Eu, Ele e o Bebê - Rumo Argentina escrita por Camila_santos


Capítulo 14
Dezoito anos... Responsabilidade em dobro!




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Já faz dois meses e meio mais ou menos que estou aqui em São Paulo. Estou esperando meu pai. O qual me ligou mais duas vezes dizendo que é para esperá-lo. Ele diz que está apertado com o serviço dele, e que logo, logo vem. Perguntei se ele não ia mais para o México, ele disse ter adiado a viagem. Passei o natal e a virada do ano ao lado de Felipe, foi estanho passar longe da minha família, mas não pude desistir de tudo e voltar.

Felipe está trabalhando com um amigo dele aqui por perto. Não sei de onde ele conhece tanta gente! Todo lugar que vamos ele conhece alguém. Ele disse que vai ficar aqui no hotel comigo até meu pai vim. E a gente não sabe quando isso vai acontecer, por isso ele está até trabalhando para os eventuais gastos (como a estadia hotel que é muito cara).

Não desconfio dele como antes. Acho que se ele quisesse me matar ou algo do tipo, ele já tinha feito. Mais ainda não descobri os mistérios dele. Ele ainda é para mim só o FELIPE. Sem sobrenome e sem endereço.

Pedro e eu conversamos muito pelo telefone. Tenho sempre noticias da minha mãe. A qual segundo ele chora sentindo minha falta. Contei para o Pedro sobre as ligações do meu pai, mas não disse que ainda estou com Felipe. Não quero preocupá-lo, pois assim como eu, ele tem muitas duvidas a respeito de Felipe.

De uma semana para cá comecei a notar coisas estranhas em mim. Como por exemplo, o dia do meu enjôo.

-Felipe, eu estou engordando muito. –Falei me olhando no espelho. –Não tenho minha cintura de violão mais. –Fiz biquinho.                                                                                                                                                               -Você esta comendo demais. Esqueceu que ontem você comeu uma pizza sozinha? –Lembrou-me ele. Eu ainda não tinha reparado o enorme pacote de rufles na mão dele. Aquelas batatinhas estavam me convidando. Ele colocou despreocupado, uma batatinha na boca. Minha boca encheu de água. Preciso das batatinhas!                                                                                                                   -Me dá aqui essas batatas! –Falei já tomando da mão dele.

-Ei? Calma. Eu estava comendo... –Ele resmungou.

-Estava! Disse bem. –falei enchendo a mão. Comi desesperada. Como se fossem as ultimas do mundo.

-Vai com calma. –Ele disse. –Está tão estranha.

Assim que comi meu estomago embrulhou, senti uma reviravolta. E resultado: Sai correndo atropelando Felipe. Fui feito doida para o banheiro.   

Passei o dia toda enjoada. Ou melhor, passei a semana toda enjoada. Então por esse motivo e outros resolvi tirar as duvidas. Eu fui à farmácia ontem com Felipe.

-Compra logo ai. –Ele disse me esperando na porta. E espero que ele permaneça lá. Ele não sabe que eu vou comprar um teste de gravidez.

-Espera. –Pedi enquanto pegava meu teste com a moça. E nessa hora o bendito chega.

-VAI COMPRAR TESTE DE GRAVIDEZ?! –Ele disse bem alterado.

-Uhum. –falei sem graça. O povo que estava na farmácia nos olhava.

-Por quê? Está grávida?

-Meu amor, se eu vou comprar o teste é porque eu não sei né?! Se eu soubesse se estou ou não, eu nem comprava. Agora vamos embora. –Falei o puxando.

Ele não disse uma palavra no caminho. Mas quando chegamos ao hotel, já foi logo falando:

-Você tinha me dito que ia comprar remédio para dor de cabeça.

-Me desculpe, mais é que eu não queria, sei lá passar por tudo isso e depois nem está grávida. Entende?

-Jaqueline, seja como for eu sou o pai. Bem eu acho que sou. –Ele disse sínico. Dei um tapa de leve no braço dele.

-Lembra que eu era virgem? –Acusei.

-Está me acusando de desonrá-la?

-Sim. Eu estou. E de ainda por cima me engravidar.

-De primeira em... –Ele falou orgulhoso. Fechei a cara para ele. Ele tossiu sem jeito e caiu na nossa realidade. –Não, não. Você não está! Não pode está. Eu tenho vinte anos. Não posso ser pai.

-Ah descobri sua idade. Pena que foi numa hora dessas. –Falei satisfeita e ao mesmo tempo insatisfeita. –Como não pode ser pai. Eu vou fazer dezoito anos amanhã. Sou ainda mais nova que você! E outra na hora de usar seus soldadinhos você usou né?

-Mas... –Ele tentou contestar.

-Mas nada. Se não quiser assumir, não assuma.

-Você nem sabe se está. –Retrucou ele.

-Felipe, minha menstruação está atrasada dois meses. Eu nunca atrasei tanto tempo.

-Tudo tem sua primeira vez.

-Então me explica os enjôos, e essa barriga. –Levantei minha blusa. –Eu sempre tive cintura!

-É eu me lembro dessa época. –Ele resmungou baixinho.

-Cachorro! Isso é sua culpa! Sua culpa!

-Eu não fiz nada sozinho!

-AI! –Gritei e sai brava para o banheiro.

Quando sai ele estava sentado na cama, bem tenso por sinal. Quase roendo até as unhas dos pés.

-Que isso menino? –Falei assustada ao voltar. Nunca o vi tão tenso.

-E ai? Esta grávida? –Felipe perguntou, como se eu tivesse acabado de sair de um consultório. Só faltou perguntar o sexo do bebê.

-Não fiz o teste.

-Faz lá então.

-Não. Hoje não. Amanhã prometo que junto toda minha coragem e faço.

E assim fui deitar. Custei para dormir. Outra noite de insônia.

(...)

Hoje é o meu aniversario. Eu agora estou deitada olhando para o teto, pensando. Felipe ainda dorme. Bem, eu prometi que hoje faria o teste. Estou tentando reunir forças para levantar dessa cama, e ir fazer o teste. Confesso que estou bem confusa. Mas não posso mais adiar isso, não mesmo. Levantei e fui fazer o teste. Coração acelerado, corpo tremulo e certo frio na barriga.

Geralmente quando se faz 18 anos você se torna “dono do seu nariz”. Com isso as responsabilidades aumentam é claro. Eu estou fazendo 18 anos, sou dona do meu nariz! E agora tenho responsabilidade em dobro. Estou grávida! Ou seja, a partir de hoje eu mando em dois narizes, no meu e no do meu filhinho ou filhinha. Belo dia para se receber a noticia de uma gravidez!

Sentei no chão e fiquei analisando minha vida. Tentei não chorar. Mas eu ainda não tinha forças, para imaginar que eu estava carregando um ser dentro de mim. Eu não era e nem estava preparada para aquilo. Na minha mente logo veio um bebê chorão. E eu feito doida amamentando, trocando fralda.

Imaginem quantos milhões de fralda eu vou trocar? Não, não. Não quero imaginar.

-Jaqueline, está passando mal? –Felipe disse me avaliando. Eu estava no chão, e imagino que minha cara devia estar péssima.

-Estou bem. –Me levantei. Não vou contar agora! Não estou preparada!

Enquanto ele saiu me arrumei e sai. Fui andar um pouco. Nesses meses que estamos aqui eu aprendi a andar um pouco aqui. Pensei muito na minha vida. E resolvi encarar as coisas como mãe. Parece estranho, mais é mãe que eu vou ser.

-Onde estava? –Felipe me perguntou assim que entrei.

-Estive pensando em como te dizer que...

-QUE ESTÁ GRAVIDA? –Ele completou.

-Obrigada por completar. Eu pensei em mil e uma maneiras, mas não achei.

-Não há de que. –Ele falou seco. E saiu do quarto. Fui atrás dele. Eu tinha até medo do que ele ia fazer. É uma noticia forte.

Ele foi para os fundos do hotel. E Chutou a lata de lixo, chutou um latão que estava lá e só não chutou a porta do carro, porque o carro não estava lá. Sorte que não estava!

-Acabou o show? –Falei encostada no muro.

-Acho que sim.

-Você não é obrigado a nada. Eu sei me virar sozinha. Não precisa nem ver o bebê se não quiser. –Falei me virando para sair.

-Ei espera! –Ele me puxou. –Eu não disse nada.

-Não disse mesmo não. Mas esses chutes. –Acusei.

-Eu não esperava, é só isso. E acho que não estava preparado.

-Nem eu. Mais eu estou encarando de frente. E olha, quem vai ficar gorda, feia e sem dormir por muito tempo, vai ser eu.

-Você é linda de qualquer jeito. –Ele disse meloso. Depois foi até mim, e me deu um abraço. E logo em seguida acariciou minha barriga.

Não conseguir conter as lágrimas, por mais confuso que fosse era uma cena bonita. Ele me abraçando e ambos envolvendo meu filho. Imaginei por um momento nós três brincando, rindo. Acho que seriamos sempre dois crianções olhando um bebê.

-Amor, a notícia veio em um dia muito especial. –Ele me encarou meigo, nem parecia o mesmo homem que chutou a lata de lixo.

-Ae? Dia especial?

-Você esta completando dezoito anos. –Ele disse me dando um beijo estralado no rosto. Ele se lembrou do meu aniversário! Que fofo!

-Ain, eu te amo tanto! –Acho que eu estou emotiva demais hoje. Não consegui conter o choro mais uma vez. Lá estava eu chorando feito uma criança.

-Vamos entrar. –Ele disse segurando minha mão e apoiando minhas costas como se eu fosse uma bonequinha de vidro. Dei uma risada abafada, ele me olhou querendo saber o motivo, mas não insistiu depois de ver que eu não ia contar. Será que ele me trataria assim a partir de hoje? –Nós precisamos ir ao medico.

-Medico? Já?

-Claro, precisamos ver como anda nossa filhinha. –Ele disse enquanto andávamos no corredor do nosso quarto.

-Filhinha? E se for um menino?

-Ou o nosso garotão! –Eu ri do modo que ele fala do meu bebezinho. Eu só conseguia imaginar meu filho pequenininho no meu colo. Entramos para o quarto, deitei na cama, e Felipe ficou me encarando.

-O que foi?

-Você fica ainda mais linda grávida. –Como ele pode achar isso? Ele soube há instantes, e eu estou normal. Quero ver quando eu estiver gorda, e inchada. –De quantos meses você está?

-Não sei bem, mas pelas minhas contas, uns dois meses.

-Posso ver de novo sua barriga? –Ele riu meio sem graça.

-Claro. –Levantei minha blusa e deixei que ele acariciasse meu ventre. Eu já não tinha mais a cintura fina, mas minha barriga não estava com muito volume. Fechei os olhos e comecei a imaginar, como ia ser minha vida a partir de hoje. Por muito tempo eu sonhei em fazer dezoito anos para sair mais, me divertir mais. Mas agora penso que no mesmo tempo que minha liberdade começou ela também terminou.

Senti a mão de Felipe no meu pescoço, e logo em seguida ele começou a acariciar meus cabelos. Como que para me fazer dormir. E o sono era mesmo inevitável, ele sabia que mexer com meus cabelos era meu ponto fraco, e logo eu estaria dormindo. Com o peso do sono fechei os olhos, fiz força para não dormir. Mas acho que já era tarde demais.

Eu estava deitada num jardim, rodeado de flores. Não vestia minhas roupas habituais e sim roupas claras.

Eu estava realmente feliz. Tinha alguém ao meu lado, segurando firme minhas mãos e murmurando em meu ouvindo dizendo que me amava, e quando finalmente nos beijaríamos... Um bebê chorou ao meu lado. Virei-me rápido e o peguei. Ele procurava meu seio, estava faminto. O amamentei e o levantei de frente para mim e o homem que estava ao meu lado. O qual começou a sorri, uma risada divertida. O homem que estava ao meu lado pegou o bebê dos meus braços, e começou a brincar com ele. Ambos tinham o cabelo meio caído de lado, como de índios, a pele morena e os lábios bem vermelhos. Eu não tinha duvida, o tal homem era o pai do bebê. E seria eu a mãe? Claro que sim! Pois as bochechas do bebê eram de um tom vermelho e com covinhas como as minhas, e seus olhos eram castanhos como os meus, seu nariz tinha o mesmo formato que o meu. Fiquei admirando o lindo bebê, eu queria saber seu nome logo. Mas para quem eu perguntaria se eu era a mãe?

O pai talvez soubesse. Virei-me para o tal homem e o perguntei meiga:

-Como chama o nosso bebê?

-Ainda não escolhemos o nome, amor. –Ele respondeu. Eu abri os olhos confusa. Oh céus eu perguntei de verdade. Achei que tinha falado só no sonho e lá estava eu sonhando e conversando.

-Eu perguntei isso alto?

-Aram. –Ele riu. –Estava cochilando. E pelo visto foi bom o sonho, né? Estava rindo.

-Foi lindo. Acho que estou pensando demais no nosso filho, mal cochilei e já sonhei com ele.

-E como foi o sonho? –Ele perguntou interessado, deitando ao meu lado e segurando minhas mãos.

-Foi estranho. Eu já sonhei com algo parecido antes de te conhecer, só não tinha a parte do bebe. Foi como se o sonho se repetisse sabe? Eu já sonhei que estava no mesmo jardim com o mesmo homem, e quando ele me beijaria acho que acordei. Dessa vez o sonho continuou, só que quando ele foi me beijar o bebê chorou.

Felipe riu.

-Esse homem dos dois sonhos sou eu né?

-Acho que sim. Ele era pai do meu filho no sonho, e dizia que me amava. Você se encaixa nesses aspectos, né?

-Com certeza. –Ele riu e eu o acompanhei.

-Nosso bebê era lindo. Só fiquei triste de não ter tido a resposta do nome.

-Você acordou na hora que perguntou o nome dele. Quer que eu escolha um nome?

-Você tem algum em mente?

-Muitos. –Ele riu.

-É meio cedo para escolher o nome. Nem sabemos o sexo. Mas já que tudo na nossa vida é precoce, vamos escolher! –Falei o abraçando. Encostei minha cabeça no seu peito e esperei que ele falasse algum nome.

-Humm... Que tal Marcelo? –Sugeriu ele.

-E se for menina? –Lembrei.

-Vamos olhar de menino primeiro, depois de menina. Você sonhou com um menino, não foi?

-Foi.

-Então vamos olhar de menino primeiro. –Ele passou a mão na minha bochecha. –Lucas?

-Lucas, não!

-Por quê?

-Porque eu namorei um Lucas e tomei raiva dele.

-Mas o que, que tem?

-Ah amor, toda vez que eu falar Lucas eu vou lembrar né?

-Tá bom.

-Que tal Rafael? –Eu sugeri. –Amo esse nome.

-Meu irmão chama Rafael.

-Ah que legal! Você tem um irmão que chama Rafael. Mais uma coisa que descubro de você.

-Boba! –Ele riu.

-Vinicius? –Falei.

-Não.

-Arthur? –Falei.

-Não. Que tal Julio?

-Não. Minha irmã é Julia!

-Ah. Uma homenagem pro seu pai. Tadeu? –Ele falou distraído. Levantei-me da cama.

-Como sabe que meu pai se chama Tadeu? -O encarei. Ele ia ter que me explicar.


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Notas finais do capítulo

Oi gente. E ai o que acharam?
Espero que tenham gostado! Ficou meloso demais? (perdoem é que noticia de gravidez, é meio melado né)
Sugestões são bem vindas.
Obrigada a todos vocês que lêem e comentam. Ficou muito feliz com a opinião de vocês. Bjim...



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