XXI. Viagem às pressas

POV Bella

Esse escuro, esse clima... Meu coração já estava querendo sair pela boca. Nós estávamos com os braços a milímetros de distância e eu sentia meus pelos arrepiando.

Não estava prestando atenção no filme, depois que eu virei para admirar Edward eu não consegui mais tirar os olhos, ele percebeu que eu o fitava e também ficou me olhando.

Nós estávamos com as cabeças encostadas nas poltronas um fitando o outro. Meu coração batia forte e minha respiração estava entrecortada. Sentia um calor dentro do peito, como se todo o vazio que antes existia ali fosse preenchido apenas com o terno olhar do vampiro.

POV Edward

Seus grandes orbes castanhos brilhavam e eu podia escutar claramente o Tum-tum acelerado de seu interior.

Eu sentia como se meu coração tivesse voltado a bater, como se em minhas veias o meu sangue tivesse voltado a correr, eu me sentia quente... Vivo.

Sua mão que estava no encosto do banco segurava firme o tecido, minha pele gélida do braço fazia seus pelos eriçarem. Nossas mãos estavam próximas e eu lentamente fui aproximando a minha da dela.

POV Bella

Edward virou seu rosto, mas ele não assistia ao filme e sim fitava um ponto mais abaixo que a tela. Virei meu rosto e percebi que ele aproximava lentamente a sua mão até chegar ao lugar desejado.

Quando ele segurou minha mão, aquela famosa descarga elétrica passou pelo meu corpo e pude ver pela reação dele que ele sentiu o mesmo. Entrelacei nossos dedos e voltei a fitar seu rosto memorizando cada traço perfeito daquela escultura grega ao meu lado.

Ele sorriu torto e eu me derreti inteira lhe lançando um sorriso envergonhado.

POV Edward

O sorriso mais lindo que já vi era o da princesa, tudo o que ela fazia me encantava.

Mesmo relutante voltei meu olhar a tela, assim como Bella, minha cabeça girou em todas essas novas sensações que eu estava sentindo.

Fiquei acariciando sua mão o filme inteiro, percebi que mesmo tentando prestar atenção nas imagens ela estava ficando com sono.

POV Bella

Voltei à atenção ao filme, mas eu estava ficando cansada de novo e os carinhos de Edward em minha mão me faziam relaxar. Senti minhas pálpebras pesadas e acabei pendendo para o lado e cochilando.

POV Jasper

Esse era o sentimento mais forte e mais bonito que já pude sentir. Isso pode soar estranho, mas tudo o que eu captei fora apenas 1/3 do que os dois estavam realmente vivendo. Em um determinado momento pude ver faíscas brancas saindo deles... Algo extremamente surreal, eu nunca presenciei tamanho sentimento.

O coração de Bella foi se acalmando ao decorrer do filme, mas se acalmou tanto que acho que ela dormiu. Pude ver pelo espaço entre as poltronas que ela havia encostado sua cabeça no ombro de Edward e assim cochilando tranquilamente.

POV Edward

Continuei fazendo carinho em sua mão e encostei meu rosto no topo de sua cabeça, sentindo o perfume de seus cabelos.

“Acho bom não magoá-la!” – gritou uma mente e reconheci ser de Jacob. - “Eu sei que está me escutando sanguessuga e juro por tudo que é mais sagrado que se você a magoar eu irei quebrar a tua cara!”

Pude ver nas lembranças dele que os dois eram grandes amigos, uma amizade bonita de se ver, ele se preocupava com ela com um sentimento de irmão. Achei isso bonito da parte do cachorro.

Eu queria que o tempo parasse para que nós continuássemos do mesmo jeito que agora, mas o filme estava acabando e eu sabia que Bella iria morrer de vergonha se as luzes acendessem e ela estivesse assim em meu ombro.

- Bella. – sussurrei perto de seu rosto. – Bella acorda o filme já esta terminando. – sussurrei novamente me divertindo com os resmungos que ela dava.

Ângela que estava ao seu lado sorriu ternamente para nós e depois riu baixinho de Bella que agora se agarrara em meu braço resmungando teimosamente que não ia levantar.

Pus minha mão esquerda em seu rosto e ela abriu os olhos lentamente.

- Boa tarde dorminhoca. – sussurrei e ela se assustou se ajeitando na poltrona rapidamente e olhando para todos os lados.

Ângela tentou segurar o riso colocando as mãos na boca.

POV Bella

Estava sonhando que estava deitada no ombro de Edward e ele estava acariciando minha mão e respirando em meu cabelo. Seu cheiro era inebriante e delicioso.

- Bella. – uma voz rouca e aveludada me chamou.

- Não quero levantar. – resmunguei. – Aqui está bom.

- Bella acorda o filme já está terminando. – sussurrou a voz com um tom divertido.

- Que filme? – resmunguei. – Já disse que não quero levantar. – agarrei aquele travesseiro geladinho e me aconcheguei mais naquele tecido tão cheiroso e macio... Apesar de duro.

Senti algo frio e suave acariciar meu rosto, meus olhos não resistiram e abriram.

- Boa tarde dorminhoca. – disse Edward com um sorriso brincando em seus lábios.

Edward?! Puta merda! Não era sonho? Isso quer dizer que eu dormi no ombro dele! E... E... Estava agarrada ao seu braço!

Larguei-me rapidamente sentindo minhas bochechas fervendo. Ajeitei-me na cadeira e olhei para os lados verificando se ninguém reparou no meu piti. Vi Ang rido e depois ela me lançou um olhar sugestivo, ou melhor, para a minha mão que ainda estava entrelaçada com a mão de Edward. Olhei para ele que sorria divertido.

Fechei a cara. O vampiro estava é tirando com a minha cara.

POV Edward

Bella ficou emburrada com um bico imenso, ela estava envergonhada, e eu adorava vê-la dessa forma.

Toquei suas bochechas com o meu dedo afim dela desfazer aquela feição de criança de cinco anos que acabara de ser contrariada. A princesa segurava-se para não sorrir, ela é teimosa, mas eu sou mais.

POV Bella

Edward percebeu que eu não sorriria tão facilmente, então ele franziu a testa e começou a cutucar minha bochecha mais vezes, ele se concentrou no que estava fazendo, e eu não resisti e ri alto.

O vampiro parou na hora e se virou em sua velocidade vampiresca para frente antes que olhassem para nós. Fingi que não era comigo e virei para trás “procurando” também quem havia rido. Cara de pau eu? Imagina.

Assim que todos voltaram a olhar para frente eu pus minhas duas mãos na boca para não rir alto de novo.

Edward parecia segurar uma risada também.

- Nossa Bella! Você conhece óleo de Peroba? – perguntou sussurrando Rose.

- Culpa dele. – apontei para Edward que também segurava a boca para não rir alto.

As luzes acenderam fazendo meus olhos arderem. Todos gemeram... Er, isso ficou estranho... Todos resmungaram se levantando.

Quando fui levantar minhas pernas amoleceram e rapidamente Edward e Ângela que estavam ao meu lado me seguraram.

- Bella você está bem? – perguntou Ang.

- Claro! Acho que fiquei muito tempo sentada. Não foi nada. – mentira, eu ainda estava me sentindo fraca.

Os dois me fitavam preocupados.

- É sério, eu estou bem! – disse e fui andando rumo à saída.

Já estava cansada do olhar preocupado de todos. Então disse tchau rapidamente e fui andando para casa.

- Esqueceu que eu prometi para seu pai dar uma carona para você? – perguntou Edward aparecendo de repente na minha frente.

- Claro... Isso se você não me matar do coração primeiro. – murmurei irritada.

Ele me olhou com uma interrogação na testa.

- O que foi? – perguntou baixo.

- Não é nada. – senti meus olhos se encherem d’água.

Mas que merda isso lá é ora de chorar?

POV Edward

Fomos até meu carro e no caminho ela estava quieta, abraçava o próprio corpo e olhava para cima.

- O que foi Bella? Onde está seu lindo sorriso? – perguntei preocupado.

Ela respirou fundo e disse.

- Sabe? Eu estou cansada. – ela suspirou. – Nunca fui daquelas garotas que estão o tempo todo precisando de ajuda para as coisas. Apesar de sempre ter Charlie e Dan comigo eu sempre me sentia sozinha, depois que meu irmão casou então nem se fala. Nunca eles precisaram se preocupar comigo, geralmente era ao contrário. – ela deu um sorriso amargo. – Estou cansada de ser a causa de preocupação dos que me rodeiam.

- Isso é o que mais passa em minha cabeça. – refleti.

- Como? – sua testa franziu curiosamente.

POV Bella

- Sabe Bella? Antes de vir para essa cidade foi exatamente essa frase que passou pela minha cabeça “Estou cansado de ser a causa de preocupação dos que me rodeiam”. – disse ele pensativo olhando para a estrada. – Eu te entendo, mesmo estando rodeado de amigos, eu me sinto sozinho, mas... – ele parou o carro já na frente de minha casa e eu o olhava com curiosidade. – Depois que eu te conheci é como se esse vazio tivesse sumido, ou melhor, ele foi preenchido por você. – disse ele com os olhos brilhando ante a intensidade de suas palavras.

POV Edward

Seus olhos brilharam e seu coração disparou, ela me lançou um lindo sorriso.

- Eu sinto o mesmo Edward. É como se já tivesse um lugar reservado aqui para você. – ela pôs a mão no peito e sorriu.

- Era esse sorriso que eu queria ver. – sorri largamente para ela que corou.

Bella fitou sua casa e depois voltou seu olhar para mim.

- Meu pai ainda não chegou, quer entrar? Não quero ficar sozinha. – ela disse corando novamente.

- Claro. – disse a ela e corri na minha velocidade vampiresca para abrir a porta da princesa.

Sua casa era grande, com a sala ampla com muitos sofás direcionados a televisão.

- Eu até te ofereceria algo para você tomar se a resposta não fosse sangue. Mas como sou a única que como comida nessa casa. – tagarelou indo para a cozinha. – Não se importa se eu comer né? – perguntou retoricamente abrindo a geladeira e tirando diversas coisas.

Bella ria das minhas caretas em quanto ela preparava seu lanche.

- Não sei como consegue comer isso. – peguei um pedaço de queijo e balancei com cara de nojo.

A princesa gargalhou.

- Eu não sei como você toma sangue. – ela fez uma careta e dessa vez quem gargalhou fui eu.

Bella me olhava sorrindo e com um brilho nos olhos que quase fez meu coração voltar a bater.

- Meus irmãos falaram que você perdeu a memória, como é ser uma garota desmemoriada? – perguntei divertido e ela deu de ombros.

- Não é uma amnésia que faz muita diferença na minha vida, eu só não me lembro de nada que aconteceu antes dos meus quatro anos. – ela disse despreocupada. – A maioria das pessoas não se lembra, então não tem muito com o que eu me preocupar.

- Mas você não tem curiosidade de saber? – perguntei curioso.

- Curiosidade eu tenho, queria lembrar, por exemplo, dos meus pais. Por que a primeira memória que tenho é de eu e meu irmão de mãos dadas na frente de uma linda casa no Brasil. Quando a porta se abriu quem saiu de lá foi Charlie e depois de abrir um grande sorriso nos acolheu. – ela contou perdida em suas lembranças.

- Boa tarde crianças. – disse o vampiro entrando na cozinha.

- Boa tarde. – respondemos juntos e ele sorriu e teve uma rápida imagem em sua mente de eu e Bella dançando.

Ela estava com um vestido rosa que brilhava conforme a luz batia e eu com uma roupa de gala, ambas as vestes antigas.

Eu o olhei sem entender, ele rapidamente deixou os pensamentos rápidos e eu não pude compreender mais nada.

POV Bella

Eu ainda não queria dormir ainda eram 15h30min, mas meus olhos estavam pesados e eu não estava mais agüentando ficar de pé. Eu queria ficar mais tempo com Edward, mas meus olhos já estavam fechando e eu dei um alto bocejo.

- Vá descansar Bella. – disse Charlie e eu assenti e fui subir as escadas, mas parei no meio do caminho e disse para Edward.

- Obrigada pela carona. – ele sorriu divertido.

- A disposição senhorita. – ele fez uma leve reverência e eu ri revirando meus olhos.

Subi as escadas me arrastando e assim que entrei em meu quarto desabei na cama.

POV Edward

“Não vá ainda” – pensou Charlie olhando para mim em quanto escutávamos Bella subindo as escadas. Eu assenti.

Acompanhei-o até a sala e nos sentamos ao sofá.

- Desculpe, mas acabei escutando o final da conversa de vocês. – começou ele. – Creio que ficou curioso do porque ela não querer se lembrar não é? – perguntou.

- Na verdade fiquei sim senhor, qualquer pessoa ficaria curiosa para saber do seu passado, mas se tratando de Bella... – ele riu.

- A verdade é que já era para ela ter recuperado a memória. – disse ele e eu fiquei confuso. – Creio que você saiba a lenda não é? – eu assenti. – Vou te contar então a verdadeira história.

Eu já estava tendo uma sincope de curiosidade, pois a mente dele girava diversas coisas rapidamente, não conseguia captar sequer uma palavra ou imagem.

- As mulheres da Lua não podem ter mais de um filho... – ele começou.

- Mas... – ele me cortou.

- Como Bella tem um irmão? – ele perguntou e eu assenti. – Muitos consideraram o nascimento dela um milagre, outros disseram que foi uma armação, pois ela era a única em todo o reino que possuía olhos escuros. Muitos duvidaram da paternidade do rei, mas ele não ligou para o veneno das pessoas e ele e sua esposa criaram Bella com muito amor, assim como seu irmão. O problema começou quando ela ficou maior, aqueles que acreditavam realmente que ela era uma farsa, uma plebéia no meio da nobreza, começaram a atacá-la, ela sofria ameaças diariamente e fugia de tentativas de assassinato freqüentemente. Bella não contava para ninguém e se escondia para não causar problemas, até o dia que Daniel descobriu tudo. A princesa parou de andar sozinha e sempre estava com uma escolta, mas eles conseguiram nos enganar e acabaram pegando-a.

Charlie tinha raiva na voz e algo me dizia que ele se culpava por essa captura.

- Ela foi presa e torturada. Mas Bella sempre foi muito esperta e conseguiu fugir, acabou que ela entrou no portal que fazia a passagem da Lua para a Terra e conforme ela fugia ia ficando cada vez mais fraca até que desmaiou e foi acolhida por uma família. Ela acabou se apaixonando por um rapaz da família. E em um baile no castelo da Lua aqueles mesmos que a torturaram apareceram na festa querendo armar confusão e ameaçaram atacar seu namorado, foi nesse dia que seus poderes despertaram e na frente de todos ela expulsou os penetras sem ao menos sair do lugar, seus olhos ficaram azuis e quem antes duvidava de alguma coisa se calou diante de tal demonstração de poder.

Eu não conseguia dizer nada depois dessas palavras de Charlie, eu me sentia estranho com essa revelação.

- Esse grupo de pessoas que queriam acabar de qualquer jeito com a princesa resolveu se vingar e fizeram metade do reino se voltar contra o rei e a rainha e metade dos vampiros também, tudo o que eles queriam era acabar com o reinado e assim conseguiram fazendo uma guerra na qual vampiros e lunares estavam dos dois lados. A rainha pediu para que os lobisomens protegessem as pessoas da Terra. O que ela não sabia era que ocorreria uma certa diferença de poderes e eles se transformariam apenas durante a lua cheia e em algo selvagem, completamente fora de controle, ou seja, isso só piorou as condições da guerra. Infelizmente eu não posso te contar o que aconteceu para estarmos aqui hoje. Vivos. Pois o rei me mandou para a Terra para esperar seus filhos chegarem e cuidar deles.

- Então quer dizer que Bella já poderia ter recuperado a memória, mas como ela sofreu demais nesse passado seu subconsciente impede que tais lembranças venham à tona? – perguntei pensativo.

- Exato. – disse ele sorrindo.

- Esse grupo de pessoas que queriam se vingar dela não podem ter renascido assim como tantos que você já contou para meu pai? – perguntei receoso e ele me olhou assustado.

Pude ver em seus pensamentos o que Billy lhe dissera pelo telefone sobre o que nós encontramos aquele dia na cabana.

De repente escutamos um som de batidas rápidas. Eram batidas de um coração, era de Bella! Olhei para Charlie que olhava para cima e depois me fitou, nós corremos até o quarto dela que se debatia na cama.

POV Bella

Olhei a minha volta e vi no cômodo um pequeno sofá, uma televisão, uma janela ao fundo. Percebi que estava no apartamento de meu irmão no Brasil. Ouvi um barulho na porta e me virei para ver quem era.

Nati e Bruninha entraram. A pequena estava linda com o uniforme do colégio! Seus cabelos negros estavam já na altura da cintura. Há como tenho saudades da minha sobrinha! Ela sorriu para mãe que carregava a mochila em suas mãos foi quando senti um calafrio. Olhei para Natalia que olhava fixamente para a porta e pôs Bruninha para trás protegendo-a.

As duas começaram a andar para trás, elas tinham pavor nos olhos. Conforme andavam duas figuras entraram pela porta. Não pude ver quem eram ou o que eram, mas deu a impressão de serem dois homens.

- Fiquem longe! – gritou Natalia pondo atrás de seu corpo Bruna que tinha sua primeira lágrima de medo escorrendo pelo seu lindo rosto de anjo.

- Nati corra e tire Bruninha daqui! Corra! – gritei, mas ela sequer virou o rosto.

O homem levantou a mão e com um forte vento vi minha cunhada e minha sobrinha sendo arremessadas para a parede. Nati protegeu Bruna para que ela não batesse com a cabeça, as duas caíram no chão.

Corri até elas e me pus na frente do homem que ria debochado juntamente com o outro, não pude ver seu rosto, mas senti um pavor crescendo dentro de mim, meu corpo inteiro tremia e eu sentia meus braços coçarem, a fobia estava me atingindo.

Ouvi uma mulher gargalhar atrás de mim.

- Essa é a futura rainha? – ela perguntou debochada.

Os dois homens riram mais alto e então o homem que estava à frente começou o ataque novamente, apesar de todo o medo que sentia eu não podia deixar as duas morrerem, eu não podia permitir isso.

Fiquei na frente delas como um escudo, mas o vento passava pelo meu corpo. Só então eu percebi que eu não estava realmente ali, eu estava dentro de um de meus sonhos, mas não era qualquer sonho era uma premonição e com a nitidez das imagens isso iria acontecer daqui há alguns minutos.

Tentei acordar para avisar alguém, mas meus olhos não queriam abrir. Nati gritava a cada ataque recebido. Assim como eu, ela se pôs a frente de Bruna e recebia todos os ataques sozinha, a pequena chorava em silêncio.

Eles vão matá-las! Eu não podia permitir isso, tentei fazer um campo de força em torno delas, mas eu não conseguia usar meus poderes. Droga Bella! Vamos...

- Faça um campo de força, você consegue! – gritei desesperada comigo mesma, mas nessa hora pareceu que minha cunhada me ouviu.

Seus olhos mudaram a expressão de medo para determinação e um campo de força se criou em torno dela e de sua filha.

- BELA ACORDE! – gritou uma voz ao fundo e eu fiz força para fazê-lo.

- BELLA ACORDE! – gritou novamente Charlie e eu finalmente consegui abrir meus olhos inundado-os com minhas lágrimas.

- Eles vão matá-las! – gritei entre os soluços, eu estava tomada pelo desespero.

POV Edward

Bella se debatia na cama e lágrimas saiam de seus olhos fechados, ela suava e Charlie a sacudia para que ela acordasse.

- Corra! – gritou ela ainda com os olhos fechados.

- O que está acontecendo? – perguntei tomado pelo desespero.

- Ela deve estar tendo alguma premonição. – respondeu angustiado.

- Eles vão matá-las! – ela gritou novamente e Charlie se desesperou e começou a sacudir Bella que chorava em quanto dormia.

- BELLA ACORDE! – ele gritou percebendo a importância daquela visão. – BELLA ACORDE! – gritou novamente e dessa vez ela abriu os olhos

O desespero era praticamente palpável.

- Eles vão matá-las!

- Quem Bella, quem vão matar? – perguntou Charlie se controlando para não passar o desespero de sua mente para sua voz.

- Nati... E... Bruninha... Liga pro Dan... Fala pra ele ir pra casa agora! – soluçou agoniada e então escondeu o rosto em suas mãos.

Charlie fez o que ela disse e correu pegar o telefone.

Bella soluçava e eu me sentia quebrado por dentro em vê-la desse jeito. Percebi que eu também estava chorando, um choro seco, sem lágrimas, silencioso. Aproximei-me dela e sentei em sua cama, ela me olhou e eu senti meu peito se apertar com sua feição que transmitia tanta dor quanto alguém que estivesse sobre tortura física, puxei-a para um abraço que ela não recusou.

Bella apertava meu corpo contra o dela como se isso fosse fazer a angustia que ela sentia passar. Peguei-a e a pus em meu colo, apertei firme ela contra meu corpo e afaguei suas costas em quanto ela escondia seu rosto na curvatura do meu ombro. Suas lágrimas quentes escorriam ao longo de meu pescoço e molhavam minha camisa.

- Shhi... Calma... Meu anjo... – dizia suavemente em sua orelha. – Tudo vai ficar bem... Shhi.

Bella foi se acalmando, ela ergueu o rosto e olhou para mim tristemente. Segurei seu rosto entre minhas mãos e sequei suas lágrimas com meus dedos.

- Troque de roupa, acho que você vai viajar. – disse suavemente.

Ela assentiu fungando. Depositei um beijo em sua testa e ela saiu do meu colo deixando um imenso vazio ali.

POV Daniel

Eu já havia decidido os detalhes da mudança com Natalia, nós iríamos para Forks no final dessa semana. Mas acabou que eu recebi uma ótima proposta de emprego para uma multinacional, ou seja, se eu conseguisse o emprego eu poderia pedir transferência para Forks, assim eu mataria dois coelhos numa cajadada só. Estaria perto de minha família e teria um bom emprego. Porque depender da grana do papai aos 7030 anos é meio estranho né? Acho que já estava na hora de eu ser independente.

E aqui estava eu na frente de uma mesa onde estão os sete principais acionistas dessa empresa.

Estava tudo ocorrendo bem até o meu celular tocar. Percebi que era do meu celular para emergências. Sim eu tinha dois celulares, um para coisas normais e o outro que apenas quem tinha o número era Bella, Charlie, Nati, Bruninha, um pessoal da reserva Quileut e alguns seres da Lua que eu já encontrara.

Eu olhei para o celular decidido a atendê-lo, era óbvio que ia atender, não importa onde eu estivesse, aquilo só podia ser uma emergência. Peguei o celular e disse.

- Desculpe senhores, mas preciso atender.

- Se atender esse celular, esqueça seu emprego rapaz. – disse um dos acionistas carrancudos.

- Desculpe, mas minha família é mais importante que um emprego nesta empresa. – disse firme e vi um acionista sorrir.

- Não se preocupe rapaz pode atender aqui mesmo. – disse ele e todos o olharam sem entender.

- Obrigado senhor.

Levei o aparelho à orelha atendendo rapidamente.

- Alo?

- Dan?!

- Charlie? O que aconteceu?

- Dan vai para casa agora! Bella teve uma visão de Nati e Bruninha sendo atacadas, não sei se conseguiremos chegar a tempo de te ajudar, mas se você não for agora para casa não sei o que pode acontecer a elas! – disse ele rapidamente e minha cabeça girou.

Os acionistas me olhavam com semblantes assustados. Senti o celular escorregar da minha mão e só reagi quando ouvi o som dele se quebrando ao chão. Saí da sala correndo sem olhar para trás deixando minha maleta e meu emprego de lado. Fui em direção ao terraço jogando meu paletó pelo meio do caminho e me preparando para ir voando até em casa.

Pulei do prédio e abri minhas azas. O voou foi tão rápido que os olhos humanos não puderam ver sequer meu vulto, apenas o vento bagunçava seus cabelos.

Cheguei em casa o mais rápido possível. A cena que vi me deixou completamente atordoado. Um homem estava de costas para mim agachado na frente de minha esposa que estava desmaiada no chão em quanto minha filha estava colada na parede chorando baixinho.

O homem gargalhava e disse para minha pequena.

- Diga ao papai que logo voltaremos para pegar você princesa. – as palavras sem escrúpulos para minha filha foram como um tapa em meu rosto que me acordou imediatamente.

- Porque não diz pessoalmente! – disse sombriamente e ele se virou assustado com a presença de minha voz.

Eu reconheci aquele monstro e não era a primeira vez que ele aprontava, eu devia tê-lo matado há muito tempo atrás, ergui minha mão e lancei uma chama ao vampiro desprezível a minha frente. Ele virou pó na hora. Bruninha caiu de joelhos e se abraçou a mãe.

Eu me aproximei e percebi que Nati estava viva, mas muito fraca, do mesmo jeito que Bella ficou machucada quando a torturaram há muito tempo atrás.

- Você está bem filha? – perguntei.

- Eu to bem, mas e a mamãe? – perguntou ela engolindo o choro.

- Fique calma ela vai ficar bem. – disse pegando Nati no colo. – Pequena, segure firme na minha perna. – Bruna fez o que eu pedi e então corri o mais rápido possível para um hospital.

POV Bella

Troquei de roupa o mais rápido que pude, estava totalmente esgotada depois dessa visão. Corri para o meu quarto e peguei uma mochila. Pus tudo o que eu precisaria para ir até o Brasil, roupas e material de higiene. Desci as escadas me apoiando no corrimão. Edward e Charlie conversavam baixo. 

- Você não devia ir, está muito fraca. – disse Edward correndo e me segurando para que eu não caísse.

- Não importa. É minha cunhada e minha sobrinha. Tenho que ir. – disse o mais firme possível diante do meu estado.

- Eu te disse que ela é teimosa. – disse de maneira aborrecida meu pai. – Fazemos como combinamos, tudo bem?

- Claro. – respondeu Edward sem olhá-lo.

Fomos até o carro de Charlie com Edward me ajudando, ele abriu a porta do passageiro para mim e antes que eu sentasse, ele olhou em meus olhos e disse com a voz angustiada.

- Se cuida. – após isso ele colou seus lábios em minha testa.

- Você não vai se livrar de mim tão facilmente. – sussurrei para ele dando o meu melhor sorriso diante do momento que passávamos.

Ele sorriu fraco em retorno me colocando dentro do carro e fechando a porta do carona.

POV Edward

Eu queria que Charlie deixasse Bella por aqui. Ela estaria segura com minha família, mas ele disse que ela era teimosa e não aceitaria nem sob tortura. Bem, ele estava certo. Então combinamos de eu ir avisar os lobos sobre o que estava acontecendo e sobre a suspeita de quem eram ou era o ser que atacou as garotas.

- Se cuida. – sussurrei e beijei sua testa novamente.

Eu não queria deixá-la isso era extremamente torturante para mim, era como se uma parte de mim fosse embora junto com ela. Mas eu me sentia culpado por pensar assim, era egoísmo da minha parte se eu a seqüestrasse e a deixasse a minha disposição.

- Você não vai se livrar de mim tão facilmente. – ela sussurrou e sorriu fraco, eu sorri em resposta e fui para La Push comunicar as nossas suspeitas.