Felicidade Conjugal escrita por Kikue Shinohata


Capítulo 1
Capítulo 1




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-Gee...

\t    -Ahn...?

\t    -Eu ‘tô com desejo...

\t    -Ah é?- murmurou Gerard, sem desviar o olhar da televisão.

\t    -Aham. Eu quero tomar sorvete. – vendo que o outro nada dizia, pediu: - Compra pra mim?

\t    -............... - ele não pareceu ouvir.

\t    -Gee?!

\t    -Uhn, o que é?

\t    -Eu quero sorvete! – repetiu Frank.

\t    -Pega na geladeira... – respondeu, distraído.

\t    -É que acabou.

\t    -Ahn.

\t    -Compra pra mim, Gee?

\t    -O quê??? Agora???

\t    -É.

\t    -Está brincando, Frank? Eu estou vendo jogo.

\t    -Quer dizer que esse jogo idiota é mais importante que eu??? – indignou-se o menor.

\t    -Não é isso...

\t    -Então, o que é?!

\t    -Está o maior frio e é meia-noite e meia. Onde eu vou encontrar sorvete numa hora dessas?!

\t    -Em qualquer drugstore, oras!

\t    -Frank! Nós vivemos no meio do nada, a primeira drugstore fica a uns 10 Km daqui.

\t    -Mas eu estou com desejo, Gee...- insistiu.

\t    -O carro está na oficina. Como é que você quer que eu vá até lá? A pé?!

\t    -Gerard Way, você quer que o nosso filho nasça com cara de sorvete?!

\t    Derrotado, o maior se levantou do sofá.

\t    -Ah, ‘tá bom! Eu vou buscar o seu sorvete! – disse, mal-humorado. Pegou a sua carteira e a chave, pôs uma blusa e saiu. Como sempre, Frank tinha desejos nas horas mais impróprias e, como sempre, Gerard tinha de satisfazê-los. Isso aconteceu com os outros cinco filhos do casal, todas as vezes em que esteve grávido, Frank fez chantagem emocional. Ao menos era assim que Gerard via aqueles desejos estranhos.

\t    Uma meia hora depois do marido sair, um dos filhos, de quatro anos, foi timidamente até a sala e falou, com o dedinho na boca:

\t    -Mamãe, eu não quero dormir no quarto...

\t    -Por quê? – perguntou Frank, abraçando-o com um pouco de dificuldade por causa da barriga.

\t    -_Eu ‘tô com medo do escuro. – disse o garotinho, que se parecia muito com Frank.

– Meu bem, não precisa ter medo. Eu vou acender a luz ...aaii... – gemeu, levantando-se lentamente do sofá. Já de oito meses, Frank sentia muitas dores pelo corpo.

Levou o filho de volta para a cama, esperou que ele pegasse no sono para então sair, deixando a luz acesa. Retornou à sala e mal havia se acomodado no sofá, ouviu o choro vindo do seu próprio quarto. Suspirando, ele foi ver os gêmeos. Um deles chorava em altos brados e acabou por acordar o outro, que também começou a chorar. Eles acabaram de completar 1 ano de idade e Frank estremecia só de pensar que logo viria mais um. Arrastando as pantufas de bichinho, Frank se aproximou dos berços e procurou acalmá-los. Constatou que precisava trocar as fraldas e sentiu um alívio quando ouviu a chave girar na fechadura da porta da frente.

Foi até a sala e encontrou Gerard, com uma sacola grande nas mãos e o rosto um tanto vermelho, tentando recobrar a respiração.

-Aqui está... o seu sorvete, Frankie... – disse ele.

-Awn, obrigado, amor. Você está bem? – perocupado.

-S-sim. Acho que estou meio... fora de forma... Andar quase 20 Km... não era para ter sido tão... difícil. – bufou o maior.

-Verdade. Talvez você deva se exercitar mais, Gee.

-É... Eu vou... pensar no assunto.

Frank foi para o sofá e abriu gulosamente o pote de sorvete, quando se lembrou dos gêmeos.

-Ah, amor... Faz mais um pequeno favor pra mim?... – perguntou com delicadeza.

-M-mais um, amor?...

-Nossa, Gee! Eu estou carregando mais um filho seu e você não pode fazer só mais um favorzinho de nada?!

Gerard bateu na própria testa. Sabia que havia perdido novamente.

-Okay. O que você quer que eu faça, amor?

-É só trocar a fralda dos gêmeos... – sorriu, persuasivo.

-M-mas... ah, ótimo. Sem problemas. Eu vou lá trocar as fraldas... – falou ele, tentando manter o autocontrole.

Ao fim de alguns minutos, trocou os gêmeos, mas demorou para fazê-los dormir. Completamente exausto, foi para a sala finalmente, um tanto irritado por ter perdido o final do jogo na televisão. Cochilando no sofá com o pote de sorvete já meio derretido pela metade nas mãos, o seu pequeno tinha um sorriso lindo de satisfação estampado no rosto. Frank e ele estavam juntos já há muitos anos, mas ainda se encantava com o jeito do menor. Beijou-o carinhosamente e, como não acordasse, sacudiu-o de leve.

-Uhn... – ele abriu os olhos lentamente e espreguiçou-se, quase derrubando o pote de sorvete, que Gerard pegou quase no ar. –Gee... os gêmeos...

-Eu já os troquei. Estão todos dormindo, vamos fazer o mesmo. Vamos pra cama, Frankie.

-Ahhhhh... – bocejou. – Eu vou terminar o sorvete primeiro.

-Isso você pode fazer amanhã, meu bem.

-Mas eu quero agora. – respondeu com jeito de criança teimosa.

-Amor, você já está fofinho por causa do bebê. Se continuar comendo desse jeito... – brincou ele.

-Está dizendo que eu estou gordo? Eu estou disforme, Gee? – balbuciou, com a voz embargada.

-Não, Frankie. Você está lindo assim...

-Mas eu estou gordo demais. Eu estou enorme, isso não é normal! – seus olhos ficaram marejados. – Eu estou horrível... como consegue olhar pra mim??

-Amor, é só o bebê. Vamos para a cama, você precisa dormir também. – falou, firmemente.

-Não grita comigo, Gee...

-Mas eu não gritei, Frankie. – protestou.

-Uhn, gritou sim...- murmurou. – Eu estou sensível, não grita comigo, amor...

-Está bem. Não precisa chorar. – secou as lágrimas do menor e o abraçou com carinho. – Amanhã você termina o sorvete, sim?

-Aham...

Gerard levou o sorvete para a geladeira e, depois, o seu pequeno para a cama.


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Notas finais do capítulo

Reviews? xD Em breve tem a continuação (só se tiver reviews *---*)*chantagista* =D