A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 58
Capítulo 10 - Por trás dos olhos azuis (P2)


Notas iniciais do capítulo

Continuação do cap anterior



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POV Narrador

O rei e rainha da Lua estavam com sorrisos largos. Felizes com aquele momento há tanto tempo desejado. Seus filhos ali em sua frente e cercados de seres maravilhosos, construindo uma linda família. Não desejavam nada mais do que a felicidade de seus dois milagres.

Estavam todos reunidos na sala, Anita pediu que esperassem até que todos estivessem juntos para explicar o porquê de não terem aparecido antes. Mas agora a sala estava lotada com três espécies diferentes: Vampiros, Lobos e Seres da Lua.

- Desculpem meus filhos pela demora em encontrá-los, mas acontece que demoramos a recuperar a memória, a verdade é que faz poucos meses. – começou a rainha. – Eu nasci e cresci em uma família boa de bastante caráter, não demorou muito a notarem que eu era uma criança diferente... Eu vivi minha vida com milhares de dúvidas e muita dificuldade para aprender a usar o grande poder que eu continha e nem sabia seu propósito... Felizmente quando eu fui para o colegial um de meus professores me reconheceu, ele era um de nossos súditos... Começou a me contar muitas coisas e eu apenas o chamava de louco, pois eu realmente não sabia de absolutamente nada... Entendendo que eu não sabia o que ele me explicava, resolveu me ajudar a controlar meus poderes que na adolescência pareciam aflorar-se cada vez mais.

Anita sorriu sem preocupação, pois apesar das dificuldades ela conseguiu ultrapassar todos os obstáculos até chegar aonde chegou.

- O mesmo aconteceu comigo, porém meu pai ao contrario de minha mãe não era alguém que se possa dizer ser de alma pura – disse Arthur com um sorriso irônico. – Assim que ele descobriu o que eu era capaz de fazer quis logo me taxar como aberração e ganhar dinheiro com isso... Com as loucuras de meu pai prestes a se concretizar minha mãe me pegou ainda criança e fugiu comigo para uma cidade pequena do interior, lá eu aprendi a usar meus poderes sozinho, eu podia testar qualquer coisa em campo aberto sem ter medo de machucar ninguém...

“Quando eu já estava em idade de ir para o colegial eu e minha mãe nos mudamos novamente e foi só então que eu encontrei Anita... Foi um pandemônio já que recuperamos nossa memória em meio ao refeitório do colégio e muita gente acabou vendo nossas lembranças.”

O rei entrelaçou seus dedos com a esposa e beijou-lhe as costas da mão. Sorriram um ao outro e então ele continuou.

- Mas antes de nos encontrarmos, durante a noite em quanto eu dormia sempre sonhava com uma garota, nós conversávamos e nos divertíamos e logo nos apaixonamos...

- Comigo acontecia o mesmo em meus sonhos... Agora imaginem a loucura que ficamos ao perceber que estávamos apaixonados por alguém criado pela nossa própria imaginação? – disse a rainha rindo.

- Mas percebemos que não estávamos tão loucos assim quando acordávamos com arranhões que foram feitos durante o sono... Mais tarde descobrimos que um novo poder surgiu...

“Um poder para nos auxiliar nessa pequena jornada de solidão... Nossa família nunca esteve separada desta maneira e com a ligação tão forte entre nós nossos extintos ou almas, não sei exatamente dizer, criaram uma forma de se manter unidos... O jeito foi se encontrar em sonho... Porém isso ficou perigoso. Descobrimos que se nos machucássemos em sonho, nos machucávamos em vida, e se acaso morrêssemos em sonho o mesmo aconteceria.”

O rei dizia seriamente. Bella o olhou sem entender.

- Mas quando eu tentei proteger Nati eu não consegui... Tudo passava pelo meu corpo como se eu fosse um fantasma. – disse ela perdida em lembranças.

- Isso é porque o poder não foi desenvolvido querida. – explicou sua mãe com carinho e então tomou uma expressão seria. – Mas não faça mais isso, não se jogue na frente de ninguém, pois seu corpo físico também ficará ferido.

POV Edward

Deus do céu! Bella! Ela precisa estar bem! Por tudo o que é mais sagrado!

Eu estava jogado em um canto de uma casa escura quando minha princesa apareceu iluminando o local. Ela se aproximou com os olhos marejados e ajoelhou-se ao meu lado.

- Isso vai acabar meu amor, logo vai acabar. – murmurava ela em quanto passava as mãos em meus cabelos com carinho.

- Eu queria ser tão otimista quanto você meu anjo. – sussurrei tentando me mexer, porém desisti quando a mulher que eu ainda não sabia quem era entrou feito um furacão.

Ela rugiu expondo seus dentes.

- Mais uma vez ela estragou meus planos! – esbravejou, eu não sabia do que ela falava, já faz algum tempo que não consigo ler as mentes de quem aparece por aqui.

Bella rosnou se colocando protetoramente em minha frente.

- É inacreditável que aquela princesinha estragou mais um dos meus planos! – esbravejava e então me fitou. – Lembra o ultimo homem que você não quis se alimentar? Então... Sua queridinha resolveu converte-lo em bonzinho! Hun! Aquele homem é mais ganancioso que qualquer político, queria poder... Eu lhe dei poder!

Ela sorriu insana e então sua expressão mudou novamente para raiva.

- Eu o mandei apenas fazer uma coisa! Uma! E o que ele faz? Ignora totalmente o que eu disse e segue o que aquela idiotinha diz! Já chega! Cansei-me disso! Você morre hoje!

Ow! Não era Victória que estava no comando? Que merda é essa?

Bella ficou confusa por alguns segundos como eu, mas então rosnou alto e ficou em minha frente me protegendo de qualquer ataque.

Meus olhos arregalaram, meu anjo estava levando os golpes no meu lugar.

- Não... – sussurrei com a voz seca e levando minha mão inerte em direção a Bella.

Minha princesa então se virou para mim e ficou de costas para o ataque. Sua expressão estava serena e não demonstrava sentir dor.

- Não se preocupe Edward, eu não estou sentindo nada. – disse ela sorrindo suavemente.

Em quanto eu olhava meu anjo assustado, ela me olhava transbordando amor. E a mulher rugia frustrada e cada vez sentindo mais raiva.

- Ela está aqui não é?! Vadia! Pare de atrapalhar meus planos! – gritava ela descontrolada.

- Pare Line! – berrou Victória se materializando em minha frente e a olhando com raiva. – Quem mandou que o atacasse?! Já disse que eu não quero isso! Eu quero matá-lo na frente dela! Agora pare com isso!

Bella se abraçou a mim em quanto olhava a cena sem entender. Sua respiração estava pesada.

- Eu acho que preciso ir... – sussurrou e começou a tossir.

- Bella... – minha voz saiu esganiçada, ela não havia sentido os ataques, mas estava sentindo agora.

- Não se preocupe... – murmurou beijando meu rosto. – Eu ficarei bem. – então desapareceu.

As duas ainda discutiam até que Victória tirou Line dali. Line... Então era ela. Isso não importa. Agora tudo o que eu quero saber é se minha princesa está bem!

POV Alice

Dan andava de um lado para o outro em minha frente, ora bagunçava os cabelos, ora xingava baixo, ora parecia querer chorar. A todo o momento perguntava-me se eu tinha visto algo novo e toda vez eu negava tristemente.

Charlie estava sentado em um sofá em minha diagonal, ele olhava um ponto fixo e parecia uma estátua de mármore.

Nós estávamos em uma sala de um hospital em Nova Iorque. Nati conseguiu com os diretores um leito para Bella. Precisávamos tratá-la, mas não sabíamos como, então precisaríamos de ajuda.

Permitimos que os médicos fizessem pesquisas com seu sangue e mapeassem seu DNA. Eles estavam surpresos com tamanhas semelhanças com o DNA humano. Pedimos apenas que eles não revelassem a identidade de minha amiga.

Logicamente a imprensa estava alucinada com as notícias e faziam campana em frente ao hospital. A rainha era a única que conversava com os repórteres e esclarecia algumas coisas já que seu marido estava muito abalado e não queria sair de perto da irmã.

Apenas eu e Charlie viemos para Nova Iorque, os outros ficaram em City of the Angels para manter as aparências e confirmar a história de que Bella estava no hospital vizinho na UTI, portanto, impossibilitada de receber visitas. Além disso era preciso acalmar Bruna que estava louca para ver a tia e animar Nessie que achava que a mãe estava que nem a Bela Adormecida e esperava o beijo do príncipe encantado para acordá-la. É melhor que ela pense assim, pelo menos com sua inocência não possui a noção da gravidade que é um coma.

Forcei minha mente mais uma vez ao futuro. Minha cabeça parecia querer explodir depois de forçar tanto meu poder.

- Vê alguma coisa Alice?! - perguntou Dan me fitando com agonia.

Retribui seu olhar e neguei com a cabeça.

- Se concentre mais um pouco... - pediu e eu suspirei cansada.

- Chega Daniel! Alice não é uma bola de cristal! Deixe-a descansar! - repreendeu Charlie finalmente se movimentando e olhando seriamente para seu filho que se encolheu me pedindo desculpas com o olhar.

- Tudo bem... - murmurei.

Os três médicos que formulavam teorias no computador olharam de maneira curiosa para nós depois de escutarem a voz alterada de Charlie.

O lugar onde estávamos era uma espécie de laboratório de pesquisas, uma das paredes é totalmente lotada de monitores. Cada um com determinada função. Um com batimentos cardíacos, outro com a pressão, outro mostrando filetes de DNA... E outros mostravam coisas que eu nem faço idéia do que sejam.

Um dos monitores mostrava a filmagem da câmera que fora instalada no quarto da princesa pra que ela fosse monitorada 24hrs. Fixei meu olhar na ela e deixei minha mente vagar.

O bip da máquina apitou de maneira diferente. Bella mexeu os dedos com dificuldade e então abriu os olhos observando o lugar onde estava. Uma enfermeira entrou no quarto e após verificar a quantidade de morfina percebeu dois orbes azuis a observando.

Sorriu largamente e disse animada.

- Finalmente acordou princesa!

Ela então saiu rapidamente planejando cotar a boa notícia, no caminho ela esbarra em um médico loiro e após um rápido “desculpe” ela corre fazer o que queria.

Puxei o ar e então foquei meus olhos em Daniel. Ele estava péssimo, suas olheiras profundas afirmavam que ele não dormia há dias.

- Bella acordará em dois minutos. - comuniquei e o rei me olhos com olhos brilhando e sorriu largamente se direcionando a porta. -Espere! - meus olhos perderam o foco em outra visão.

POV Bella

Meu corpo está completamente dolorido, parece até que levei uma surra... Er, eu levei uma surra. Não me arrependo do que fiz, eu não suportaria deixá-lo sofrer ainda mais.

Um bip chato repetia sem parar a minha volta, mas até minhas pálpebras doíam para que eu as abrisse. Com muito esforço eu consegui finalmente abrir meus olhos. A claridade me segou por alguns segundos.

Assim que foquei melhor minha visão notei paredes brancas a minha frente. Virei lentamente o pescoço ignorando ao máximo a dor. A minha esquerda mais uma parede branca e a minha direita uma parede de vidro a qual separava o meu quarto de um corredor. Não tinha ninguém passando por ali.

O bip chato vinha de um aparelho na cabeceira de minha cama... Bem, estou em um hospital. Não me lembro muito bem como vim parar aqui, minha cabeça está girando e eu me sinto completamente mole.

A porta se abriu e uma moça de jaleco entrou. Ela tinha cabelos loiros e uma expressão suave. Verificou a dosagem do remédio pendurado ao meu lado, olhou-me com surpresa e então abriu um grande sorriso.

- Finalmente acordou princesa! – disse ela animada, mas não consegui respondê-la eu estava me sentindo muito cansada e tudo o que eu queria era dormir.

Foi o que eu fiz.

POV Alice

A visão estava muito borrada, mas eu via um homem entrando no quarto de minha amiga. Ao que parece ele ainda não havia decidido se entrava ou não. Mas tenho certeza que aquilo significava perigo.

- O que foi Lice? - perguntou o rei.

- Tem um homem... - falei forçando minha mente a clarear a imagem.

- Que homem? - inquiriu Charlie levantando-se.

- Eu não sei... Está muito borrado... Está vestindo jaleco, parece ser médico... Mas tem algo errado com ele... Não consigo ver com clareza, está muito confuso... Tem uma mente perturbada... - fui narrando conforme minha visão se concretizava. - É loiro...

- Podem mudar a imagem da tela para as câmeras dos corredores? - perguntou Daniel aos médicos da sala e logo eles digitavam nos teclados mudando rapidamente as imagens.

Em quanto uma das telas filmava Bella a outra trocava imagens de diferentes corredores. Mas não houve tempo para prestar atenção.

- Ele tomou sua decisão! - arfei. - Está entrando no quarto, se aproximou... Ainda não consigo ver o rosto... - Pausei de olhos arregalados. - Impossível. - sussurrei.

- O que foi? - perguntou um dos médicos agoniado com o suspense.

- James... - dissemos eu, Charlie e Daniel ao mesmo tempo de maneira assustada.

Na tela do computador a imagem de James caminhando pelo corredor em direção ao quarto de Bella e então esbarrando com a enfermeira que corria para avisar-nos que minha amiga havia acordado.

Em minha visão a imagem de James pegando Bella no colo e correndo pelos corredores.

Daniel saiu correndo, mas eu sabia que ele não chegaria a tempo.

[...]

- Alice pelo amor de Deus para aonde ele levou minha irmã?! – pedia desesperado Daniel.

Meus olhos perderam o foco seguindo a visão. James tomava decisões rápidas, mas as mudava rapidamente.

- Está subindo escadas... As paredes são todas brancas é impossível determinar o lugar. – dizia conforme a visão aparecia.

Dan e Charlie já haviam vasculhado o hospital inteiro após a cama de Bella ficar vazia. Os seguranças do prédio procuravam nas câmeras de segurança, mas não encontravam nada.

Nesse momento estávamos fora do hospital, eu e Charlie com túnicas brancas em quanto o rei e a rainha estavam a minha volta esperando alguma visão. Os repórteres do outro lado da rua tinham suas câmeras focadas em nós, mas a pedido de Nati ninguém se aproximou.

- Pulou do prédio, agora está em outro... Azulejos cinza... – dito isso os três voltaram seu olhar para cima e procuravam a nossa volta um prédio de azulejos cinza.

- Alice, procure outro detalhe... Tem no mínimo 20 prédios com azulejos cinza em volta do hospital! – pediu suplicante Nati.

Forcei minha mente e de repente James havia sumido.

- Sumiu. – Arfei.

- Como assim sumiu? – perguntou desesperado Daniel.

- Não consigo mais vê-lo.

- Se concentre em Bella.

Fiz o que Charlie sugeriu, mas a imagem que veio me surpreendeu.

Bella estava deitada no chão e abria os olhos com dificuldade. Seus olhos seguiram um caminho ao chão até se depararem com um par de calçados. Subiu seu olhar e então arfou chocada. Suas mãos começaram a tremer juntamente com seus lábios. Seus olhos azuis brilhando com a umidade.

A imagem subiu como se uma câmera focasse do alto e agora eu via o terraço de um prédio. Minha amiga deitada ao chão de um lado e um homem em pé a sua frente.

A imagem mudou para o rosto do homem e tenho certeza que meus olhos arregalaram com o que viram.

- Alice! O que está acontecendo?! – acordei do transe com Nati me sacudindo pelos braços.

- Eu vejo Edward... – murmurei. – Seus olhos estão vermelhos como sangue.

Os três ficaram tão chocados quanto eu.

Edward andou lentamente até Bella e abaixou-se em sua frente, sua feição amorosa contradizendo com seus olhos rubis.

- Você está bem? – perguntou com a voz doce.

Bella não respondeu e permanecia com a mesma expressão assustada.

- Espero que sim. – continuou ele dando um sorriso torto, mas algo estava errado naquele sorriso.

Edward levantou-se e olhou de cima para Bella. Sua expressão mudou para raiva e ele rugiu.

- Pois eu não estou! – tremi. – Graças a você eu tive que tomar sangue humano! Satisfeita? Agora essa cede me consome... Quantos humanos acha que eu matei noite passada? – ele sorriu sombriamente e sussurrou. – Muito mais do que você possa imaginar princesinha.

Ela respirava de forma acelerada e eu podia ver seu coração palpitando sob sua pele.

- Você dizia que me amava, fez milhares juras de amor... Mas quando eu me sacrifiquei para protegê-la você se quer insistiu em me procurar... Um ano apenas e desistiu... Grande amor o seu! – acusava rudemente com a expressão furiosa. – Eu sofri o que sofri por sua causa! – ele agachou-se e levantou Bella pelo pescoço.

Minha amiga ficou inerte no ar em quanto Edward a segurava. Seus olhos azuis não desviavam dos olhos vermelhos do vampiro.

- Você só trás desgraças a todos a sua volta! Só trás sofrimento e abandona a todos! – disse magoado e então a socou.

- NÃO! – solucei. – Esse não é meu irmão! Não pode ser ele! Não pode! – chorava desesperada.

                               

Aquele não podia ser Edward, não podia!

- Edward nunca encostaria um dedo em Bella! Nunca! – dizia entre prantos.

- Calma Alice! – pediu Charlie. – Não é Edward! Não é! Agora tente se acalmar e localizá-los.

Solucei mais uma vez e tentei controlar minha respiração. Só agora notei que Daniel e Nati não estavam mais ali.

- Eles estão sobrevoando os arredores... Ficaram com medo do seu silêncio e quiseram achá-la antes que algo acontecesse. – explicou o vampiro e eu assenti controlando meu choro seco.

Bella tinha lágrimas nos olhos e sangue em sua boca. O vampiro a puxou para perto e sugou seu lábio. Minha amiga apenas chorava e nada fazia em sua defesa.

Ele se afastou e a jogou no chão.

- Victória estava certa... Tens o melhor sangue... Apenas com essas gotas já me sinto mais forte... – disse sorrindo de maneira sombria. – É uma pena que vais morrer... Merece morrer por tudo o que causou por me deixar sozinha...

SozinhA?

Ele se aproximou e então sua forma mudou para a do pai de Bella, Arthur.

- Por sua culpa eu morri, por sua culpa não pude proteger aquela que mais amava, você causou a destruição da lua! – disse ele e então sua forma mudou para a de sua mãe, Anita. – Por sua culpa eu vi o amor de minha vida virar pó em minha frente, por que veio para a nossa família? Por quê? Para estragar tudo? Para destruir a nossa felicidade?

Bella soluçava encolhida, eu não podia acreditar que ela estava se culpando realmente por aquilo.

De Anita a forma mudou para uma mulher de longos cabelos loiros e pele alva. De todas as formas que aparecia, a única coisa que permanecia constante eram os olhos vermelhos. Ela olhou para Bella e então disse com a voz fria.

- Me abandonas-te por um humano! Viraste está garotinha medíocre, mas eu farei com que seu “eu” verdadeiro volte... Mostrarei-te a verdade, voltaras a ser quem eras... Lembrarás da crueldade do mundo, e voltaras a castigá-lo.

Minha visão sumiu e eu me vi chutando uma porta e encontrando a minha frente à mulher me olhando surpresa. Charlie em minha cola, ele rosnou alto.

- Fique longe dela Line!

- Charlie! – sorriu a mulher cinicamente. – Há quanto tempo não nos vemos?

- Já me enganou uma vez, não o fará novamente! – ela ignorou suas palavras e puxou Bella como escudo.

Notei que minha amiga estava mole, como se não conseguisse reagir.

                

Rugi alto. Ah! Mas eu vou matar essa vadia loira!

- Solte-a! – exigi, ela me olhou e sua forma mudou novamente para a de Edward.

- Ts,ts,ts... Diz que ama essa garota como irmã... Mas é quem a fez sofrer...

- Calada! Volte a seu corpo! Não ouse usar meu irmão! – grunhi.

- Foi você quem afirmou que eu estava morto, quando eu realmente nunca estive... É culpada pelo estado dela. – disse sacudindo Bella e então voltou ao seu estado normal gargalhando ao ver minha expressão de culpa.

Sim, eu sabia que aquela merda toda foi, em grande parte, minha culpa. Mas não precisava de uma vagabunda me jogando na cara. Além do mais, não adianta chorar depois de tudo, tenho é que resolver isso.

- Vejam o lado positivo de tudo o que aconteceu? Eu evolui os meus poderes... Agora não tenho mais aquela mancha horrorosa no pescoço... É tão legal se passar por um monte de gente... E sabe o que mais, não me importa que meus olhos fiquem sempre vermelhos, pois existem mais pessoas assim do quem podem imaginar... E a tecnologia humana em fabricar lentes coloridas é o máximo! – dizia insanamente.

Eu não conseguia prever seu próximo passo, sua mente é perturbada demais.

- Pare agora ou não terá outra saída... Infelizmente, ao final, ficarás ajoelhada a minha frente e serei eu a decidir o seu destino. – disse Bella com a voz calma e ao mesmo tempo séria, mas seus olhos estavam diferentes, sem foco, como se quem falasse não fosse ela.

Não houve muito tempo para agir.

- Cansei dessa brincadeira. – disse ela e então jogou Bella do parapeito e então correu para a porta.

Charlie a seguiu em quanto eu pulava do prédio atrás de minha amiga.

POV Daniel

Pousei ao lado de Nati novamente em frente ao hospital. Eu não sabia mais o que fazer. Sobrevoamos os arredores e não vimos nada. De repente ouvimos uma janela se quebrando no prédio ao lado do hospital e me xinguei mentalmente por ter traçado um perímetro tão longe em vez de verificar os prédios próximos.

Pela janela uma loira de olhos vermelhos saia voando. E no espaço vazio Charlie escondido por sua túnica. Ele olhava para cima e só então eu vi.

Minha espinha gelou e meu corpo amoleceu.

Bella caia desacordada. Foi tudo tão rápido que só respirei novamente quando Nati correu para segurar Alice antes que ela atingisse o chão.

Minha irmã a poucos 10 metros do chão abriu suas asas e pousou de joelhos ao chão. Ela chorava aos soluços e abraçava o próprio corpo.

Corri em sua direção e a abracei, seus braços delicados rodearam meu pescoço em quanto ela soluçava em meu ombro.

- Eu não agüento mais isso Dan! Não agüento!

- Vai acabar maninha... Vai acabar... – sussurrava a carregando de volta ao hospital.

Coloquei-a na cama e deitei ao seu lado abraçado com ela e cantarolei uma antiga cantiga que mamãe cantava para nós quando éramos crianças, até que ela finalmente dormiu.

[...]

POV Lara

Na sala dos professores todos assistiam chocados ao noticiário que passava e repassava os acontecimentos de hoje cedo.

Meu coração se apertou ao ver a princesa da Lua caindo daquele prédio de mais de 20 andares e a outra pessoa caindo atrás. Mas o que mais me doeu foi ver os olhos azuis de Bella desesperados.

Ela escondeu metade de seu rosto no ombro de seu irmão que a carregava com uma expressão atordoada, a única coisa que aparecia era seus olhos e nariz. Mas aquilo era mais claro do que tudo para qualquer um que visse. Todos reconheceram aquele olhar desesperado, agonizado. Era perceptível na maneira que ela segurava no rei. Como se ela buscassem por um suporte, mas não o encontrasse.

Todos se perguntavam o porquê ela estava caindo, mas o que realmente queríamos saber era o porquê de seu olhar desesperado. O porquê de tanto sofrimento.

Aproximei-me de Jacob que estava com uma expressão ilegível e perguntei em tom baixo.

- Como ela está?

- Eu... Não sei. – respondeu-me com dor e então pegou seu celular discando rapidamente um número.

Na TV uma imagem ao vivo da rainha da lua atravessando a rua e indo em direção aos repórteres que logo a rodearam. Sua expressão era muito cansada.

- Majestade! Majestade!

- Por favor, o que aconteceu?

- A garota no colo de seu marido era sua irmã?

Antes que ela respondesse Nati fez sinal com a mão e atendeu o telefone.

- Como ela está? – perguntou Jacob, nós estávamos afastados dos outros que pareciam querer engolir a TV com os olhos de tão próximos que estavam.

- Não se preocupe, ela está bem... Pelo menos fisicamente. – respondeu a rainha.

Os repórteres apenas a filmando.

- Não sei como segurar Bruna aqui, logo ela verá isso pela televisão... – a rainha suspirou.

- Avise a todos para não se preocuparem que logo minha cunhada vai para casa, teimosa do jeito que é não há quem a segure aqui depois que acordou.

- Er, só por curiosidade... Por que Alice se jogou trás de Bella?

- A baixinha não conseguiu prever se ela conseguiria acordar a tempo de se salvar, a idéia era levar o impacto pela amiga... No fim eu a peguei no ar... Não que ela fosse se machucar, mas do jeito que estão às coisas era capaz de nos acusarem de destruir patrimônio público quando ela quebrasse a calçada.

Jacob riu baixo revirando os olhos com a alfinetada da rainha com os tablóides sensacionalistas.

- Isso só poderia ter saído da sua boca mesmo... Obrigado Nati, só queria saber como Bella estava. Tchau.

- Tchau cachorro.

Jacob pareceu mais aliviado agora e sentou-se a mesa. Sentei-me ao seu lado em quanto assistíamos a entrevista.

- Majestade, porque a princesa estava chorando?

- Acho que qualquer um choraria se fosse jogado de um prédio de mais de 20 andares. – respondeu seca e depois pareceu arrepender-se. – Desculpem... Esse mês tem sido muito estressante para nós, eu não durmo há 3 dias e meu marido a mais de uma semana... Como se nossas preocupações não fossem suficientes temos que agüentar tablóides mentirosos a nosso respeito... Então se em algum momento eu for rude com algum de vocês que trabalha seriamente, pesso que perdoem... O que tenho a dizer é que a princesa está bem e logo ela saíra do hospital e retomará sua vida normalmente e continuará no anonimato... Ela já possui problemas de mais e não a queremos em manchetes mentirosas... Com licença.

A rainha então saiu do meio dos jornalistas e se dirigiu a entrada do hospital.

- Ow! Ela até que foi educada, se eu visse manchetes como aquelas com o meu nome e tivesse o poder que ela tem, teria feito um belo estrago. – disse o professor de geografia e logo os outros professores continuaram a conversa.

Eu só espero que Bella volte logo. Eu realmente estou preocupada com ela. É horrível ver olhos tão tristes em uma garota tão doce. Mesmo que Charlie me dissesse todos os dias pelo telefone que ela estava bem eu sentia que ele estava tão preocupado quanto eu. Eu só queria estar ao seu lado para apoiá-lo.

[...]

POV Bella

Passei mais três dias no hospital. Falava o mínimo possível. Cheguei a meu estado mental limite era muita coisa para agüentar sozinha. E tudo o que eu fiz foi rezar para que as coisas acabassem bem, pois eu tinha certeza que estava chegando ao fim.

Acabara de trocar de roupa, iria embora hoje nem que fosse fugindo. Estava morta de saudades de minha filha e precisava de um animo em minha vida antes que eu surtasse de vez.

Alice ajeitava meu cabelo. Eu queria dar essa felicidade a baixinha. Afinal ela ficou do meu lado esse tempo todo e fazia de tudo para me animar, mas eu sabia que a verdade era que ela tentava se animar. Eu sabia que Alice se culpava pelo o que Line havia dito.

- Alice eu não sou sua Barbie! – reclamei em quanto ela fazia duas tranças finas da minha franja e as prendia atrás.

- É claro que não! Você por um acaso é loira? Não! A Rose é minha Barbie! Você é minha Susie! – ela piscou de um olho só e eu ri revirando os olhos.

Nós sorrimos uma para a outra e depois fizemos caretas. Era evidente aos nossos olhos que tentávamos enganar a nós mesmas.

- Te espero no carro. – murmurou Alice me dando um beijo na testa e saindo com minha pequena mala.

Um minuto depois meu irmão entrou no quarto.

- Fique mais um pouco Bella... Você ainda não se recuperou direito... Aqui tem remédios, você não vai sentir dor... – disse.

Revirei meus olhos. A dor que sinto não há remédio que cure.

- Não quero ficar dopada de novo Dan... Tenho certeza que fiquei tantos dias inconsciente por causa da quantidade de morfina que me deram... Sem dizer que minha língua amortece e eu falo como se eu estivesse bêbada. – reclamei calçando minhas sapatilhas.

Ontem eu havia me despedido das enfermeiras e médicos que me visitavam e me tratavam com muito carinho. Agradeci pelo tratamento e apesar de suas insistências eu disse que não ficaria mais no hospital nem amarrada.

- Qual é Bella, faz um tempão que seus olhos ficam somente azuis... Isso quer dizer que seu corpo ainda luta tentando se recuperar... Precisa descansar... – insistia ele.

- Meu melhor descanso é na minha casa, ao lado de minha filha. – disse secamente aquilo estava começando a me irritar, além do mais ultimamente eu estava com os nervos à flor da pele, não agüento mais tanta coisa sobre meus ombros.

- Prometi a papai que cuidaria de você, faço isso não somente porque ele pediu, mas porque te amo. Posso te proteger de todos Bella, mas não sou capaz de te proteger de você mesma. Sei que é horrível passar pelo o que você está passando, sentir o que está sentindo, mas... – fechei meus olhos e controlei minha raiva.

- Não sabe! – disse magoada e enraivecida.

http://www.youtube.com/watch?v=fEGI9NbH-mk [Limp Bizkit – Bihind blue eyes]

Limp Bizkit – Atrás dos Olhos Azuis


Ninguém sabe como é
Ser o homem mau
Ser o homem triste
Atrás dos olhos azuis


E ninguém sabe 
Como é ser odiado
Ter que fingir

Que só conta mentiras

Mas meus sonhos não são tão vazios,
Como minha consciência os faz parecer
Eu passo horas só de solidão
Meu amor é uma vingança
Que nunca será livre.

Eu não agüentava mais suportar calada, não agüentava mais todo esse aperto em meu peito.

Alguém tem que me escutar e esse alguém será meu irmão.

- Você não sabe o que é crescer em uma redoma porque sua família tem medo que a façam mal, ser odiada pelo simples fato de nascer, ser perseguida e torturada sem nem mesmo haver um motivo, ser considerada a pessoa má...

Ninguém sabe como é
Sentir esses sentimentos,
Como eu sinto, e eu te culpo!


Ninguém morde mais forte
Na sua raiva
Ninguém, para minha grande aflição
Pode me mostrar seus pensamentos

Mas meus sonhos não são tão vazios,
Como minha consciência os faz parecer
Eu passo horas só de solidão
Meu amor é uma vingança
Que nunca será livre.

- Não sabe o que é ver as pessoas que mais ama morrerem em sua frente tentando lhe proteger, se culpar por isso mesmo sabendo que não tem culpa... Não sabe o que é sentir seu peito dilacerando todas as noites ao ver o lado de sua cama vazio, fingir alegria para sua filha que simplesmente parou de crescer sem motivo comprovado, tentar a todo custo esconder a dor e sorrir verdadeiramente por não agüentar mais ver o sofrimento daqueles que te amam, agüentar a mágoa de não acreditarem em suas mais puras e verdadeiras palavras... Não sabe o que é ver a tristeza nos olhos de uma criança ao acordar após sonhar com o pai, não sabe o que é ter que falar a ela em quanto seca suas lágrimas inocentes que tudo ficará bem mesmo não sabendo essa resposta ao certo. Não sabe! Você não sabe Dan!

descubra l.i.m.p. diz isto (4x)

Ninguém sabe como é
Ser maltratado,

Ser derrotado,
Atrás dos olhos azuis


Ninguém sabe dizer
Que eles estão arrependidos

E para não se preocupar
Eu não estou mentindo

Mas meus sonhos não são tão vazios,
Como minha consciência os faz parecer
Eu passo horas só de solidão
Meu amor é uma vingança
Que nunca será livre.

Meus olhos queimaram, mas eu não chorei, não choraria mais. Meu irmão possuía lágrimas escorrendo por sua face.

- Desculpe meu irmão, eu te amo incondicionalmente, mas não diga que sabe o que eu estou sentindo, pois você não sabe e desejo sinceramente que nunca sinta. – minha voz soava baixa e triste.

Fui em direção a porta em silêncio, mas antes de sair olhei em seus olhos e disse.

- Vocês me consideram uma pessoa forte, mas isso é um grande engano... Eu sou fraca, muito fraca... O que me faz forte é o apoio que recebo daqueles a minha volta, é o que me mantém em pé e se não fosse por isso eu não teria passado nem por metade das coisas que já passei, desabaria na primeira batalha... E sabe o que mais me magoa? – perguntei e ele negou com a cabeça. – Nesse momento... Eu não tenho o seu apoio.

Ninguém sabe como é
Ser o homem mau
Ser o homem triste. 
Atrás dos olhos azuis

Suspirei e fechei a porta atrás de mim e fui em direção ao estacionamento.

Alice já me esperava no carro. Charlie havia voltado ontem para casa então seríamos apenas nós duas.

Assim que fechei a porta minha amiga apertou minha mão em sinal de apoio. Sorri fracamente. Ela havia visto o que se passou.

- Vamos para a escola, tenho que pedir minha demissão. – ela assentiu sem se surpreender... Vidente...

POV Nati

Deus do céu! Eu preciso dormir urgentemente! Estou tão estressada e cansada que tenho medo que qualquer dia eu ataque alguém que me olhe torto, estou me sentindo em plena TPM sendo que nunca menstruei... E só para ficarmos super alegres, perceberam o sarcasmo em minhas palavras?, revistas de fofocas fazem a festa contando mentiras. A ultima delas que me deixou muito irritada foi a que eu estava traindo meu marido. Vê se pode? Fiquei fula da vida e quase quebrei a bosta do prédio da revista. Como ousam contar tamanha mentira deslavada? Ainda mais em um momento em que minha família vive uma “crise”! ARGH! Sentiram o estresse?

Caminhei rapidamente pelos corredores do hospital em busca de Dan. Eu não o via desde ontem à noite já que ele praticamente me obrigou a dormir no hotel em quanto ele ficava no hospital ao lado de sua irmã. Quem disse que preguei o olho? Eu estava muito preocupada com ele. Nesse mês em que Bella esteve em coma ele ficou extremamente pensativo e agora que ela decidira ir embora me pareceu que ele finalmente chegou à conclusão de seus pensamentos e eu não gostava nada de ver seu olhar agoniado.

Finalmente o encontrei sentado em um sofá da sala de espera para atendimentos. Meu amor estava com os cotovelos apoiados em suas pernas e aos mãos tapando seu rosto.

- Amor? – sussurrei, mas ele nem se quer se mexeu.

Sentei-me ao seu lado e comecei a acariciar seus cabelos, levantou a cabeça e me olhou agonizado. Aquilo me quebrou o coração e rapidamente o puxei para encostar-se em meu ombro.

- Briguei com Bella... – murmurou e então me mostrou tudo pela sua mente.

Meus olhos umedeceram com as palavras de minha cunhada. Ela sempre levou tudo tão na boa, com tanta alegria, já cheguei a achar que ela nem ligava para isso... Grande engano o meu. Qualquer um surtaria com as coisas que lhe aconteceram então por que ela seria exceção? Bella guardou muita dor em seu peito, uma hora isso teria que sair...

- Sabe o que é pior? – perguntou Dan desencostando de meu ombro e me fitando tristemente. – Ela está certa. Não importa se ela está cega de amor ou se Edward está realmente vivo. Eu sou seu irmão, eu tinha que lhe dar apoio.

Sua voz transmitia culpa e eu o olhei com braveza.

- Pare de se culpar! Todos nós erramos... Ela está certa que deveríamos apoiá-la, mas também precisa entender que tudo o que queremos é que ela não sofra ainda mais. Talvez tenhamos agido errado, mas agora isso é passado, o que precisamos fazer é melhorar o futuro. Erramos, aprendemos, concertamos... Simples assim. Não adianta chorar sobre o leite derramado. – conclui com as duas sobrancelhas erguidas e Daniel esboçou um sorriso fraco.

- O que eu seria sem você? – perguntou-me me puxando para seu colo e me abraçando forte.

- Ainda seria príncipe. – disse risonha e ele me acompanhou e então bocejou. – Vamos para a casa de Bella? Precisamos descansar, arejar a cabeça... Juro que se ficar mais algumas horas nessa cidade vou acabar enlouquecendo e matando algum dono de revista de fofoca.

Meu marido riu.

- Ainda estava brava com a última que eles inventaram?

- Claro! Minha indignação ainda não passou! – respondi brava e ele gargalhou e beijou meus lábios.

- Vamos para casa... Mas antes passamos no colégio, Alice me disse que Bella foi para lá... Quero falar com ela... Pedir perdão. – disse baixo e então suspirou.

Assenti e então fomos para o estacionamento.

Pedimos aos médicos que avisassem a imprensa da saída de Bella somente daqui uns três dias, assim não haveria problemas com sua volta ao trabalho. Conseguimos sair sem sermos vistos e logo estávamos na estrada rumo a City of the Angels.

POV Bella

Forcei meus olhos a ficarem castanhos e imediatamente me senti um tanto fraca, já que agora meu corpo parou de se curar com rapidez e começou a curar lentamente.

Descemos do carro e fomos em direção a entrada da escola, estava no intervalo e logo um burburinho se iniciou quando os alunos me viram.

- Tia! – escutei Bruna dizendo e se chocando contra mim.

Ela abraçou minha cintura e chorava em meu ombro.

- Hey pequena não me aperte tanto, ainda não estou 100% - disse de maneira carinhosa alisando seus cabelos.

- Desculpe. – soluçou.

- Shhi... Tudo bem. – consolei-a afagando suas costas e beijando o topo de sua cabeça.

Ela se afastou limpando suas lágrimas.

- Senti tanto sua falta.

- Eu também pequena.

Olhei para frente e vi Alice saltitando até Jazz e se jogar em seu pescoço lhe beijando. Sorri e desviei o olhar para os alunos que chegavam alvoroçados a minha volta.

- Profa!

- Como você está?

- Veio dar aula para a gente?

- Que saudades!

Conversei um pouco com eles e disse que não iria voltar a dar aula por um tempo. Bem, talvez eu nunca voltasse, mas eu não diria isso a eles. Assim que o sinal tocou eu os mandei para sala e fui abraçar os Cullens. Não me perguntaram muita coisa, Alice já deve tê-los colocado a par da situação.

- Só não nos assuste mais assim Bella. – sussurrou Rose em minha orelha antes deles irem para as suas salas.

Suspirei e segui para a sala do diretor no corredor encontrei Lara indo para a sua classe. Abraçamos-nos forte então ela começou a me olhar com muita dor. Sorri para ela.

- Eu estou bem... Mamãe. – disse divertida e ela riu ficando corada.

Não pudemos conversar já que ela deveria ir dar a sua aula e eu ir para a sala do diretor me demitir.

Respirei fundo e batia a porta do senhor William Peterson, agora diretor da escola.

- Bella?! – disse alegre se levantando para me dar um abraço.

- Oi – disse com um sorrisão fraco.

- Como você está?

- Melhor... Er, eu vim aqui mesmo para falar de outra coisa... Eu... – comecei a gaguejar.

- Seja direta por favor. – pediu.

- Eu vim pedir minha demissão. – ele me olhou surpreso.

- Por quê? – perguntou de imediato.

POV Edward

Fechei meus os olhos e então os abri e ficando quase cego com a claridade. Agora estava em um corredor em frente a uma porta. Olhei pela janelinha e vi minha princesa sentada conversando com um homem.

Obrigada meu Deus! Ela está bem! Eu quase enlouqueci sem noticias.

Concentrei minha audição dentro da sala.

- Eu só não quero que coisas ruins aconteçam aqui sabe... Não posso trazer uma luta para tão perto de tanta gente inocente, não posso permitir que alguém se machuque... – dizia ela em quanto apertava uma mão na outra.

O homem assentiu.

- Eu... Não sei se vou conseguir dar aula nas próximas semanas, não tenho condições psicológicas para isso... Acredite em mim. – ela olhou nos olhos dele que sorriu fracamente.

- Eu entendo Bella... Infelizmente será uma grande perda para nosso corpo docente, sem dizer que os alunos te adoram, mas compreendo sua decisão.

- Obrigada. – Bella se levantou e estendeu sua mão ao homem que a apertou sem tirar os olhos de minha esposa.

- Foi um grande prazer... Princesa.

Epa! Como ele sabe disso? Bella começou a gaguejar e ele riu.

- Relaxe... Seu gaguejo é a confirmação... Nossa eu corria sérios riscos de pagar o maior mico agora. – esse cara tem problemas.

- Mas como...?

- Eu já desconfiava que você não fosse humana, depois foi só ver a semelhança de sua sobrinha com a rainha... Além do mais seria muita coincidência você e a princesa ficarem internadas no mesmo momento... Mas não se preocupe, minha boca é um tumulo. – explicou e então sorriu largamente.

Bella sorriu fraco e assentiu.

- Tudo bem então... – murmurou ela e então seguiu em direção a porta e assim que me viu pela janelinha sorriu largamente exatamente como eu fazia.

- Como está meu anjo? – perguntei.

“Agora estou muito feliz em te ver!” – respondeu entusiasmada.

- Er, eu acho que eu não fui o único a ligar os pontos sabe... Creio que os outros professores e alguns alunos já tenham notado, mas não dizem nada porque gostam muito da senhora. – disse o homem sorrindo e Bella retribuiu.

- Não tem problema... Em pouco tempo não vai ter mais como me esconder... E... Desculpe pelo incomodo que acontecerá ao final da aula ok? – disse e fechou a porta atrás de si sem que ele tivesse chances de responder.

- Do que está falando? – perguntei tão confuso quanto o homem.

Ela suspirou e fomos andando pelo corredor vazio.

- Sinto que terei uma visitinha hoje... – respondeu. – “Melhor parar de falar, ou vão achar que enlouqueci de vez”

Nós rimos e seguimos até o lado de fora. Bella foi até o parquinho do jardim de infância, falou rapidamente com a professora e em menos de um minuto minha princesinha corria se jogando nos braços da mãe.

- Oi meu amorzinho... Como você está? Está comendo direitinho? Obedeceu seus avós? Se divertiu com seus amiguinhos? – perguntava em quanto beijava suas bochechas.

- Calma amor... Deixa Nessie respirar. – pedi e ela riu sem graça.

- Oi Papai!

- Oi meu anjinho!

Sentamos-nos no chão perto da grade do parquinho e Nessie deixou sua mãozinha no rosto de Bella que fechou os olhos para visualizar tudo o que nossa filha queria transmitir. Eu também consegui ver com clareza. Acho que a ligação entre minha mente a de Bella e a de Nessie é mais forte e ainda não foi afetada pela minha fraqueza.

Ficamos mimando nossa filha por mais alguns minutos e então Bella a levou novamente para o parquinho e disse que voltava mais tarde para buscá-la.

Acompanhei Bella até os bancos que ficavam em frente ao colégio e ela deitou em um deles deixando seus olhos azuis.

- Você não está bem meu anjo. – afirmei me ajoelhando ao seu lado e passando minha mão pela sua testa e sentindo um calor maior que o habitual. – Deus Bella! Até sem poder tocá-la eu sinto que está com febre... Vá para casa, precisa descansar.

“Eu estou bem Edward...” – murmurou sonolenta.

- Isso é tudo por minha causa! Porque não deixou que ela me atacasse Bella?! Você quase morreu para me proteger e agora está morrendo... – minha voz foi morrendo quando Bella abriu seus olhos, agora castanhos, eles estavam úmidos.

Ela se levantou e me fitou intensamente e então foi em direção ao colégio novamente.

- Bella? Qual é? Fala comigo vai... Desculpe... – mas ela ignorava minhas súplicas e começou a andar pelos corredores.

Resolvi ficar em silêncio em quanto a seguia. Quando estávamos perto de uma sala escutei uma de minhas composições sendo tocada.

Minha esposa abriu a porta e só então eu vi Bruninha tocando. Ela parou de imediato assim que viu a tia na porta.

- Eu... Eu... Desculpe... Pensei que já tinha ido embora... A professora nos liberou mais cedo e todos foram para o ginásio... Eu quis vir para cá... Eu vou devolver as partituras e...

- Porque parou de tocar? – cortou Bella com a testa franzida. – Ou melhor... Porque nunca toca lá em casa?

Bruninha abaixou o olhar.

- Achei que se eu tocasse acabaria te trazendo lembranças que a fariam triste. – respondeu suspirando.

- É claro que não pequena! Eu amo escutar você tocar piano, além do mais as lembranças que me traria só são de felicidade.

- Não sou tão boa quanto ele. – murmurou e Bella riu.

- Ninguém é... O metido é perfeito em tudo o que faz! Até quando está a fim de se culpar, ele é o melhor em se por a culpa. – Bruninha riu.

Bella se aproximou e pegou as partituras escolhendo umas delas.

- Tenta tocar essa. – pediu.

Minha esposa foi até a janela e sentou-se no parapeito, então assim que Bruna começou a tocar minha ultima composição, Bella começou a cantar e foi tão lindo que eu senti meu rosto entortar em emoção.

http://www.youtube.com/watch?v=PtO7GAQnWoI [Cascada - Everytime We Touch (slow)]

Os olhos brilhantes de minha esposa me fitaram durante toda a música, ela tentava a todo custo me passar sua mensagem... Ela conseguiu.

“Você entende agora porque eu não vou desistir de você? Edward eu não vou conseguir continuar sem você, eu preciso de você... Desculpe meu egoísmo, mas é assim que me sinto.”

- Eu te amo Bella. – disse com toda a emoção contida em meu peito.

“Eu te amo mais... Muito mais”

- Impossível. – sorri e então fechei meus olhos ao sentir meu corpo sendo puxado de volta para aquela escuridão.

POV Bernardo

Fomos liberados de nossa ultima aula já que a professora de física substituta foi chamada pelo diretor. Acho que a professora Cullen iria retornar a lecionar, assim pelo menos espero! Todos estavam morrendo de saudades dela, chega a ser estranho o quanto a falta de sua presença foi notada por todos.

O rumor que rolava pelo colégio era que ela havia tentado se matar por causa da depressão, pois sentia muita falta do marido. Bruna me explicou o que o seu avô havia lhe dito que tinha acontecido e pela sua interpretação minha amiga achava mesmo que a tia tinha tentado suicídio, ela me disse que não entendia o porquê sua tia fazer aquelas coisas.

Assim que chegamos ao ginásio nos juntamos com a turma do terceiro ano que tinha Educação Física com o treinador Black. Ele me pediu para chamar Bruna, não era muito seguro ela ficar perambulando pelo colégio sozinha.

Quando estava saindo do ginásio para chamá-la, Denis, Maggie e Carol se juntaram a mim. Fomos papeando pelo corredor, até que vimos à senhora Cullen entrar na sala de música. Trocamos um olhar rápido e corremos para espiar.

Amontoamos-nos na porta para escutar o que ela fazia.

- Porque parou de tocar? – perguntou a professora. – Ou melhor... Porque nunca toca lá em casa?

- Achei que se eu tocasse acabaria te trazendo lembranças que a fariam triste. – era a voz de Bruna.

Estiquei-me mais um pouco e a vi sentada a frente do piano.

- É claro que não pequena! Eu amo escutar você tocar piano, além do mais as lembranças que me traria só seriam de felicidade.

- Não sou tão boa quanto ele. – elas falavam de meu avô.

- Ninguém é... O metido é perfeito em tudo o que faz! Até quando está a fim de se culpar, ele é o melhor em se por a culpa. – Bruna riu.

Ouve um momento de silêncio até que a professora disse.

- Tenta tocar essa.

Minha boca foi ao chão quando escutei ela cantar. Denis arfou ao meu lado tão impressionado quanto eu e as meninas tinham lágrimas nos olhos.

A letra era de impressionar. Mesmo não sabendo ao certo a história dela com meu avô, foi possível sentir todo o sentimento como se fosse algo solido nos envolvendo. Nunca fui de me emocionar em filmes, músicas, sempre achei isso bixisse de mais... Porém hoje eu acabo de morder minha língua.

A canção terminou e nos deparamos em um silêncio gritante. Percebi Carolina com seu celular gravando um vídeo, franzi minha testa e então a olhei feio quando entendi que ela havia gravado a professora cantando. Quando eu ia brigar com ela vejo Alice e Jasper parados no corredor com expressões doloridas. Eles trocaram um olhar e então a professora saiu da sala rapidamente e seguiu pelo corredor sumindo de nossas vistas.

- Caramba. – sussurrou Maggie. – Eu não sabia que a professora sabia cantar.

- Bella canta com o coração, por isso sua voz parecer aquecer por dentro... – disse Alice de mãos dadas com seu namorado. – Para ser sincera com vocês essa é a segunda vez que a vejo cantando... E olha que nos conhecemos há anos.

Assentimos e então eles continuaram a conversar. Eu me virei e fui chamar Bruna.

- Hey... Você está bem? – perguntei ao vê-la com o rosto nas mãos.

- Não... – murmurou. – Eu acabo de perceber o quanto sou burra e o quanto machuquei minha tia em cada vez que duvidei de suas palavras... Eu sou uma idiota Ber!

- E você está esperando o que? – perguntei e ela me olhou sem entender.

Revirei meus olhos.

- Vá falar com ela! Peça desculpas.

- Nem sempre pedir desculpa basta. – ela olhou para baixo.

- Posso conhecer sua tia há pouco tempo, mas tenho certeza que para ela basta. – disse e ela me olhou surpresa e então sorriu.

- Obrigada Ber.

- De nada. – pisquei de um olho só e ela riu se levantando e andando ao meu lado até a saída.

Fomos todos conversando besteiras até o ginásio, fizemos a aula de Educação Física numa boa e rimos em quanto o treinador Black reclamava.

- Que grande amiga eu tenho! Já viu todo mundo menos eu! – ele continuava a soltar reclamações até que no fim da aula a professora apareceu por lá e ele a abraçou tirando-a do chão.

- Jacob Black deixa de fazer doce! – brigou ela após um bom tempo com os pés balançando no ar e ele gargalhando. – Depois eu que sou criança. – disse ela revirando os olhos até ele finalmente a colocar em terra firme.

Fomos todos juntos para a saída, os alunos se dispersaram para irem para as suas casas ou para os seus treinos. Mas antes que todos começassem a realmente se mover algo nos chamou atenção.

Uma mulher muito pálida de cabelos ruivos quase cor de fogo estava encostada em um carro e olhava fixamente na direção da professora Cullen. Ela sorriu e então começou a andar em sua direção.

- Jake, você pode, por favor, ir olhar minha filha? – pediu a professora sem tirar seus olhar da vampira... Bem, eu já sabia diferenciar um vampiro de um humano, tanta convivência com o sobrenatural nos ajuda em uma hora dessas. - O que quer Victória? – perguntou secamente.

A vampira sorriu mais largamente e ergueu as duas sobrancelhas.

- Ora, quanta hostilidade em sua voz! Estava com saudades querida! – disse como se fossem velhas amigas.

- Sinto magoar seus sentimentos, mas eu não digo o mesmo. – respondeu a princesa dando um sorriso amargo.

Victória gargalhou chamando a atenção daqueles que ainda não prestavam atenção nelas.

- Eu adoro seu senso de humor!

- Como se eu tivesse um. – murmurou à senhora Cullen erguendo as duas sobrancelhas e então seus olhos ficaram frios, como se aquela não fosse à princesa que eu conhecia.

- Está vendo o que eu quis dizer. – murmurou Alice para Jasper atrás de mim.

- Não estou com paciência hoje ruiva, fale logo o que veio fazer aqui e caia fora. – sua voz pareceu mudar juntamente com seus olhos.

A voz agora não soava doce e amorosa, soava seca, rude e acho que não fui o único a notar essa diferença já que a vampira franziu a testa, mas então logo sorriu largamente.

- Eu só vim cumprir mais uma etapa de meu plano. – disse orgulhosa.

- Seu plano?! – a professora riu com escárnio e então a fitou com deboche, algo que eu nunca pensei que veria um dia em seu rosto. – Vai dizer agora que está no comando? Que piada Victória, você só é mais um peão no joguinho de Line.

A vampira rosnou.

- O que quer dizer?

- Deus! Como pode ser tão burra? – perguntou a professora rindo debochadamente e olhando para o céu e então voltou seu olhar para Victória. – Será que ainda não percebeu que Line está te usando? Ela se diverte com a sua ignorância, com a sua cede de vingança desenfreada e suicida... O maior prazer dela é ver o seu sofrimento e suas escolhas erradas por estar cega pelos seus sentimentos... Ela ri de você a cada surto de raiva... – a professora começou a andar em direção a ruiva. – Ela ri de você cada vez que cede a uma de suas idéias... Ela ri de você por ser tão estúpida e não perceber que ela está te manipulando para atingir seus próprios objetivos.

POV Victória

Agora eu entendia o que James sempre me dizia. Finalmente ela mostrou sua verdadeira face, seu verdadeiro eu. Aquele olhar frio e destemido. Por um momento minha espinha gelou, mas ignorei meu medo assim que notei que eu estava andando para trás conforme ela andava em minha direção. Suas palavras faziam minha raiva crescer cada vez mais.

- Qual é Victória, você não pode ser tão estúpida assim... É gananciosa, é notável, acho até que foi isso que te transformou no que é hoje... Tem que existir alguma inteligência aí dentro, você precisa perceber que o caminho que está seguindo não tem volta, não deixe as coisas irem longe de mais ou não vai conseguir escapar da sua própria ganância. – olhos manipuladores e debochados, pura maldade e isso me fez lembrar James.

Ele me alertou sobre ela, no começo eu duvidava um pouco, mas agora não há dúvidas da maldade que existe no corpo desta garota, mas isso não me importa, meu único objetivo é vingar a morte do meu amor, o único que me compreendia.

- Não me provoque! Posso te matar em um piscar de olhos! – rosnei e estava pronta para segurar seu pescoço, mas antes que eu completasse meu movimento eu me vi com o pé da princesa em meu pescoço.

- Jura?! Que bom! Porque eu também posso! – disse ela mais fria do que nunca e eu me afastei assustada. – Não ouse me ameaçar! O que vê a sua frente não é uma garotinha de 15 anos que você pode perseguir, seqüestrar e torturar! Não está doente, não está fraca o suficiente para você conseguir morder e matar! – dizia seriamente.

Eu iria acabar com ela! Quem pensa que é para falar assim comigo? Ela me coloca como vilã, mas ela é a culpada de tudo! Por culpa dela James foi assassinado! Manipuladora dos infernos! Minha raiva só crescia dentro de mim e cada vez que isso acontecia eu me sentia mais corajosa e percebia que ela não era nada, apenas uma menininha mimada querendo que as coisas fossem do jeito dela.

- Você é apenas uma garotinha mimada por todos a sua volta! – debochei e ela me olhou sorrindo.

- Talvez seja verdade... Mas sabe o ridículo desta situação? É que no final, será essa garotinha mimada que te mostrará o quanto o caminho que escolheu foi errado. Será essa garotinha mimada que te fará enxergar a verdade dos fatos e aí Victória... Você vai desejar morrer, pois a culpa que sentirá te consumirá, te deixará tão perdida que você vai clamar ajuda até daqueles que até então você julgou serem seus inimigos.

Sua manipulação estava mexendo com minha cabeça. Rosnei alto e me tele transportei agarrando a filha do rei e aparecendo com ela longe o suficiente de todos.

Eu tapava a boca da garota que se debatia tentando se soltar de meu aperto de aço. Sentia suas lágrimas quentes molhando minha mão. Eu sorri ao ver o espanto no rosto da princesa.

- Só vim avisar que o dia está próximo querida, minha vingança tem data marcada para se concretizar. – disse sorrindo e acompanhei com o olhar um panfleto do campeonato estadual de futebol americano que voava com o vento.

Voltei meu olhar para ela que olhava agoniada para a sobrinha em meu braço.

- Solte-a agora. – uma voz masculina soou em minhas costas e logo eu a reconheci, mas antes que eu pudesse reagir meu braço foi bruscamente puxado, a garota foi tirada de meu aperto e eu fui atirada longe.

Caí no chão, mas logo me levantei gargalhando.

- Como vai majestade? – perguntei fazendo uma reverencia debochada.

Ele rosnou expondo seus dentes e disse de maneira ameaçadora.

- Se você tocar nela mais uma vez Victória, eu juro por Deus que mato você.

- Fica para próxima então meu rei. – debochei e olhei para os rostos chocados que me olhavam, foi então que me deparei com algo que realmente me surpreendeu.

Um rosto jovem, porém a semelhança com Edward era impressionante. Transportei-me e fiquei em sua frente.

- Isso é realmente muito interessante. – disse sorrindo para o garoto que não esboçava reação.

Ele então foi puxado bruscamente pelo vampiro loiro que se colocou a sua frente. Gargalhei.

- O fato de escondê-lo não torna isso menos interessante... Quem diria hein? – gargalhei mais uma vez e então me transportei para meu esconderijo que ficava mais perto do que eles poderiam imaginar.

POV Bella

Segurei um gemido de dor e corri até minha sobrinha que chorava desesperada abraçada a mãe.

Minha cabeça latejava e eu sentia meu corpo pegando fogo com a febre retornando, eu precisava usar meus poderes para me recuperar. Mas agora tinha tanta gente me olhando que seria impossível mudar a cor de meus olhos sem que ninguém notasse.

Eu ainda não entendi o que aconteceu direito... O rosnado de meu irmão impediu que eu continuasse meus devaneios.

- Hey Bruninha, calma pequena. – dizia Nati tentando acalmá-la.

Minha sobrinha se abraçava a mãe com desespero o que não era normal para ela. Bruna sempre foi corajosa e destemida, sua reação não é nem um pouco do seu feitio.

Daniel correu até nós se ajoelhando ao lado da esposa e puxando a filha para fitá-la nos olhos. Ele se desesperou e começou a verificar todo seu corpo.

- Me diz onde está doendo pequena... Onde ela te machucou? – perguntava em quanto a virava como uma boneca de pano procurando ferimentos, mas Bruna não respondia, ela apenas chorava o que estava levando seus pais à insanidade.

- Deus! Se acalmem! – disse Jasper com a voz dura e se agachando ao nosso lado. – Ela não está com dor, está assustada, com medo.

- Eu não consigo enxergar... – soluçou minha sobrinha. – Está tudo preto.

Rapidamente eu, Nati e Dan trocamos um olhar significativo e em menos de um segundo meu irmão estava com o rosto de sua filha entre suas mãos e pedia com a voz firme e calma.

- Bruna, olhe em meus olhos. Somente em meus olhos e preste atenção no que eu disser. – e então começou a falar em um tom muito rápido, para os humanos aquilo não passava de um burburinho.

Aos poucos ela foi se acalmando, já que havia entendido o que tinha acontecido. O que aconteceu com ela já aconteceu comigo, com meu irmão e minha cunhada. Por sermos da realeza temos o privilégio de sentir e enxergar a aura das pessoas. Com o tempo de prática conseguimos nos acostumar e enxergar somente quando realmente queremos, mas quando vemos pela primeira vez é confuso de mais e acabamos captando a aura de maneira muito forte.

Nós três havíamos levado sorte e quando esse poder manifestou estávamos perto de lindas almas que reluziam uma luz bonita. Porém Bruninha acabou de ter essa manifestação quando estava presa nos braços de uma vampira com uma aura completamente negra e maligna. Então ela sentiu toda a maldade como se fizesse parte dela e isso a desesperou.

Beijei o topo da cabeça de minha sobrinha e levantei para ir buscar minha filha.

- Tia? – chamou chorosa e eu me virei para fitá-la. – Desculpe por não ter acreditado em você antes... Agora eu acredito.

Um meio sorriso brotou em meu rosto, pisquei de um olho só para ela e andei em direção ao grupo de professores já que Jake estava lá com Nessie em seu colo.

POV Daniel

Acho que nunca senti tanto medo e tanta raiva ao mesmo tempo em toda a minha vida. Medo quando vi Victória com minha filha, medo dela machucá-la. E raiva por ela tentar algo contra ela.

- Vamos levá-la para casa. – disse Nati afagando os cabelos de Bruna que estava deitada em seu peito.

Assenti e beijei atesta de minha filha que eu sabia que deveria estar se sentindo exausta. Seus amigos correram até nós para saber como ela estava.

- Ela está bem? – perguntou um garoto de feições preocupadas, mas ele tinha um olhar inocente infantil.

- Está apenas assustada. – respondi. – Nati leve-a para sua casa. – pedi.

- Não vai conosco? – perguntou minha esposa.

- Depois eu vou, preciso falar com Bella. – respondi.

- Conhece a professora Cullen? – perguntou uma garota loira.

Sorri.

- Eu praticamente a vi nascer. – voltei meu olhar preocupado para minha filha e só então reparei em seu uniforme de líder de torcida.

Fechei o cenho.

- Esse uniforme é muito curto. – disse e minha filha me olhou com um biquinho.

- Não começa. – disse ela em tom cansado e Nati riu.

- Vamos querida antes que o senhor ciúmes ali comece a dar seus ataques... – ergui uma de minhas sobrancelhas para minha esposa que me mandou um beijo e então começou a andar lentamente apoiando nossa filha.

Virei-me e fui em direção a Bella. Eu queria saber o que Victória queria afinal, por que ela estava prendendo Bruna e principalmente eu queria me desculpar com minha irmã.

- Bella? – chamei e ela me ignorou.

Ótimo.

Suspirei e corri ficando em sua frente a obrigando a parar antes que ela chegasse ao grupo de professores.

- Não fuja de mim. – disse cansado e ela olhou em meus olhos.

Dava para notar em seu olhar que ela estava extremamente cansada.

- Não estou fugindo. – murmurou e tentou passar por mim.

Revirei meus olhos.

- Por favor, será que dá para você me escutar? Eu preciso de seu per...

- Não. – ela me cortou e me fitou profundamente. - Eu não quero escutar o que você tem a dizer, porque sei que assim que as palavras saírem de sua boca eu vou desabar e se isso acontecer eu não conseguirei mais me erguer... E nesse momento eu preciso me manter firme ou então eu não agüentarei até o momento necessário.

Suas palavras foram tão gentis e ao mesmo tempo me estraçalharam por dentro.

- Só não quero que passe por isso sozinha. – disse suspirando e ela sorriu levemente.

- Eu não vou. – piscou de um olho só e então se virou estendendo os braços para a filha que pulou rapidamente para o colo da mãe.

Sorri para Jacob e Lara que retribuíram sibilando um “E ae?” “Olá”.

- O que diabos aconteceu por aqui? – a voz de Charlie soou atrás de mim e eu me virei para ver meu pai com a testa franzida olhando os alunos que conversavam sobre o fato ocorrido e me olhavam com curiosidade, medo e admiração.

- Perdeu a diversão Charlie. – disse com um meio sorriso e ele finalmente voltou seu olhar para mim e fez uma reverencia me levando a revirar os olhos.

- Diversão? – perguntou confuso.

- Victória apareceu para dar um de seus showzinhos. – respondeu Jacob com os braços cruzados no peito emburrado... Acho que ele gostaria de ter participado da luta.

Então o lobo pegou Nessie no colo já que a pequena queria lhe mostrar algo com seu poder.

Charlie fechou o cenho.

- E você estava aonde pai? – perguntou Bella tranquilamente.

- Caçando... Você não deveria estar em casa descansando?

- Estou bem... – murmurou emburrada.

- Conhece alguém que mente pior que ela? – perguntei a meu pai como se fosse um segredo.

- Você? – respondeu em tom óbvio com um sorriso escondido no rosto.

Revirei meus olhos e minha irmã riu.

- Sério Bella... Vá para casa. – disse e ela mais uma vez ficou emburrada.

- Já disse que estou bem.

- É super... – disse ironicamente. – Será que você pode me explicar o que são essas olheiras em baixo dos seus olhos? E quanto a sua respiração pesada? Seu coração batendo rápido? Mãos trêmulas, olhar brilhante com o calor que seu corpo está produzindo? Não seja teimosa, dá para ver na sua cara que você está cansada e ouso até dizer que pelas suas pupilas dilatadas está sentindo algum tipo de dor.

- Não venha me dar sermão, você está mais cansado do que eu! Há quanto tempo não dorme? Vá dormir Daniel! – retrucou Bella.

- Conhece alguém mais teimosa do que ela? – perguntei a Charlie e ele me olhou como se eu fosse algum retardado e disse.

- Você?

- Outh! Ok, já percebi que eu não tenho nenhuma moral com você chefe Scott. – disse batendo continência.

Charlie fechou a cara e eu ri.

- O pessoal da guarda me contou sobre seu passado. – fiz tom obscuro e ele revirou os olhos.

- Já faz muito tempo, seu pai ainda nem havia encontrado sua mãe... Nos tempos em que seu avô governava.

- Às vezes me esqueço o quanto você é velho. – murmurei e depois corri ficando atrás de Bella.

Eu e minha irmã rimos da cara de Charlie.

- Sua delicadeza com as palavras me impressiona majestade. – disse ironicamente meu pai. – Não está na hora de vocês irem para suas casas não?

- Ow! Acho que papai está nos expulsando. – disse Bella em um falso sussurro.

- Eu percebi. – respondi da mesma forma que ela e então nos rimos com o bufo de Charlie que praguejou em tom inaudível para humanos.

- Vocês dois juntos são impossíveis! A cada ano ficam mais atrevidos!

Nós rimos e então eu me preparei para ir embora. Bella olhou para um homem de estatura não muito alta e pediu.

- Desculpe mais uma vez pelo o que houve diretor, mas creio que sua escola não recebera mais essas “visitas indesejadas”.

- Sério mesmo Bella? Você não tem culpa nenhuma, além do mais, esta escola nunca esteve tão agitada! Perigoso ou não os alunos adoram. – respondeu emburrado e eu ri.

- Bella tem esse efeito pelos lugares que passa. – disse e ela me olhou emburrada.

- Cala a boca. – gargalhei e ela me mandou a língua.

- Deus! Vocês parecem duas crianças! – repreendeu Charlie revirando os olhos e eu e minha irmã sorrimos dando de ombros.

Acenei para os que ali estavam e me preparei para abrir minhas asas, mas antes disso perguntei a Bella.

- O que afinal Victória queria?

- Além de demonstrar o quão retardada é? Veio avisar o dia de sua vingança. – respondeu naturalmente.

- E quando é?

Minha irmã mudou sua expressão para uma completamente fria.

- Quando for à hora você vai saber. – e então andou em direção a sua casa de mãos dadas com sua filha.

[...]

[...]

[...]

POV Edward

Abri meus olhos com dificuldade quando um jato de água fria foi jogado em mim. Meu corpo está mais mole do que nunca.

- Bom dia! – disse sorrindo Line.

Fechei meus olhos novamente tentando inutilmente dormir. Minha vida está de cabeça para baixo, a prova disso é que meus pesadelos são quando eu estou acordado.

- Ora! Não seja grosseiro! Não está animado por hoje? Finalmente verá sua esposa, sua filha... Toda a sua família... Oh! Que lindo. – disse de maneira doentia e gargalhou me puxando pelo braço e me colocando em pé.

Tentei firmar meus pés, mas estava muito difícil. Será que ela falava a verdade? Se for, finalmente todo esse tormento acabará, seja como for eu estou feliz com isso.

Fui arrastado em direção a claridade.

Era uma sala grande de uma casa abandonada. As paredes de maneira e as muitas janelas do ambiente quebradas. Vampiros e seres da lua estavam reunidos ali, todos sem nenhuma expressão, possuíam brilhantes olhos vermelhos e uma ferocidade animal, como se eles não passassem de animas que não pensam que não sentem que agem somente pelo seu extinto.

Ela continuou me arrastando e me levou até um banheiro e praticamente me jogou na frente da pia. O reflexo no espelho me chocou.

Eu estava com os olhos caídos, como se eu tivesse com uma grave doença, e negros, tão negros que foi impossível visualizar minhas pupilas, mesmo que minha visão fosse mais aguçada. Minha pele parecia muito mais pálida que o normal. Minha barba estava enorme juntamente com meu cabelo, coisa que Line fez questão de cortar. [N/a: Gente como não é possível saber se os cabelos, barbas e afins, dos vampiros crescem aqui na fic eles crescem ta? Não coloquei nada antes por que ainda não havia decidido xD]

- Imagine o que pensarão de mim se virem você desse modo? Dirão que eu não cuido direito dos meus “convidados”! – então riu da própria piada.

Eu estava muito cansado para esboçar algum animo.

Em alguns segundos a mulher cortou meu cabelo e aparou minha barba, eu quase nem vi seus movimentos de tão rápidos, ela me olhou satisfeita.

- Se eu não tivesse tão envolvida com meus planos eu viraria cabeleira!

Olhei entediado para ela que me puxou com toda a sua “delicadeza” e me jogou sentado em um sofá da sala. Os vampiros e os seres que ali estavam me olharam sorrindo de modo faminto. Legal! Só me falta essa agora!

- Daqui a pouco Victória chega e nos leva até o ponto certo e você Edward será nosso trunfo, só vai aparecer na hora certa. – sorriu ela.

Assim que acabou de falar a ruiva apareceu com uma expressão séria. Ela olhou para mim e então fuzilou Line com o olhar.

- Por que diabos ele está aqui?! A vidente vai vê-lo se não ficar no escuro! Eu não mandei você mantê-lo lá?! Que porra! Por acaso esqueceu quem manda aqui?! – grunhiu.

- Não Vic, não esqueci quem manda. – disse debochada Line e a vampira estreitou seus olhos desconfiada.

- Se você estiver me traindo Line é melhor ficar preparada, pois... – ela deixou a frase no ar de maneira ameaçadora.

- Já disse que eu estou do seu lado! Eu não acredito que você está levando em consideração o que aquela pirralha te disse! – disse Line entre dentes, mas Victória não a respondeu, apenas olhou-a de maneira profunda e então deu as costas sumindo em nossa frente.

Por que será que tenho a impressão que ela não confia mais na loira? Só espero que isso seja bom para mim.

[...]

Não demorou mais de 1 hora para que todos se encostassem ou dessem as mãos e Victória transportou-nos para o meio de uma floresta, o cheiro do sangue dos animais daquela área entrou pelas minhas narinas me levando a alucinar de tanta cede.

Eu imaginava um leão da montanha, caminhando até mim e se jogando diretamente em meus dentes. O sangue escorrendo pela minha garganta... Não precisava ser um leão, um cervo já servia, ou quem sabe um esquilo, até mesmo um pássaro qualquer. Hun! Daqui a pouco o único pássaro que vou ver é um urubu em quanto ele rodeia meu corpo apodrecendo! Como se meu corpo apodrecesse! A falta de sangue está interferindo em meus neurônios! Deus! Eu mal posso pensar em sangue que minha imaginação já começa a me torturar!

Então de repente todos sumiram e eu fique sozinho no meio de milhares de árvores. Legal...


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Notas finais do capítulo

Ainnda não acabou ;)