A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 61
Capítulo 12 - Retornando a vida


Notas iniciais do capítulo

Oláaa :D
Para quem estava perguntando quando que o Peter iria aparecer... Bem, é nesse cap ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/105240/chapter/61

Capítulo 12 – Retornando a vida

POV Bruna

Todos tinham feições exaustas, porém encaravam com o máximo de bom humor que podiam com aquela situação. Obviamente estou falando dos moradores de City of the Angels, eles encararam toda essa história de maneira diferente já que quando Charlie se revelou fez com que todos pensassem a respeito de seus preconceitos e cada vez que presenciavam um ato de bondade de meu avô criavam mais confiança nele. Eu não duvido nada de que eles já não suspeitassem que em nossa família existia muito mais segredos do que apenas um vampiro patriarca.

Por outro lado, pessoas desta cidade em que estamos e outras que vieram assistir o jogo, que ainda mantinham seus preconceitos, estavam chocadas e cada uma reagia de uma maneira. Alguns choravam desesperados, outros estavam emocionados com tudo o que viram. Muitos ficaram tão chocados que não conseguiam falar nada. Já alguns não paravam de falar e fazer suposições devido ao seu sistema nervoso.

- Jacob, não é melhor levá-los para casa? Acredito que em poucas horas isso aqui estará cheio de repórteres do mundo inteiro. – ouvi a voz de minha mãe.

Virei em sua direção. Jake estava vestindo uma bermuda que trouxera com suas coisas e ainda cobria parte de seu corpo com a túnica branca que tia Bella havia lhe dado. Paul estava ao seu lado com cara de poucos amigos já que ainda estava em forma de lobo.

- Bruna? – a voz murmurada de Guto tirou-me de minhas observações.

- Sim? – perguntei virando meu corpo em sua direção e sorrindo amigavelmente.

- Eu... – hesitou abaixando o olhar e então me fitou novamente. – Queria ver meu pai. – sussurrou por fim.

- Bem... Ele esta em nossa casa agora... Nós... – pensei em minhas palavras antes de dizê-las, a história de Joseph é um tanto quanto complicada para que seu filho a aceitasse sem problemas. – Meio que concordamos que seria melhor ele evitar, pelo menos por mais um tempo, grandes aglomerações.

- Há... – murmurou engolindo em seco e olhando para qualquer ponto menos em meu rosto.

Eu conseguia ver em sua expressão de como ele estava confuso e triste. Desde que seu pai virou um vampiro e que quase atacou minha prima ele baixou completamente o nariz. Não tratava mais ninguém como se fosse lixo. Óbvio que ainda tinha suas revoltas e as discussões, porém ocorrera uma grande melhora. Aquele ditado “Há males que vem para bem” cabe com perfeição em sua situação.

Senti compaixão por ele e então resolvi fazer algo.

- Carlisle! – chamei sobre meus ombros e então olhei para o garoto a minha frente. – Talvez possamos dar um jeito. – lhe mandei uma piscadela e pude ver o brilho de esperança em seus olhos.

Não demorou para que o vampiro estivesse ao meu lado abraçado a Esme que sorria emocionada com a volta de tio Ed.

- Diga pequena. – fiz uma careta com o apelido e então esclareci.

- Guto quer ver o pai... Acha que tem como?

Carlisle pareceu ponderar em quanto fitava ora meus olhos pedintes, ora os olhos tristes de Guto. Esme desfez o sorriso com compaixão para o menino.

- Eu... Realmente não sei Bruna... Não sei se ainda é seguro, cada um reage diferente.

- Eu sei... Mas pensa bem... Joseph tem convivido por pelo menos 3 horas por dia sentindo o cheiro do meu sangue, o de Nessie e de tia Bella... E nunca aconteceu nada... Além do mais tem muita gente para segurá-lo se caso ele se descontrole. – pelo canto do olho vi Guto engolir em seco e ter um arrepio, mas eu não tirei meus olhos pedintes do vampiro.

- Entendo seus argumentos princesa, mas... Ainda acho perigoso. – explicou Carlisle com a feição preocupada.

- Carl? – chamou Esme baixinho e então o olhou amorosamente. – Ele tem saudades do filho... Talvez vê-lo possa ajudar ainda mais em seu autocontrole.

- Concordo com Esme, acho que ela está certíssima! – disse empolgada e os dois vampiros riram de mim.

- Não direi que é certo, mas... Espere alguns dias ok? Conversarei com Jasper a respeito e com seu pai também, a surpresa não é muito legal para um vampiro recém nascido.

Guto assentiu sorrindo agradecido. Ok, nunca imaginei vê-lo assim.

- Seu pai é um grande homem querido, talvez tenha cometido muitos erros, mas te ama muito. – disse Esme de maneira amorosa.

POV Jacob

O rei tinha razão, pelo o que escutávamos dos repórteres muitos outros estavam a caminho. Pelo que parece quando a luz nos envolveu, todas as câmeras que transmitiam ao vivo saíram do ar. Isso acabou alertando as cedes de cada emissora e assim mandaram mais repórteres. Mas tenho certeza que não serão apenas pessoas da imprensa que se deslocaram para cá, mas também autoridades do mundo inteiro, dentre agentes secretos e policiais.

Andei até meus alunos que não possuíam medo de mim. A verdade é que os humanos não têm medo de mim, pois o meu propósito é protegê-los. Obviamente minha estrutura as vezes os assustavam, mas assim que abria a minha boca elas confiavam.

- Ok, quem vai com o ônibus e quem vai com seus pais? – perguntei alto.

Eles começaram a falar entre eles decidindo com quem iriam, até que dividiram em dois grupos. Metade dos que vieram no ônibus estavam do lado esquerdo e a outra metade do lado direito junto com seus pais.

Os Cullens se uniram a nós também se dividindo em carros e oferecendo caronas para os professores.

- E eu...? – perguntou Bruna olhando para os pais.

- Vá com Jacob, ou com os Cullens... Você é quem sabe. – respondeu sua mãe dando de ombros.

- Vocês não querem que eu fique aqui? – perguntou a princesa olhando sugestivamente para os repórteres que narravam tudo o que acabara de acontecer para as câmeras.

- Não tem motivo. – respondeu Daniel sorrindo despreocupado. – Também não iremos ficar aqui.

- Não vão falar com os repórteres? – perguntou Charlie com uma sobrancelha erguida.

Os dois sorriram como crianças prestes a fazer arte e negaram com a cabeça.

- Para onde vão? – perguntou o vampiro estreitando os olhos.

Dan e Nati então responderam ao mesmo tempo.

- Casa.

- Sério? – perguntou Bruninha de olhos arregalados e assim que os pais assentiram ela deu um gritinho em quanto dava pulinhos e batia palmas rapidamente.

- Alice é péssima influencia para você. – murmurou Daniel revirando os olhos.

- Eu também te amo Dan! – sorriu despreocupada a fadinha.

O rei deu risada e então seus olhos se voltaram para mim. Seu sorriso tornou-se divertido.

- Além do mais... Eu não quero perder por nada nesse mundo quando Edward descobrir sobre Nessie... Ele vai quebrar a tua cara Jacob.

Gemi imaginando.

- Não se preocupe ele tem 2 patas a mais para correr. – zoou Emmett.

- Esqueceu que Edward é o mais rápido de nós... Vai ser fácil para ele alcançar o cachorro. – ponderou Rosálie se divertindo com a situação.

Rosnei.

- Querem parar de me zoar... E por favor, não pensarem nisso em quanto estiverem pero dele? – pedi me sentindo humilhado.

- Ele está com medo. – disse Jasper.

- Eu também teria se estivesse em seu lugar. – disse Esme.

- Até você Esme! – fiz cara de pobre coitado e ela riu se encolhendo.

Paul tossiu uma risada ao meu lado e eu olhei feio para ele.

- Impressionante como não existe a porra da privacidade nessa família... – disse indignado e então olhei para Lara que ria ao lado de Charlie. – Pense bem antes de entrar nessa família, por que não existe nenhum segredo, acredite em mim.

Dizia em tom dramático em quanto à loira assumia um tom de tomate e Charlie desviava o olhar sem graça.

- Realmente... Sem segredos. – murmurou ela e a gargalhada dos com audição aguçada foi geral.

Quando percebi a movimentação dos repórteres mandei que meus alunos entrassem no ônibus para podermos ir de volta para a escola. Os Cullens dirigiram-se aos seus carros mais rapidamente e saíram cantando pneu. Os outros alunos saíram logo após com seus pais.

O doutor Ulisses, sua esposa e sua filha se despediram de Daniel, Nati e Bruninha que abraçou a amiga pedindo para ela vir visitá-la logo. A garota assentiu sorrindo e cochichou que iria convencer os pais a se mudar de cidade.

- Eu ouvi isso! – disse Ulisses com os olhos estreitos para filha que gargalhou mandando uma piscadela para a amiga.

Os três se foram e então de toda a multidão que estava antes reunida se espalhou sobrando apenas a realeza da Lua e eu esperando na porta do ônibus os jogadores e a lideres de torcida se acomodar.

- Bruna, você vai conosco ou com seus pais? – perguntei depois de dar espaço para os últimos alunos entrarem.

Ela sorriu matreira e então apontou para o céu que já estava quase completamente escuro.

- Ok, até depois então. – disse rindo e mandando o motorista ir.

Conforme o ônibus saia do lugar os alunos se amontoaram no fundo do automóvel para ver de camarote a realeza abrindo suas asas e voando em grande velocidade.

- Ow... – um coro se ouviu então eles começaram a rir.

O motivo fora Paul que corria atrás de nós, ele parecia o cachorro esquecido na mudança.

A viagem foi tranqüila, considerando que os adolescentes não paravam de falar sobre tudo o que tinha acontecido e faziam milhares de perguntas para mim.

- Aquela... História que apareceu, realmente aconteceu? – perguntou Maggie curiosamente.

- Exatamente tudo... Na verdade muito mais coisas aconteceram, mas acho que elas não eram tão significativas e então não apareceram. – respondi dando de ombros.

Minha resposta deu abertura para mais milhares de perguntas principalmente sobre o que eu era afinal.

Ao chegar ao colégio despedi-me rapidamente e então me transformei para correr mais rápido para casa.

POV Edward

Meu corpo estava forte novamente, porém minha mente estava completamente exausta. Então fiquei ali abraçado com minha esposa e filha. As duas ressonavam tranquilamente em meus braços.

Sorri analisando minhas tão preciosas princesas.

Nessie não crescera absolutamente nada dês do meu seqüestro. Bella me contou em uma de minhas visitas como fantasminha que estava muito preocupada com ela, pois ninguém encontrava motivo físico para tal “sintoma”. Ela disse que Carlisle achava que era de fundo emocional, que ela sentia a minha falta. Se esse for o caso ela voltará a crescer agora.

Sorri com esse pensamento. Nessie estava sonhando agora com toda a família reunida rindo e se divertindo no lago em que eu costumava levar ela para nadar. Talvez possamos realizar esse sonho não é?

Voltei meu olhar para Bella. Sua expressão era serena e aliviada. Acho que essa era a primeira vez que ela descansava realmente em quanto dormia depois de muito tempo. Mas analisando-a melhor eu percebia o quanto seu corpo estava debilitado e fraco. Sua pele estava retomando a cor, porém sua pele estava bem mais clara do que eu lembrava como se estivesse faltando vitaminas.

Em baixo de seus olhos olheiras profundas se apossaram do lindo rosto de minha princesa. Alguns arranhões em sua testa desapareciam lentamente assim como os do seu braço e também alguns hematomas arroxeados.

Trilhei um caminho de arrepios no braço de Bella quando deslizei suavemente meus dedos sobre ela. Minha esposa suspirou me fazendo sorrir e beijar seu ombro. Ela sorriu ainda dormindo e murmurou meu nome sobre a respiração.

- Estou aqui. – sussurrei em seu ouvido e ela se aconchegou melhor em meu peito.

Apoiei meu queixo em seu ombro e minha bochecha em sua bochecha, com o braço puxei para mais perto minha filha e conseqüentemente a mãe também veio. Notei que Bella estava mais magra. Isso era possível?

Bem, mais tarde eu a faria comer.

Fechei meus olhos ao escutar os pensamentos de minha família entrando em casa. Eles trocaram algumas palavras com Joseph e então se mantiveram em silêncio... Quer dizer, pelo menos de suas bocas não saiam palavras, mas seus pensamentos estavam agitados.

Minha cabeça começou a doer. Talvez por eu ter ficado tanto tempo tão fraco que não podia ler pensamentos eu acabei me acostumando com o silêncio e agora eu me sentia exatamente da mesma forma de quando eu descobri meus poderes. Mas agora eu tinha a vantagem de saber como eu controlei toda essa loucura.

Pouco a pouco fui me concentrando em cada pensamento. Primeiro os de Alice... Eram os mais gritados. Depois os de Rose, Emm, Jazz, Esme, Carlisle, Charlie...

Todos diversificavam seus pensamentos entre minha volta, como Bella ficaria e por fim e mais requisitadamente o passado. Com a exposição do passado de todos velhas recordações vieram a tona. Alice era a mais confusa, afinal de contas ela não se lembrava de seu passado e as revelações deixaram-na um tanto abalada.

Já os pensamentos de Joseph eram completamente direcionados ao filho e seu autocontrole como recém criado.

Controlei minha mente para que ela se concentrasse apenas no lindo sonho de minha filha e me impressionei por conseguir isso tão facilmente. Sorri aspirando o doce cheiro de Bella e então fechei meus olhos apenas curtindo aquele momento tão simples, mas que foi o que eu mais senti falta.

[...]

Acabei cochilando e acordei quando senti que Nessie tentava sair de meu braço com cuidado para não acordar eu e sua mãe.

Ela segurou minha mão com suas duas mãozinhas e então gemeu fazendo força para erguê-la. Segurei meu riso quando ela bufou fazendo beicinho e olhando indignada para a minha mão.

Sem consegui me segurar eu mexi meus dedos atacando sua barriga. Ela gargalhou.

- Aonde pensa que vai mocinha? – perguntei divertido em quando lhe fazia cócegas.

- Shhiu papai, vai acordar a mamãe. – disse ela entre risos.

Brinquei mais um pouquinho e então parei quando Bella começou a se mexer e o estômago de minha filha começou a roncar.

- Acho melhor continuarmos essa bagunça lá embaixo depois que a senhorita tomar seu café da manhã. – sussurrei e lhe mandei uma piscadela.

Nessie sorriu assentindo sapeca e então saiu correndo descalça pela casa. Ri levemente e então tirei com cuidado meu outro braço debaixo da cabeça de Bella. Durante a noite ela deveria ter se mexido e se aconchegado em meu braço.

- Vou estar lá em baixo meu anjo, mais tarde venho ficar aqui com você ok? – disse em seu ouvido e ela murmurou algo incompreensivo.

Depositei um beijo em sua testa, então desci para a ponta de seu nariz e então deixei um leve beijo em seus lábios. Ah! Como eu senti falta disso!

Apressei-me a descer antes que eu acordasse minha esposa e a agarrasse.

Desci as escadas lentamente pra me acostumar com a altura dos pensamentos. Sorri para minha família que já vivia a rotina das confusões. Jasper estava prestes a pular no pescoço de Emmett por que ele estava fazendo piadas sobre como ele era ruim no vídeo game.

- Cala a porra da boca seu troglodita retardado quem venceu a porra do jogo foi eu! – grunhiu Jasper.

- Há! Olha lá Rose o Jazz tentando roubar novamente!

- Emm, meu Ursão... Todos sabemos que inteligência não é seu forte, mas hoje foi de mais né! Presta atenção na tela, o lado esquerdo que está escrito CAMPEÃO é o lado que o Jazz estava jogando. – explicou a loira reprimindo seu riso.

- Bom dia! – disse sorrindo.

- Qual é Rose?! Até você está contra mim?

- Emmett seu imbecil! Você perdeu porra! – grunhiu Rosálie perdendo a paciência.

- Ou não né? – murmurei erguendo minhas duas sobrancelhas.

Antes que eu pudesse chamar a atenção de meus irmãos uma pequena e irritante criatura se jogou contra mim gritando.

- Ed!

- Shhi Alice, quer acordar a casa inteira é? – perguntei mal-humorado, mas retribuindo seu abraço.

- Ah maninho, não me reprima! Eu senti sua falta.

- Eu também tampinha.

Meus irmãos finalmente voltaram seus olhares para mim e sorriam largamente de maneira emocionada. Seus pensamentos alegres e entusiasmados.

- Ok! Antes que vocês comecem a chorar com tantas lindas lembranças... Eu sei que vocês me amam, também amo vocês... – disse divertido de maneira convencida e um festival de almofadas voaram em minha direção.

- Leitor de mentes convencido!

Desviei gargalhando e então fui em direção a cozinha.

- Bom dia filho! – disse Esme emocionada em quanto me abraçava.

- Oh, sem chorar mãe, por favor. – pedi beijando o topo de sua cabeça.

Sorri para meu pai e Charlie que estavam encostados na bancada.

“É bom tê-lo de volta garoto!” – pensou Charlie.

“Sentimos muito a sua falta filho.” – pensou Carlisle.

Sorri agradecido a eles e então sorri para Joseph que tinha uma garrafa de sangue nas mãos, pelo cheiro era animal. Mais um vegetariano para ser considerado estranho em nosso mundo.

Sentei-me ao lado de minha filha que mais brincava com a comida do que a comia. Ela estava balançando seus pezinhos no ar já que estava sentada na grande banqueta, com as mãos ela amassava o bolo transformando-o em uma massa que, er... Sério aquilo estava estranho.

Fiz uma careta para a comida, mas mesmo assim a repreendi.

- Nessie, pare de brincar com a comida. – ela fez uma careta e então levou aquele bolo de massa a boca.

Eu ri do seu beicinho e da imagem que se formou em sua mente. Minha filha imaginou aquela bolinha com massa de bolo recheada com sangue.

- Crianças... Sempre problemáticas com a alimentação... Meu filho dava um baile quando tinha a idade de Nessie. – comentou Joseph sorrindo nostalgicamente.

- Seu filho quer te ver. – disse Esme com sua expressão amorosa.

O vampiro ficou tenso no mesmo instante.

- Não acho que seja seguro.

Franzi a testa e lembrei-o.

- Não tem problemas em ficar perto de minha filha.

Joseph desviou o olhar e a lembrança de quando ele fora enganado por Victória e acabou quase raptando minha filha veio a sua mente.

Meus olhos arregalaram com a surpresa e logo depois se tornaram sombrios com a raiva. Obviamente eu não gostei nada daquilo, mas me segurei porque entendo a situação em que ele estava. Meu humor mudou rapidamente para culpa. Eu não acredito que eu não estava aqui para protegê-las!

- Poderia parar de lembrar isso? – perguntei entre dentes.

Ele pareceu surpreso e então se desculpou envergonhado.

- Não importa mais.

Nessie bateu as mãozinhas limpando as migalhas do bolo e depois colocou sua mãozinha em meu rosto me mostrando uma imagem dela assistindo desenhos animados. Sorri para ela e assentiu. Minha filha pulou da cadeira e correu para a sala.

- Eu já tinha esquecido como eram incomodas as suas mudanças de humor. – reclamou Jasper ao entrar na cozinha com uma feição azeda.

- Se quiser posso ir embora. – disse com um sorriso petulante e uma sobrancelha erguida.

Os homens reviraram os olhos, porém eu não esperava que Esme levasse minhas palavras a sério.

- Hey! Estou brincando! – me defendi erguendo minhas mãos.

Minha mãe fechou a cara e saiu a pisadas duras.

- Não deveria ter dito isso, Esme ficou magoada. – murmurou Jazz.

- Ótimo! Mal volto para casa e já estou fazendo merda! – bufei me levantando e indo atrás de minha mãe.

Encontrei-a sentada no sofá da biblioteca. Antes que eu abrisse minha boca ela disparou.

- Eu realmente odeio quando vocês fazem isso. Você e Bella fazem sempre as mesmas coisas! Transformam em piada uma situação séria pela qual já passaram, como se vocês não se importasse com isso. Mas eu sei que se importam mais do que querem aparentar. – dizia ela olhando pela janela e então se virou para me fitar. – Vocês não precisam fazer isso droga! Não precisam sofrer sozinhos como se não tivesse mais ninguém no mundo, por que vocês têm! E eu sei que apesar dessa animação você está extremamente ferido por dentro depois de tudo o que te aconteceu.

- Esme...

- Eu me sinto inútil! O que eu represento para vocês afinal? Sou só mais uma vampira nessa família? Eu quero que vocês se abram comigo, que digam o que estão sentindo, chorem em meu colo se for preciso. Mas eu não admito que ajam como se tudo sempre fosse às mil maravilhas. Como se tudo o que eu sofri não tivesse motivo.

Minha mãe falava de maneira brava com os braços cruzados no peito, mas seu tom era magoado. Abracei-a e murmurei em sua orelha.

- Ninguém está menosprezando seus sofrimentos, mas te amamos tanto que não queremos que sofra por nós. – ela então começou a chorar me abraçando forte.

A verdade é que Esme é a primeira a liberar a dor em seu peito em forma de palavras. Cada pensamento que escuto aqui dentro trás lembranças, sentimentos, dor. E ninguém supera um trauma em poucas horas, isso leva dias, meses, anos e existe quem diga que nunca se recuperou de um trauma. Depois que eu sumi a família se separou indo cada casal para um canto, eles não agüentavam olhar um nos olhos dos outros toda a dor que sentiam. Apenas agora eles voltaram a se reunir e ainda vai demorar para que nossa família volte a ser o que era. Bem, talvez nunca volte, mas nós nos adaptaremos da melhor maneira que conseguirmos.

POV Carlisle

Aproveitei que Jasper entrou na cozinha para falar sobre uma possível visita do filho de Joseph até aqui.

- Não sei... – murmurou pensativo. – Talvez possamos tentar. – concluiu dando de ombros.

O recém nascido fechou a cara.

- Não quero que meu filho seja um teste para o meu controle!

- Acalme-se garoto, não é como se estivéssemos decidindo a vida de seu filho. – ponderou Charlie com um gracejo. – O que Jasper quis dizer é que se caso você não conseguir controlar nós poderemos te segurar... Tem muita gente nessa família e se caso você começar a perder o controle, Edward saberá.

- Não sei se ele vai querer ajudar depois de eu ter atacado sua filha e esposa. – murmurou envergonhado.

O revirar de olhos foi praticamente sincronizado.

- Você não o conhece para dizer isso. Meu filho vai ajudá-lo, eu garanto a você. – disse com um meio sorriso e então me dirigi à sala.

Suspirei ao escutar Esme desabafar com Edward. Ela precisava disso, minha esposa ficou muito abalada quando acreditou que ele estava morto. Não que ela ame mais ele do que os outros, a verdade é que ela ama cada um de uma maneira especial. Quando eu a transformei Esme estava muito ferida com o fato de não conseguir segurar um filho em seu útero. Hoje existe a tecnologia para o tratamento de seu antigo problema, não que eu tenha coragem de contar isso a ela. Mas o fato é que ela se apegou a Edward de uma maneira que o assustaria se ele não visse em sua mente o desespero que aquela mulher tinha em doar um pouco do amor que seu enorme coração possuía.

- Cadê o desenho?! - escutei a reclamação manhosa de minha neta.

Minha atenção voltou-se a sala. A televisão interrompera a programação de desenho com novas noticias sobre os últimos acontecimentos.

Não demorou para que nos reuníssemos em silêncio em volta da TV. Na tela ao lado do repórter a foto de cada um de nós. Começando por mim. Ótimo!

O humano ia falando os nomes conforme passava as fotos.

- Ow! Eles foram muito rápidos em reunir informações. – murmurou Rose.

- Segundo informações esse é o segundo maior clã de vampiros existentes. – dizia o homem a TV.

- Rápidos e precisos. – completei.

- Estamos aqui com o roteirista do filme “Amores impossíveis” que ganhou o Oscar ano passado como melhor filme de drama. Ele estava presente pessoalmente durante os acontecimentos que lá ocorreram e nos contará agora exclusivamente todos os fatos.

[N/a: Obviamente, filme e roteirista inventados pela autora ;)]

Sentei-me ao sofá para prestar melhor atenção no que toda essa confusão resultaria.

- Primeiramente agradeço sua presença senhor Scarlatti e sua boa vontade em vir até aqui depois dos acontecimentos estressantes que ocorreram com o senhor.

- Bom se não parecer loucura da minha parte falar isso, mas eu simplesmente adorei tudo o que aconteceu, foi uma experiência inesquecível! – respondeu o homem de barba branca e cabelos bagunçados de maneira empolgada.

- Esse cara é completamente insano. – comentou Edward.

- Inesquecível para todos nós com certeza... Diria até um momento histórico. – completou o repórter e então imagens da luta de ontem começaram a transmitir.

Tudo o que aparecia eram vultos e pessoas assustadas.

- A luta em si foi impossível assistir, tudo ocorrera extremamente rápido, meus olhos não conseguiam acompanhar os movimentos e agradeço por isso... Andei vendo uns tapes em super slow e tudo foi muito violento, acho que meu estômago não agüentaria se eu visse ao vivo... Mas eles nos protegeram, algo que eu nunca imaginei que veria. Vampiros protegendo humanos... Não sejamos hipócritas em achar absurdo que eles se alimentem de nós, porque nenhum humano pergunta para uma vaca se ela quer virar hambúrguer!

“A luta foi impressionante mesmo... A princesa da Lua que finalmente mostrou seu rosto é absolutamente maravilhosa, como todos esses misteriosos seres... Mas isso vocês viram não é? Querem saber o que aconteceu depois aquela luz brilhou tão forte... Eu gostaria que todos em suas casas tivessem visto o que todos os presentes viram. Algo impressionante mesmo... A sensação que tivemos foi de como se dias tivessem passado, só quando minha mulher me ligou desesperada foi que eu soube que pouco mais de 10 minutos havia passado.”

Ficamos surpresos com esse fato. Ontem chegamos tão cansados em casa que nem conversamos direito.

- É verdade... Foi uma hora de completa agonia em casa. Todas as câmeras saíram do ar, pronunciamentos da segurança nacional pedindo para que todos ficassem em casa, um verdadeiro caus. – disse Joseph perdido em pensamentos. – 13 minutos de puro caus.

- Depois de tudo o que vivos fica muito difícil duvidar das palavras que sempre nos disseram... Foi como se estivéssemos dentro de um filme, vendo as cenas de uma história que realmente aconteceu, sentindo o mesmo que eles sentiram naquele momento... Não é possível que eu conte todos os detalhes, como eu disse antes parecia que estávamos dentro da história presenciando cada momento. Dês do nascimento da princesa até os dias de hoje. Tivemos a oportunidade de ver como era a vida na lua e como eles vieram parar aqui e garanto a vocês que foi exatamente como já nos contaram.

“Claro que nos omitiram muitos fatos, mas eu entendo perfeitamente. Eles não precisavam contar os detalhes das guerras, as mortes violentas. E claro que protegeriam aqueles que se arrependeram hoje de um passado obscuro. Atitude muito nobre e feita por pouquíssimos se considerarmos esse passado obscuro... Estou pensando seriamente em pedir autorização a eles para transformar esse momento histórico em filme, assim todos poderiam ver o que realmente aconteceu e então poderiam analisar por si mesmos se eles são bons ou maus.”

O homem falava com entusiasmo e admiração.

- Ele fala como se tivesse acabado de assistir o melhor filme da vida, mas não leva em consideração todo o sufoco que passamos. – bufou Emm.

- Esperem só até o tal especialista em vampiros aparecer. – disse Alice com animação.

- Falará muito absurdo? – perguntou Charlie.

- Na verdade não... As coisas fazem bastante sentido. – disse Edward que só agora reparei estava ao meu lado com um braço em volta dos ombros de Esme que prestava atenção a TV.

O repórter e o roteirista continuaram a falar de Bella, Daniel e o passado por mais alguns minutos até que finalmente começaram a falar sobre nós juntamente com o tal especialista em nossa espécie.

- A verdade é que eles são uma espécie de anomalia para sua raça, quer dizer, eles ignoram seus maiores extintos em busca de um modo de vida alternativo... Acredito que como foram transformados a beira da morte não tendo mais chances de sobrevivência como humanos, se sentem gratos ao seu transformador que quando humano vivera em Londres em meados do século XVII. Filho de um pastor anglicano completamente intolerante com outras religiões e acreditava no mal personificado, ou seja, caçava tudo o que acreditava serem bruxas, vampiros lobisomens... Foi em uma dessas caçadas que o filho foi transformado e por tudo o que acreditava buscou por uma alternativa de vida. Ele não queria se transformar naquilo que o pai o ensinara ser o mal.

Meus olhos arregalaram assim como metade da família.

- Ele realmente sabe o que está falando. – murmurou Esme.

- E como o senhor conseguiu todas essas informações? – perguntou o repórter com os olhos surpresos.

O homem deu um sorriso orgulhoso.

- Eu sempre fui fascinado pelo sobrenatural, mas levava como um hobby até 9 anos atrás quando tudo se confirmou... Então eu tornei esse meu trabalho oficial. Venho pesquisando desde então, separando as lendas de verdadeiras histórias. Encontrei diversos quadros antigos, documentos, essas coisas. Quando eu vi na TV os rostos desse clã eu reparei que seus olhos não eram vermelhos como os outros vampiros, eram olhos normais e lembrei-me de alguns livros antigos que falavam de outros tipos de vampiros. Obviamente muita coisa é absurda, mas eu consegui filtrar as informações e as cruzei com quadros da época. Em um dos quadros eu encontrei pintado o patriarca desse clã, com a data, foto e nome eu consegui puxar toda a sua história até os tempos de hoje.

“Do final do século XVII até o final do século XVIII eu consegui poucas informações sobre ele, foram pouquíssimas as aparições entre os humanos. Uma vez ou outra em Londres e algumas mais em Volterra. Acredito que ele tenha usado esses mais de 150 anos para treinar seu autocontrole. Quando percebeu que poderia ficar na presença de humanos sem atacá-los resolveu se misturar entre eles. E ainda na luta contra o ser que ele era destinado a ser, o sugador de sangue humano, o assassino ele resolveu fazer o contrário. Começou a estudar medicina e com seus sentidos mais aguçados percebeu ser útil a salvar vidas humanas. Tornou-se médico e exerce a profissão desde então.”

Não posso negar minha completa surpresa. Impressionante como esse homem conseguiu juntar as informações de maneira tão correta.

- Não é suspeito que um vampiro trabalhe em um hospital... Ele não poderia simplesmente roubar os estoques de sangue ou terminar com a vida dos doentes? – perguntou o repórter.

- Por que diabos eles sempre pensam isso?! – indignou-se Charlie.

- A culpa é de Hollywood. – brincou Emmett fazendo-nos relaxar.

- Na verdade seria impossível... Bom, nesta madrugada eu pesquisei sem descansar. Consegui o histórico dos últimos 15 hospitais em que ele esteve. Cerca de 5 anos em cada um provavelmente porque depois desse tempo as pessoas poderiam reparar que ele não envelhece. E em todos os hospitais, durante todo o período em que trabalhou as taxas de óbito diminuíram em quase 80%, porém quando ele ia embora as taxas voltavam a crescer. Ou seja, se o doutor Cullen fosse um vampiro que estivesse dentro de um hospital apenas pela facilidade de sangue fácil os números não iriam condizer com as taxas computadas pelos hospitais.

Bem, fico feliz que pelo menos não sejamos conhecidos como o clã que se infiltra na humanidade. Edward me olhou rindo pelo meu pensamento. Olhei para baixo envergonhado e ele me deu duas batidinhas camaradas nas minhas costas.

Meu celular começou a tocar em meu bolso. Será que já descobriram nossos números? Olhei no visor que brilhava “Hospital”. Deve ser meu chefe me demitindo.

- Deveria ser mais otimista Carl. – murmurou Edward em quanto trocava um olhar rápido com Alice.

Franzi minha testa e me retirei da sala para atender.

POV Bernardo

Pouco a pouco o time começou a chegar à sorveteria da minha avó. Era uma tradição nos reunirmos depois dos campeonatos, ou para comemorar ou para reclamar. No caso de hoje era para conversar. Na verdade não havia outro assunto que não fosse os fatos ocorridos ontem.

Confesso que não dormi absolutamente nada, marca disso são as minhas enormes olheiras.

Minha cabeça estava um verdadeiro nó. Hoje cedo quando vovó me pegou assistindo os noticiários, ela quis conversar comigo. Oh, mas, por favor, né? Eu não precisava saber dos detalhes da relação amorosa que ela teve no passado com um homem que agora é um vampiro.

Já foi estranho o suficiente ver minha avó tão jovem e ainda namorando outro cara que não fosse meu avô. Porém, mais cedo ou mais tarde, querendo ou não, eu terei que conversar com ele. Eu só espero que esse momento não seja tão cedo.

Fui dar oi para as meninas lideres de torcida que acabavam de chegar. Estavam todas muito felizes.

Era estranho esse sentimento que tínhamos. Até agora eu não vi ninguém... Traumatizado. Todos continuavam suas vidas da maneira mais normal que podiam, como se os fatos ocorridos não tivessem sido nada além de um fato importante, porém irrelevante para suas vidas.

- Nossa Bernardo não acredito que você escondeu por todo esse tempo que sabia a verdade! – reclamou Nick.

- Ah! Não comecem! Eu não podia contar, o segredo não era só meu! – disse sem paciência.

Durante a viagem de volta para o colégio, ontem, eu tive que aturar Denis reclamando que eu não era porra de melhor amigo, pois melhores amigos contam os segredos. Quando eu finalmente me enchi o saco e o mandei a merda ele parou de me encher e começou a falar de outro assunto.

- A Brubs vem? - perguntou o mala de meu melhor amigo.

- Por quê? Quer beijá-la novamente na frente do seu pai¿ - gargalhou Maggie.

Denis gemeu em desespero.

- Cara eu vou virar churrasquinho de ser da lua!

Nós gargalhamos.

- Por que você acha que eu nunca tentei nada com ela? - provoquei.

- Porque tecnicamente vocês são primos. – disse Carol com ar arrogante em quanto erguia uma sobrancelha.

Revirei os olhos para ela.

- Bem tecnicamente, por que eu sou neto do marido da sua tia... – fiz mais uma careta com as minhas palavras. – Essa história é muito enrolada. – murmurei dando de ombros e sentando na cadeira da sorveteria.

- Bota enrolada nisso! – concordou Denis olhando a televisão que transmitia sem parar a luta.

Continuamos conversando sobre o quão louco era a situação até que a TV mostra a quantidade de repórteres na frente da casa da senhora Cullen. Quando eu digo casa, eu estou sendo humilde. Porque definitivamente aquilo estava longe de ser uma simples casa.

Eu não duvido nada de que a mansão Cullen seja a maior daqui da cidade... Se não a maior do estado.

E agora a imprensa filmava admirada toda a extensão do muro e o que podiam da casa, já que o portão permitia que se olhasse o lado de dentro.

- Bem, acho que descobrimos por quanto tempo é preciso trabalhar para conseguir uma riqueza dessas proporções. – comentou Nick nos fazendo rir.

- Hey, Ber! Liga para a Bruna e fala para ela vir pra cá, só ela ainda não chegou! – pediu Maggie.

- Vai ser meio difícil ela sair de casa com toda essa gente em seus portões. – murmurou Denis.

- Qual é? Ela tem asas! – revirei os olhos e disquei colocando no viva voz.

Três toques depois ela atendeu com a voz sonolenta.

- Alô?

- Não é meio tarde para você estar dormindo¿ - zoei eu podia imaginá-la revirando os olhos agora.

- Claro que não ainda é cedo... – murmurou.

- Claro, são só quase cinco da tarde. – disse.

- O QUE? - berrou.

A gargalhada foi geral na sorveteria.

- Ah! Que ótimo! Você ainda está no viva voz! Super legal você Bernardo! – reclamou brava e eu gargalhei.

- Não seja chata, está todo mundo esperando você aqui na sorveteria.

- Todo mundo quem?

- O time e as torcedoras.

- Hum... Tenho que falar com meu pai antes, espera aí.

Um barulho estranho como se ela estivesse soprando no telefone soou, então um “toc-toc”.

- Pai eu pos... Ew... Oh por favor! Eu vou ficar traumatizada desse jeito! Pelo amor parem de se agarrar! Ah! Vocês terão que me pagar um psicólogo desse jeito! – então o som de uma porta batendo soou e uma gargalhada veio em seguida.

O pessoal da sorveteria trocou um olhar divertido, levei meu dedo à boca para que todos ficassem em silêncio, já que com a audição aguçada que eles têm, poderiam escutar-nos sem nenhum problema.

- Você convive com Alice dês dos cinco anos... Psicólogo nenhum resolve esse problema. – disse uma voz divertida, eu não reconhecia essa voz em tão suponho que seja meu avô.

Bruna gargalhou e então perguntou.

- A tia Bella já acordou?

- Ainda não... Bem, da ultima vez ela dormiu após uma luta foi por quatro dias, mas acho que ela demorará mais desta vez, Lice não conseguiu uma data precisa. – respondeu preocupado. – Já pode entrar, seus pais estavam apenas brincando com você, te ouviram falar no telefone.

- Eu esqueço que não sou mais tão nova para ser paparicada e nem tão velha para ser respeitada. – disse minha amiga entediada.

Ele gargalhou novamente.

- Desde quando ficou tão dramática?

- Desde que entrou na adolescência. – disse Daniel.

- Sério que vocês vão começar a conversar como se eu não estivesse aqui?

- Fui. – disse meu avô rindo.

- Então, eu Possi ir? - perguntou minha amiga.

- Não acho uma boa idéia.

- Ah! Por favor, por favor, por favor, por favor... – começou ela e eu segurei meu riso.

Daniel bufou alto.

- Você realmente precisa parar de conviver com Alice!

- Obrigada! – gritou minha amiga rindo.

POV Bruna

Soltei-me do pescoço do meu pai com um largo sorriso.

Ele me olhava sorrindo também, levei o telefone a orelha e disse.

- Daqui a pouco eu chego aí! – eles gargalharam do outro lado da linha.

- Já escutamos.

- Ow merda! Esqueci de apertar o mudo! – falei ficando vermelha. – Tchau todo mundo! – disse rapidamente desligando o celular.

Meu pai riu de mim revirando os olhos, mas então sua expressão se tornou preocupada.

- Não quero você sozinha. – disse.

- Pai... – reclamei fazendo bico.

- Não estou dizendo isso por causa dos repórteres lá fora... Estou dizendo isso por que estou preocupado com a sua segurança.

- Eu sei me defender. – murmurei emburrada.

- Sim, você sabe. Mas somente de quem é mais fraco que você. Só que existe muita gente mais forte, mais velha e mais experiente. Nossos inimigos ainda não acabaram com a morte de Victória e o desaparecimento de Line. Você por acaso tem alguma noção de quantas ameaças contra você eu recebo por dia¿

- Por favor, pai... Sem sermão, eu acabei de acordar. – reclamei com a voz arrastada.

Ele suspirou.

- Não é sermão, só não quero você sozinha.

Bufei contrariada, para mim aquilo não passava de falta de confiança.

- Não estou dizendo que você não pode ir encontrar seus amigos, só estou dizendo para você levar alguém junto. Qualquer um. Só quero que vá com alguém adulto.

- Lógico, por que a criança indefesa não pode andar sozinha. – murmurei ironicamente em quanto me virava e ia para meu quarto trocar de roupa.

Minha mal criação não passou despercebida e em menos de um piscar de olhos meu pai estava em minha frente com um olhar que me fez me sentir a pessoa mais ingrata do mundo.

Com meus pais era assim, a gente brigava, discutia, mas eles nunca ergueram um dedo para mim? Mas bastava um olhar para eu me sentir péssima. Eu acho que isso é pior do que sentir medo por uma agressão, ou um castigo. E por mais que eu estivesse certa em algum argumento, com aquele olhar eu sentia como se eu tivesse falado algo altamente ofensivo.

- Você ainda quer encontrar seus amigos, não quer? – perguntou papai erguendo uma sobrancelha.

- Desculpe. – murmurei e então me dirigi ao meu quarto me ajeitar.

POV Charlie

Carlisle estava com um sorriso enorme. A ligação do hospital não era para o demitir e sim perguntar se agora que todos sabiam o que ele era, ele iria ou não continuar trabalhado e que seria ótimo se ele continuasse.

Meu amigo aceitou na hora, ele estava extremamente feliz com a notícia e até mesmo perguntou-me se eu não gostaria de voltar a trabalhar em um hospital. Obviamente respondi que sim, mas com o coração apertado já que agora eu ficaria longe de Lara.

Nosso relacionamento estava indo muito bem. Depois que me descontrolei com Aro eu percebi medo nos seus olhos e me senti péssimo com aquilo. Prometi que não deixaria o vampiro se aproximar dela, mas ela me respondeu que não tinha medo dele e sim medo de me perder.

Senti-me o vampiro mais feliz do mundo, e agora acabara de mandar uma mensagem em seu celular dizendo que iria vê-la em sua casa. Aproveitaria e levaria Bruna até a sorveteria de Katharine.

- Pequena? – chamei batendo a sua porta.

- Entra vovô.

Abri a porta e ela estava colocando seus brincos.

- Esme preparou um lanche para você.

- Já estou indo. – sorriu ela.

Assenti e me dirigi à sala para esperá-la.

- Charlie? – perguntou Edward hesitante.

- Sim?

- Você poderia fazer o favor de falar para Kathy que eu gostaria de falar com ela?

- Claro! Mas por que você mesmo não vai?

- Quero esperar Bella acordar. – respondeu dando de ombros. – Então irei falar com ela... Acho que a gente tem alguns assuntos pendentes.

Não pude evitar rir. Filho e neto se chamam assuntos pendentes agora.

- Não se preocupe eu a aviso.

Ela agradeceu e então logo sorriu babão para sua filha que lhe puxava pelo braço para que ele lhe contasse uma história.

Não demorou muito para que eu e minha neta estivéssemos correndo pela floresta atrás de casa para fugir da saída da frente onde mais de 50 repórteres mantinham campana. Isso duraria mais alguns dias com certeza.

POV Daniel

Ficar preso em casa só porque repórteres estão em sua porta não é muito legal. Não que eles estivessem nos obrigando a ficar dentro de casa. Mas é complicado. Sinto-me um pop star! Oh, por favor! Somos pessoas normais oras... Ok, não tão normais. Mas o fato é que os humanos ainda não mataram a curiosidade sobre nós, eles possuem um interesse gigantesco pelo nosso modo de vida. O que é realmente estranho. Tudo o que eu gostaria é que vivêssemos sem ter que esconder nossos poderes, mas ao mesmo tempo não fossemos tratados como atração principal de um circo.

Toda essa atenção alerta todos os meus instintos de perigo. Não são poucas as ameaças que recebo principalmente a minha filha. E para piorar a situação Bruna é completamente corajosa, porém uma coragem suicida, pois ela não mede as conseqüências de seus atos. É completamente impulsiva. Deus do céu será que seres lunares também ficam com cabelos brancos? Porque Bruna estava prestes a me deixar grisalho de preocupação!

- Alô? Quem fala? – perguntou minha esposa ao telefone.

- Desculpe incomodar majestade, aqui quem fala é o Chefe Jackson.

- Algum problema Ângelo?

- Na verdade não, só gostaria de saber se irá precisar de meus serviços... Estou em uma cidade próxima com um jovem que está se voluntariando para a guarda e podemos chegar até a casa da princesa em pouco tempo. – explicou.

Ângelo era um homem de extrema confiança. Já havia provado-a quando quase morreu para tentar impedir que seqüestrassem minha irmã e continua provando-a a cada dia. Ele concordou em assumir o cargo de chefe da guarda, um cargo que antigamente era de Charlie. Meu pai não queria mais se envolver em brigas então apenas me ajudava como conselheiro. Chefe Jackson recebeu todas as instruções de meu pai com humildade e interesse e graças ao seu esforço está se tornando o melhor chefe de segurança que já tivemos.

Ele, sempre que pode, oferece ajuda mesmo que eu não o chame. Além do mais contribui com as autoridades humanas quando os bandidos são da nossa espécie. Ângelo os captura e os trás para mim. Como rei meu dever é fazê-los entender do quão erradas são suas atitudes. Os que se arrependem sinceramente são liberados com uma segunda chance, os que não aprendem perdem sua liberdade em um lugar especial o qual meu pai criou com ajuda de engenheiros capacitados.

- Bem Ângelo, sinceramente não sei se precisaremos dos seus serviços, acho que não, mas falarei com meu marido a respeito e então te retorno em alguns minutos ok? No mais muito obrigada. – disse Nati que acabara de sair do banho.

- Eu aguardo sua ligação então minha rainha.

Minha esposa desligou o celular e me olhou divertida.

- Você está aí tão preocupado que nem ouviu o celular. Relaxe, nossa filha sabe se cuidar melhor do que imaginamos. De um espaço a ela. – disse-me de forma carinhosa antes de beijar meus lábios suavemente.

Suspirei e disse-lhe me afastando para pegar minha camiseta.

- Darei espaço pára ela... No futuro. Hoje não é um bom dia para isso. Vou pedir que Ângelo cuide de sua segurança hoje.

- Mas Charlie não está com ela?

- Sim, ele está. Mas meu pai estava indo para a casa de Lara, os dois precisam conversar. Charlie está muito preocupado com as palavras de Aro... – o nome do vampiro saiu entre dentes.

Eu nunca engoli Aro e agora que sabia que fora ele quem transformou meu pai de maneira tão brutal me deixou com mais raiva ainda.

Nati segurou minha mão com firmeza para me chamar novamente para a conversa.

- Bem, ele precisa falar com ela. Mas Charlie não conseguirá abordar o assunto ao mesmo tempo em que se concentra nos sons suspeitos a sua volta. Se eu pedisse a ele que cuidasse de Bruna ele assumiria a postura de Chefe Scott e esqueceria de todos os seus problemas e se concentraria apenas em proteger Bruna. – expliquei.

Minha esposa sorriu entendendo meu ponto.

- Então ligarei para nosso fiel escudeiro. – disse divertida me fazendo sorrir. – Já pensou o que faremos para que a entrada de casa seja esvaziada? – meu sorriso desapareceu e eu a olhei com feição emburrada.

- Felicidade de rei dura pouco.

Ela riu de minhas palavras e discou para o Chefe.

Minha mente voou longe em quanto várias teorias de retirar as pessoas da frente de casa. Confesso que gostava mais quando eles tinham medo de nos fazer perguntas.

POV Rose

Deitei no colo de Emmett em quanto assistia a um filme que passava na TV. Meu ursão começou a fazer cafuné em meus cabelos e eu iria reclamar dele estar bagunçando meus cabelos se ele não estivesse com uma expressão tão triste.

Isso não era normal dele. Aposto que ele está assim por rever sua família humana. Emm era o mais novo de nós, tinha apenas 57 anos. Sua família ainda estava viva, sua mãe, seu pai, seu irmão mais novo. Todos ainda estavam vivos. Meu marido sempre acompanhou a vida de sua família de longe, mas nunca se aproximou. O incentivei para isso, mas ele tinha medo de como eles reagiriam, não que ele tenha admitido que sente isso, mas eu conheço meu ursão.

Rever sua história mexeu de mais com todos da família. Acho que eu fui a que menos foi afetada, já que como fui a mais revoltada com a transformação sempre fixei meus pensamentos em meu passado, me torturando diariamente. Mas com o tempo a dor foi diminuindo e o único sentimento que tenho de minha vida humana é nostalgia. A raiva finalmente terminou quando eu conheci alguém que já sofrera muito mais do que eu e mesmo assim seguia sua vida com alegria. Eu mudei muito meus pensamentos quando conheci Bella.

- Emm? Você está bem? – perguntei me virando e segurando sua mão que me fazia cafuné.

Ele pareceu acordar de seus pensamentos e sorriu largo para mim.

- Melhor do que nunca! Com uma deusa loira deitada em meu colo é impossível eu não ficar bem! – respondeu entusiasmado.

Sorri levemente. Emmett é orgulhoso de mais para falar sobre as suas dores abertamente.

Com o canto de olho percebi Edward sorrir concordando comigo. Ah eu senti falta desse mala!

Ele riu em meio as palavras da história que contava a Nessie. Minha sobrinha estava encostada no peito do pai em quanto o mesmo estava encostado no sofá. Ele lia um livro para ela que estava quase caindo no sono.

Eu quero só ver quando ele descobrir sobre Jacob cachorro Black!

- O que tem Jacob? – perguntou parando sua leitura e me olhando de forma inquisitória.

Oooops!

- Rose! – repreendeu Emm.

- Não pensei nada de mais Emm, relaxe... E também não vou falar... Vai ser mais divertido quando o cachorro estiver aqui. – disse entre risos.

- Onde está o Jake? – perguntou Nessie.

- Ele teve que ir até La Push, mas volta em poucos dias. – explicou Edward de maneira amorosa, mas com o olhar sombrio para meu marido e eu.

A baixinha fez biquinho, mas logo o desfez prestando atenção na história.

POV Edward

Por que eu sinto como se estivessem me escondendo algo? Ah! Talvez seja por que estão me escondendo algo! Eu realmente odeio quando começam a cantar musicas pentelhas em suas mentes. Principalmente as músicas que Emm escolhia. Eu já havia decorado o repertório da Xuxa! E também os clipes de suas músicas... Meu irmão customizou o Tchutchucão com apenas três patas e a que faltava estava em minhas mãos.

Bufei para a mente doentia do meu irmão e voltei a contar a história para minha filha.

Jasper e Alice estavam em seu quarto. Os dois conversavam sobre o passado da baixinha. Ele disse que a acompanharia até o tal sanatório em que ela foi presa quando humana para descobrir mais sobre sua família, talvez ela ainda tivesse algum parente vivo.

Carlisle estava extremamente feliz em não ter que parar de trabalhar com a profissão que tanto amava e entusiasmado voltou a escrever sua tese sobre as diferenças entre os cérebros humanos, vampirescos e lunares. Agora ele poderia publicar e compartilhar suas teorias com o resto do mundo.

Dan e Nati após comerem algo foram conversar com os repórteres e pediram permissão a mim para uma pequena invasão em minha casa. Ri com suas palavras e não me importei.

Nati teve a idéia de oferecer a impressa uma espécie de entrevista coletiva dentro de casa, porém não com todos os 50 que estavam do outro lado dos portões, mas apenas com 2 repórteres e um câmera. Assim eles fariam todas as perguntas que quisessem e então nos deixariam em paz.

POV Bruna

Assim que vovô e eu chegamos à sorveteria todos voltaram seus olhares para mim. Minhas bochechas coraram de maneira incrível em quanto eu murmurava um oi tímido.

Ao contrário do que pensei eles não começaram a perguntar sobre mim e sim começaram a festejar.

- Agora que a Bruna chegou, nós podemos comemorar o nosso título! Apagamos as sombrinhas! – gritou Nick erguendo sua taça de sorvete.

A gargalhada foi geral, meu avô me deixou um beijo na testa e me empurrou para os meus amigos em quanto se juntava a Lara que sorria sentada a uma das mesas.

Assim que terminei de cumprimentar todos Bernardo disse para eu ir buscar uma taça de sorvete para mim já que sua avó oferecera sorvete de graça para todos comemorarem.

- Só vai rápido antes que o Denis termine com todo o estoque. – brincou ele.

Eu sorri largo e então antes que ele pudesse mudar sua expressão eu já estava em sua frente com uma taça cheinha de sorvete de chocolate.

- Eu realmente nunca vou me acostumar com isso. – disse ele emburrado em quanto se sentava.

Eu ri dele e sentei-me para comer a minha sobremesa.

Meus amigos estavam com a boca aberta ainda, bem, eles também demorariam a se acostumar. Mas essa é a melhor sensação de todas, a sensação de ser livre, sem precisar se esconder.

O papo ficou animado, as conversas eram paralelas e o riso era geral. Todos estavam muito felizes com a vitória dos garotos.

- Eles querem revanche! – dizia Nick.

- Vão se ferrar de novo! – disse Carol dando de ombros.

Eu ri do grito de guerra dos garotos.

- Hey Bruna... – chamou Maggie ao meu lado com curiosidade e pelo seu tom de voz eu sabia que era algo relacionado a quem eu sou.

- Fala loira. – brinquei.

Minha amiga sorriu e perguntou.

- Sabe, você é uma princesa de verdade e tals... – eu ri do de verdade. – Então, você não deveria usar uma coroa? Eu também nunca vi seus pais usando coroas.

- É que para nossa espécie é diferente... Digo, as coroas para os reis humanos são para identificá-los, diferenciá-los do resto do mundo...  Para nós não é preciso o nosso povo sente nosso poder e reconhece a autoridade em nossas vozes, então não precisamos de nenhum tipo de coisa para nos marcar. – expliquei.

Ela fez cara de pensativa e então sorriu.

- Legal.

- Isso não quer dizer que eu não ache lindo aqueles adornos. – disse risonha e ela me acompanhou.

Katharine que estava resolvendo algumas contas quando cheguei veio me cumprimentar.

- Como está sua tia? – perguntou-me.

- Dormindo... Ela vai demorar um pouco para acordar. – respondi e ela sorriu desejando que ela melhorasse logo.

Ela então foi até Charlie e Lara para cumprimentá-los também.

- Edward quer falar com você. – avisou vovô. – Provavelmente ele virá assim que Bella acordar.

- Oh! Claro, eu já imaginava que ele gostaria de conversar, eu também tenho muito o que falar a ele... – respondeu pensativa.

Percebi Bernardo ficando em silêncio ao ouvir a conversa de sua avó.

- Você está bem? – perguntei com minhas sobrancelhas juntas.

- Eu não sei se quero conhecê-lo. – murmurou encolhendo os ombros.

- Não pode fugir para sempre Ber. – disse Maggie que prestara atenção em nossa conversa. – Eu imagino o quanto deve ser difícil essa situação para você, ainda mais por vocês serem extremamente parecidos, mas não o prive de te conhecer, por que eu tenho certeza que ele o quer.

- Sim ele quer. – confirmei.

Meu amigo se encolheu.

- Ele não vai te pressionar Ber. Tio Ed é um cara muito legal, você vai se dar bem com ele, eu tenho certeza. E mesmo que ele saiba absolutamente tudo o que se passa em sua mente ele nunca irá se intrometer, pelo menos não em quanto vocês não se conhecerem super bem. – ri levemente.

- Ow merda! – disse Bernardo levando as mãos a cabeça.

- O que foi? – perguntei sem entender.

- Eu esqueci completamente que ele lia mentes.

Eu gargalhei.

- Ai que vergonha! Meus pensamentos não são puros como minha cara. – disse Maggie com os olhos arregalados.

Eu ri mais uma vez e disse.

- Você se acostuma, é sério... Meu tio não é inconveniente e é perfeitamente capaz de guardar os segredos mais obscuros das mentes das pessoas.

- Mesmo assim eu vou pirar completamente se eu conversar com ele. – disse Bernardo com olhos desesperados.

- Relaxe, não é como se vocês fossem se encontrar daqui algumas horas. – disse sorrindo em quanto revirava os olhos.

Ele assentiu cabisbaixo e eu e Maggie tratamos de mudar de assunto para animá-lo.

Meus pais apareceram na TV oferecendo uma entrevista a dois jornalistas dentro de casa. Assim não ocorreria confusão, porém já era noite quando os jornalistas finalmente decidiram quem entraria.

Nós não ficamos assistindo as notícias e então fomos para a praça continuar nosso papo.

Estávamos conversando sobre a formatura do terceiro ano quando eu senti cheiro de seres como eu.

Mas eu conhecia um deles e fechei minha cara com um bufo. Eu estava sentada em um galho da árvore, ao meu lado Maggie e Nick. Os outros estavam no chão. Pulei do galho e cruzei meus braços no peito.

- Por favor, diga que está apenas de passagem por aqui e que não foi meu pai quem te enviou. – pedi sabendo a resposta.

Ângelo sorriu desculpando-se em quanto fazia uma reverência assim como o outro ao seu lado.

- Desculpe princesa, mas não posso dizer esta mentira. – disse divertido e então se levantou.

- Argh! Impressionante! Por que meu pai simplesmente não acredita que eu possa me cuidar sozinha?! – grunhi revoltada e então disse a ele. – Como pode ver, eu estou ótima, desculpe por perder seu tempo, pode ir.

O chefe Jackson tinha uma feição divertida e disse formalmente, mas de maneira delicada.

- Sinto muito princesa, mas ainda não possui autoridade suficiente em sua voz. As ordens de seus pais vêm antes que as suas. – bufei. – Seu pai está apenas zelando por sua filha. Ele não que aconteça com vossa alteza o mesmo que aconteceu com sua tia. – argumentou.

- Tia Bella foi seqüestrada mesmo com proteção. – disse azeda.

- Sim ela foi, e por culpa minha. E é por este motivo que seu pai confia a mim a missão de protegê-la, pois ele sabe que eu não cometerei o mesmo erro. – disse-me com a voz firme, porém seus olhos eram pacientes.

Percebi que minhas palavras soaram ofensivas a ele, como se eu estivesse o chamando de incompetente.

- Desculpe, não quis que soasse desta maneira, não quis dizer que a culpa foi sua. – murmurei culpada.

- Não me ofendi com suas palavras princesa. – disse sorrindo despreocupado, mas eu ainda me sentia culpada.

Chutei-me mentalmente e me aproximei dele.

- Não, sério, me desculpe... Eu estou agindo como uma menininha mimada. Meus pais não me criaram assim. – suspirei erguendo minha mão para cumprimentá-lo da maneira correta. – Comecemos novamente, como se eu estivesse acabado de encontrá-lo. – sorri quando ele riu estendendo sua mão para me cumprimentar. – Olá Chefe Jackson, como vai sua esposa?

Ele riu em quanto apertava minha mão delicadamente em quanto fazia uma leve reverencia com a cabeça.

- Ela está muito bem majestade, obrigado por perguntar. – respondeu-me.

Então pela primeira vez prestei atenção no homem ao seu lado. Eu nunca o tinha visto entre os homens da guarda, provavelmente é um novo recruta. Sem dúvida alguma ele é lindo, assim como todos de nossa espécie. Cabelos castanhos escuros, olhos em um tom de verde musgo, traços retos, boca bem desenhada... Mas ele tinha um olhar que eu não encontrava nos outros da guarda. Era um olhar sonhador, um olhar que eu encontrava apenas em adolescentes.

Vendo minha feição curiosa Ângelo o apresentou.

- Esse é Peter Carter, acabo de buscá-lo em sua casa na cidade vizinha. Ele quer entrar para a guarda, mas está em fase de aprovação já que é muito jovem. – percebi que o tal Peter fez uma careta com o muito jovem.

Sorri divertida e estiquei minha mão para cumprimentá-lo.

- Muito prazer senhor Carter. – disse.

Ele sorriu com minhas palavras e segurou minha mão beijando-a delicadamente.

- É um prazer princesa. – disse.

Sua voz era um pouco rouca, porém extremamente suave.

- Ângelo pode dizer que é jovem, mas beijar minha mão é coisa do século passado. – disse rindo ao vê-lo vermelho.

O chefe também me acompanhou em seu riso colocando uma mão no ombro de Peter.

- Ele é apenas três anos mais velho que vossa alteza.

Meus olhos arregalaram. Caramba! É muito difícil encontrar jovens seres lunares. Ele então deve ter nascido aqui na Terra. Pois se ele tivesse vivido na lua com toda a certeza não seria chamado de jovem por Ângelo.

Minha expressão surpresa suavizou e então eu sorri para Peter.

- Retiro o que eu disse... Seu ato não demonstrou maturidade, mas sim cavalheirismo... Coisa esquecida nos tempos de hoje. – ele sorriu agradecendo envergonhado.

Voltei meu olhar para Ângelo e disse-lhe.

- Vovô está ali na sorveteria, está acompanhado de sua namorada.

- Irei cumprimentá-lo e já volto. Peter fique perto da princesa ok? Volto logo.

- Sim, senhor. – respondeu seriamente.

Sorri e voltei até meus amigos que tinham feições curiosas para Peter que ficara com uma expressão séria, postura rígida e mãos nas costas. Ele não olhava para nós e sim para tudo a volta. Percebi que estava concentrado, cumprindo seu trabalho.

Maggie que descera da árvore cochichou em meu ouvido.

- Quem é ele?

- Meu guarda-costas. – respondi emburrada.

Ela riu.

- E você está reclamando do que? O cara é um gato! Ô se eu tivesse um desses me seguindo por onde quer que eu fosse. – cochichou e eu ri.

- Você sabe que ele pode te escutar né? – perguntei gargalhando ao vê-la de olhos esbugalhados e gargalhei mais alto quando vi que Peter estava completamente vermelho.

- Isso é tão injusto! Pensei que vocês tivessem poderes diferentes. – disse minha amiga emburrada.

- Todos nós podemos voar, somos mais fortes e temos sentidos mais aguçados, são poderes base. Mas os poderes diferentes como controlar os elementos, movimentar coisas com a mente nem todos possuem. Eu e minha família temos vários por termos sangue real, mas os outros possuem apenas um poder especial ou nenhum. – expliquei dando de ombros.

- E qual será o poder dele?

- Eu não sei... Hey Peter? – chamei e ele direcionou seu olhar a mim.

- Sim majestade?

Seu olhar era divertido então perguntei.

- Qual é o seu poder?

- Ele é difícil de se explicar com palavras. A senhorita me dá permissão para mostrá-lo? – perguntou-me formalmente.

- Claro!

Peter fechou seus olhos e inclinou um pouco a cabeça para o lado em quanto nós o analisávamos. Em seus lábios um sorriso charmoso formou-se e eu ouvi algumas garotas suspirarem.

Então vários “Oh” saíram das bocas das meninas. A minha somente ficou aberta, já que eu não consegui pronunciar nenhum som.

A frente de cada garota uma delicada orquídea apareceu, apenas a flor e um pequenino cabinho. A cor era de um rosa forte quase lilás.

Mas a minha frente não foi um orquídea que apareceu e sim uma outra flor que eu não reconheci, parecia uma rosa, mas tinha as pétalas mais pontiagudas. A cor também era única, começava azul escuro e ia clareando até tornar branco nas pontas. Quando consegui pronunciar alguma palavra eu perguntei.

- Não conheço essa flor... Qual é o seu nome?

- Regarder la lune – respondeu suavemente e olhando diretamente em meus olhos.

Minhas bochechas coraram absurdos. O motivo simples... Eu sabia falar francês!

- É linda. – ele sorriu.

- Fico feliz que tenha gostado majestade.

- Então você pode materializar flores? – perguntou Maggie.

- Não somente flores, mas qualquer coisa que desejar ou inventar. - respondeu sorrindo levemente e então fez uma careta. – Mas não duram muito tempo, provavelmente essas flores irão desaparecer em poucas horas, não tenho controle suficiente para mantê-las por mais tempo.

- É uma pena, pois elas são lindas. – disse Carol sorrindo para a sua flor.

- O Chefe Jackson disse que quando ficar mais velho talvez consiga mantê-las por mais tempo.

Eu ri da careta que ele fez. Pelo visto não sou a única com dificuldades para impor respeito por ser jovem de mais.

- Tenha paciência quando tiver... – comecei a falar de maneira divertida e ele me acompanhando falando comigo a frase tão ouvida por nós dois. – Mais idade saberá controlar seus poderes, até melhor do que eu.

Ele riu levemente.

- Exatamente. – disse ele me encarando com suavidade.

- Bem vindo ao meu mundo. – concordei após um suspiro cansado.

De repente algo chamou nossa atenção, ele virou-se rapidamente olhando em direção a sorveteria e eu fiz o mesmo me levantando com o olhar preocupado.

- O que foi? – perguntou Bernardo sem entender nossa súbita mudança.

- Ah TV da sorveteria... Algo aconteceu em minha casa. – disse mordendo meus lábios em preocupação e então fitei meus amigos. – Eu acho que vou para casa... Amanhã nos falamos na escola ok?

Despedi-me rapidamente e corri até a sorveteria. Meu avô e Ângelo possuíam olhares preocupados. Na televisão a imagem da casa e a reprise de um grito que viera de dentro.

- Vovô? – chamei e ele assentiu.

- Vamos. – ele se despediu de Lara rapidamente e nós quatro corremos para casa.

Meu coração estava apertado com a preocupação.

O que diabos estava acontecendo?

Fim do Capítulo 12.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo e não tenham ficado muito bravos com o final xD Mas como já devem ter percebido essa história nunca vai ficar monótona, então sempre novas coisas irão acontecer ^^