A Nova Vida de Ruby Menninger escrita por Between the moon and the sun


Capítulo 1
Eu nunca pensei que o perderia assim...




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-Ruby, escute... - Disse meu tio, deitado na cama, com seu olhar fraco, segurando minha mão enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto, contra minha vontade. - Sei que fará a escolha certa quando eu partir, você sempre faz a escolha certa... Vai ficar tudo bem, querida.

-Pare de falar como se você fosse morrer! O senhor não vai morrer, não pode morrer tio... - Eu disse entre lágrimas e soluços. - Você é tudo que tenho...

-Chegou a hora do meu descanso, querida. Entenda, eu... Eu amo muito você e... - sua mão foi soltando a minha e seus olhos se fechando vagarosamente enquanto eu ainda o olhava. Eu sabia que ele não voltaria a abrir os olhos...

-Não! - Eu disse apertando sua mão. Mas era em vão... Eu me levantei e beijei sua testa. - Que o senhor tenha o descanso merecido, no Elísio, pois é o mínimo que o senhor merece depois de tudo, tio. Eu amo você. - Deixei o quarto de hospital. Não saía de lá pra quase nada, desde que meu tio estava internado, na fase terminal do câncer... Pelo menos ele teve uma morte digna, ao contrário de minha mãe, que morreu por mim, morta por um monstro... Encostei as costas em umas das paredes, fora do quarto, vendo enfermeiras entrarem no quarto do meu tio e retirarem seu corpo. Ele era tão forte... Não acredito que ele se foi. Peguei minha bolsa e tirei uma foto da minha carteira. Uma foto que foi tirada quando eu tinha 7 anos. Minha mãe estava me abraçando e nós duas estávamos sorrindo, no jardim de casa, perto do Joseph, meu padrasto e seus filhos, gêmeos, mais velhos que eu, Kayla e Marcus. Éramos uma família tão feliz... Pena que a minha existência sempre arruinava as coisas boas. Minha mãe morreu quando eu tinha 9 anos. Olhei fixamente para minha mãe na foto, sorrindo como um anjo.

-Mãe, o que faço agora? O que você faria? Você sempre fazia a coisa certa... Sinto sua falta. - Eu suspirei e andei até a porta do hospital, ainda olhando pra foto, imaginando se algum dia, meu pai de verdade saberia que eu existo. Quando eu estava saindo, eu ouvi um sátiro conversando com uma garota de uns doze anos, em um canto bem escondido.

-Uma semideusa, aqui? Tem certeza? - Ele assentiu.

-Ela está perto, Lady Ártemis. - Ártemis?! O que ela estava fazendo aqui e... Tipo... Ela não devia ser um pouquinho mais velha? Bom... Isso pelo menos explicava a beleza inexplicável dessa garotinha. Com doze anos, eu era bem desengonçada e tudo mais, não parecia uma princesa como ela.

-Então aquele monstro estava atrás dela?! Ele deu muito trabalho pras minhas caçadoras. Você tem que achar essa garota e rápido, antes que outro monstro a ache primeiro. Eu estava viajando com minhas caçadoras em outra missão e esse monstro entrou no nosso caminho, ele não estava de brincadeira. Essa meio-sangue deve ser poderosa.

Eu já ia dando meia volta e pensando por onde sair quando ouvi o que o sátiro tinha a dizer.

-O cheiro dela é quase tão forte quanto o de Thalia, filha de Zeus ou o Percy, filho de Poseidon.

-Filho de Poseidon? - Eu sussurrei de admiração. Eu tinha um irmão?! Ártemis olhou fixamente para a porta, perto do canto em que eu me escondia e foi em direção a mim. Droga, como ela ouviu se eu sussurrei tão baixo? Ela olhou pra mim, sem expressão. Eu sai de trás de uma arvorezinha que enfeitava a entrada do hospital e sorri envergonhada.

-O-oi, Lady... Ártemis. - Eu não sabia mais o que dizer. O sátiro olhou em nossa direção e levantou uma sobrancelha.

-Você sabe quem eu sou? - Ela disse me olhando impressionada.

-C-claro que sei.

-E qual seu nome, minha jovem? - Ela disse me olhando curiosamente agora.

-Ruby. Ruby Menninger, senhora. - Eu disse olhando pra baixo mas pude ver que Ártemis trocou um olhar com o sátiro.

-É ela? - Ele acentiu com a cabeça, nervoso. Eu tinha que falar algo.

-Senhora, se me permite dizer... Eu tenho que ir embora daqui, os monstros vão começar a vir atrás de mim logo.

-Você sabe o que você é? - Perguntou o sátiro meio incrédulo. Eu assenti.

-E-eu creio que sim... Sou uma... Meio-sangue. Minha mãe me contou tudo sobre essas coisas de mitologia e tudo mais... Tenho que ir agora se a senhora me permitir, Lady Ártemis. - Eu disse curvando minha cabeça pra ela em respeito. Ela era a primeira deusa em pessoa que eu conhecia e eu sabia que eles podiam assumir a forma que queriam. Mesmo aparentando ser tão nova, o poder vindo dela me dava a certeza de quem ela realmente era.

-Ruby - Eu estremeci ouvindo o meu nome sendo falado por aquela garotinha angelical e poderosa e eu sabia que ela poderia me fritar se ela quisesse. - Pode olhar pra mim, querida, está tudo bem. - Levantei a cabeça e olhei em seus olhos, que me deixaram mais calma. - Você não pode ir embora, esse mundo mortal é perigoso pra você. Você tem que ir para o acampamento meio-sangue ou vir comigo e se tornar uma caçadora, isso seria bem mais seguro pra você. - Eu a olhei com dúvida agora.

-Desculpe, Lady Ártemis, mas... Eu não quero ser uma caçadora. Obrigada pela oferta, de qualquer forma. E o que é acampamento meio-sangue?

-Você sabe quem eu sou e quem você é e sobre mitologia, mas não sabe o que é acampamento meio sangue? - Ela pareceu impressionada. - É pra onde vão os meio-sangues. Lá eles são treinados e os monstros não entram no acampamento. Você devia falar com a sua mãe sobre isso.

-M-minha mãe morreu, quando eu era pequena... E agora o meu tio se foi... Eu não tenho ninguém aqui. Eu sou brasileira e estava pensando em voltar pro Brasil e morar com meu padrasto.

-Seu padrasto estaria correndo um grande risco. - Disse o sátiro, comendo... a manga da própria blusa?! Eu pensei sobre os riscos... Não sabia que existia esse tal acampamento, talvez fosse uma boa idéia.

-E esse tal filho de Poseidon que você mencionou, ele está nesse acampamento? - O sátiro acentiu. - Acho que a senhora está certa, Ártemis... Irei ao acampamento, eu não quero mais colocar ninguém em perigo a minha volta. - Lembrei que minha mãe morreu por minha causa...

-Quer conversar com o seu padrasto antes de ir para o acampamento? - Eu balancei a cabeça.

-Não... Vai ser melhor assim, se ele não souber de nada. É tudo muito complicado... Não quero prejudicar ele.

-Ok, querida. E pense na minha oferta, ainda pode se tornar uma caçadora. - Ela tinha razão, eu nunca namorei antes. Ela devia saber disso.

-Obrigada, Ártemis.

-Eu devo partir agora com minhas caçadoras. O sátiro cuidará de você e a levará em segurança ao acampamento. - Com essas palavras, ela saiu pela porta rapidamente. O sátiro olhou pra mim.

-Devemos partir logo.

-Ok... Vamos. - Olhei pra minha grande bolsa da escola que tinha algumas velhas lembranças dentro e roupas e tudo que eu precisei enquanto estava no hospital cuidando do meu tio. Eu parti com o sátiro pra sei lá onde, em direção a esse tal acampamento.


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