So What escrita por Mahriana


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Sem mais delongas, eu vou me desculpas nas notas finais... Enfim...
~~Apreciem sem moderação~~



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– O fato é que eu estou estranha e eu não faço ideia de como eu acabei nessa situação.

Dr. Paulson, psicólogo da escola, me olhava do outro lado da sala.

Eu simplesmente havia decidido que se eu já tinha falado antes, então eu poderia falar a respeito de tudo o que estava me enlouquecendo, antes que eu realmente enlouquecesse... Se é que eu já não estava completamente pirada.

– Você já falou bastante a respeito de estar se sentindo estranha, então eu acho que podemos discutir o motivo disso. – Ele sugeriu. – Assim que estiver preparada, é claro.

– Eu posso estar ficando louca – enfiei minhas duas mãos entre meus cabelos. – Esse garoto tem uma namorada, ele não tinha quando nos conhecemos, então nós simplesmente transamos.

– Prossiga – O médico mandou quando fiquei em silêncio por tempo demais.

Caminhei pela sala.

– Eu não me importo com a namorada dele e não estou gostando dele se é o que você deve estar pensando – bufei –, é só que... Eu não sei. Nós transamos mesmo sabendo que ele estava namorando.

– Isso...

– Por favor, me deixa terminar – o interrompi. – Eu sou assim – apontei para mim. – Eu provavelmente não deveria estar me culpando por isso, mas eu estou. Por que diabos eu fiquei com ele, apesar de todas as implicações? Ele ofereceu, no entanto eu não recusei.

– Você não deveria se culpar, diversos fatores devem ser colocados em pauta nessa situação.

– Eu não sei, eu acho que a culpa é dele... Pode ser dele, mas eu não consigo deixar de me culpar – suspirei. – Depois que eu fiquei sozinha a minha cabeça deixou de funcionar do jeito normal. – Confessei. – Eu posso fazer o que eu quero, seja ruim ou bom, depende do ponto de vista. Mas as coisas não terminam bem, eu acho que a maioria dos problemas a minha volta é minha culpa e eu nem ao menos sei o porquê. Eu só sei que eu faço isso – Puxei as mangas do meu moletom até os cotovelos e me aproximei dele para que visse.

– Você pratica autoflagelação por se sentir culpada diante de determinadas situações. – Ele não perguntou, parecia somente estar fazendo uma constatação. Isso se provou quando ele anotou algumas coisas no seu bloco de anotações.

– Eu quero parar – confessei com dificuldade. – Mas por que eu deveria fazer isso? Tudo é jogado em mim e há coisas que eu realmente faço. Eu sou uma pessoa má, ou simplesmente de caráter duvidoso. Isso – abracei meu corpo – me castiga e me alivia.

– O que você proporciona é um falso sentimento de alívio por uma culpa infundada. Você possui um sentimento de culpa imprópria, talvez gerado pela perda da sua mãe, há também um distúrbio emocional que devemos lidar com ele.

– Eu sou mais interessante do que os outros alunos que já foram mandados pra você não é?

– Eu não sei se usaria essa definição, mas sim. – Ele concordou.

– Que tipo de coisas eles vêm falar com você? Como eles estão se sentindo culpados por terem cabulado aulas demais, ou talvez como é chato ter sido pego fumando um cigarro na escola e que jamais farão novamente? Talvez eu possa tirá-lo do seu tédio doutor.

– Você e sua irmã são os únicos casos, daqui, que têm problemas reais. Vocês não são somente adolescentes implicando com outros. Fico feliz por poder ajudar. Mas antes que você contra-ataque, eu possuo um consultório fora da escola, então vocês não são meus primeiros pacientes reais.

– Fico feliz, afinal não estou falando com um amador. – Ironizei.

– Por que você acha que a morte da sua mãe é culpa sua? – Ele perguntou enquanto anotava alguma coisa.

– Eu nunca disse isso. – Enfiei a mão dentro da minha mochila e peguei minha carteira de cigarros.

– Infelizmente você não vai poder fazer isso, Sahra.

– Sabe – coloquei os cigarros novamente na mochila –, eu resolvi falar com você novamente, porque pensei que talvez, quer dizer, eu não sei, mas achei que meus problemas seriam resolvidos, mas não estou me sentindo assim.

– Não posso prometer milagres, Sahra. Estamos trabalhando para que a melhora possa ser gradual.

– Eu só quero me livrar dessa coisa ruim que está me afligindo.

– Você pode tentar falar mais. – ele sugeriu.

– Eu não sei por que estou me sentindo assim. Eu não quero isso, só queria que minha vida melhorasse. – Um longo silencio seguiu. – Eu tinha um namorado e acho que foi o único namorado que já tive e... Eu – suspirei – eu o amava. Pelo menos eu acho que amava. Só que ele me machucou muito e eu posso dizer que de várias formas possíveis. Agora eu o vejo voltando pra mim, pelo menos, parece que ele está fazendo isso e eu estou confusa.

Eu estava frustrada. E falar sobre o motivo estava me deixando melhor.

– Por que você se sente confusa?

– Eu não sei. Eu transei com o garoto a fim de esquecer o outro. Ele está funcionando como uma válvula de escape, mas me sinto estranha com ele, é como se... Eu não sei. De alguma forma, ele faz com que eu me sinta como quando estava com o meu... O meu...  O meu ex-namorado. – expirei.

O sinal informando que meu tempo havia terminado soou.

– Espero vê-la amanhã.

Despedi-me e sai da sala. Eu pedira a Mellany que não me esperasse e ela obedeceu. Antes de ir embora, eu tinha que pegar uma coisa no meu armário.

PDV Jason:

Eu já estava de saco cheio, esperar Sahra sair da sala do Dr. Paulson me rendeu uma hora inteira de puro tédio.

Alexia tinha esse treino com as lideres de torcida e hoje eu estava livre, eu poderia ir pra casa, mas eu precisava conversar com alguém e desde que Daniel tinha simplesmente evaporado e Drew estava todo sobre sua nova namorada, só me restava Sahra.

Considerando que não éramos amigos de verdade. Quer dizer, éramos amigos, mas nós transamos. Em geral os amigos não transam, não somos essa idiotice de amigos com benefícios, nós éramos mais como “Jason e Sahra”.

Sim, nós seríamos isso mesmo. Até o fim dos tempos seríamos apenas “Jason e Sahra”.

Estava novamente andando pela escola, quando enfim vi Sahra mexendo no seu armário.

Caminhei vagarosamente até ela, parei ao lado da porta aberta do seu armário. Ela teria um susto com certeza. Ri internamente com isso.

– Sabe na minha última escola um garoto tentou me surpreender, então eu enfiei a cabeça dele dentro do vaso. Depois disso ninguém nunca mais tentou fazer algo do tipo, na verdade eles passaram a me evitar – Sahra falou enquanto passava algumas coisas do armário para a mochila.

Fiquei sem reação.

– O que você é? Algum tipo de experimento do serviço secreto? – Perguntei já não me escondendo mais.

– Talvez eu seja, mas você nunca irá saber – Ela fechou a porta do armário e me olhou.

Seus óculos estavam escorregando por seu nariz, então ela me olhou sobre eles. Uma visão adorável se eu posso dizer.

Chacoalhei a cabeça para afastar esse pensamento.

– Preciso de um conselho – falei.

Sahra olhou por sobre meu ombro, depois olhou por sobre o seu. Dirigiu olhares para todas as partes.

– Você está falando com quem? – Ela perguntou séria, enquanto arrumava seus óculos no lugar.

– Com você – rolei os olhos.

– Certo, mas eu poderia jurar que você me pediu um conselho.

– Foi isso mesmo.

– Jason, eu sou Sahra. Sahra Backers, ninguém deveria pedir conselhos pra mim. Por que eu sou... Eu sou a Sahra. – Ela falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Mas eu estou pedindo conselhos a você, agora cala a boca e me escuta. – Ela deu de ombros e começamos a caminhar pelo corredor. – Alexia tem agido estranho e eu já a pedi em namoro. Antes ela sempre ficava me enchendo sobre marcar encontros e tudo mais, no entanto, agora ela está como se não se importasse e eu...

– Espera – Sahra parou de caminhar e me interrompeu.

– O que foi? – Parei também.

– Você tem noção de que está pedindo conselhos sobre a sua namorada para uma garota que você tem transado, pelas costas dela? Isso não é estranho pra você?

Sahra havia levantado uma questão interessante, mas não achei relevante. Parecia tão natural falar com ela a respeito de tudo e por mais que eu tivesse traído Alexia, no mesmo dia em que eu a pedi em namoro, com Sahra aquilo não parecia estranho.

– Acho que seria estranho se eu estivesse conversando com outra pessoa, mas nós estamos falando de você – dei de ombros. –Além disso, não é como se o que nós fizemos tenha alguma GRANDE importância, não acha?

Sahra olhou para os próprios pés e parecia refletir, franziu a testa e então balançou a cabeça.

– Você é o cara mais sem noção do mundo. – Ela falou rolando os olhos. – Mas tudo bem, continue o seu grande problema.

– Alexia parece estar ocupada demais para tudo. Isso me inclui, como se eu fosse somente um cara e não o seu namorado.

– Você está parecendo a garota da relação – Sahra bufou. – Eu ouvi algumas garotas falando que ela estava ocupada demais ajudando com a organização da festa de Halloween. Você sabe como as garotas ficam quando estão preparando uma grande festa. Também ouvi que a sua namoradinha está preparando algo grandioso e que vai chocar a todos. Deve ser por isso que ela está ocupada, nada demais. Agora eu preciso ir.

– Você não está falando isso só para me acalmar certo?

– O que eu ganharia com isso? Ou melhor, o que eu ganharia falando bem da sua namorada? Se você não percebeu eu não sou a fã número um dela – Ela deu de ombros e voltamos a andar.

– De que garotas você ouviu isso? – Ainda não tinha total convicção.

– Você se surpreenderia sobre o que se pode descobrir no banheiro feminino enquanto lava as mãos, ou lê a parede. É insano. – Ela fingiu estremecer. – Só não entendi por que você veio falar comigo, não somos amigos tão íntimos assim.

– Outros garotos não entenderiam – falei dando de ombros. – Drew está grudado em Laila todo o tempo e Daniel sumiu.

– Como assim sumiu?

– Bom, há alguns dias que eu ligo e ele não me atende, ele só mandou uma mensagem de voz falando que estava visitando um amigo e que voltaria em breve.

– Você não acha isso estranho?

– Sim, eu acho, mas o conhecendo bem, eu sei que não vale a pena me preocupar.

– Jason – ela parou com as mãos erguidas em frente ao corpo. – Eu preciso ir, tenho muitas coisas a fazer, então nos vemos depois certo?

– Ok, você está bem? – Ela parecia estranha.

– Sim, estou ótima.

Ela saiu quase correndo. Eu ainda acredito que não encontrarei alguém mais estranho que Sahra. A garota é totalmente pirada.

– Até mais – gritei para ela.

Sahra podia ter me deixado um pouco mais calmo, mas eu não estava preocupado com Alexia do modo que ela pensava.

Alexia estava estranha e misteriosa e vinha falando sobre uma surpresa para mim. Eu não era o maior amante de surpresas do mundo, então eu resolvi colocar um pé fora disso, só para me precaver.

A garota era louca, talvez resolvesse me pedir em casamento na festa de Halloween, eu fodidamente responderia “não” para ela.

PDV Sahra:

Daniel estar sumido há alguns dias visitando um amigo e Nate ter dado as caras não parece ser o tipo de coincidência que me agradaria.

– Sahra! –Alan me parou.

– O que foi? – Eu não estava exatamente com paciência.

– Convidei Cheryl para a festa de Halloween e ela disse “sim”.

Claro que ela viria, talvez arrastasse Alan para o meio de todo a bagunça.

– Que bom pra você – tentei soar simpática.

– Está tudo bem com você?

– Na verdade não, mas não podemos nos falar no momento – falei enquanto caminhava para longe dele.

Por sorte ele não me seguiu.

Eu precisava de um tempo sozinha para tentar descobrir o que Daniel estava fazendo e se Natanael estava junto dele. Eu ansiava por encontrar Natanael, era um desejo mais forte do que eu conseguia controlar.

Andei até meu carro e encontrei Akim e Adam encostados no capô.

Ótimo! As duas últimas pessoas que eu precisava ver.

– O que vocês estão fazendo aqui?

Olá, pra você também Sahra – Akim revirou os olhos.

– Você costumava ser mais educada, não? – Adam falou.

– Eu também achava isso até agora – Akim respondeu por mim. – Ela está esquecendo toda a educação inglesa.

– O que vocês querem? – Suspirei.

– Visitar você – Adam sorriu. – Eu estava com saudades.

– Vocês poderiam ir até a minha casa sabiam? – Bufei.

– Sua casa? – Akim perguntou. – Então você mora aqui? Você está pensando em mudar o seu modo de falar também? Ficar mais americana.

– Na verdade eu estava pensando em mandar vocês irem à merda.

– O que está acontecendo com você hoje? – Adam perguntou.

– Nada, eu só estou um pouco exausta. Não dormi muito bem na noite passada. – Tirei meus óculos, esfreguei meu rosto e os coloquei novamente. – Eu estava falando sério sobre vocês me encontrarem em casa. Eu só quero me jogar na minha cama.

– Claro – Akim deu de ombros. – Como você vai pra casa?

– Vocês estão sobre o meu carro e eu apreciaria muito se vocês saíssem.

– Eu não acredito nisso! – Adam saltou para longe do carro e o observou. – Você está dirigindo essa porcaria por aí?

– Ei! – Protestei.

– Ter um pai rico e não aproveitar o dinheiro dele. Cara, você é retardada ou algo assim? – Akim estava olhando todos os detalhes do carro. – E por que você comprou um carro? Você não sabe dirigir bem na Inglaterra, aqui você vai bater na próxima esquina.

– Mas é claro que eu sei dirigir – me defendi. – Quer saber, se vocês quiserem me ver que vão até minha casa. Não vou tolerar ser ofendida desse jeito.

Dirigi-me até a porta direita do carro.

 – O que você está fazendo? – Adam perguntou com os olhos arregalados de espanto.

– Indo pra casa – resmunguei.

Assim que abri a porta percebi o erro que cometi. A droga da direção ficava do outro lado. Não era como se eu nunca houvesse dirigido carros americanos na minha vida, eles tinham me deixado nervosa. Dei a volta no carro e fui até o lado do motorista.

– Se vocês me derem licença vou me retirar – abri a porta do carro e a bati com força.

Eu só precisava ter um tempo sozinha para relaxar.

– Saaaaaaahra? – Uma mãozinha chacoalhava em frente ao meu rosto.

Eu havia parado de ver aquilo como uma pena por supostamente ter feito algo errado. Agora eu simplesmente estava gostando de estar aqui, as crianças deixaram de ser “assustadoras” e passaram a ser divertidas.

– O que foi? – Perguntei.

– Você tá viajando total. – Tommy uma das crianças me encarava com o cenho franzido.

– É, eu acho que eu estou viajando total hoje. – Esfreguei meu rosto. – O que você tem para mim?

– Isso – ele me entregou um desenho. – Esse sou eu, o grande e cheio de músculos. – Ele apontou para um dos bonecos desenhados na folha de papel.

– Claro que você é o cheio de músculos, não imaginei sendo outro.

Ele deu um sorriso orgulhoso perante o meu comentário.

– Eu sou um garoto forte.

– Com certeza – concordei – e um verdadeiro artista também.

Tommy me deu as costas e voltou para as outras crianças.

Eu já tinha uma pilha enorme de desenhos feitos com tinta, canetinha, giz de cera e todos os tipos de materiais utilizados para realizar tal tarefa. Seus desenhos eram mágicos, mostravam o mundo de uma perspectiva nova, um mundo bonito, simples e puro.

Queria viver nesse mundo.

– O que vocês acham de organizarmos uma exposição? – De repente a ideia apareceu em minha mente. – Vamos expor todos os seus desenhos e trabalhos artísticos e podemos até fazer um leilão.

Uma das crianças levantou o braço.

– O que é um leilão? – o garotinho perguntou.

– Bom, as pessoas vão oferecer dinheiro pelos desenhos de vocês e quem oferecer mais pode ficar com eles – dei de ombros.

– E o que nós vamos fazer com o dinheiro?  – Rachel perguntou.

Eu estava aprendendo o nome de todos. Era uma tarefa árdua, mas eu estava me saindo bem.

– Nós podemos comprar novos brinquedos, pintar as paredes, reformar, tudo o que o dinheiro permitir.

Eu já estava imaginando uma pilha de brinquedos novos e as paredes com novas cores e desenhos divertidos.

– E quem vai comprar as coisas que a gente fez? – Tommy perguntou.

Aquela era uma pergunta interessante. Quem compraria os desenhos? Não era como se todas as pessoas fossem aparecer e comprariam só para ajudar. Os pais delas não iriam gastar dinheiro com desenhos feitos por crianças. Eu nem conhecia ninguém da alta sociedade.

Mas é claro que eu conhecia!

– Crianças não se preocupem. Vocês terão a maior exposição de artes que o mundo já viu!

Eu só precisava falar Jonh.

Alex Clare - Too Close

PDV Jason:

Certo, eu estava ficando pirado de verdade, mas que se dane.

Bati na porta do quarto da Sahra. Eu sempre ficava apreensivo esperando ela responder.

A porta se abriu e lá estava ela, cabelos presos frouxamente no alto da cabeça, óculos e uma camiseta larga cobrindo o seu corpo. Uma visão sexy como um inferno, principalmente levando em conta que a camiseta que ela vestia era minha e não cobria nem metade das suas coxas.

– Você sempre atende a porta dessa maneira? – Perguntei com um sorriso.

– Não, às vezes eu apareço nua. Você não teve sorte hoje – ele respondeu sarcasticamente.

– Ok, eu posso sair e voltar em cinco minutos, é tempo suficiente?

Sahra rolou os olhos e começou a fechar a porta.

– Espera – coloque a mão na porta, impedindo ela de fechar.

– O que você quer Jason?

– Você está fazendo algo muito importante agora?

– Depende, o que você quer? – Ela cruzou os braços em frente ao peito, isso fez a camiseta subir um pouco mais. Tentei focar minha mente no que eu fui fazer lá.

– Eu estava sem sono e bom, eu pensei em assistir um filme. Você quer assistir comigo?

– De que filme estamos falando? – Ela ergueu uma sobrancelha.

– “O bebê de Rosemary” é bom o suficiente pra você? – Eu esperava que fosse.

Ela ponderou por um minuto e respondeu:

– Você tem sorte de eu ser uma grande apreciadora dos clássicos. – Então me convidou para entrar no quarto.

– Você estava dando uma festa aqui e nem me convidou? – Perguntei observando a bagunça do quarto.

– Claro, claro, mas era uma festa particular comigo mesmo, sinta-se adicionado a ela.

– Não que isso me importe, mas o que você está realmente fazendo? – perguntei.

– Preciso impressionar o John – ela falou pensativa.

– Impressionar o John?                – perguntei surpreso. Afinal ela tinha passado de “ódio” para “preciso impressionar” em pouco tempo.

– Não é o que você está pensando. Eu preciso organizar um leilão com obras de arte das crianças do meu serviço comunitário. Uma forma de incentivar o lado criativo e de nós ganharmos dinheiro pra fazer algumas reformas necessárias no prédio.

– John seria o investidor?

– Bom, eu estou mais tentando fazer com que ele convide seus amigos para o leilão e não que ele compre tudo. Eu conversei com os responsáveis pela creche e eles concordaram com a ideia.

– Bem – afastei os papeis que estavam sobre a sua cama e me joguei nela – minha mãe tem alguns amigos que gostam de ajudar em eventos beneficentes, eu posso falar com ela se você quiser.

– Eu apreciaria muito se você fizesse isso – ela me ofereceu um sorriso sincero. – Agora vamos dar um jeito nessa bagunça e assistir ao filme.

O filme deveria ser assustador, mas Sahra e eu fazíamos comentários a cada minuto e ríamos mais do que seria possível.

– Sabe, ela deveria ter feito algum tipo de acordo pré-nupcial que proibiria o seu marido de fazer pactos com o demônio.  – Ela falou assim que o filme acabou.

Ri mais uma vez.

– Acho que esse é um ponto importante. Seria algo que você colocaria para o seu casamento? – Perguntei.

– Se eu casar algum dia, sim. Rosemary fez com que eu ficasse mais cautelosa em relação a compromissos sérios.

Ela me olhou e ficamos nos encarando por um tempo. Sahra passou a língua em seus lábios e sem perceber estávamos nos inclinando um para o outro. Éramos totalmente antagônicos. Seria impossível sermos um casal algum dia. Minha mão subiu por sua coxa. Ela parecia estar esperando que eu fizesse o próximo movimento, eu não gostava disso, eu esperava que ela me atacasse. Eu não gostava de muitas coisas nela.

Eu não gostava de Sahra e seu jeito grosseiro, mas que sabia ser carinhosa quando queria. Não gostava quando ela umedecia seus lábios, nem como eles ficavam lindos quando ela sorria de forma verdadeira. Não gostava de como os seus olhos brilhavam quando via alguma coisa que a agradava. Não gostava quando passava a mão pelos cabelos seja quando estava nervosa, ou somente para arrumá-los no lugar. Não gostava das suas tatuagens e como elas se moviam junto com o seu corpo. Odiava como seus lábios se moviam junto aos meus e como seu corpo parecia sincronizar os movimentos com o meu quando fazíamos sexo.

Merda! Eu estou me apaixonando por Sahra!

PDV Sahra:

Eu estava esperando que Jason me beijasse, então para minha surpresa ele simplesmente pulou da cama e foi de encontro ao chão. Aquilo com certeza não era o que eu esperava.

– Você está bem?

Arrastei-me até a beirada da cama e o vi esticado no chão com os olhos arregalados, uma expressão de choque e observando o teto. Olhei para o teto a fim de ver o que ele estava olhando, mas não havia nada anormal lá.

– Jason? – Chamei, mas ele não respondeu.

Levantei e fiquei de joelhos ao seu lado, cutuquei seu ombro e não obtive reação. Ele estava começando a me preocupar. Soprei contra a minha mão, tentando sentir meu hálito, porém estava tudo bem, antes dele bater em minha porta eu havia escovado os dentes.

– Jason? – Ele não respondeu de novo.

Aquilo doeria muito mais nele do que em mim, então levantei minha mão e estapeei seu rosto com o máximo de força que consegui colocar.

– AU! MAS QUE PORRA É ESSA? – Ele levantou e segurou a mão em seu rosto. Podia jurar que uma lágrima ameaçava cair do seu olho.

– Até que enfim. – Rolei meus olhos. – Você tem problemas mentais, ou algo do tipo?

– O quê?

– Bom, nós estávamos a ponto de fazer um pouco de diversão com nossos corpos e então você saltou da cama e entrou em estado de choque, pensei que...

– Você está com a minha camiseta – ele me interrompeu e apontou para a camisa. – Eu a quero de volta.

Eu não estava entendendo nada, mas se ele queria a camiseta de volta, então eu devolveria. Rapidamente a puxei para fora do meu corpo e estendi para ele.

– Coloca de volta! Coloca de volta! – Ele gritou e virou o rosto.

– Você está bem? Cara, você quer a sua camiseta ou não? Eu estou confusa aqui. – Eu estava começando a ficar chateada.

– Eu estou namorando a Alexia! – Ele disse de olhos arregalados.

– Eu sei disso, na verdade eu fiquei bem ciente disso quando você veio me pedir conselhos sobre o seu relacionamento hoje mais cedo.

– Sahra, mas que droga! Por que você não coloca essa porcaria de camisa de volta? Você está só de... – ele balançava as mãos em minha direção – Você está somente de lingerie.

– Porque você a pediu e então me mandou colocar de volta, agora você está falando sobre namorar Alexia e volta ao assunto da camiseta. – Ele estava brincando com a minha paciência. – EU. ESTOU. FARTA!

Gritei as últimas palavras. Ele me olhou com os olhos crispados por algum tempo.

– Foda-se! – Ele falou.

Então antes que eu pudesse pensar a respeito de qualquer coisa, ele estava me beijando e me empurrando em direção à cama.

– O que foi aquilo ainda há pouco? – Perguntei.

Estávamos deitados, ele observava o teto e eu estava de bruços com as mãos sob o queixo.

– Eu tive uma crise de identidade, eu acho. Por falar nisso, eu preciso ir, já é tarde e eu realmente preciso ir mais cedo para a aula amanhã – ele falava enquanto vestia as roupas. – Bom, vejo você depois. – Ele parecia nervoso.

– Ei! – Chamei antes que ele saísse do quarto, peguei sua camiseta e joguei em sua direção. – Só para o caso de você ter outra crise de identidade, é melhor você levá-la com você.

– Obrigado. – Podia jurar que ele cheirou a camiseta antes de sair.

Eu não estava com sono, então resolvi continuar o que estava fazendo antes de Jason aparecer. Peguei meu celular e mandei uma mensagem de texto para Sayuri, fazia tempo que não nos falávamos e agora eu precisava muito da sua ajuda. Minutos depois meu celular tocou.

Você precisa ser rápida, a ligação é um absurdo, além disso, você me deixou curiosa mais cedo – ela me saudou.

– “Oi” pra você também – rolei os olhos. – Eu realmente preciso que você faça algo para mim.

Tudo o que você quiser eu consigo, você sabe disso. – Eu quase podia vê-la fingir uma continência.

– Preciso me encontrar com o Natanael.

Menos isso – ela falou. Rolei os olhos. – Você não pode querer se encontrar com ele. Ele é um maluco psicopata, não é qualquer um...

Afastei meu celular da orelha e suspirei, ela ficaria falando sobre isso por um bom tempo.

– Sayuri, Sayuri... –A interrompi. – Eu preciso fazer isso, não é como se eu quisesse, mas eu preciso acabar com isso de uma vez por todas.

Não, o que você precisa é se afastar o máximo que conseguir desse bastardo.

– Mas eu preciso dar um fim nisso – protestei.

Quer saber? Eu estou indo aí.

– O quê?! Não, por favor. O que diabos...

Eu ganhei um ano antes de escolher a faculdade, então eu estou trabalhando no restaurante com os meus pais. Eles com certeza me deixarão ir.

– Eu não acho que seria uma boa ideia se você...

Dane-se! Estou desligando e arrumando minhas malas, espero que você mande o endereço ou eu vou ter que achar sozinha.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ela desligou.

Toda a minha confusão da Inglaterra estava nos Estados Unidos, bom, pelo menos eu poderia me sentir como se estivesse em casa.


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Notas finais do capítulo

Olá? Olha, eu sei que vocês me odeiam. Eu também me odiaria, cara eu sou um pé no saco.
Bem, vou explicar o motivo de demorar tanto e tudo o mais, o fato é que eu estou fazendo faculdade na cidade vizinha a minha, vocês entendem esse negócio de não ter o curso que eu queria nas faculdades daqui e tudo o mais... Então eu passo a semana toda pra lá e volta pra casa nos fins de semana.
Nessa migração pendular (que também é um pé no saco) eu estava sem computador próprio lá. Eu estava usando o note do meu irmão e vocês (quem tem irmão é lógico) devem saber como é um saco usar coisas dos irmãos. Agora, eu tenho meu próprio notebook, por conta do meu sucesso de entrar pra uma universidade (única coisa boa em passar é o fato de ganhar as recompensas depois). Agora vou poder escrever e conciliar os trabalhos de faculdade, leituras da faculdade, leituras lúdicas, diversão e escrever essa estória, porque eu tenho meu próprio computador *dançando e cantando*. Viram como um computador faz toda a diferença?
De toda a forma, demorei todo esse tempo pra poder conseguir isso e bem... Eu consegui e eu realmente quero postar essa fic sem essas pausas irritantes e se tudo der certo eu vou conseguir, porque eu sou uma pessoa persistente.
Aposto que acharam o capítulo chato e ficaram tipo "Porra, Mariana! Tu demora esse tempo todo e posta essa merda?" Aí eu respondo pra vocês meus amores "Calma, pois precisamos desse capítulo para os próximos acontecimentos." *pisca os olhos*
Eu realmente estou me desculpando de forma sincera com vocês e realmente mesmo vou tentar postar semanalmente como fazia no começo, porque tenho planos pra essa estória. Quem gosta dela iria gostas dos planos que eu tenho, mas não é nada concreto AINDA!
De toda a forma, o que vocês acharam? Espero ouvir a opinião de vocês e se no momento em que vocês estiverem lendo o capítulo, os comentários não estiverem respondidos. Bom, desculpem, mas é que tô postando no momento mais tenso do dia, a hora que a internet e disputada aqui em casa KJSFSNLGSFJNGLSJD~~ Mas com certeza vou responder. E só postei aviso aqui porque o nyah ia querer me crucificar depois, então Mellany ( que me mandou MP e que não respondi pq estou vendo agora e não vai dar tempo AGORA)foi por isso. Mais uma vez me desculpem e vou ver vocês mais cedo do que esperam MUHÁHÁHÁHÁ!
Me persigam ~~ @LoydeSilva



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