Eu, Ele e o Bebê - Rumo Argentina escrita por Camila_santos


Capítulo 4
Como é triste despedir...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/103960/chapter/4

Eu precisava arrumar tudo bem depressa e sem chamar atenção é claro. Hoje era o único dia que eu tinha para ajeitar tudo, e me despedir de Pedro.

Acordei cedo. Luiz, minha mãe e Julia ainda dormiam. Pedro numa hora dessas devia estar na pista de skate treinando. Ele gostava de ir para lá cedo, para treinar mais.

Arrumei-me, coloquei meu querido all star, e fui com uma roupa mais “normal” um jeans básico e uma blusa colorida, meus enormes cabelos soltos. Fui. Coração apertado, como é difícil despedir de quem se ama. Só Deus sabe quando eu voltaria.

Eu tentava distrair meus pensamentos, tentava concentrar nas flores, nos jardins das casas próximas. Nas crianças, nos casais. Era uma manhã bonita, mas para mim era triste.

Mas triste foi quando vi Pedro, com o skate no ar. Meu Deus como é difícil despedir. Sentei próximo e fiquei admirando. Meu amigo era fera em skate.

Ele me viu, sorriu, deu uma piscadinha de leve. Ele deve ter manjado que aquilo era uma despedida, mas preferiu evitar. Ele treinou por longos minutos, depois veio correndo me abraçar, eu levantei e não precisamos falar mais nada.

Eu chorei até soluçar, ele estava engasgado. Ele não era de chorar perto dos outros, mas eu sabia que assim que eu saísse, ele choraria. Depois desse longo abraço, ele me afastou dele, segurou meu rosto com as duas mãos e disse:

-Line, você sabe que eu gosto muito de você né? Gosto como uma irmã! –Ele virou para o lado como se estivesse tentando não chorar, e sorriu forçado.

-Sei! Saiba que mesmo que o tempo passe essa nossa amizade não vai acabar! E onde quer que eu vá vou te levar para sempre... –Sorri, em meio às lágrimas. ((Dramática. Momento drama))

Que no meu coração Aonde quer que eu vá Sempre levarei O teu sorriso em meu olhar (Um minuto D'Black e Negra Li)

E nossa despedida foi assim, não falamos quase nada. Mas tivemos a certeza que nos reencontraríamos, só estávamos triste por não saber quando isso aconteceria!

Dei uma olhadinha e pisquei para ele como de costume, e fui embora.

Era difícil caminhar com as vistas embaçadas de lágrimas. Como doía aquilo tudo. Meu único amigo verdadeiro, ficando para trás. O meu porto seguro, agora estaria longe de mim! Sentei num banco da pracinha, e comecei a pensar se era mesmo o certo a fazer. E a conclusão foi: AMARELANDO AGORA? E AQUELA SUA CORAGEM ONDE FICA?O QUE ESTÁ ESPERANDO? ESTÁ MAIS QUE NA HORA DE IR!

Enxuguei meu rosto e voltei a caminhar.

-Onde estava? Fui ao seu quarto não te achei? –Minha mãe começou a falar quando eu apareci na cozinha, enquanto sentados ao redor da mesa lanchavam felizes e eu ouvia por alto aquilo tudo.

-E como está com a cara inchada! Levou um soco nos olhos garota? –Luiz, disse me reparando.

Não respondi.

-É mesmo! Que cara é essa? Andou chorando? O que foi dessa vez? –Minha mãe perguntou preocupada.

-Nada mãe! –Menti. –É bobagem minha!

-Ninguém fica com a cara tão ruim por bobagem! –Luiz.

-Ai gente é sério. Vou lá olhar minha cara, para ver se não é exagero seus. Já volto. –Ia subindo as escadas e me lembrei de perguntar por Julinha. –Onde está Julinha, mãe?

-Dormindo até agora.

Subi direto para o quarto de Julinha, e lá ela dormia feito anjo (nem sei se anjo dorme). Fiquei a olhando da porta por minutos diretos.

Lembrei-me de quando ela ainda era bebê, e minha mãe mandava que eu a olhasse. Conferir se ela dormia e etc. E eu voltava correndo e falando: “Dorme como uma boneca”, “Dorme como uma princesa” (Gente momento Camila aqui viu, eu fazia isso. Kkkkkk)

Não resisti de admirá-la só da porta e cheguei mais perto. Sentei na cama dela e ela mexeu, resmungando. Como eu ia sentir falta dela, ela que alegrava meus dias naquela casa. Uma coisa eu tinha que fazer, eu arrumaria um jeito de buscá-la para morar com a gente, meu pai ia pegar a guarda dela. Disso eu tinha certeza.

-Queline?

-O meu amor, eu acordei você? Desculpa!

-Codou não. Julinha codou sozinha.

-Então vem Julinha vou arrumar você. E depois a gente desce para tomar café.

Esse café está parecendo mais dá tarde do que de manhã. Arrumei Julinha e desci com ela no colo.

-Essa menina está grande demais para ficar no colo! –Minha mãe murmurou, enquanto tirava as vasilhas sujas do café da manhã. Coloquei Julinha na cadeira e me sentei.

-Ah mãe! Nada a ver, ela é criança.

-Muito manhosa pro meu gosto. –Ela levou as vasilhas para pia, e voltou com o leite de Julinha, e uns pães de queijo para mim. –Feitos agora, sei que gosta. –Ela sorriu. E do jeito que eu estava abalada com tudo isso, segurei o choro. Ela me encarou e me perguntou tranqüila. –Há alguma coisa que queira me dizer?

Engoli seco. E só balancei a cabeça negativamente.

-Quer pão de queijo Julinha? –Falei para fugir do assunto.

-Julinha não que não! –Ela falou balançando o dedinho gordinho.

-É não queR que fala Julia. –Mãe.

Comemos e eu subi para o quarto, tranquei a porta e comecei a arrumar o que faltava.

Muitas coisas eu já tinha ajeitado, mas ainda muitas eu tinha para ajeitar. Peguei uma mochila, já pronta e comecei a conferir se o necessário estava lá. Eu levaria só o básico, assim seria mais fácil a fuga. Abri a mochila já chorando. Vi nela a blusa que tinha ganhado há semanas atrás de Pedro. As roupas da mochila, eram as minhas melhores. Coloquei também um vestido tomará que caia, ele é até bem elegante. Nunca se sabe quando precisará. Um salto alto (o qual eu não usava de costume), os meus all star já estavam lá. E assim acabei de ajeitar na mochila o necessário. Minha mochila era grande, estilo viagem mesmo. Então coube tudo. Peguei só uma bolsa, para colocar o dinheiro, identidade e tal, essa ficaria comigo no ônibus. Lembrei de colocar uma foto de Julia, para quando a saudade apertasse, e outra de minha mãe. A qual mesmo eu brigando o tempo todo eu amava. E claro que a carta que eu tinha do meu pai com endereço e tudo, estava lá.

Se eu fosse de avião seria rápido, simples e seguro. Mas não tenho passaporte, e, além disso, sou menor de idade. Precisaria de autorização e tudo mais. No ônibus eu dou um jeito. E o cara do turismo concordou em me levar. Eu tinha que ir daqui ao Rio de Janeiro e lá eu encontrava o ônibus de turismo, no endereço que o cara me deu, e rumo à Argentina. Simples assim. [MURARARA (Riso maléfico) Engano seu!]


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!