Isso poderia até ser considerado futilidade, mas ela sabe medir a dose para não se tornar uma pessoa superficial.

Ao mesmo tempo em que fala abobrinhas ela tem uma opinião muito forte a respeito de coisas sérias. Nas aulas de história ela fica revoltada com certos acontecimentos como a Inquisição feita pela igreja Católica. Os debates se tornam bem interessantes. O professor aproveitando o interesse pergunta alguns fatos históricos da Lua a ela também. Bruna conta o que seus pais lhe contaram, mas não gosta de se aprofundar muito, pois ela nasceu na Terra então são poucas as histórias que conhece.

Segundo ela, a Lua também teve seus dias de trevas e há muitos milhares de anos ocorreram guerras e outras coisas que ela se diz envergonhada pela própria raça.

São essas pequenas coisas que a tornam tão especial para mim.

Meus olhos se arregalaram pelos meus pensamentos perto de meu avô biológico. Mas pela sua concentração no caminho ele não parecia muito preocupado com meus pensamentos.

- Porque não há nada de errado com eles. – respondeu de surpresa com um leve sorriso.

Encolhi meus ombros meio encabulado com as conclusões que ele poderia tirar e senti uma estranha necessidade de lhe explicar. Mas não teria coragem de dizer com a professora logo ali ao lado e com a possibilidade de Bruna acordar a qualquer momento.

Não estou apaixonado por ela. Esclareci em meus pensamentos.

- Não precisa me explicar nada. – rebateu ele gentilmente me olhando pela primeira vez.

Mas eu quero. Revirei meus olhos pela minha voz mental ter soado tão infantil. Ele riu levemente voltando seu olhar para frente. Percebi a professora Cullen olhando curiosamente para nós, mas pareceu se conter para não perguntar nada.

Não que eu não tenha pensado nela desta forma quando ela chegou ao colégio, mas é que agora pensar assim é meio que... Nojento.

A reação de meu avô biológico foi inesperada por mim. Ele jogou sua cabeça para trás e gargalhou. Não vou mentir, a sua risada me contagiou e eu não pude segurar meu riso também.

- Nunca diga isso a ela. A não ser que você queira perder algum dente. – disse ele de maneira divertida.

Eu ri também imaginando a cena. Meu avô biológico tinha razão, se eu falasse isso a ela tenho certeza que Bruna se sentiria muito ofendida. Mas a palavra nojento não é no sentido literal. Bruna é obviamente linda e muito atraente a qualquer olhar masculino, acho que essa é uma característica comum entre os lunares. Mas nesses meses eu criei um sentimento por ela de carinho e cuidado. Tinha vontade de protegê-la de tudo, apesar de que isso é absurdo quando lembro que ela é muito mais forte e resistente do que eu. A enxergo como uma irmã. E é extremamente nojento eu me imaginar beijando minha irmã.

Esse carinho me deixa um tanto preocupado, não quero que interpretem de maneira errada. Quando nos conhecemos era legal deixá-la constrangida e eu sinceramente não ligava para os bochichos, mas agora ao escutar essas fofocas eu sinto como soa completamente errado. O problema é se seu pai pensar que estou interessado nela, será meio tenso.

- Não se preocupe com isso. Ele sabe exatamente como as coisas realmente são entre vocês. – me tranqüilizou.

Logo chegamos a casa. Meu avô biológico a levou até seu quarto em quanto à professora Cullen explicava para aos demais o que ocorrera.

Sentei-me ao sofá ao lado de Rose que brincava com Nessie ao seu colo. A baixinha assim que me viu pulou em cima de mim.

- Pequena traidora. – murmurou a vampira ao meu lado, mas ela não conseguia esconder o tom amoroso em sua voz.

Eu ri deixando um beijo estalado em sua bochecha. E pensar que essa baixinha em meu colo nada mais é do que a minha tia.

- Que bicho é esse? – perguntou Emmett olhando a folha em que meu avô biológico havia desenhado.

- Um lobisomem. – respondeu um dos seguranças de Bruna.

Os olhos de todos esbugalharam.

- Você tem certeza Benjamim? Lembro-me dos lobisomens e eles eram criaturas muito belas. – apontou a professora.

- Sim majestade, os lobisomens da lua realmente eram belos, apesar de ferozes. Porém esse desenho é de um lobisomem transformado na lua cheia aqui na Terra. – explicou o outro.

- Então quer dizer que as visões de Bruna são como as de seu pai. Só o passado. – concluiu Jasper. – Já que os lobisomens foram extintos há muito tempo.

- É o que parece. – concordou a professora em um murmúrio para então falar com os dois seguranças. – Se esse é o caso não há com que nos preocuparmos. Eu ficarei agradecida de vocês avisarem meu irmão do ocorrido. Expliquem a ele que Bruna está perfeitamente bem e que só ficou assustada.

Bruna contou-me que os pais viajaram até a sede da guarda para tratar de um fora da lei. Um homem da lua que usava seus poderes para assaltos em bancos de alta segurança.

- Claro majestade. – disse Benjamim se curvando juntamente com o outro.

Os dois saíram em disparada pela porta.

- Bernardo querido. – chamou-me Esme com uma bandeja nas mãos. – Pode levar este lanche para Bruna, por favor?

- Claro! – passei Nessie novamente para o colo de Rose que a colocou entre suas pernas para fazer um novo penteado na sobrinha.

Peguei a bandeja de Esme que me mandou um sorriso amoroso. Era impressionante de como essa vampira tinha cara de mãe. Tudo nela passava essa impressão. Seu jeito preocupado de olhar, seu sorriso bondoso e orgulhoso das facetas dos filhos. Até mesmo seu modo de falar é materno.

- Ela já acordou? – perguntei.

- Já sim, querido. Ela abrirá a porta para você assim que escutar seus passos no corredor.

- Ok.

Subi as escadas equilibrando a bandeja em minhas mãos e assim como Esme havia dito Bruna abriu a porta com um grande sorriso me esperando.

- Por que veio junto? – perguntou sem desmanchar seu sorriso e me dando passagem.

- Fiquei preocupado. – dei de ombros e sentei em sua cama colocando a bandeja em minha frente. – Como se sente?

- Com fome. – respondeu divertida pulando na cama e sentando de pernas de índio entre a bandeja e eu.

Bruna atacou as torradas e praticamente ordenou que eu comece também. Tirei meus tênis e sentei-me igual a ela.

POV Daniel

Esses caras de péssimo caráter me irritavam profundamente. Se você tem oportunidade e plenas condições de trabalho, porque não o fazer?

Saí do salão judicial e segui até o escritório. Assim que me tornei rei eu soube que meu pai havia organizado uma espécie de poder judicial. Assim como os humanos tem a organização do estado em poderes legislativos, jurídicos e executivos. Meu pai utilizou a idéia a adaptando a nossa forma de poder, pois mesmo que ainda fossemos uma monarquia queríamos que todas as decisões fossem tomadas da maneira mais democrática possível.

Então lunares estudiosos e de bom caráter foram convidados a exercer a função de advogados, promotores e juízes. Todos os casos eram informados ao meu pai em quanto ele era vivo e depois a mim. Quando o fato era muito grave e os juízes pensavam em uma pena mais severa a palavra final era minha.

Nati estava cuidando de alguns problemas com algumas mulheres da lua que tinham dificuldade em arrumar emprego entre os humanos. Geralmente esse tipo de coisa passava por outros, digamos assim, funcionários. Em algumas cidades os humanos se recusavam a dar empregos a lunares. Não os culpávamos, muitos ainda tinham medo de nós. Não podíamos obrigá-los a nos incluir em sua sociedade. A troco disto muitos ainda escondiam suas verdadeiras identidades. Quando esses casos vinham até a guarda os funcionários que cuidavam dessa área tentavam enviar essas pessoas até empresas de lunares, desta maneira elas ganhavam seu dinheiro honestamente sem ter problemas com os humanos. Hoje foi um dia especial, pois quando essas mulheres da lua viram-nos entrar na cede correram até nós pedir ajuda.

Como eu tinha hora marcada com o judicial, Nati disse que as ajudaria no que pudesse.

Assim que sentei em minha cadeira me deixei afundar. Minha boca se abriu em um enorme bocejo. Antes que eu pudesse cogitar tirar um cochilo por ali mesmo alguém bateu a minha porta.

- Entre.

- Desculpe atrapalhá-lo majestade, mas Benjamim tem algo a falar com o senhor. – avisou Heidi a secretária de todos os departamentos.

- Pode mandá-lo entrar Heidi.

Meu tom era sério, pois Benjamim era um dos seguranças de minha filha. Minha preocupação expulsou meu sono.

- Boa tarde majestade. – cumprimentou ele com uma leve reverência.

- Boa tarde Benjamim, aconteceu algo com minha filha? – perguntei sem rodeios.

- A princesa Bruna está bem senhor. A princesa Isabella pediu-me que lhe dissesse o ocorrido mais cedo. Sua filha teve uma visão com lobisomens, ela ficou bastante assustada, mas agora já está em casa junto de sua família. – explicou-me em tom calmo.

Relaxei parcialmente por saber que estava tudo bem, mas ainda estava preocupado.

Franzi o cenho pensando sobre está visão. Bem, ela só poderia ser do passado... Mas por que estava aparecendo justamente agora. As visões do passado geralmente vinham para que nós prestássemos atenção no ocorrido, aprender com os acertos e os erros e usar essa aprendizagem em um futuro próximo.

Mas o que Bruna iria aprender com uma visão sobre uma espécie já extinta?

- Você sabe me dizer como foi essa visão? – perguntei encostando-me ao encosto da cadeira.

- De acordo com o Senhor Edward a visão estava bastante confusa, mas foi possível que ele desenha-se o lobisomem. E com esse desenho percebemos que era uma transformação aqui na Terra, pela lua cheia.

Ele entregou-me o desenho e meus olhos esbugalharam. Realmente era um lobo da lua cheia. E pelos detalhes no desenho eu posso entender perfeitamente o porquê de minha filha ter ficado assustada.

- Eu realmente não sei o que isso quer dizer. Já levou essa informação a Ângelo? Sei que é uma visão do passado, mas querendo ou não ela quer avisar sobre algo. É bom que fiquemos atentos.

- Meu parceiro Corin já está passando os acontecimentos ao chefe.

- Muito bem. Obrigada por avisar-me Benjamim.

Ele fez mais uma reverência antes de sair de minha sala.

Passei rapidamente o que estava para acontecer nos próximos meses. Bruna teria o baile do colégio, minha irmã vai para LA e então o aniversário de minha filha que eu já estou organizando com a ajuda de Alice, e pensando nisso aquela vampira vai me falir!

Algo importante iria acontecer em algum desses eventos. Eu só realmente espero que não seja nada de grave.

- Dan? – pisquei várias vezes voltando a realidade e sorrindo para minha linda esposa me olhando de maneira preocupada.

- Oi meu amor.

- Já te contaram sobre a visão de Bruna? – perguntou vindo sentar em meu colo.

Assenti em um suspiro.

- Vamos para casa? Estou preocupada com ela.

- Vamos sim.

[...]

Assim que saímos de minha sala foi possível escutar um burburinho. Parece que Benjamim e Corin estavam contando o que aconteceu à minha filha com detalhes para Ângelo e como o povo da lua é tão curioso quanto o povo da Terra você já deve imaginar a situação.

Nenhum deles parou seus afazeres por completo, mas a lentidão impressionava.

- Mas a princesa está bem? – perguntou o garoto Peter de maneira preocupada.

- Está sim, mas ela chorou muito antes de desmaiar. – esclareceu Corin bastante preocupado.

Eles ainda conversavam seriamente quando algo me chamou a atenção em Peter. Não sei o que era, mas algo nele puxava meus olhos. Devo ter ficado muito tempo o encarando, pois Nati teve que me cutucar para eu desviar o olhar do pobre garoto que com certeza começava a imaginar que tinha feito algo de errado.

"O que foi isso?" – perguntou minha esposa por pensamento.

"Não sei, mas assim que eu descobrir lhe contarei." – respondi com um sorriso tranqüilizador tanto para Nati quanto para todos os outros que ainda me encaravam sem entender.

- Ângelo?

- Pois não majestade?

- Pode nos acompanhar até o estacionamento?

- Claro!

E assim fomos os três até os carros. Quando estávamos longe o suficiente perguntei ao chefe da segurança.

- Então, já designou quem ficará na proteção de minha filha no dia 23? – voltei meu olhar a ele.

- Ainda não, o senhor acha que algo acontecerá nesta data?

- Espero que não.

- Deseja que coloque mais 2 para a proteção de vossa filha?

- Não será necessário. Como vai o treinamento do garoto?

Ângelo pareceu surpreso pela minha pergunta e ao mesmo tempo receoso, provavelmente imaginando que eu vira algo em Peter naquele momento.

- Para ser bem sincero meu rei, Peter está se saindo extremamente bem. Ele não estava mentindo quando disse que realmente queria fazer parte da guarda. Também não é sonho bobo de criança. O garoto se esforça ao máximo para fazer tudo o que lhe peço da maneira correta, sua concentração em seus treinamentos é superior a qualquer outro. Confesso que apesar de achar que ele se sairia bem, não acreditava que fosse tão bem. Ele está acima de qualquer nível de agentes. Diria até que chega muito próximo do senhor quando ainda era príncipe.

O chefe usava uma voz paternalmente protetora, como se quisesse defendê-lo de qualquer argumento que eu pudesse usar contra Peter, mas pelo contrário. O que me fez cravar os olhos no garoto não era algo ruim, era mais como uma certeza. Agora certeza do que?

- Quero ele na segurança de minha filha no dia 23. Depois desta data pode dar férias ao garoto. – disse simplesmente abrindo a porta do carro para Nati entrar.

- Senhor, se me permite perguntar. O senhor tem certeza? Apesar de ele ter níveis incríveis, ainda está longe de completar seu treinamento. – tenho certeza que ele estava perguntando isso por eu ter encarado Peter mais cedo.

- Não confia em Peter? – perguntei erguendo uma sobrancelha.

Ângelo arregalou os olhos e respondeu sem titubear.

- Confio. – sorri para a sua resposta.

- Pois eu também. – pisquei um olho só e entrei no lado do motorista.

Ainda pude ver meu velho amigo fazer uma reverência um tanto quanto atônito.

POV Peter

Esse olhar do rei foi muito estranho. Fico imaginando o que foi que fiz de errado. Será que foi errado eu perguntar se sua filha estava bem. Mas todos estavam preocupados.

- O que você fez de errado Carter? – perguntou brincalhão Giovanni com seu forte sotaque italiano.

- Não sei. – murmurei sincero.

Ele gargalhou com as minhas palavras. Giovanni é um lunar que renasceu na Itália, tem alguns milênios de vida, porém é muito descontraído e até mesmo irresponsável em algumas vezes. Ele está sob treinamento assim como eu para entrar oficialmente na guarda. Nossos colegas costumam brincar que quem tem 19 anos é ele em quanto eu sou o milenar.

Não que eu tenha o espírito velho. Mas meus pais me educaram com uma educação antiga e me ensinaram a pensar muito antes de agir e mais do que tudo escutar os mais experientes. O respeito pela família real era sagrado para nossa família. Talvez possam me julgar careta por isso, mas eu não ligo. Pois essas lições são umas das poucas memórias que tenho dos meus pais e eu farei de tudo para que essa recordação permaneça viva dentro de mim. E desta maneira os orgulharei, seja lá onde estejam.

Alguns minutos se passaram até o chefe voltar. Ele tinha uma expressão pensativa no rosto. Ninguém ainda tinha voltado aos seus afazeres e assim que ele viu fechou a cara.

- Puxa estão todos saindo de férias e eu não sabia? – disse ironicamente e logo todos já prestavam a maior parte de sua atenção em suas responsabilidades.

Eu e meus colegas de treinamento estávamos nos dirigindo para o salão de lutas. Aqueles mais experientes nos ensinavam o que sabiam sendo nossos professores. Mas antes de continuar Ângelo nos chamou.

- Pessoal, antes de irem para o treinamento tenho que decidir uma coisa.

Voltamos nossa atenção para ele.

- Quem está disponível para a proteção da princesa Bruna no dia 23?

Fazer a proteção da família real é algo muito honroso para qualquer membro da guarda. Ao mesmo tempo em que em boa parte do turno tudo ocorre tranquilamente também há grande possibilidade de um ataque. E seja quem for o responsável terá que fazer de tudo para a proteção da princesa.

Para essas missões eram designados aqueles com mais experiência e dispostos a por sua vida em risco. Obviamente todos estavam dispostos ao trabalho. Aqueles que já fizeram a proteção de alguma das princesas são bastante respeitados entre nós.

Todas as vezes que fiquei nesta função eu estava sob treinamento então não recebi credito algum. Como o chefe estava ao meu lado, todo o credito vai para ele merecidamente.

A maioria das mãos ergueu, inclusive a de meu amigo Giovanni. Revirei meus olhos e puxei sua mão para baixo. Ele sabia muito bem que quem estivesse sob treinamento não era chamado para missões, principalmente dessa importância.

Giovanni me mandou um sorriso zombeteiro abaixando sua mão.

- Não custa tentar. – ele deu de ombros.

Revirei meus olhos e prestei atenção em quem o chefe Jackson iria chamar.

- Malaky você poderá ir?

- Sim. – respondeu simplesmente.

Malaky é um homem extremamente respeitado entre a guarda. E também extremamente quieto. Não costuma conversar muito, é um homem muito reservado.

- Carter! – chamou-me Ângelo e eu rapidamente saí de meus devaneios.

- Pois não senhor?

- Você vai com Malaky.

Meus olhos arregalaram.

- Vou sob treinamento em um evento? – sei que o certo é calar a boca e seguir a ordem, mas eu estava tão surpreso quanto todos que me olhavam de olhos esbugalhados.

Afinal eram em eventos que geralmente ataques ocorriam.

- Não será treinamento. É para valer, terá tanta responsabilidade quanto seu parceiro. – a voz do chefe soava despreocupada contrastando absurdamente com a minha expressão de pura surpresa.

- Eu ainda não terminei meu treinamento. – disse quase como um sussurro por causa de meu estado atônito.

- Eu sei. – sorriu Ângelo se aproximando de mim. – Mas são ordens do rei. – meus olhos estavam para saltar. – Ele confia em você. E eu também.

Com duas batidinhas em minhas costas ele se dirigiu até seu escritório.

- Malaky e Peter venham comigo, tenho algumas instruções.

- Parece que nosso rei está de olho em você – murmurou Giovanni sombriamente.

Revirei meus olhos e segui para a sala do chefe.

POV Daniel

O clima em casa estava leve. O que fez com que eu e Nati ficássemos mais relaxados. Cumprimentamos todos que estavam no caminho e subimos até o quarto de Bruna de onde soavam gargalhadas.

A porta do quarto de minha filha estava aberta e vi de repente uma almofada voando pelo corredor e mais gargalhadas.

- Se Esme vê essa bagunça vai sugar o nosso sangue. – disse Bruna ainda entre risos e com a voz ofegante.

Troquei um olhar divertido com a minha esposa e então paramos com a boca aberta.

- Realmente, Esme vai sugar o sangue de vocês. – murmurou Nati olhando o quarto de nossa filha.

Almofadas, travesseiros e bichos de pelúcia estavam espalhados por todo o quarto. Bernardo tinha o rosto vermelho e respirava pesadamente, estava visivelmente mais cansado do que Bruna que pulava na cama com um travesseiro na mão pronto para jogar em seu amigo.

- Guerra de travesseiros e nem me chamaram? – perguntei sorrindo.

- Não seja por isso! – rebateu Bruninha jogando o travesseiro em minha direção.

Abaixei desviando e gargalhei quando acertou Nati. O que aconteceu a seguir foi algo que eu precisava há um longo tempo. Diversão boba sem responsabilidade. Quando percebi estava jogado na cadeira da escrivaninha do quarto de minha filha rindo feito um bêbado e sendo acompanhado de mais três no mesmo estado.

- Pai quantos anos o senhor tem? – zombou minha filha sentada em sua cama ao lado de sua mãe e de seu amigo.

- Sabe como é! Depois de certa idade viramos crianças novamente. – dei de ombros.

Infelizmente esse momento que há tantos anos não ocorria terminou rápido. A risada foi morrendo e então todos sentimos a tensão que se instaurava antes mesmo que disséssemos quaisquer palavras.

- Eu... Vou descer. – murmurou Bernardo percebendo que a conversa seria séria demais.

Ficamos por mais alguns minutos em silêncio até que finalmente Nati o quebrou.

- Quer nos contar como foi? – nossa filha sabia do que falávamos.

- Preciso mesmo falar? – perguntou em um sussurro encolhendo seus ombros e apertando o travesseiro contra o peito.

Minha esposa passou um braço sobre os ombros dela e passou a segurança que precisava.

- Foi confuso, eu tive medo, eu não sabia o que estava acontecendo. As imagens que apareciam não eram tão fortes quanto o medo e desespero. Foi horrível. – concluiu engolindo em seco e se abraçando a mãe.

Deus sabe como eu preferia sentir essas terríveis coisas se isso isentasse Bruninha de senti-lo. Mas infelizmente eu não podia passar isso por ela. Ficamos mais um tempo em silêncio até que um desenho de Bruna me chamou a atenção.

- Regardes La lune... Lua no olhar. – li a inscrição na base da folha.

O desenho era de uma flor que eu desconhecia a espécie.

- Que flor é essa? Sua criação? – perguntei curiosamente indo sentar-me ao seu lado e levei o desenho para Nati ver também.

- É linda minha filha. – murmurou minha esposa encantada.

- Não é minha criação não. É do Peter. – respondeu com um leve corar de bochechas em quanto dava de ombros.

- Que Peter? – perguntei franzindo minha testa.

- Oh não dê um de seus ataques papai! Lembra quando Ângelo veio aqui em casa com um novo membro para a guarda? Então... Antes eles estavam fazendo minha proteção lá na praça. Eu os cumprimentei e Ângelo disse que Peter era novo, então fiquei curiosa para saber seu poder. O jeito que ele encontrou que não fosse perigoso foi materializar flores para mim e para as meninas. Ele disse que ainda não poderia manter por muito tempo então quando voltei para casa eu a desenhei. – explicou dando de ombros por fim.

- O garoto Carter te deu uma flor? – perguntei assimilando a história.

Minha filha revirou os olhos. Mas de repente analisou melhor o desenho e em seus olhos um sentimento se passou em uma fração de segundos para então sua feição se tornar angustiada.

- Pai? – sussurrou.

Olhei diretamente em seus olhos azuis como os de sua mãe e esperei que ela falasse.

- Ele está bem não é?

- Claro que está, o vi ainda hoje. – respondi suavemente.

Por mais incrível que pareça eu não me senti enciumado perante a sua preocupação. Vi nos olhos de minha filha tanta pureza em sua própria angustia que a única coisa que eu sentia era que tinha que fazer com que ela parasse de sentir aquilo.

- Por que a pergunta?

Bruna encolheu os ombros e murmurou atormentada.

- É que... Depois que eu desmaiei eu sonhei com ele e não me sai da cabeça que a visão que tive tem algo a ver com ele.

- Não fique assim minha filha. Não há possibilidade de ser algo com Peter, afinal sua visão foi sobre o passado e ele é apenas 3 anos mais velho que você. – disse Nati tentando a tranqüilizar e olhando sugestivamente para mim.

Ela queria que eu dissesse palavras doces também, mas meus olhos estavam esbugalhados. Esse “interesse” de Bruna por Peter e a preocupação dele com ela mais cedo... Será que esse garoto é... Não, não... Ele é muito jovem. Bem, mas eu também... Será?

Em todo caso ele é um bom garoto.

- O verá no baile Bruna, ele é um dos teus seguranças. – disse por fim.

Um sorriso enorme surgiu em seu rosto e eu estreitei meus olhos divertido. Minha filha revirou os seus.

- Eu só acho legal ele também ser jovem papai. Mesmo que eu tenha a Anne como minha amiga, ela é meia humana, não entende certas coisas. – fez uma careta e eu ri.

- Eu não disse nada. – disse inocentemente a ela e levantei da cama ainda sorrindo.

Bruna e Nati estreitaram os olhos estranhando minha atitude despreocupada. Revirei meus olhos e saí do quarto fugindo das possíveis explicações que elas queriam. Eu ainda estava com dúvidas em minha cabeça e até que eu tenha certeza dessa minha suposição deixarei as coisas seguirem seu rumo sem interferências.

[...]

POV Carlisle

Entrei na sala onde geralmente os médicos davam uma pausa para descansar a cabeça. Havia dois médicos humanos sentados no sofá assistindo e comentando uma reportagem que passava na teve. Eles pararam sua conversa para me cumprimentar e então voltaram novamente ao assunto.

Charlie também estava ali. Meu amigo ajeitava a gola de sua camisa social em quanto se olhava no espelho. Ele iria ao baile no colégio acompanhando Lara. Mas já faz alguns dias que eu o vejo com uma feição muito preocupada.

- Qual o problema Charlie? Faz tempo que te vejo quieto de mais.

Ele suspirou realmente incomodado, mas não pelo fato de eu perguntar e sim pelo seu problema.

- É a Lara. – disse simplesmente encostando-se ao balcão.

- Algo errado no relacionamento de vocês? – perguntei tentando incentivá-lo a se abrir.

- Ela quer que eu a transforme. – respondeu, sua voz soando um tanto quanto desesperada.

- Oh! – exclamei entendendo seu drama. – Não posso dizer que estou surpreso, já esperava por isso. – disse sorrindo levemente.

Percebi que a conversa entre os dois humanos pararam para que prestassem atenção em nós. Revirei meus olhos internamente.

- Vai transformá-la?

- Eu... Não posso fazer isso. – disse com pesar.

Franzi minha testa.

- Acha que não vai conseguir parar?

- Também. Acontece que eu não posso condená-la a isso. Lara é humana, e uma humana jovem. Pensa que o que estamos vivendo é algum conto de fadas ou algo assim. Ela não entende que ser o que somos não é tão fácil quanto parece. Ela diz que não liga para dor que vai sentir, mas ela diz isso por que não sabe o que é. Só que ao mesmo tempo eu não quero ficar sem ela, não sei se vou suportar perdê-la... Novamente. – sussurrou a ultima palavra e então me perguntou agoniado. – Como você decidiu Carlisle? Com Edward, depois Esme, Rose e Emmett.

Suspirei pensativo.

- Não é uma decisão fácil. Com Edward eu estava há muito tempo isolado, sem ninguém para contar. E depois com o pedido de sua mãe eu acabei cedendo meio que no impulso. Depois com Esme foi diferente, pois eu já era apaixonado por ela. Mas como ela já era casada e obcecada em engravidar eu não tinha espaço em sua vida. Até que eu a vi no necrotério já dada como morta. Eu ainda escutava seu coração bater fraco então a transformei para que fosse a minha companheira. Acho que o mais difícil foi com Rose. – dei um sorriso irônico. – Ela tentava não me culpar, mas praticamente jogava em minha cara que ela preferia ter morrido a encarar a imortalidade e a eterna memória de seu próprio noivo a violentando. Quando Emmett apareceu às coisas melhoraram incrivelmente. O transformei pelo apelo de Rose e acabou que ele foi o grande responsável para dissipar o clima tenso que tínhamos em casa.

Sorri fracamente.

- Acho que não ajudei em nada.

Charlie bufou.

- Em nada. – concordou dando duas batidinhas em minhas costas em despedida e seguindo em direção a porta com seu paletó em mãos.

- Charlie? – chamei e ele olhou para trás sobre seus ombros. – Você vai tomar a decisão certa.

Meu amigo fechou ainda mais a cara e disse carrancudo.

- Maldita hora que eu fui te conhecer Carlisle. Você envenena a todos a sua volta com essa porra de ética e moral. – eu ri de suas palavras voltando minha atenção para os exames de um de meus pacientes.

POV Bella

Os alunos estavam todos vestidos a caráter e completamente animados com o baile de formatura. A colação de grau foi à tarde e eu fui convidada a participar já que eu fui professora deles por boa parte do ano.

Infelizmente os amigos de Bruna não passaram de ano, Maggie e Denis reprovaram em matemática e Nick em química. Desta forma eles estudarão no ano que vem com minha sobrinha, Bernardo e Carolina.

Os alunos fizeram um pequeno agradecimento para mim dizendo que se não fosse minha ajuda a valsa do baile seria bem pior do que será. Gargalhei pelo pessimismo deles. A verdade era que eles estavam dançando bem bonitinho, mas como não gostavam da valso sentiam-se ridículos dançando.

Edward estava me acompanhando mais cedo então pude apresentá-lo aos professores. Então quando chegamos ao colégio não foi difícil se enturmar.

Assim que entramos pelos corredores do colégio pudemos perceber a quantidade de gente. Os alunos do primeiro e segundo ano foram convidados, os alunos formandos traziam seus pais e familiares. Os professores tinham direito a acompanhante. Então tinha muita gente dentro do ginásio.

Mesas redondas foram postas em boa parte do lugar, ao fundo um palco com DJ na frente da pista de dança. Uma música suave tocava ao fundo.

Muitos alunos vieram me cumprimentar e me apresentar para seus pais. Ignorei completamente a hesitação deles. Edward permaneceu ao meu lado sorrindo levemente. Bruna vinha caminhando ao lado de Jake e atrás de nós. Ela estava triste, pois não iria dançar a valsa. Não que gostasse desta dança, mas todos os seus amigos iriam, até mesmo Bernardo foi chamado por uma das formandas. O fato é que os garotos tinham medo de se aproximar demais dela devido a super-proteção do pai.

Maggie correu até nós e cumprimentou-nos rapidamente para então puxar a amiga para junto dos outro. Minha sobrinha se animou um pouco.

Eu, Edward e Jacob nos sentamos a mesa dos professores e logo entramos em uma conversa animada.

Meu vampiro olhou para trás rapidamente e depois franziu a testa. Olhei-o curiosamente e então ele sorriu divertido como se tivesse descoberto um grande segredo.

POV Peter

Senti meu coração bater com força em meu peito assim que entramos no ginásio do colégio da princesa. Avistei-a junto dos amigos, rindo despreocupada, mas no fundo de seus olhos existia certa tristeza. Seus amigos a elogiavam por estar bonita. E não posso discordar. A princesa Bruna estava maravilhosa, seu vestido azul marinho não destacava somente sua pele clara como também seus olhos. O peso da responsabilidade secou a minha boca e fez meu coração martelar ainda mais forte em meu peito.

- Fecha a boca Carter. – murmurou Malaky em tom divertido.

O que me surpreendeu já que até agora não tínhamos trocado palavras. Além do mais, sempre ouvi falar que Malaky era um homem extremamente sério e focado. Não dado a brincadeiras.

Senti minhas bochechas esquentarem quando percebi que realmente estava de boca aberta. Meu parceiro olhou-me curiosamente e depois voltou seu olhar para a princesa.

- Ela é verdadeiramente uma linda garota. Se tornará uma linda mulher.

Remexi-me incomodado com suas palavras. Mesmo que fossem verdadeiras não gostava delas saindo da boca de Malaky. Ele franziu a testa analisando minha reação e depois sua expressão tornou-se surpresa.

- Bem... Isso explica muitas coisas. – murmurou pensativo e então sorriu como se nada tivesse ocorrido.

- Do que está falando? – perguntei me sentindo um corno, sempre o último a saber.

- Atenção à volta. – disse seriamente ficando em posição de alerta.

Mas mesmo com a atenção voltada para o trabalho ele não pode esconder um sorrisinho no canto de sua boca.

Estreitei meus olhos e continuei meu trabalho. Ficar de olho na princesa. [N/a: Ok, a gente finge que acredita que isso é só trabalho!]

Alguns minutos mais tarde ela percebeu a nossa presença e então sorriu largo vindo em nossa direção juntamente com sua amiga loira enganchada em seu braço.

- Olá! – disse a princesa de maneira animada assim que se aproximou de nós.

Eu e Malaky fizemos uma leve reverência.

- Como vai princesa? – perguntou meu parceiro antes que eu o fizesse.

Estreitei meus olhos para ele mais uma vez.

- Eu vou bem. – respondeu sorridente. – Mas acho que ainda não conheço o senhor.

- Sou Malaky majestade. – apresentou-se ainda sorrindo.

- É um prazer conhecê-lo. – respondeu a princesa estendendo sua mão.

Meu companheiro segurou-a e curvou-se para beijá-la, senti meus músculos tencionarem.

- O prazer é todo meu princesa.

- O que vocês têm contra apertos de mão? – perguntou lindamente emburrada.

Malaky riu levemente.

- Mas Malaky é seu sobrenome certo? – perguntou curiosa e ele assentiu. – Então qual é o seu primeiro nome?

- Meu primeiro nome é grego, se usá-lo aqui as pessoas se perdem nele. Então todos me chamam de Malaky mesmo. – deu de ombros.

- Hum... – murmurou pensativa e então finalmente direcionou seu olhar para mim. – Tudo bem com você Peter? – perguntou meio hesitante.

Só então percebi minha cara fechada e minhas mãos em punho. Por que diabos eu estou com raiva? E do que diabos estou com raiva?! Suavizei minha expressão e sorri o máximo que pude.

- Estou bem. – disse simplesmente.

Ela franziu sua testa, formando um pequeno vinco. Tive uma absurda idéia de levar meus dedos e desfazê-la, mas me controlei.

- Quando papai me disse que você vinha eu pensei que Ângelo viria com você. Já terminou seu treinamento?

- Na verdade ainda não, mas o chefe Jackson me escalou para uma missão oficial. – expliquei e então me senti envergonhado quando terminei. – A mando de seu pai.

- Oh! Ele deve gostar mesmo de você. – murmurou ela, mas tenho certeza que não falava sobre a missão.

A princesa então sorriu para nós e disse animada.

- Não precisam ficar tão em guarda o tempo todo, não acontecerá nada esta noite. – mandou uma piscadela. – Divirtam-se, estão em um baile e devidamente vestidos. Tenho certeza que arrasarão muitos corações.

- A senhorita está magnífica princesa, perdi as contas de quantos jovens ficaram de boca aberta ao vê-la... E para sua amiga também, é claro.

Prendi um rosnado para Malaky. Como ele pode ser tão atrevido?! Lancei um olhar fulminante para ele que ignorou completamente sorrindo despreocupado para a princesa que tinha as bochechas coradas. As duas agradeceram e seguiram para o outro lado do salão.

Meu parceiro me olhou com a maior cara de pau do mundo e disse em tom que somente nós dois ouviríamos.

- Não seja ciumento a elogiei no maior respeito. Ela também é minha princesa.

- Não estou com ciúmes. – murmurei no mesmo tom.

Ele me olhou descrente me fazendo revirar os olhos. Só não achei respeitoso o modo que ele a elogiou, não estava com ciúmes... Estava?

Malaky riu de algo que viu em minha expressão, então disse seriamente.

- Vou fazer o perímetro, não perca a princesa de vista.

- Sem problemas.

- Tenho certeza que não. – seu tom foi malicioso o que me deixou com raiva.

Mas que diabos! Ela é a princesa! Prin-ce-sa! Será que terei que soletrar para ele ter um pouco mais de respeito?


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Notas finais do capítulo

*correndo postar o próximo ;)*



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