A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 63
Capítulo 14. Visitando o passado


Notas iniciais do capítulo

Hellow :D Obrigada pelo carinho de vocês. O capítulo de hoje está um pouco mais focado no passado, não só o da Bella, mas também no passado de Emmett e Alice principalmente. E para quem sentiu falta do POV Narrador teremos nesse capítulo também. Espero que gostem



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Capítulo 14. Visitando o passado

POV Bella

Finalmente estou contando meus medos a Edward e todo o desespero guardado em meu peito começou a sair como um furacão da minha boca. As palavras jorravam sem muito sentido, mas meu vampiro não interferiu, apenas esperou que eu desabafasse tudo o que eu estava sentindo.

- Estou assustada Edward! Sempre tive muito presente em mim a diferença entre certo e errado, sempre me julguei correta, nunca ousei matar qualquer ser que possuísse uma alma. E agora essas lembranças vêm como fantasmas de uma época distante assombrar a minha vida! Tanta dor, tanta crueldade, tanta morte! Deus! E eu! Eu fiz tudo aquilo! Destruí tantas famílias, tantos lares... Eu matei você! – minha voz soava horrorizada entre tantos soluços e lágrimas.

- Você não me matou Bella. – murmurou Edward com um tom baixo, mas firme.

- E como pode ter certeza?! Você não se lembra de sua vida humana, a vida humana que teve antes de virar vampiro há mais de sete mil anos. Não sabe como foi transformado! E não diga que naquela época eu ainda não havia nascido, pois sabe que o tempo é muito mais complexo do que podemos compreender e eu sou a prova concreta disso. Vivi na lua, desapareci, virei anjo e depois apareci novamente com 5 anos de idade. O que sabemos sobre a vida afinal? Nada! Somos apenas peões em nosso próprio destino. O que aconteceu conosco no período de tempo em que não renascemos? Milênios se passaram desde que você virou cinzas na lua, o que éramos nesse espaço de tempo? Simplesmente viajamos de uma era para a outra?

Edward não sabia as respostas de minhas perguntas. E parece que ninguém no mundo poderia ter. Meu choro tornou-se ainda mais desesperado. A idéia de que eu fui o Caos me deixava completamente insana, a culpa me corroia por dentro. Um sentimento tão forte que nunca senti nessa vida. Eu tinha vontade de me afundar em um posso e ir cada vez mais fundo até que eu nunca mais existisse. Eu queria nunca ter existido. Eu queria nunca ter feito essas coisas.

- Chega! – rosnou meu marido segurando de maneira firme meus braços, com meu surto deixei minha mente aberta. – Pare de pensar isso! Você nunca foi egoísta! Não se torne agora! Cinco anos não podem ter te mudado tanto!

                                         

Eu nunca vi Edward tão furioso. Sua face estava completamente transtornada, porém seus olhos transbordavam dor.

- Existem pessoas que te amam Isabella! Pessoas que não suportariam se quer a idéia de você não existir! Então pare de se lamentar e erga essa cabeça! Acorde para vida! Abra seus olhos e perceba que ela anda para frente e não para trás! Você me ensinou isso droga! Você sempre me disse que todos nós mudamos. Que erramos e aprendemos e isso nos faz seguir sempre em frente. Correndo atrás de nossos objetivos pessoais. Seja buscando a felicidade, seja redimindo nossos erros! – ele espremeu seus olhos e então pediu. – Por favor, não seja o tipo de pessoas que aconselha a fazermos o que você fala, mas não acredita que sirva para você mesma.

Edward estava certo, completamente certo. Eu estou me deixando afundar como se eu fosse sozinha no mundo. Como se ninguém se importasse comigo. Como se eu fosse uma pobre coitada. E isso não era verdade, meu vampiro está agora aqui em minha frente com a face contorcida em um choro sem lágrimas para me provar isso.

- Não se destrua minha princesa. – murmurou com a voz mais calma, porém completamente sofrida.

Meu marido segurou meu rosto entre suas mãos e sorriu entre um soluço.

- Algum tempo atrás eu estava preocupado com o passado. Tinha medo de que a garota por quem me apaixonei recobrasse sua memória e corresse de volta para seu amor passado. Quando contei a ela meu medo, ela me olhou com aqueles olhos chocolate tão lindos como se eu fosse uma criança teimosa. Aqueles dois orbes me engoliram tamanha a sua sinceridade e me fizeram escutar sua alma. E sabe o que ela me contou? Que não importava a ela o que acontecera no passado, pois ela não acreditava nele, já que sentia correr em seu corpo um amor tão grande por mim que era incapaz de desaparecer de uma hora para outra. Então Bella olhe dentro de meus olhos e leia a alma que você tem tanta convicção em afirmar que eu tenho e escute-a. Perceberá ela dizer que não importa o que aconteceu em seu passado, importa o que você é hoje. O que você faz para ser quem você é. Se luta por justiça ou lutar por rancor. E se ainda olhar bem direitinho conseguirá enxergar o reflexo de sua alma e então vai perceber que não tem o porquê de se martirizar tanto, pois grande parte de sua vida foi destinada as pessoas a sua volta, destinada a felicidade delas.

Deitei em suas pernas em quanto ele fazia carinho em meus cabelos para me acalmar.

- Não faça isso com você meu anjo, você é uma pessoa boa. Não preciso conseguir ver almas para saber que a sua é a mais brilhante. – dizia com a voz calma.

Pouco a pouco fui me acalmando. Percebi que o peso em minhas costas que estava carregando a mais de um mês havia sumido. Meu corpo estava leve. Meu coração estava leve.

Levantei de suas pernas e fiquei de joelho a sua frente, após fungar e limpar rapidamente as lágrimas em meu rosto disse de maneira emocionada.

- Obrigada. – minha voz estava rouca e soou baixa, mas ele entendeu.

Seus olhos estavam em um verde brilhante, como se realmente lágrimas tivessem se acumulado. Então ele sorriu de maneira amorosa em quanto me puxava para um abraço.

- Não faça mais isso comigo amor, o masoquista da família sou eu. Não estou acostumado a lidar com complexo de culpa. – disse divertido me fazendo rir.

- Foi uma pequena vingança para saber como me sinto quando você começa a se culpar por tudo. – entrei na brincadeira.

Seu riso fez meus pelos arrepiarem.

- Tem uma coisa errada em sua teoria...

- O que? – me afastei confusa.

- Lembra que você me mostrou exatamente tudo o que Caos lhe disse em quanto lutavam? – assenti levemente. – Então... Ela disse que se apaixonou por um humano que lhe mostrou que estava errada em suas atitudes e Line percebendo que a perdera o matou... Eu não acredito que Caos e você sejam a mesma pessoa, mas se forem não foi você quem me matou assim como mostra o sonho. E outra coisa, você se arrependeu. No ultimo minuto, mas se arrependeu. Quis reparar seus erros. E somente essa vontade já a torna digna de respeito e admiração.

Meus olhos voltaram a umedecer, mas Edward logo tratou de beijar cada lágrima que insistia em cair.

- Se sente melhor? – perguntou colocando uma mexa de meu cabelo para trás de minha orelha.

- A angustia se foi.

- Ótimo.

Sorrimos um para o outro e então com um ronco do meu estômago resolvemos voltar para casa, o sol já tinha passado do pico há muito tempo e eu ainda nem havia almoçado.

- Sabe? Eu queria que Victória tivesse terminado de falar o que queria dizer para mim. – murmurei pensativa depois que pulamos da pedra para a margem do lago. – Você não conseguiu ler na mente dela nada mesmo?

- Minha mente estava uma bagunça, não consegui diferenciar muitos pensamentos. Às vezes eu escutava claramente, mas logo tudo virava um barulho ensurdecedor. Desculpe.

- Tudo bem... – dei de ombros fazendo bico.

Edward entrelaçou nossas mãos e beijou a minha aliança. Ele também já estava usando a dele. Nessie devolveu a corrente junto com a aliança, disse que a mamãe tinha pedido para guardar para ele.

Um relinchar ecoou a nossas costas e nós viramos rapidamente. Um cavalo de pelos negros estava do outro lado da margem e pastava por ali. Tive a impressão de que ele estava olhando para nós.

- Esse não é o trovoada? – perguntou Edward.

- Parece né?

Meu vampiro então assoviou, mas não um assovio comum. Era uma espécie de chamado que o cavalo sempre respondia há tanto tempo atrás.

Sorrimos quando ele relinchou se sustentando apenas nas patas traseiras e então caiu novamente tremendo seus lábios. Agora ele claramente olhava para nós. Abaixou a cabeça nos cumprimentando. Fizemos o mesmo para ele e então fomos finalmente para casa.

POV Esme

As meninas chegaram em casa animadas falando sobre vestidos e bailes.

- Boa tarde Esme! – me cumprimentou Bruna com um beijo estalado em minha bochecha.

- Olá querida, está com fome?

- Na verdade não... Comi de mais na hora do almoço. – respondeu fazendo uma careta.

Sorri para ela que saltitou até a porta de casa. Eu estava no mais novo jardim da casa, as luvas em minhas mãos estavam completamente sujas de terra e boa parte da minha roupa também. O chapéu em minha cabeça protegia meus olhos dos poucos raios de sol que ultrapassavam as nuvens. Nati estava me ajudando mais cedo, porém ao notar que já estava tarde foi se juntar com o marido para preparar o almoço.

Alice vinha andando com Nessie ao seu lado. Minha filha só tinha paciência com a sobrinha. Tudo para Alice é sempre para ontem, exceto com a baixinha. As duas vinham de mãos dadas e a vampira não se importava de acompanhar os passos lentos de Nessie.

Minha neta largou a mão da tia e correu até mim.

- Oi vovó! – sorriu largamente se jogando em meu pescoço.

- Oh! Cuidado querida, vovó está completamente suja! – disse e ela se afastou o suficiente para olhar suas roupas com um biquinho.

- Ops!

Eu e Alice não conseguimos segurar o riso quando ela levou sua mãozinha a boca com se tivesse feito uma grande besteira.

- Vem Nessie, vamos correr para o chuveiro antes que tia Rose te veja toda cheia de terra! – chamou Alice correndo em um ritmo fraco para que a pequena pudesse acompanhá-la.

Minha neta gargalhou como se aquele fosse um grande segredo entre ela e a tia.

Sorri vendo aquele pequeno anjinho e então decidi que por hoje já era o suficiente de jardins. Fui para dentro me limpar e trocar de roupa.

Passando pelo corredor eu escutava a conversa de Dan e Nati na cozinha, Rose e Emm na sala assistindo televisão, Nessie e Alice gargalhando no banheiro, Bruna teclando em seu computador. Olhei para a direita e avistei Jasper ajeitando calmamente as roupas que Alice separara para eles viajarem.

Eles nem foram viajar e eu já sentia uma imensa falta dos meus filhos. Saudades antecipadas.

Bati a porta. Jasper sorriu compreensivo para mim.

- Não é como se nunca mais fossemos voltar... Passaremos no máximo um mês fora. – disse ele calmamente.

Suspirei sentando-me na cama. Olhei para a pequena mala.

- Só vão levar isso?

- Conhece Alice... Ela prefere comprar as roupas no lugar que iremos. – disse divertido fechando a mala.

Sorri com suas palavras. Alice é Alice.

- Ela não tem jeito... Quando pretendem ir? – perguntei com o coração na boca.

Antes de responder, Jasper inundou meu coração de paz.

- A senhora está se preocupando a toa... Iremos amanhã pela manhã e voltaremos assim que Alice conseguir as respostas que precisa. Se demorar muito voltamos antes do Natal e depois viajamos novamente depois do ano novo.

- Oh! Essa casa ficará tão silenciosa... Emmett e Rose também viajarão amanhã.

Jasper riu.

- Com certeza a casa ficará extremamente silenciosa sem a presença tão sutil de Emm.

- Família nunca deveria se separar. – reclamei emburrada.

- São só alguns dias dona Esme, acalma esse seu enorme coração.

- Vou tentar. – bufei fazendo-o rir.

Assim que escutamos as vozes de Edward e Bella descemos as escadas.

Olhei surpresa para a cena. Bella estava a mesa devorando um prato gigantesco. A sua volta todos olhavam embasbacados. Somente Edward gargalhava, provavelmente com os nossos pensamentos.

- Por que estão olhando para mim? Estou com fome oras! – disse minha nora com a boca cheia.

O fato é que faz anos que eu não a vejo comer dessa maneira. Com tanto apetite.

- Eu não sei o que fez com a minha irmã... Mas acho que exagerou. – murmurou Daniel.

Edward gargalhou sentando ao lado da esposa.

Sorri. Pelo menos Bella voltara a se alimentar direito e isso era uma coisa muito boa. Sem dizer que ela não está mais com o semblante preocupado. Seja lá o que os dois conversaram fez com que ela voltasse a ser a mesma mulher com as atitudes encantadoras de menina.

[...]

POV Bruna

Esme ficara super triste com a viagem dos meus tios e tias. Seu coração de mãe não suportava vê-los longe. Mas eles tinham que fazer isso e ela não podia impedi-los.

A casa ficou muito mais quieta do que de costume. Joseph ficava tão quieto que tinha dias que nem notava a sua presença na casa. Vovô Charlie e Carlisle estavam sempre trabalhando. Esme cuidava da casa, dos jardins e quando se entediava ia desenhar novos projetos de casas ou fazer mudanças nos cômodos. Tia Bella e tio Ed estavam constantemente saindo com Nessie, chegavam perto da cidade para que titio se acostumasse aos poucos com tantas vozes, eles iriam no final de semana falar com Katharine. Papai e mamãe estavam ocupados com o governo do povo. Quem vê de fora pensa que é super legal ser o que somos, mas esquecem de que temos deveres a cumprir. As coisas ficaram mais fáceis depois que o chefe de meu pai se revelou ajudante do vovô Arthur...

POV Narrador

O jovem príncipe achou estranho aquele chamado de seu chefe em pleno meio de semana, mas não deu muita importância. Mais cedo ou mais tarde teria que se encontrar com ele para decidir seu futuro ou não na empresa. O dia em que teria que mostrar seu rosto para o mundo se aproximava, seu pai já havia lhe explicado que aquilo era realmente necessário.

Uma luta ocorreria e se eles apenas chegassem, acabassem com os problemas e fossem embora os humanos se mobilizariam para rastrear os misteriosos seres que os ajudaram. Por um bom tempo nada encontrariam, porém uma hora conseguiriam e então os seres da Lua virariam cobaias nas mãos de cientistas.

A princesa ainda dormia após o ataque de James, mesmo que tenha recuperado todo seu poder pela influencia da lua cheia seu corpo perdeu muito sangue e demoraria alguns dias até que se recuperasse por completo.

Edward não saía do lado de sua namorada, era difícil vê-la tão frágil, mas era ainda pior saber que ela estava frágil estando longe dela. Passava horas e horas apenas ao seu lado dando leves caricias em sua mão ou cantando melodias calmas e bonitas.

O rei entrou no quarto de sua filha com os passos leves. Sorriu ao ver toda a devoção que existia nos olhos de seu genro que não parava de fitar a princesa.

- Ela está em paz. – comentou sentando aos pés de Bella.

- Finalmente. – murmurou Edward sorrindo ao suspiro que a princesa acabara de dar.

Arthur olhava para Edward feliz por ele ser um homem que amava sua filha mais do que tudo e cuidaria dela muito bem quando ele não estivesse mais entre eles.

- Eu queria falar com o senhor... Sobre Bella. – disse o vampiro repentinamente tirando o sogro de seus devaneios.

Edward ficou um tanto nervoso com o que iria propor ao rei, mas depois se xingou mentalmente pelo pequeno momento de covardia.

- Eu já pretendia isso faz algum tempo... Mas com a princesa tão fraca e com todos os acontecimentos a nossa volta não achei que fosse o melhor momento.

Arthur prendeu o sorriso já imaginando o que o vampiro queria falar.

- Bem... O senhor me concede a mão de sua filha?

Olhou diretamente nos olhos do sogro querendo que ele pudesse ler corações para saber o quanto amava sua filha. O rei o fitou seriamente por alguns instantes em quanto relembrava em sua mente toda a vida da sua pequena garotinha que agora não era mais tão pequenina até que finalmente sorriu.

- Eu já esperava isso... Na verdade cheguei a pensar que vocês já estavam casados.

- Demoramos a recuperar a memória. E Bella realmente achava que tinha apenas 18 anos. Se a pedisse em casamento ela recusaria. – sorriu divertido.

- Já pediu?

- Ainda não, mas farei assim que ela acordar. – respondeu o vampiro sorrindo largamente e mostrando o anel que era de sua mãe.

- Tenho certeza que cuidará muito bem de minha menina.

O vampiro sorriu assentindo para Arthur que se levantara da cama.

- Boa sorte com o irmão ciumento. – Edward riu.

- Pode deixar.

Antes de sair o rei beijou a testa de sua filha e deu duas batidinhas nas costas de seu genro. Tinha um compromisso importante agora.

[...]

Daniel seguiu até a sala dos acionistas da empresa. Vestido socialmente seguiu a secretária até a porta que a mesma abriu e indicou que ele entrasse.

Aquilo tudo estava muito estranho. Todos os homens sentados naquela grande oval levantaram no mesmo instante em que o príncipe entrou. O olhavam de maneira estranha.

Daniel franziu a testa sem entender, até o homem que o contratara sorriu se aproximando do futuro rei.

- Que bom que chegou majestade.

O príncipe arregalou seus olhos verdes realmente surpreso. Mas então sua expressão mudou para suspeita. Estavam em tempos de guerra e mesmo que aqueles homens não tivessem nada que alertasse grande perigo em suas almas tinha que ter cuidado.

- Vocês são humanos, como sabem quem eu sou? – perguntou sem rodeios.

Seu chefe sorriu tranquilamente em quanto os outros acionistas se encolhiam com o tom de autoridade na voz do príncipe.

- Bem... Eu represento o acionista majoritário desta empresa.

- Sei disso.

- O que o senhor não sabe é que essa empresa trabalha com outra coisa além de reciclagem. Com a reciclagem e exportação de produtos reciclados ganhamos dinheiro para sustentar a empresa. Boa parte do lucro vai para outra parte desta instituição.

O príncipe assentiu acompanhando.

- Nossa empresa também trabalha com segurança. Na verdade uma segurança feita por pessoas de sua espécie contra pessoas de má índole de sua espécie. É está empresa que sustenta os gastos da guarda real e dos detidos por eles.

Daniel entendia tudo o que seu chefe falava, o que ele não entendia era o que ligava aquela empresa a ele. Será que o dono era algum ser da lua? Ou será que alguém que os descobriu e investiu na proteção humana.

Suas dúvidas foram sanadas quando a porta se abriu atrás de si.

O príncipe olhou seu pai surpreso.

- Pai?

- Olá! – sorriu o rei como se estivessem se encontrando casualmente.

- Eu represento seu pai. – esclareceu o humano.

- Mas... – Daniel ficou com a boca aberta entendendo ainda menos toda aquela história.

- Vamos até o meu escritório, o que eu tinha para explicar a eles já expliquei. Agora vamos sanar suas dúvidas Daniel.

Arthur passou o braço sobre o ombro do filho e praticamente o arrastou até o escritório do humano. O jovem estava completamente confuso com tudo aquilo.

- Como deve saber essa empresa tem quase 80 anos de tradição. O homem que a criou teve uma visão incrível pára saber que a reciclagem lucraria tanto nos dias de hoje. – começou o humano chamado Eliot.

- E o homem que a criou era o pai de minha mãe humana, meu avô. Depois que recuperei minha memória minha mãe assumiu a empresa e casou-se novamente. Desta vez com um homem decente. – o rei riu olhando sugestivamente para o humano que se encabulou com o elogio do enteado.

- Por que não veio falar comigo quando eu vim atrás de emprego aqui? – perguntou Daniel massageando suas têmporas.

- Ainda não era o momento. – suspirou Arthur.

O príncipe ficou irritado com tudo aquilo.

- Que merda pai! Você e mamãe desde que se encontraram conosco ficam dizendo isso! Que não era o momento certo para nos encontrar, que não dava! Mas vocês tinham como se comunicar com a gente! Por Deus Pai! O senhor tem noção do quanto nos sentimos perdidos sem vocês?! Nós precisávamos de vocês! Eu precisava! Recuperei minha memória com pouco mais de 16 anos! Estava assustado! Com medo! Sem saber se vocês estavam vivos ou não! Sem saber o que seria de mim, a responsabilidade que teria que assumir! Não sabia o que fazer, nem Charlie sabia, pois vocês o mandaram para cá sem nada dizer! Por anos procurei por respostas, corri o mundo atrás de alguém que soubesse o que diabos havia acontecido naquela guerra. Mas eu realmente não me importava se encontraria respostas ou não, eu só queria o carinho de minha mãe, as sabias palavras do meu pai! – desabafou Daniel.

Dês da volta de seus pais guardava essa angustia em seu peito, essa revolta.

- Vocês podiam ter ao menos mandado uma carta. – se jogou na cadeira suspirando.

Daniel apesar de pouca experiência sempre fora muito sábio e pensava muito em um assunto antes de colocá-lo em discussão. Obviamente assim que os pais contaram quando recuperaram a memória o príncipe não aceitara a desculpa de que não era o momento. E a partir deste momento queimou seus neurônios atrás de uma resposta plausível.

Arthur sentiu-se péssimo. Entendia perfeitamente o filho e estranhara que essa revolta não tivesse surgido antes. Mas não poderia contar o verdadeiro motivo de ele e Anita não terem feito contato antes. Não podia contar que não queria que os filhos se acostumassem com a presença deles, pois logo não estariam mais entre eles. Imaginava que se passassem o menor tempo possível com os dois, Daniel e Bella não iriam sofrer com as suas mortes.

Os três homens ficaram em silêncio. Eliot por perceber que o assunto não era da sua conta, Arthur por saber que nada de que dissesse faria com que o filho entendesse sua decisão e Daniel por estar cansado de toda aquela merda de segredo.

O príncipe suspirou.

- Por que me chamaram aqui? – perguntou cansado.

Seu pai e o humano começaram a explicar exatamente tudo de que se tratava a empresa. Desde a fachada humana até os mais ardilosos segredos. As informações seriam uteis para quando Daniel assumisse o lugar de seu pai. Os tempos eram diferentes, o lugar era diferente. Precisavam se adaptar a nova era e a humanidade que evoluíra muito depois de 7 mil anos.

Arthur já havia se revelado para muitos lideres mundiais. E juntamente com eles construiu um local para que fossem aplicadas as punições para os maus elementos de sua espécie. Graças ao projeto, muitos membros da guarda real se infiltravam nas grandes instituições policiais e todos crimes que fossem impossíveis para humanos os agentes especiais entravam em ação.

Todo e qualquer crime executado por um lunar tinha que ser referido ao rei e o mesmo era o responsável pela punição. Ou seja, ser da realeza não era tão bom quanto se imaginava.

Daniel ainda teria muito trabalho pela frente.

POV Edward

Nessie tinha um sorriso enorme no rosto. Iríamos visitar Katharine e minha filha a adorava. Bella também estava alegre e achando hilário o meu nervosismo. Não era ela que iria falar com uma pessoa que não vê há quase 80 anos cuja teve um filho seu.

Não posso culpá-la por me esconder. Ela pensava que eu estava morto e seria loucura ir atrás de um pai morto.

- Relaxa. – disse minha esposa revirando os olhos.

- É que essa situação é muito estranha, não sei como puxar o assunto. – respondi com uma careta que fez minha sobrinha gargalhar.

Bruna estava indo conosco para se encontrar com seus amigos na sorveteria.

Não demorou muito para chegarmos à praça. Muita gente andava por ali. Não tive problemas com os meus poderes. Bella estava me ajudando com o controle. Cada vez que saíamos de casa ela fazia um escudo a minha volta e eu só conseguia ler a mente de quem estava dentro do circulo.

Obviamente isso me limitava a alguns metros. Então pouco a pouco conforme eu vou me acostumando, minha esposa vai aumentando o raio da proteção. Desta maneira, eu consigo ler e controlar o que estou escutando com mais facilidade. Quando o escudo estiver do mesmo tamanho que a zona que antes eu conseguia ler não precisarei mais dele e finalmente não terei mais problemas com dor de cabeça.

O dia estava quente, apesar das nuvens escuras no céu. Então não foi nada estranho encontrar as pessoas com roupas leves, porém com o guarda chuva em mãos. Essa temperatura era incomum nessa época do ano, afinal estamos no final do outono.

Muitos olhares voltaram-se para nós. Alguns acompanhados de sorrisos, outros de medo e a maioria de curiosidade.

Bruna correu até a sorveteria com minha filha em seu encalce. Eu e Bella andamos tranquilamente com as mãos dadas seguindo-as. Ouvimos os amigos de minha sobrinha a cumprimentando com animação. Nessie também não passou despercebida e recebeu vários “ois”.

Assim que entramos eles paralisaram olhando para nós e depois relaxaram quando minha esposa os cumprimentou.

- Olá!

- Oi profa!

- Como vai senhora Cullen?

Bella sorriu largamente para eles. Sorri os cumprimentando também, reparei que meu neto não estava entre eles. Mas antes que eu pudesse soltar qualquer pergunta uma voz cansada pela idade, porém extremamente doce fez com que eu me virasse.

- Oh! Vocês vieram!

- Como vai Kathy?

- Com a idade pesando. – respondeu divertida para minha esposa que sorriu suavemente.

- Continua linda Kathy. – me surpreendi com minha voz soando natural.

De repente todo o nervosismo se foi e eu comecei a me divertir com a mente de minha velha amiga.

- E você tão galante quanto mentiroso. – respondeu revirando os olhos. – O tempo me prejudicou muito mais do que você.

Foi impossível não rir com sua colocação. Não pelo fato de eu não ter envelhecido nada, mas é que ela não entendeu que eu não me referia a sua casca, me referia ao conteúdo.

- A beleza não está no exterior Kathy. Quando se é o que eu sou se aprende a enxergar muito além da aparência.

- Ou escutar. – completou minha esposa divertida me mandando uma piscadela.

Concordei com um sorriso e então voltei meu olhar para Katharine.

- E pelo o que eu escuto, tornou-se alguém muito mais bonita do que era. – completei.

Sua face atingiu um tom de vermelho e ela sorriu constrangida.

Eu não menti quanto a isso. Kathy se tornara alguém de pensamentos doces e sutis. Não sei o que ela pensava quando eu era jovem, mas eu tinha certas intuições quanto a isso. Lembro-me o quanto ela era superficial em relação a algumas coisas. E hoje em sua mente, não há nada superficial. Apenas a humildade em que leva sua vida. Suas preocupações com seu neto. O amor com seus conhecidos.

- Eu já tinha me esquecido de como você pode ser cavalheiro. – murmurou ela ainda envergonhada.

- Não digo por gentileza, digo por que é verdade. Pergunte a Bella se quiser, tenho certeza que ela concorda com isso.

- Absolutamente! – sorriu minha esposa e então me fitou com falsa seriedade. – Agora pare de deixar as mulheres do lugar tontas! Senão logo, logo eu sairei com um punhado de cabelo de cada cor em mãos.

POV Bella

Minhas alunas tossiram encabuladas em quanto Edward me fitava confuso. Kathy riu.

- Existem coisas que nunca mudam. – disse ela agora rindo mais abertamente.

Sorri tranquilamente. É obvio que eu estava brincando, só queria ver a reação das meninas que estavam praticamente babando em meu marido.

Katharine ficou hesitante. Analisando seu rosto entendi o por que.

- Hey, por que não vão conversar em sua casa Kathy? Assim não terão interrupções. – opinei piscando com apenas um olho.

- Onde você quiser. – concordou meu marido colocando sua mão livre no bolso.

- Pode ser... – gaguejou ela.

Edward beijou as costas de minha mão que estava entrelaçada com a dele e sorriu para mim antes de soltá-la.

Antes de Kathy seguir para sua casa mandou Denis cuidar da sorveteria. Meu vampiro a seguiu tranquilamente.

Suspirei e sentei-me com meus alunos. Nessie pulou em meu colo.

- Então me contem! Quais as novas? – perguntei sorrindo animada.

Os garotos sorriram e começaram a tagarelar sobre o baile do terceiro ano, as provas chegando. As notas abaixando...

POV Rose

A casa a nossa frente não era grande, nem pomposa. Mas sim uma simples casa de alvenaria. Um pequeno jardim destruído por um cachorro que choramingava com a nossa presença.

Emm apertou minha mão com o nervosismo. Durante toda a viagem me contara sobre sua família humana. Apesar de tanto tempo juntos meu marido nunca me contara tantos detalhes sobre sua vida humana como me contou hoje.

- Não fique nervoso ursão, eles vão te aceitar. – disse otimista.

Ele deu um sorriso fraco do qual me apavorava ver. Emmett sempre fora muito alegre e despreocupado. Essa sua feição insegura não fazia bem para mim.

Encontramos esse endereço graças a Claire Neveu. Foi ela que fez contato com a família do meu vampirão e combinou um encontro. Emmett se surpreendeu imensamente em saber que eles aceitaram. Pelo o que ele me contou sua família sempre foi muito rígida e tradicional, daquelas que não conseguem se adaptar bem a mudanças.

Respiramos fundo e finalmente entramos pelo portãozinho. Emmett bateu a campainha.

Poucos segundos se passaram, mas tenho certeza que para Emmett foram horas antes de um senhor um pouco mais baixo do que eu abrir a porta. Seu rosto era bem marcado pela idade, porém seus olhos de um lindo azul pareciam gentis e arrependidos.

Os dois se fitaram por meio minuto. O senhor criou lágrimas em seus olhos antes que em um ato, que pegou tanto a mim quanto meu marido de surpresa, se jogou em Emmett em um abraço cheio de nostalgia.

Meu marido retribuiu se abaixando um pouco e escondendo seu rosto na curvatura do pescoço do homem que dava leve batidinhas em sua nuca.

- Desculpe pai. – murmurou Emm com a voz embargada.

Eu já chorava com aquela cena. Não importa o quão rígido poderia ser seu pai, ele amava o filho incondicionalmente. Não importando o que ele se tornara. Eu queria que meus pais ainda estivessem vivos...

Eles se soltaram emocionados. Emmett sorriu largamente. Esse era o meu ursão!

O senhor McCarty mandou-nos entrar e logo nos deparamos com uma imensa família.

- Uau... Você não tinha dito que sua família era tão grande. – murmurei sobre a respiração.

Meu marido sorriu com meu comentário e disse um animado...

- Olá! – a tensão de seus familiares quebrou-se no mesmo instante.

- Continua o mesmo palerma! – brincou o homem tão grande quanto Emm, só que obviamente mais velho.

Ele deveria ter seus cinqüenta e poucos anos. Seus cabelos não estavam totalmente grisalhos. Era bem parecido com Emmett, só que bem mais velho que o garoto paralisado em seu corpo de 18 anos. Tinham o mesmo sorriso contagiante. Porém os olhos do homem eram de um azul igual ao do pai de Emm. Já meu vampiro tinha os olhos acinzentados por causa da transformação.

Os dois trocaram abraços apertados. Com aquelas batidinhas fortes nas costas. Mas tenho certeza que Emm controlou sua força. Ao contrário do homem que reclamou.

- Você está duro Brow! – meu ursão riu e rebateu malicioso.

- Você nem imagina o quanto. – os dois riram em quanto eu revirava os olhos.

Percebendo que mais ninguém se aproximaria meu marido finalmente me apresentou.

- Essa é minha esposa, Rosálie. Rose esse é meu irmão Dominique. – sorri amistosa para ele que sorriu com seu coração disparado.

- Prazer. – murmurou.

O clima ainda estava estranho, mas Dominique tratou de deixar tudo mais tranqüilo apresentado cada um ali presente. A irmã, a esposa, os quatro filhos os outros três sobrinhos, o marido da irmã... Até que finalmente todos estavam mais relaxados.

Sentamos em um dos sofás e finalmente meu sogro perguntou.

- O que aconteceu com você?

Emmett suspirou e começou a contar.

- Aquele dia eu saí escondido de casa. Eu estava bravo com o senhor, por que não tinha me deixado ir caçar com meus amigos. Eu era irresponsável e não entendia que naquela época era proibida a caça. Nós fomos pegos de surpresa quando um grupo de policiais nos abordou. Como eu era o mais novo consegui correr. Acabei entrando pela floresta e encontrando o que eu tanto queria caçar. Só que naquele momento eu não era o caçador, eu era a caça. O urso me atacou, não sei por quanto tempo, pois eu acabei ficando inconsciente... Agora a próxima parte da história Rose saberá contar melhor.

Ele sorriu para mim.

- Bem... Eu também saí para caçar, só que não com o mesmo intuito que os garotos. – dei um leve sorriso para que eles entendessem do que eu estava falando.

As mulheres da família tremeram imaginando.

- A época era de reprodução para os ursos, então eu não podia simplesmente deixar meus instintos tomarem conta. Eu tinha que ver exatamente o que eu estava atacando para não causar algum desequilíbrio ecológico. Comecei a farejar até que senti o cheiro de sangue humano. Não me encarem mal, mas quando estamos caçando é muito difícil controlar o extinto e eu simplesmente me deixei levar. Só que quando eu cheguei perto suficiente eu parei. Não sei o que eu vi no rosto ensangüentado do garoto, mas aquilo me fez parar. A única coisa que consegui fazer foi prender minha respiração e levá-lo até Carlisle. Eu tinha medo de tentar transformá-lo e acabar o matando.

- Foi Rose quem salvou minha vida. Ela me levou até o vampiro que a criou e pediu que me transformasse. Desde então estamos juntos. – completou meu ursão.

Esperamos em silêncio até que todos absorvessem a história.

- Por que não voltou para casa? Por que não veio contar o que tinha acontecido com você? Mamãe adoeceu com seu desaparecimento e três anos depois morreu de tristeza. – disse Joyce, irmã de Emm, sem esconder a mágoa em sua voz.

Emmett se encolheu com aquela notícia. Eu sabia que ele estava se sentindo péssimo por isso. Eu estava me sentindo péssima. Então quem respondeu foi eu.

- Não era uma escolha. Emm queria vir até aqui e contar tudo o que tinha acontecido. Pedir desculpas ao senhor e sua esposa. – olhei para meu sogro e depois voltei meu olhar para sua irmã. – Mas ele não podia. Primeiro por que ele ainda era jovem e vampiros jovens não conseguem se controlar. Então se ele viesse até aqui poderia matá-los sem querer, pois o extinto simplesmente toma conta. Quando eu encontrei Emmett eu já vivia há quase 20 anos como vampira e mesmo assim foi quase impossível para eu não atacá-lo.

Minha voz soava dolorida.

- Acredito que seja melhor a notícia de que ele esteja vivo hoje do que se ele tivesse morrido há 42 anos, pois ele ia morrer, em quanto eu corria eu escutava seu coração bater cada vez mais lento... – agoniada fechei meus olhos. – Se ele tivesse alguma chance de sobreviver naquela época eu nunca teria o levado para Carlisle. Nunca o teria condenado a essa vida.  

Emmett me puxou para um abraço. Pois ele viu que eu me senti culpada por tê-lo mantido longe da família. Ouvi o choro da irmã de Emm baixinho. Ela entendia o meu ponto.

- Eu nunca reclamei Rose. Já disse para não ficar assim. – murmurou ele antes de continuar a falar com sua família. – Depois de um tempo eu já estava controlado e já podia andar entre os humanos sem nenhum problema, mas a questão se tornara outra. Existe uma única lei em nosso mundo. Não podemos nos expor. Ou seja, se eu contasse para vocês o que tinha acontecido eles matariam a mim, minha família vampira e vocês. – suspirou. – Quando as coisas vieram a tona eu pensei em procurá-los, mas fiquei com medo. Eu já não era mais desta família, vocês seguiram suas vidas. Eu queria que fossem felizes e talvez se eu voltasse poderia trazer problemas para vocês. Já estavam acostumados com a idéia de que eu estava morto...

- Eu nunca acreditei nisso. – disse firme seu pai. – Mas eu entendo e não te culpo, eu só queria que sua mãe tivesse agüentado para lhe rever.

[...]

- Rose... Por que está chorando tanto? – perguntou Emm já desesperado com o meu choro desenfreado.

Nós estávamos no hotel, voltaríamos para casa amanhã. Passamos o final de semana com os McCarty. Depois que eles entenderam toda a história as coisas seguiram tranquilamente. Com piadas entre família, churrasco para os humanos e muitas brincadeiras. Eu percebi que eles seriam exatamente da mesma forma se Emm não tivesse se transformado, com a exceção de que meu ursão teria uma esposa e provavelmente uns cinco filhos para se juntarem com os seus sobrinhos. Uma família grande e feliz.

Prometemos voltar para visitá-los mais vezes e Emm ainda disse que queria que eles conhecessem nossa família.

Eu chorava agora de remorso. Minha vida humana era perfeita ao meu modo e quando fui transformada eu me revoltei muito. Sempre reclamando de coisas banais sem me esforçar para me adaptar. E agora vendo a família de Emm eu percebo que ele sim tinha uma vida humana perfeita. E apesar de ser tirado dela bruscamente não se revoltou como eu fiz. Ele entendeu que aquela era sua hora. Que para a humanidade havia morrido, mas ganhado uma nova vida como vampiro. E simplesmente sempre aproveitou ao máximo tudo o que poderia sem olhar para trás e se remoer com o que poderia ter sido.

Ele sim teve uma vida pelo que valia a pena chorar, se revoltar, querer voltar no tempo. Mas mesmo assim não o fez. Apenas se entregou de corpo e alma ao nosso mundo.

Agora eu percebo que toda a minha revolta foi por algo que não valia nada. Que vida perfeita é essa que tanto eu queria de volta? Submissa do meu pai, noiva de um homem que bebia e fazia as piores barbáries desde matar até mesmo me bater e me estuprar. Agora eu vejo com clareza que não seria feliz como humana. Seria somente mais uma sofredora no meio de tantas como eu na época.

Funguei segurando meu choro.

- Chega de chorar! Minha vida começa agora!

Emmett me olhou como se eu tivesse algum problema, mas antes que da sua linda boquinha saísse alguma besteira eu o agarrei.

- Estamos com fogo hoje? – perguntou divertido em meios aos nossos quentes beijos.

- Eu sempre estou com fogo ursão!

POV Jasper

Alice estava ansiosa, porém estranhamente quieta. Durante a madrugada invadimos o antigo sanatório e procuramos pelos antigos arquivos. Achava que não iríamos encontrar nada, afinal a clinica já havia fechado há muitos anos. Mas minha baixinha teve uma visão de nós encontrando papeis importantes.

Vasculhamos o lugar abandonado. Encontramos diversos equipamentos antigos, diversas salas e até mesmo um caminho para o porão no qual havia diversas celas completamente escuras. O prédio era digno de palco de filme de terror, mas acredito que jovens drogados não acham isso, pois encontramos muitas seringas recém usadas e butucas de cigarro.

Após alguns minutos finalmente encontramos a sala dos arquivos. Lá achamos a ficha de Alice. Além dos dados, da suposta doença e o “tratamento” havia também uma foto antiga. Estava bastante castigada pelo tempo, mas conseguimos identificar como sendo Alice ainda criança com cerca de uns 8/9 anos de idade.

Voltamos para o hotel para verificar todas as informações que tínhamos.

- Bem... Aqui diz sua data de nascimento, seu nome completo... Senhorita Mary. – brinquei.

Alice fez uma careta me fazendo rir.

- Não tem nada de útil nessa papelada. – reclamou. – Paciente esquizofrênica... Tratamento de choque inútil... No escuro parou de ter visões. Hun! É obvio que eu iria parar de ver “coisas” no escuro! – revirou os olhos largando os papéis.

- Paciência minha fada. Sabendo seu nome completo podemos investigar nos jornais antigos da cidade. – tentei ser otimista.

Ela suspirou e me puxou.

- Vamos de uma vez então!

Eu estava certo quanto aos jornais. A família de Alice não era tão bem vista na alta sociedade. Então encontramos apenas algumas datas. O casamento de seus pais, o nascimento de sua irmã, e a dela também.

Ela sentiu-se mal quando encontramos a data de sua morte e a mesma batia com a data em que ela entrou na clinica. Eu podia imaginar o que se passava pela cabecinha de minha companheira. Os pais provavelmente não conseguindo lidar com as visões da filha a internaram em um hospício e para não ficarem “mal falados” a deram como morta. Hoje em dia pensamos nisso sendo uma grande crueldade, porém na época era muito mais comum do que podemos imaginar.

- Bem... Vamos ver meu tumulo! – disse animada, porém eu sentia que aquilo era apenas uma grande mentira.

- Não precisa fingir para mim Lice. – murmurei a puxando para o meu colo.

- Eu sei. – disse tristemente. – Só queria descobrir algo além do que eu já imaginava.

- E o que você imaginava?

- Que eu era uma louca, que meus pais tinham medo de mim, os vizinhos me achavam uma aberração. Ou seja, um grande problema que foi resolvido me trancando no porão de um sanatório e dizendo para todos que eu havia morrido. – respondeu sentindo-se solitária e miserável.

Eu também me sentiria assim se estivesse em seu lugar. Mas não gostava de senti-la desta maneira, então tratei de transmitir todo o amor que eu sentia por ela, fazê-la perceber que não estava mais sozinha no mundo e que nunca mais ficaria.

- Vamos para casa? – perguntei suavemente.

Alice me surpreendeu negando.

- Ainda quero ir em meu tumulo.

- Tem certeza?

- Minha decisão já está tomada. – finalmente sorriu de maneira verdadeira.

Retribuí e beijei delicadamente seus lábios.

[...]

Alice me olhou com seus grandes orbes brilhando em expectativa. Ela se animou muito com uma de suas visões. Sorri para ela antes de seguirmos pelo cemitério em busca de seu tumulo.

Como sempre minha baixinha pareceu conhecer o lugar e nos guiou rapidamente até o local.

Pensei que ela iria ficar um tanto nostálgica em quanto observasse sua lápide, porém meus olhos arregalaram quando ela nem se quer olhou para as inscrições e se ajoelhou começando a cavar.

- Alice?

Aquilo não era só estranho pelo fato dela estar cavando um buraco no meio do cemitério, mas em outras circunstâncias Alice NUNCA iria sujar suas unhas na terra.

Ela não me respondeu, mas parou de cavar quando encontrou algo.

Ajoelhei-me ao seu lado e observei a caixa de madeira que ela retirava da terra. Parecia um pequeno baú.

- Ah! Minhas unhas! – berrou de repente.

Gargalhei.

- Aí está a minha Alice de volta!

- Vamos para o hotel Jazz. Você limpa o baú em quanto eu faço as minhas unhas.

- A sua disposição senhorita.

[...]

Sentados a mesa do quarto do hotel observávamos o pequeno baú de madeira. Um cadeado de ferro completamente enferrujado guardava o tal segredo. Quebrei-o com minhas mãos e abri.

Alice estava ansiosa e quicava ao meu lado. Suas mãos voaram para dentro da caixa e de lá tirou um pequeno livro empacotado em plástico. Seja lá quem colocou esse livro ali esperava que alguém o lê-se.

- É um diário... – murmurou minha fada analisando o objeto.

- Abra.

Ela fez o que eu pedi e abriu o livro, na primeira página descobrimos de quem era o tal diário.

CYNTHIA BRANDON

1908

- É o diário de minha irmã... Agora podemos ir para casa Jazz. – sorriu me puxando em direção a nossa única mala.

Em quanto esperávamos nosso vôo Alice lia o diário da irmã. Encostei-me na cadeira e minha esposa encostou-se em meu peito. Meu braço em torno deu seus miúdos ombros e minha mão acariciando seu braço de maneira inconsciente.

Percebi muitos olhares para nós e não me surpreendi em escutar pessoas comentando que nós éramos os vampiros da família da princesa. Alguns humanos até tiraram algumas fotografias com o celular. Aquilo me incomodaria se eles não tivessem receio em se aproximar.

Como se já não estivéssemos chamando atenção suficiente, Alice saltou do seu acento e começou a quicar de felicidade em minha frente.

- O que foi fada? – perguntei sem conseguir controlar meu sorriso com tamanha euforia que se passava pelo corpo da vampira.

- Eu não fiquei sozinha! – quase gritou dando um saltinho alegre.

Gargalhei com sua felicidade e a puxei para sentar em meu colo.

Seus olhos estavam tão brilhantes e alegres que me preencheram com calor.

- Eu não fiquei sozinha! – repetiu. – Minha irmã me visitava quase todos os dias. Não a deixavam acender a luz, ou me levar para tomar um ar, porém ela ficava comigo no escuro... Conversava comigo, me contava às coisas que estavam acontecendo do lado de fora. Segundo ela eu ainda tinha visões do futuro, mas para não me torturarem eu contava apenas para ela. Que era a única a acreditar em minhas visões. Eu não estava sozinha!

- Isso é ótimo meu amor! – sua empolgação era contagiante até mesmo para quem não sentia os sentimentos como eu.

A mulher do aeroporto finalmente anunciou nosso vôo e nos obrigamos a levantar. Alice andava praticamente dançando segurando minha mão. Eu não conseguia não rir para o seu largo sorriso.

De repente ela soltou minha mão e deu um alto salto no meio do aeroporto. Ela não surpreendeu apenas a mim e sim a todos a volta. O motivo do salto era um balão que uma criança soltara e acabou indo para o alto do saguão.

Alice o pegou e abaixou-se para entregar para a menininha de Maria Chiquinha. A criança não teve medo, porém seus pais estavam com bastante. Antes que eles pudessem fazer qualquer escândalo eu tratei de acalmá-los que sendo mais racionais agradeceram a minha esposa.

- Obrigado. – disse o homem em meio a um gaguejo.

A vampira mandou uma piscadela para a menininha que sorriu.

Fiz negativo com a cabeça em quanto passava meu braço sobre seu ombro.

- Você está impossível!

[...]

POV Bernardo

A água escorria pelo meu corpo em quanto eu me enxaguava. Hoje estava demorando mais do que de costume. Estranhamente vovó não veio perguntar se eu ainda estava vivo. Talvez ela estivesse tão nervosa quanto eu com a vinda do meu avô.

Bruna disse que ele só vinha para falar com minha avó, porém isso não me deixava menos nervoso. Tão nervoso que eu estou tentando adiar esse encontro em baixo do chuveiro... Absurdo! Eu estava agindo de maneira ridícula.

Bufei indignado e me enrolei na toalha.

Coloquei uma roupa normal e segui pelo corredor. Antes de chegar à sala escutei vozes vindas de lá. Uma delas soava grave e parecia meio cantada, uma voz de vampiro. Paralisei em meu lugar. A outra voz identifiquei sendo de minha avó.

Sei que não é educado escutar conversas, mas eu não resisti.

- Sinto tanto por não tê-lo conhecido... Suas lembranças estão me deixando com inveja! – divertiu-se a voz masculina.

- Desculpe. – murmurou minha avó tão baixo que por pouco não conseguir ouvi-la.

- Kathy, por favor, pare de se desculpar. Você não teve culpa, eu não tive culpa... Ninguém teve culpa. É claro que sempre ficaremos com a vontade de que as coisas tivessem ocorrido diferente, mas não podemos mudar o passado. A verdade é que o que aconteceu conosco foi uma grande travessura do destino. – a voz soou zangada, porém doce.

Com o rumo da conversa não foi difícil saber que o vampiro ali na sala era meu avô. Puta merda! Ele lê mentes e provavelmente sabe que eu estou escutando. Que bosta!

POV Edward

Ri baixinho com os pensamentos gritantes de Bernardo. Minha amiga me olhou curiosamente.

- Tem alguém bem curioso no corredor. – sussurrei lhe mandando uma piscadela.

Ela revirou os olhos e abriu a boca para pegá-lo em flagrante. Ergui uma mão para impedir e sinalizei negativo dando de ombros.

“Não quer que ele saiba que você o dedurou” – pensou curiosa.

Sorri largamente confirmando seu pensamento.

- Me mostre mais sobre Thiago. – pedi quase como uma súplica.

Ela sorriu emocionada com meu interesse. Eu também estava emocionado com suas memórias. Alegrava-me ver todo o carinho nas imagens. Confesso que me doeu ver meu filho chamar outro homem de pai, mas ao mesmo tempo me senti satisfeito por Kathy ter escolhido um homem que pudesse dar todo o carinho que na época seria impossível eu dar.

- Seu marido fora um homem muito bom. – disse ainda entretido com as memórias de minha amiga.

- Não só para mim, mas para Thiago e Bernardo também.

- Fico feliz por isso.

As lembranças ficaram embaralhadas então a imagem veio forte em minha mente.

A televisão mostrava a simulação de um grave acidente em uma estrada. O carro perdeu-se na curva fechada e voou em direção ao precipício capotando diversas vezes pela grande altura, quando finalmente atingiu ao chão explodiu matando o homem e a mulher que nele estavam. O casal deixou seu filho de apenas 5 anos órfão. 

Tudo embaralhou novamente como se fosse uma passagem de tempo.

Chorava baixinho vendo as duas covas sendo cobertas pela terra. Um homem de feições gentis porém tristes deu-me a mão e me levou até os túmulos e lá deixamos uma rosa branca. Ele pegou-me no colo e disse para eu não ficar triste, pois meus pais nunca deixariam de estar comigo.

Demorei a entender que eu não estava mais na mente de Kathy, estava na mente de Bernardo. Ele começou a ter diversas lembranças, duravam menos de segundos. Memórias de um homem bondoso que lhe ensinou tudo o que sabia, que lhe deu carinho e conselhos. Um homem que ficava louco quando mexia em suas ferramentas. Sorri rapidamente com esse pensamento tão carinhoso. Mas em seguida um pensamento doloroso lhe veio à mente.

Um senhor já com bastante idade deitado em uma cama de hospital, já não podia falar nem se mexer. Há quase dois meses estava vivendo com a ajuda de aparelhos. Os médicos não tinham mais esperanças e sua avó teve que tomar a difícil decisão de autorizar os médicos a desligarem os aparelhos. O homem já sofrera de mais.

A dor de suas lembranças eram gigantescas e não foi surpresa escutar seu choro no corredor.

Kathy me olhou alerta ao escutar os soluços de seu neto. Olhei torturado para ela.

- Ele está lembrando-se da morte de seu pai e de seu avô.

- É melhor eu ir falar com ele. – murmurou se levantando.

Antes que ela começasse a se movimentar segurei levemente seu braço.

- Posso? – pedi.

Kathy surpreendeu-se por alguns instantes até que assentiu.

- Estarei na sorveteria.

Assenti e então segui até o corredor.

Bernardo estava sentado no chão com seus joelhos dobrados e o rosto em suas mãos. Sentei-me ao seu lado. Ele deu um pulo quando sentiu minha presença.

- Desculpe. – murmurei me xingando por dentro, deveria ter feito algum barulho para que ele soubesse de minha presença.

Meu neto fungou controlando sua tristeza e perguntou com a voz rouca pelo choro.

- Onde está vovó?

- Ela desceu para cuidar da sorveteria, pedi a ela para me deixar conversar com você... Se você quiser é claro. – minha voz soou baixa.

Sua mente estava confusa então não pude prever a surpresa que sua resposta iria me causar.

- Não estou pronto para chamá-lo de vovô.

- Nunca imaginei que estivesse e nem vim pedir isso a você. – minha resposta foi tão automática que acabei falando rápido de mais.

Suspirei percebendo que ele não olharia para mim. Pela sua mente eu percebia que ele estava envergonhado com o que seus pensamentos poderiam parecer para mim. Bom, pelo menos ele não estava mais tão perdido em tais lembranças tristes.

- Bernardo eu não quero substituir seu avô. Nunca quis. É lógico que me sentirei muito feliz quando você sentir-se a vontade de me chamar de avô, mas se você nunca sentir-se bem para fazê-lo não vou te pressionar nem nada. Eu admiro o amor que sentia por ele, nunca seria capaz de pedir que o esquecesse. Não quero isso.

Minhas palavras finalmente fizeram com que ele erguesse a cabeça e me fita-se.

“Com certeza será difícil chamar alguém que aparenta ser mais meu irmão mais velho do que alguém com idade suficiente para ser meu avô.”

- Talvez isso seja um problema... – concordei sorrindo com uma careta.

Uma lembrança apareceu em sua cabeça. Jasper falava para ele o quanto era irritante eu saber tudo o que se passava pela cabeça de todos.

- Desculpe... Vou me controlar.

- Tudo bem... Você não consegue evitar. – respondeu dando de ombros.

Sorri por ele estar se esforçando a me aceitar.

- Sei que é difícil entender toda essa história e ter de repente um bando de loucos querendo participar da sua vida. Minha família pode assustar de vez em quando.

Bernardo lembrou-se do dia em que viu todos pela primeira vez, suas reações.

- Entendo o que você quer dizer. – murmurou.

- O que eu quero na verdade é me tornar importante em sua vida... Digo, você já se tornou importante para todos nós. Quero ser alguém em que você possa conversar, alguém em quem você confie para buscar ajuda no que precisar. Um amigo. Um irmão se assim você se sentir mais a vontade.

Ele surpreendeu-se com as minhas palavras até que finalmente sorriu.

- Pelo menos você não morrerá em nenhum acidente de carro e muito menos de velhice. – disse animado, mas logo sua expressão murchou. – Isso soou estranho.

Gargalhei de suas palavras e baguncei seus cabelos.

- Entendi o que quis dizer. Agora acho melhor descermos, pois os pensamentos de sua avó estão tão preocupados que soam como gritos.

Bernardo revirou os olhos e levantou-se para seguirmos para a sorveteria.

- Então, o que meus irmãos aprontaram em quanto eu estava fora? – perguntei.

Meu neto ficou confuso por instante, mas logo se lembrou das peripécias de Alice e Emmett.

POV Bella

Sorri largamente ao ver Edward ao lado de Bernardo andando em nossa direção. Kathy soltou um suspiro aliviado quando viu seu neto conversando com meu marido de maneira animada.

Estávamos todos na praça a apenas alguns metros da sorveteria.

- Não acredito que Emmett dançou Single Ladies junto com as lideres de torcida. – murmurou Edward chocado perto suficiente para que todos escutassem.

A reação foi unanime quando todos começaram a rir ao lembrar da performance bizarra de Emm.

- Emmett envergonha nossa família. – disse Edward de maneira dramática em quanto revirava seus olhos.

Gargalhei.

- Emmett envergonha qualquer um. – concordei.

Edward sentou-se ao meu lado colocando Nessie em seu colo.

- Quer sorvete papai? – perguntou estendendo uma colherada.

- Obrigada meu anjinho, papai não quer. – respondeu de maneira amorosa.

- Ah, mas experimenta vai... – insistiu.

Meu marido negaria novamente, mas eu não resisti.

- É papai! O que custa experimentar? – provoquei divertida.

Ele me olhou feio e bufou virando-se para Nessie e olhando sua carinha tão inocente abriu a boca sem conseguir esconder o nojo em seu rosto. Nossa filha enfiou a colher na boca do pai e sorriu largamente por ele ter aceitado.

Gargalhei alto vendo Edward estalar a língua no céu de sua boca como se o sorvete fosse uma borracha difícil de se engolir.

- Hum... Que delicia não é? – perguntei provocativa.

Edward me olhou erguendo uma sobrancelha e então sorriu malicioso. Aproximou-se de meu ouvido e sussurrou.

- Isso me lembra Bariloche. – antes de se afastar ele mordeu o lóbulo de minha orelha.

Senti minhas bochechas corando absurdamente. Ele tinha que me lembrar logo daquela vez em que passei chocolate em sua boca e depois a limpei o beijando? Tenho certeza que meus olhos escureceram de desejo. Me controlei para não agarrá-lo na frente de todos meu alunos.

- Não quer provar meu anjo? – provocou dando um meio sorriso inocente.

- Você não cresce nunca! – esbravejei dando um tapa em seu braço fazendo-o gargalhar.

Revirei meus olhos me aconchegando melhor ao seu lado.

Provocações a parte logo conversávamos sobre diversos assuntos.

Meia hora depois meu marido levantou-se de repente. Ele olhava furioso para o bosque mais a frente que depois de alguns metros virava floresta.

Franzi a testa e agucei minha visão para o lugar em que ele estava olhando, logo avistei um lobo correndo. Era Jacob. Ow... Acho que entendi o porque da raiva de Edward.

Jake se escondeu atrás de uma árvore para colocar sua roupa e então andou tranquilamente até nós com um sorriso nos lábios.

“Pega leve Edward.” - abri minha mente.

“Por que não me contou?” – perguntou puto da cara.

“Por que Jacob pediu para falar com você... Eu também não aceitei no começo, mas pensa bem... Jake é alguém de confiança e ele morreria para proteger Nessie.”

Ele fechou sua mente e ainda olhava seriamente para Jacob que já cumprimentava seus alunos. Nessie correu pulando em seu colo e colando sua mãozinha no rosto do seu protetor.

- Nessie, por que não vai pedir mais um pouco de sorvete a Kathy? – perguntou Edward com a voz sombria.

Nossa filha franziu a testa fazendo um biquinho e murmurou com a voz prolongada.

- Tudo bem...

Ao perceber o tom de Edward, Jacob ficou tenso.

- Posso saber quando pretendia contar que teve um imprinting com a minha filha?

- Não é como você está pensando... – disse Jake dando um passo para trás.

- Jura, pensei que quem lesse mentes fosse eu. – rebateu meu marido dando um passo para frente.

- Isso! Então leia a minha mente! Verá que não tem nada de mais! – desesperou-se.

- Desculpe... Meus poderes ainda estão desregulados. – disse Edward com falso pesar dando mais um passo em direção a Jacob.

- Bella? – pediu socorro meu amigo.

Ergui meus braços não querendo me meter da briga de testosterona.

- Desculpe Jake... Eu te avisei que não seguraria Edward quando ele descobrisse.

Os garotos olhavam para os dois de olhos arregalados com a inesperada tensão.

- É melhor correr cachorro, por que eu vou quebrar suas quatro patas. – rosnou Edward sem dar brecha para discussão.

- Que merda! – reclamou Jacob correndo rumo à floresta e se transformando.

Edward começou a correr atrás dele, mas antes que ele se distanciasse muito eu chamei.

- Edward!

Meu marido virou-se para mim e sorriu sombriamente.

- Não se preocupe, não vou machucá-lo... Muito.

Fim do Capítulo 14.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! Muita coisa ainda está por vir ;) E prometo que todos os mistérios serão desvendado.