Quimera escrita por Reky


Capítulo 2
Frases Feitas


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Tudo bom com vocês?

Muitíssimo obrigada pelas reviews do capítulo passado! Eu amei! *-* Continuem comentando assim, okay? Haha.

De qualquer forma, para escrever este capítulo, eu tive que pesquisar um pouco sobre o período de férias escolares de verão de Hogwarts. Considerando que os alunos entram em recesso lá pelo dia 15 de junho e retornam às aulas dia 01 de setembro, eles têm cerca de NOVE semanas de FÉRIAS (folgados, eu sei). Portanto, o capítulo passado e uma boa parte deste capítulo acontecem lá pelas três primeiras semanas de férias, certo?

Isso foi só para esclarecer (;

Beijos e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/103878/chapter/2

Scorpius Malfoy continuava me prensando contra a maldita árvore. Sem contar que meus pulsos já deveriam estar roxos e sem circulação a essa altura do campeonato. Mas eu não fraquejaria na frente dele. Especialmente na frente dele, que tanto já viu minhas fraquezas e defeitos. Eu não daria a ele a oportunidade de ver Rose Weasley voltar a chorar como se ainda fosse aquela garotinha ingênua e fraca de onze anos.

Desde meus treze anos, eu era uma nova Rose. Uma Rose muito melhor do que a antiga e que não precisava de ninguém para verdadeiramente ser alguém.

Eu era uma pessoa melhor sem aquele maldito Malfoy na minha vida.

E eu tenho certeza de que ele era uma pessoa pior sem me ter por perto. Afinal, não havia mais a pequena Rose para controlar seu temperamento inconstante sempre. Antes, ele nunca teria me machucado como me estava me machucando naquele momento — ele nunca encostaria um dedo sequer em mim.

Acho que é por isso que fiquei confiante demais ao dar aquele tapa na cara dele. Achei que ele não se voltaria contra mim. Mas ali estava ele, apertando-me, fuzilando-me com aquele olhar que, antes, só desferia para os outros.

Teria o feitiço se voltado contra o feiticeiro?

Eu sempre odiei essas frases feitas.

Percebi um movimento e vi que Scorpius tinha aproximado seu rosto do meu, seu nariz há apenas poucos centímetros do meu. Pisquei. Mas que diabos...?!

— O que você pensa que está fazendo, Malfoy?

Ele se distanciou, parecendo refletir sobre o que eu havia acabado de falar. Não demonstrou nenhuma alteração em seu semblante, apenas aquela indiferença já comum. No entanto, durante aquele segundo de silêncio, ele não tirou seus olhos de mim uma vez sequer.

E ele também não havia percebido que a tal de Line tinha fugido.

— Sinceramente? Eu estava pensando que você até que tem uns olhos bonitos, Rose. — Um pequeno sorriso surgiu bem no canto de seus lábios e, então, ele afrouxou um pouco o aperto em meus pulsos. Mas não se afastou. — Eles são azuis demais.

Certo. Aquele sorriso me assustou. Era o típico sorriso que ele costumava me dar quando ainda éramos unidos. Quando estávamos unidos e Albus não estava por perto, quero dizer. Era o tipo de sorriso que ele me lançava para agradecer por tê-lo impedido de fazer qualquer besteira que ele costumava fazer. O que eu costumava chamar de sorriso de calma — porque era eu quem o acalmava, mas quem mais se sentia calma, depois daquele sorriso, era eu.

Por que será que ele sorriu para mim assim, depois de tanto tempo?

Mas acho que não foi intencional, porque, logo depois, Scorpius empalideceu. Balançou a cabeça e tornou a apertar meus pulsos, novamente irritado. Desta vez, no entanto, eu não poderia dizer se realmente era por minha culpa.

— Esqueça isso. – Ele murmurou, acusatoriamente, mas quase desejando que eu esquecesse de verdade. — Você me bateu.

Pisquei com a notória mudança de assunto.

Assenti.

— Sim, eu te bati.

Ele bufou, grunhindo levemente. Tive que segurar uma risada. Apesar da gravidade da situação, aquele gesto foi muito engraçado.

— A pergunta é: por quê?

Franzi o cenho. Ora, como ele ousava?!

— Como assim, por quê? Você estava praticamente abusando daquela tal de Line em pleno parque público! Eu tinha que fazer alguma coisa!

— O QUÊ?! — Scorpius berrou, espantado demais com o que eu havia acabado de dizer. — Quem você disse que eu estava praticamente abusando?!

Além de tarado, agora é esquecido também, é?

— Aquela tal de Line, é claro! Você sabe, a morena de olhos violetas que fugiu...

A vez dele de franzir o cenho, parecendo ligeiramente preocupado.

— Como assim, fugiu?

— Bom, depois que você me atacou, eu diria que, se eu fosse ela, também teria fugido.

Então, Scorpius me soltou com tamanha velocidade que eu poderia facilmente estar fervendo e ser uma xícara de café que não varia a mínima diferença. A não ser que eu não quebrei quando caí no chão por causa do susto. Ser liberada das mãos de Scorpius tinha a mesma sensação do que um prisioneiro que havia acabado de ser solto de seus grilhões. Massageei o local levemente enquanto observava o louro perambular próximo a mim, as mãos nos cabelos, extremamente nervoso.

— Meu Merlin, meu Merlin... Onde ela está? — Ele virou-se para mim, desesperado. — Pelos céus, Weasley, você sabe para onde Neline foi?!

— Uhm... – Pensei por um instante. Bom, eu vi que ela havia fugido. Agora, eu estava tão ocupada pensando que estava ferrada naquele momento e que minha única salvação simplesmente desaparecera que eu acho que, acidentalmente, acabei esquecendo a parte direção. — Não faço a mínima ideia.

Malfoy bufou, seus cabelos mais bagunçados do que eu jamais vira.

— Grande ajuda, a sua.

— De nada. — Respondi, revirando os olhos. Cara chato.

Permanecemos em silêncio por uns dois minutos, até ouvirmos o estranho barulho de um galho se quebrando em algum lugar próximo de onde estávamos. Viramo-nos naquela direção e, então, eu consegui reconhecer três vultos se aproximando. Um vinha na frente e era decididamente menor do que os outros dois. Tinha cabelos negros e olhos violetas.

Assim que Scorpius viu Neline, correu para abraçá-la. No mesmo instante, os outros dois vultos se adiantaram para um lugar onde eu pudesse vê-los. Meus olhos se arregalaram.

Ali estavam Albus e James.

Mas quê...?!

— Rose! Onde você estava, sua idiota? Te procuramos por todo canto do parque e você está justamente na parte mais isolada dele! Qual é o seu problema?! – Exclamou James, se aproximando de mim com um dedo em riste e o rosto vermelho de raiva.

Meu problema, caro James, é você.

E não pense que esqueci que tenho que te matar quando chegar em casa.

Enquanto James continuava me dando uma pseudo-bronca, percebi que Albus observava a cena que se desenrolava à nossa frente — Scorpius segurando Neline delicadamente pelos ombros, dizendo que ela não podia se afastar dele daquele jeito, que ela não conhecia a área...

— Mas, Corpie! Eu já te disse. Quando eu fui buscar ajuda, acabei esbarrando nos dois que, por acaso, são primos de Rose! — Ela exclamava, com um sotaque francês. A voz dela era delicada, lembrava-me a de uma criança. — Não aconteceu nada!

— Mas poderia ter acontecido, e você sabe disso! — Gritou Scorpius, ainda nervoso, chacoalhando Neline levemente. — Enquanto nós estivermos aqui, eu sou seu responsável, esqueceu? Imagine se algo acontece a você!

Albus interveio.

— Scorpius, acalme-se. Está tudo bem agora, não está? No meu caminho para cá, eu acabei encontrando Line e pronto. Nada demais aconteceu.

Uma pequena luz se acendeu na minha cabeça. Então, o compromisso que Albus tinha para esses lados era se encontrar com Scorpius essa Neline? E, pelo jeito, parece que meu primo a conhece... Mas, afinal, quem é essa garota?

Encontrei os olhos violetas dela por acidente logo em seguida. Ela me lançou um pequeno sorriso tímido e Albus deve ter percebido o clima desconfortável que havia entre nós duas, pois logo em seguida disse:

— Rose, esta é a prima de Scorpius, Neline Smith. Ela acabou de se mudar para cá da França com os pais e vai começar a cursar o quinto ano em Hogwarts. Ela não está muito acostumada a usar o inglês sempre, Rose, por isso, eu peço um pouco de paciência. — Ele se virou para Neline. — Nel, esta é Rose Weasley, minha prima.

Neline sorriu, parecendo mais confortável e se aproximando de mim.

— Scorpius e Albus me contaram muito sobre você. — Ela sorriu, piscando um de seus olhos. Percebi que Scorpius se mexeu desconfortavelmente atrás dela. — Você sabe, quando eles foram passar um tempo comigo na França, ano passado.

Oh, agora eu me lembrava. A repentina viagem de Albus. Aquela que meus tios quase o mataram por ter avisado somente um dia antes que ia passar um tempo das férias na casa de parentes dos Malfoy. Aquela que Albus me disse que tinha... Ficado com a prima de Scorpius.

Oh, meu Deus.

Essa era a garota por quem meu primo tinha praticamente enlouquecido por uns dois meses ano passado! O motivo para todos aqueles suspiros, os olhares perdidos... Era por isso que ele não conseguia parar de olhar para ela enquanto Scorpius conversava com ela!

Que mundo pequeno.

E eu já disse que odeio essas frases feitas?

— Bom – James riu, parecendo um pouco nervoso e coçando o pescoço com suas unhas curtas. — Rose, acho que estamos sobrando aqui. Afinal, o compromisso era entre esses três, não era? — Ele acenou com a cabeça na direção de Scorpius, Neline e Albus, lançando um olhar ameaçador para Scorpius nesse percurso. Apesar de ser um idiota, James sabe muito bem em quem ele deve confiar ou não. — Vamos para casa?

— Oh, não! – Exclamou Neline. Ela se aproximou e me segurou por um braço, seus olhos pareciam brilhar. Novamente, Scorpius se mexeu detrás de Neline. — Se quiserem ficar, podem ficar! Será até melhor, pois então eu poderei ter oportunidade de conhecê-la melhor, Rose!

Fingi pensar por um segundo, mas minha decisão já estava tomada.

— Acho melhor não, Neline... — Dei um fraco sorriso, como parte da interpretação. — Quem sabe outro dia. Por hoje, eu realmente preciso voltar para casa.

— É. — Concordou James e eu sabia que dali boa coisa não vinha. — Ela tem que estudar mais hoje, como ela já fez durante as três primeiras semanas de férias.

Revirei os olhos. Infantil.

— De qualquer jeito, nós podemos nos ver outro dia. Se quiser falar comigo, é só pedir as informações para Albus. — Vi Albus claramente corar ao perceber quais eram minhas intenções.

Minutos depois, James e eu nos despedimos dos três.

Não sei dizer qual das duas foi pior: a ida ou a volta do parque. Na ida, vocês sabem, eu estava furiosa com James e acabou acontecendo o incidente da pedra com Malfoy. Na volta, eu estava furiosa com James, mas não havia pedra alguma no caminho para que eu pudesse fazê-lo engolir todas as besteiras que ele falava.

O resto das férias passaram normalmente. Continuei minha rotina de estudos, mas, depois de muita insistência, decidi ter uma vida social mais aberta. Joguei um pouco de Quadribol com meu irmão — que quer entrar no time da Grifinória como goleiro neste ano — e meus primos, ajudei Lily e Albus a terminarem suas tarefas e passei um tempo com meus avós.

Ah, sim. Depois do incidente com Scorpius Malfoy, continuei a ignorar ainda mais as tentativas de investida contra minha dignidade de James. Em outras palavras: dei um gelo absoluto nele.

No entanto, sempre é necessário retornar às aulas.

Depois de nove semanas vivendo no meu próprio ócio, as aulas estavam para começar. Naquela manhã de primeiro de setembro, lembro-me de ter pulado cedo de minha confortável cama e ter ido conferir se tudo o que eu precisava estava no meu malão. Eram nove horas quando minha mãe colocou a cabeça para dentro de meu quarto e, ainda com uma expressão cansada, perguntou se já estava tudo pronto.

Àquela altura, eu já havia tomado um banho relaxante, estava vestida com minhas vestes negras e penteando meus cabelos enquanto observava minha estante lotada de livros grossos e antigos, que eu já lera e relera diversas vezes.

— Sim, tudo certo. — Respondi e fui guardar a escova de cabelos no malão.

Mamãe se apoiou no batente da porta, cruzando os braços e perscrutando meu quarto com o olhar.

— Quem diria, huh? – Ela perguntou, mais para si mesma do que para mim. — Sexto ano...

Assenti com a cabeça.

— Sim, eu realmente estou no sexto ano, mamãe. — Pausei por um instante ao perceber que ela continuava observando meu quarto, parecendo não ter me ouvido. — Não me diga que esse é um daqueles momentos “revivendo o passado” que você e o papai sempre têm.

Ela corou. Sempre que minha mãe corava, as maçãs de sua bochecha ficavam ligeiramente vermelhas — o que eu considerava algo muito raro, já que a maioria das pessoas da minha família, sempre que coram, ficam com a cabeça inteira vermelha.

Ainda bem que eu puxei os genes maternos da família nesse aspecto.

— Sim, querida. Você tem razão. — Ela suspirou, dando um pequeno sorriso. — Afinal, quem vive de passado é museu, certo?

Argh. Frases feitas, não!

Reprimi um arrepio de desgosto e lancei o sorriso mais falso que já dera em minha vida para minha mãe. Acho que ela não percebeu, pois apenas me mandou um beijinho e foi acordar Hugo. Ao contrário de mim, meu irmão precisa ser acordado aos berros e pontapés.

Três, dois, um...

— HUGO WEASLEY!

Fui fechar minha porta, enquanto ainda ouvia os berros de minha mãe e as reclamações abafadas de Hugo. Suspirei, quase não acreditando na família louca que eu tinha.

Finalmente, estava sozinha.

Como eu sempre estivera me sentindo nos últimos três anos.

E eu não pude ver mais nada, porque as lágrimas que meus olhos derramavam me levaram para um lugar distante demais para ser apreciado com nitidez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

YEES, terminei o segundo capítulo! HAHA.
Mas e então, vocês gostaram? *-* Comentem, por favor, falando sobre como vocês se sentiram com o que aconteceu aqui!
Por que será que a Rose está chorando?! Uhm... Veremos!
A minha intenção, na verdade, era postar esse capítulo domingo, dia 31/10. No entanto, como terão as eleições, eu não sei como será meu dia e talvez eu vá para um lugar sem internet :/ Portanto, aqui está o capítulo quentinho para vocês! ^^
Comentem!
Beijos,
Reky.