So What escrita por Mahriana


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Hi! E aí gente? Demorei não é? Foi mal, mas a vida tá corrida! Se divirtam com esse capítulo! Espero que gostem! *-*
Quero desejar um Feliz aniversário pra minha Beta Biand-chan!
~~ Aproveitem sem moderação ~~



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Capítulo 23

PDV Sahra:

Acordei de súbito, olhei ao redor e o quarto estava escuro como breu. Tateei a cama e senti o braço de alguém. Não precisei pensar muito para perceber de que se tratava do Jason e que eu estava no seu quarto, provavelmente eu deveria ter dormido e ele, sem opção, me levou para o seu quarto.

Levantei da cama e sai do quarto com o máximo de cuidado possível para não fazer barulho. Destranquei a porta do meu quarto e me joguei na cama, precisava saber o que Jason queria comigo, ele não se tornaria meu amigo de uma hora para outra sem motivo, com certeza ele estava tramando alguma coisa. Meu histórico de pessoas que já me passaram a perna era grande, então eu realmente tinha que ficar atenta, no entanto, eu sempre pensava nisso, mas não fazia nada a respeito, de algum modo eu teria de mudar. Meus olhos pesaram.


Flash Back:

Se tudo o que eu descobri for verdade, com certeza eu teria que matar ao Natanael.

Com quem eu tinha me metido? Quem ele era?

– Você me chamou mon cher? – Natanael apareceu na porta do meu quarto. Minha espinha gelou.

Depois de todos os avisos e as reclamações do Akim a respeito do dele, eu simplesmente ainda não acreditava no que estava acontecendo, porque o Natanael tinha que fazer isso comigo? Meus olhos arderam, mas controlei a ultima coisa que eu queria era me descontrolar ali e estragar tudo.

– Sahra? – Ele chamou novamente. Natanael estava parado à minha frente com um sorriso.

– Sim? – Eu estava meio aérea.

– Você me chamou não foi?

– Sim, eu liguei pra você...

– Então? – Eu ainda queria que tudo fosse só um terrível sonho. – Sahra você está bem?

– Sim – balancei a cabeça tentando agir normalmente. – Você soube do Adam?

– Fiquei sabendo. Eu sinto muito – ele se lamentou. – Ele era tão jovem, como foi ter um fim desses? Ele não precis...

– Ele não morreu – o interrompi.

– Não? – Ele parecia muito surpreso, rapidamente se recompôs e um sorriso passou a estampar seu rosto. – Isso é uma maravilha, onde ele está?

– Repousando em um hospital.

– Que tal irmos visita-lo?

– Se você sabia por que não me contou? – Seus ombros ficaram tensos, mas rapidamente relaxaram. Sua calma era enervante.

Era incrível como esses pequenos detalhes passavam despercebidos por mim e agora pareciam estar estampados em neon.

– Não quis assustá-la. Recebi a notícia e fiquei em casa, ele é meu amigo e eu precisava estar calmo para vir falar com você, mas acho que quem me deu a notícia se precipitou – ele trazia uma tristeza no olhar. – Soube que ele estava se metendo com as pessoas erradas.

Abri e fechei minha boca algumas vezes, mas não consegui emitir som algum, meu celular começou a tocar, contudo eu continuei a ficar parada sem ter reação alguma.

– Seu celular, não vai atender? – Continuei parada sem me mover. Ele pegou o aparelho que estava sobre a minha cama. – É o Akim, Sahra você está bem? Não me parece nem um pouco bem, você está pálida, quer que eu faça alguma coisa?

Fechei os olhos e dei um longo suspiro. Eu tinha que deixar tudo para trás, cada palavra, cada toque, cada gesto... Tudo uma mentira. Não podia deixar que isso me afetasse, eu só teria que voltar a ser como era antes, cobrir as marcas que ficariam encrustadas em mim e seguir em frente, esquecer e prosseguir. Não ser fraca e não me abalar. Abri os olhos, resoluta a respeito do que eu deveria fazer, talvez não tanto, mas eu queria crer que estava.

– Só fiquei um pouco aérea com toda essa história. Me ligaram avisando que vai ter uma disputa perto do rio Tamisa hoje, precis...

– Você não vai – ele falou rudemente. Levantei uma sobrancelha em sua direção.

– Por quê? – Sua expressão se suavizou e por um instante ficou sem saber o que falar.

– Você não pode correr nesse estado de nervos. É melhor deixar para outro dia.

– Muito pelo contrário, eu preciso fazer isso hoje, preciso me acalmar, ou você quer me encontrar toda machucada pela manhã?

– Por favor, Sahra. Não faça isso comigo, hoje vai ser barra pesada.

– Eu sei, mas você vai estar comigo não é? – Abri um sorriso falso, ele parecia ter acreditado. – Você vai me proteger se acontecer alguma coisa, eu tenho certeza. Então que tal irmos?

– Promete que vai fazer o que eu pedir? – Concordei.

– Você pode me dar licença? Preciso ver o que o Akim quer e pegar minha mochila, pode ir descendo que eu vou em seguida.

– Tudo bem – ele encostou seus lábios nos meus e saiu do quarto.

Peguei meu celular mandei uma mensagem de texto para Akim, me abaixei e enfiei minha mão em baixo da cama. Tirei uma pistola, chequei se estava carregada e travei a arma, dei um longo suspiro e a enfiei na mochila.

– Sahra? – Virei abruptamente dando de cara com Natanael, encostado no batente da porta.

– Eu já estava descendo – falei com a respiração entrecortada.

– Você tem certeza que está bem? – Ele me olhou com os olhos crispados. – Já ligou para o Akim? Não ouvi vocês conversando.

– Não liguei, eu... Ele deve estar com o Adam, o celular estava desligado.

– Ok! Então vamos?

– Claro.

Respirei fundo, duas vezes e saímos do meu quarto. Senti que ao botar os pés para fora daquele quarto, pelo menos naquela noite, significaria muito mais do que qualquer outra vez. Tantas coisas ficariam para trás que era quase impossível pensar nelas sem sentir uma pontada de tristeza. Esperava muito sair ilesa.


Flash Back off~~

Meus olhos se abriram. Olhei o relógio e já estava atrasada. Arrumei-me rapidamente para escola. Desci as escadas correndo e torcendo para que alguém ainda estivesse por lá e me desse uma carona, do contrário eu estaria ferrada. Assim que entrei na sala de jantar encontrei Drew, ele ainda estava comendo.

– Preciso de uma carona.

– Senta aí e espera eu terminar de comer. – Ele falou dando de ombros.

Sentei à mesa e esperei.

– Como foram as coisas com a Laila? – Ele me perguntou sem esconder a ansiedade. Dei um sorriso de lado.

– Não posso garantir que ela está caindo de amores por você, mas eu acho que seria uma boa opção convidá-la para a festa de Halloween.

– Tem certeza? Ela não tem par?

– Sim, tenho certeza e não, ela não tem par. Pode confiar em mim, vai dar tudo certo.

– Ótimo! Então vamos para a escola.

– Já terminou de comer?

– Vamos logo Sahra.

Ele estava animado, esse negócio de cupido era interessante. Entrei no carro e me acomodei no banco, depois do meu sonho/lembrança eu estava acabada. Odiava sonhar, me deixava cansada, contudo, apesar do sonho eu sentia que ficaria doente, uma dor no corpo e uma irritação nos olhos me incomodavam. Fechei os olhos e deixei minha mente vagar.


Flash Back:

Eminem Feat. Rihana - Love The Way You Lie part. II


– Você pode esperar um pouco? – Nate me perguntou.

– Claro. Vou ficar por aqui – dei um sorriso fraco e ele se embrenhou entre as pessoas.

Peguei meu celular na mochila e liguei para Akim. Ele não atendia, eu estava ficando nervosa, colocaram uma mão sobre o meu ombro, virei abruptamente e era o Akim, um suspiro aliviado escapou por meus lábios.

– Onde ele está?

– Não sei, ele me pediu para ficar aqui e espera-lo.

– Já fiz o que combinamos, basta um telefonema e a festa acaba. – Balancei a cabeça concordando. – Você está hesitando.

– É que custa acreditar nisso tudo.

Os gêmeos apareceram, para minha surpresa, ambos estavam com os semblantes sérios, pareciam estar prontos para acabar com quem quer que se metesse nos seus caminhos. Aquilo não poderia significar boa coisa, não mesmo.

– Onde ele está? – Chad perguntou diretamente para mim.

– Eu não sei.

– Ótimo! Charles você procura e se acha-lo pode começar a se divertir sem mim, não vou me importar com isso. – Estremeci com o conceito de “diversão” que eles tinham.

– Vocês não podem fazer isso. Por que não conversamos primeiro? – Eu ainda custava acreditar.

– Sahra, querida – Charles começou a falar – ele se meteu com as pessoas erradas. Ele poderia ter feito qualquer coisa, menos ferrar com a nossa negociação. Não faço ideia de como ele se meteu nessa, mas pode creditar em mim quando digo que vou mata-lo por ter feito com que o meu irmão tenha dormido na cadeia. Aquilo me deu uma dor de cabeça terrível. Nós dois não tínhamos passagem pela polícia, mas o seu namoradinho fez questão de mudar esse status.

– Eles têm razão Sahra – Akim falou.

– Eu vou ajudar a procura-lo e ligar pra vocês quando o achar. – Sai de lá e fui à procura dele.

Eu não faria o que tinha dito. Eu não entregaria o Natanael, não sem antes escuta-lo admitir que tinha vendido drogas para o Adam e tentado mata-lo, além de atacar os gêmeos. Ele não seria capaz de fazer isso, ninguém muda desse jeito de uma hora para outra. Andei a esmo entre as pessoas, olhando para todos os lugares a fim de encontra-lo.


Flash Back off~~

– Sahra? Hey! Chegamos – Drew balançava meu ombro. Pisquei os olhos algumas vezes.

– Claro. Vamos entrar? – Sai do carro sendo seguida por ele.

– Você está bem? – Ele parecia preocupado.

– Sim, não se preocupe, só estou com sono.

Saímos do estacionamento e fomos em direção ao prédio da escola. As aulas passaram anormalmente monótonas, era quase como se quisessem que eu dormisse ou não prestasse atenção em nada. Sentei no meu lugar habitual na aula de Literatura e Nick sentou ao meu lado.

– Olá! – Acenei de volta. – Sem vontade para conversar hoje? – Novamente acenei com a cabeça. – Ótimo! Hoje será um monólogo. Eu estou muito bem, obrigado por perguntar.

Meu rosto se enrugou ao lembrar de que Burnier sempre fazia isso quando não fazia a costumeira pergunta: “Como você está?”. Bati minha cabeça no tampo da mesa, gemendo com uma dorzinha irritante e deixei minha testa encostada lá.


Flash Back:

Andei em direção a alguns carros estacionados em uma parte onde não havia pessoas, vi o Bugatti Veyron de Natanael. Aproximei-me mais e escutei a voz alterada de alguém, então passei a caminhar de forma mais cautelosa. Encostei-me a um dos carros e observei o que se passava. Natanael estava ali bem em frente a outro cara. Eles conversavam e algumas outras pessoas também se faziam presente, no entanto a conversa girava em torno dos dois.

– Empecilho. – O outro falou. – Não podemos ficar nos arriscando desse jeito.

– Eu sei disso, mas o que eu devo fazer? – Natanael parecia cansado.

– A solução é tão simples – ele cantarolou. – Você era mais prático, a propósito, fiquei sabendo que o seu amiguinho ainda está vivo. O que é uma pena.

– As coisas acabaram dando errado para ele – Natanael respondeu dando de ombros.

– Por um minuto pensei que a culpa disso foi sua.

– Eu não faria isso com você.

– Eu não sei Natanael, você hesita tanto quando assunto é aquela garota que estou achando que vo...

– Eu não hesito, só quero evitar mais um trabalho.

– Como você é preguiçoso, sempre tentando evitar trabalho. – Ele suspirou. – Mas de todo o modo deveria ter se livrado dela há muito tempo. O que o prende?

– Ele é gostosa e boa de cama, além do mais eu posso tê-la quando quiser e ela é só minha não a divido com ninguém, é meu parque de diversões particular – um sorriso malicioso estampava sua face. Eu provavelmente estava mais branca que papel.

– Isso parece ser interessante, talvez eu deva conseguir um brinquedo desses – o homem falou pensativo. – No mais você deve terminar com ela, mata-la... Fazer alguma coisa a respeito. Ela se intromete nos negócios e é amiga daqueles gêmeos, os Gibson.

– Vou terminar com ela e de...

– Não. – O homem o interrompeu, enquanto olhava as unhas. – Ela não me agrada nenhum pouco – ele disse pensativo. – Mate-a, como eu já disse, ela é um empecilho. – Meus olhos se arregalaram.

– Tem certeza? Sahra não incomodaria se eu terminasse com ela, é uma garota bem idiota. Ela aceita as coisas de maneira fácil. Além de tudo, é mais fácil conseguir clientes com ela por perto. Ela é simpática com as pessoas – ele coçava o queixo distraidamente – depois eu vou até elas e ofereço os nossos serviços.

– Sim, acho que ela vai me causar problemas. Ela fez o Adam parar de comprar conosco, pode muito bem fazer outra pessoa desistir.

– Tudo bem, vou dar um jeito de silencia-la – Natanael falou com uma calma doentia.

Arfei e dei um passo para trás, minhas pernas estavam bambas, tropecei nos próprios pés e cai, atraindo os olhares de todos. Natanael me encarava com uma sobrancelha erguida, entretanto, não parecia nada surpreso.

– Olha só quem veio até nós – O cara me olhava com um sorriso enorme de excitação.

– Acho que o meu trabalho foi poupado – Nate inclinou a cabeça para o lado.


Flash Back off~~

– Da próxima vez eu não vou colocar seu nome no trabalho se você não ajudar – levantei minha cabeça do tampo da mesa e encarei Nick.

– O quê? – Eu não fazia ideia do que ele estava falando.

– O professor passou um trabalho sobre o texto que ele explicou, em dupla, mas você estava tão distraída que não quis perturba-la. Longe de mim fazer isso não é? – Ele foi sarcástico.

– Desculpe-me. – Esfreguei o rosto com as mãos. – Estou muito distraída hoje, o que é uma merda.

– Às vezes fico viajando também – ele se recostou na cadeira e olhou para o nada. – Nem sempre a nossa mente é povoada com bons pensamentos.

– Eu sei disso... – comentei olhando para o vazio também. – Queria poder desligar minha mente e evitar que certas lembranças me assombrassem.

– É impossível fugir do passado Sahra – Nick me olhou com um sorriso de canto. – O melhor a se fazer é confrontá-lo.

Levantei minhas sobrancelhas em sua direção, um tanto surpresa pelo que havia me dito. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, o sinal tocou e Nicholas saiu sem se despedir. Sai da sala logo em seguida.

Iria para o refeitório, mas antes daria uma passada no banheiro, precisava sentar em um lugar sem perturbação por apenas alguns segundos, pelo menos até que a minha dor de cabeça passasse.

Entrei no cubículo do banheiro, baixei a tampa do vaso sanitário e fiquei ali. Meu corpo estava dolorido, meus olhos ardiam novamente, as lentes de contato me incomodavam e minha cabeça insistia em doer. Uma terrível gripe estava a caminho e eu odiava ficar gripada. Coloquei minha mochila em meu colo peguei a caixinha onde guardava as lentes, retirei-as. Depois procurei por algum remédio, estava no meio da busca quando escutei alguém entrando no banheiro, parei de remexer na bolsa quando começaram a conversar.

– Eu sei que ele vai me chamar... Quem não chamaria? – Reconheci a voz de Mellany. Fiquei mais tranquila por saber que era ela quem estava lá, mas decidi ficar no mesmo lugar, pelo menos até que ela fosse embora.

– Não é o que estão falando – cantarolou outra garota.

– E o que é que estão falando? – Mellany parecia estar com raiva.

– Nem mesmo Alexia é a primeira opção, ela está possessa por conta disso – a outra garota falava com um tom provocativo. – Apesar de ela ter o gostoso do Jason com ela!

– Você poderia parar de enrolar e falar quem é a “primeira opção”.

– Sahra. – Meus olhos se arregalaram.

– Que Sahra? – Mellany parecia não acreditar na possibilidade de eu ser a mais cotada, para ser sincera, eu também não acreditava e esperava que existisse outra garota chamada Sahra.

– A sua irmã, ela é a mais cotada, todos os garotos da escola estão tentando sair com ela. Dentro do time de futebol eles estão apostando sobre quem vai leva-la.

Aquilo não era nada bom, significava que eu teria que fugir mais vezes. Eu ainda esperava o momento em que a garota falaria que tudo não passava de uma brincadeira e que Mellany poderia ficar tranquila.

– Ela nem ao mesmo é uma líder de torcida, além disso, ela fala palavrões e não se arruma direito – eu escutava, conformada, Mellany acabando comigo. Pelo menos ela estava sendo sincera.

– Acho que os garotos gostam dela por ela ser assim, meio bruta. E você tem que concordar que ela até que consegue deixar o cabelo bacana e a maquiagem aceitável... Bom. Pelo menos algumas vezes.

– Argh! O que ela tem que eu não tenho? Preferem alguém bruta? Você só pode estar brincando.

– Vai entender os garotos. Você engordou? – quando a garota fez essa pergunta, entreabri a porta e olhei as duas, tinha uma visão limitada, mas pude ver o sorriso provocativo da garota em direção a Mellany.

– Engordei? – Mellany estava com os olhos arregalados enquanto encarava seu reflexo no espelho.

–Não sei, seu rosto parece mais redondo. Talvez seja por isso que os garotos estão preferindo a Sahra – deu de ombros.

Tive vontade de sair e bater a cabeça da garota na pia, mas me contive, se eu fizesse isso, provavelmente o diretor me expulsaria. Mellany era magérrima, no entanto, eu não era gorda, mas também não era magra. Tinha um corpo normal, sem gorduras acumuladas, apesar de não me importar com isso.

– Você poderia me dar licença?

Mellany saiu do banheiro com uma expressão transtornada, fechei a porta novamente e escutei outra pessoa saindo do banheiro, essa seria a minha deixa para ir embora, contudo escutei outra pessoa entrando no banheiro.

– Eu estou gorda! Estou horrível! Ninguém vai me olhar enquanto eu estiver dessa forma – a voz de Mellany era estrangulada.

Escutei a porta da cabine ao lado ser aberta e depois trancada, então alguém tossindo e algo batendo contra a água do vaso sanitário. Mellany estava vomitando. Coloquei as mãos sobre as orelhas e passei a pensar em qualquer outra coisa. Aquilo era como ver eu me cortando. Continuei a pensar em outras coisas.


Flash Back:

– Vou deixar você se divertir Nate. Nos vemos depois.

O cara foi embora e todas as outras pessoas que estava lá começaram a entrar nos carros e ir também. Antes que todos fossem embora e que Natanael viesse até mim, saí correndo, tropecei nos meus próprios pés, cai e depois me empurrei para ir mais longe, no entanto uma mão grande envolveu meu tornozelo e me puxou. Meu rosto bateu contra o chão e senti minha bochecha rasgar devido a uma pedra no chão de terra.

– Vem aqui! – Natanael me puxou. Eu chutei para todos os lados enquanto ele tentava usar mais força.

– Me larga! – Falei entredentes, enquanto o gosto de sangue invadia minha boca. – ME LARGA!

Natanael caiu e tentava jogar seu corpo sobre o meu. Enfim acertei um chute em seu rosto que fez com que ele me largasse. Aproveitei a deixa e sai correndo, sem saber ao certo para onde ir.

– VOLTA AQUI! – Ele gritou e eu corri mais rápido.

Olhei por sobre o ombro e ele estava correndo em minha direção, tentei correr mais rápido, mas minhas pernas não me obedeciam e acabei caindo novamente. Meus ouvidos capitaram o barulho do rio Tamisa, se eu soubesse nadar poderia me jogar nele, contudo, as coisas não funcionavam dessa maneira. Levantei e corri novamente, estava mais perto do rio.

– Sahra! Pare ou vou matar você! – A voz dele estava ficando mais próxima. Um estouro soou e um projétil passou raspando por meu braço.

– AARRRGH! – O maldito sangue passou a escorrer, não me atrevi a parar, mesmo com as pernas vacilantes.

Estava correndo pelas margens do rio. Meu pé escorregou e eu sabia que a queda era impossível de ser evitada, não havia nem um local em que eu pudesse me agarrar. O Maldito rio Tamisa iria me engolir, a merda do rio parecia sorrir enquanto eu tentava me segurar falhando cruelmente na tentativa.

– Sahra! – Escutei o grito potente de Natanael ressoar atrás de mim. Ele havia conseguido o que queria.

Mergulhei na água escura que me rodeava por todos os lados, ela era fria, parecia que ia me dilacerar a correnteza me arrastava e eu me perguntei o porquê da minha segunda quase morte era ser afogada novamente, a primeira havia sido uma quase morte, mas essa eu tinha certeza que seria uma morte. Natanael estaria sorrindo enquanto me via agonizar em baixo d’água, claro que isso era uma suposição eu não conseguia vê-lo e não queria.

Provavelmente estaria sendo prazeroso assistir a minha morte de camarote e ser o responsável. Aquilo era uma merda, mas eu não podia fazer mais nada. Minha mãe sempre quis me colocar em aulas de natação. Eu sempre fugia então ela desistiu de tentar me fazer ir.

Eu já tinha desistido de tentar lutar. Eu não conseguiria sair dali mesmo, só gostaria de trazer Natanael comigo. Sim. Eu era vingativa. De repente meu braço foi puxado.

Puxei o ar com força, engasguei e golfei água. Meus olhos estavam turvos e meus ouvidos zumbiam, não distinguia imagens e nem sons, só os que eu mesma fazia, uma pessoa me sacudia e falava comigo. Logo depois essa pessoa sumiu. Juntei todas as forças possíveis para recobrar a lucidez, meus ouvidos ainda zumbiam, mas meus olhos já estavam se focalizando melhor, virei de bruços e me arrastei. Crispei os olhos e consegui ver duas pessoas se engalfinhando em uma briga.

Akim estava batendo em Natanael e vice-versa. Minha mochila pesava molhada, em minhas costas, joguei-a para frente e enfiei a mão dentro dela. Natanael deferiu uma sequencia de murros no rosto de Akim que o deixou incapacitado, ele se levantou e veio em minha direção. Minha mão ficou mais urgente em sua procura dentro da mochila, agarrei a pistola e apontei para Natanael, ele estacou no meio do caminho me olhando profundamente.

– Você não vai fazer isso – ele falou.

– Não duvide.

– Eu não quero fazer nada, só quero conversar com você – Natanael falava cauteloso. Akim estava se mexendo.

– Depois de atirar em mim tenho sérias dúvidas.

– Você sabe o quanto gosto de você Sahra! Aquilo foi só uma forma de fazer você parar, ter acertado foi mero acaso, agora abaixa essa arma para podermos conversar – ele deu um passo em minha direção, engatilhei a arma. – Abaixa isso, Sahra!

– Não me teste.

– Se eu quisesse matar você eu já teria feito – ele não desviava os olhos da arma em minhas mãos. – Eu disse para você usar isso só em ocasiões extremas.

– Essa não é uma ocasião extrema? – Perguntei sarcasticamente. – Me desculpe, mas eu acho que é.

– Não é, abaixa essa arma e vamos conversa – ele deu mais um passo em minha direção.

– Já disse para você não me testar.

– Você não seria capaz.

Ele deu mais um passo e eu apertei o gatilho e...

Nada.

Absolutamente nada aconteceu, a arma não disparou e ante ao acontecimento Natanael se atirou sobre mim, torcendo minha mão para tirar a arma e a atirando longe. Seu corpo estava sobre o meu, meus braços e pernas estavam presos e me debater não estava surtindo efeito. Bati minha cabeça contra a sua, no entanto ele usou uma das mãos para bater minha cabeça no chão com força, fiquei tonta, mas não desisti. Quando ele finalmente voltou seu rosto e minha direção, cravei meus dentes em sua bochecha.

– AAAAHHHH! – Ele gritou e se jogou para o lado com a mão no rosto.

O gosto do sangue dele estava em minha boca. Akim estava de pé, antes que ele pudesse atacar Natanael mais uma vez, sirenes foram ouvidas, carros acelerando, pessoas gritando.

Natanael levantou cambaleante e correu sem olhar para trás, levantei com dificuldade e a intenção era de segui-lo, porém, antes que eu conseguisse dar dois passos, Akim me parou com uma mão sobre meu ombro.

– Vamos! – Seu rosto estava coberto de sangue e inchado. – Não vamos conseguir nada, não agora.

Se ele estava daquele jeito, eu provavelmente estava bem pior. Saímos o mais rápido que pudemos de lá.


Flash back off~~

– Maldita bala! Por que você tinha que mascar¹?

Mellany tinha ido embora, logo depois de colocar tudo o que tinha no estômago para fora, tomei um comprimido de vitamina C, olhei o relógio em meu pulso e saí do banheiro. Não estava me sentindo bem para ir até o refeitório e ter que aturar uma rodada de conversas e possíveis pedidos para acompanhar idiotas para o baile, fui direto para a sala da próxima aula.

Meu trabalho de prestar atenção nas aulas foi mais árduo do que o de costume. Minha cabeça estava tendenciosa a me levar em viagens de para o passado, aquilo não me agradava nem um pouco, então quando o sinal da última aula tocou quase corri para fora da escola, claro que tive minha cota de decepção ao relembrar que estava sem meio de transporte. Ao invés de mendigar carona para alguém, me dirigi à quadra poliesportiva da escola.

As portas estavam abertas e comemorei internamente, ninguém no meio na quadra nem nas arquibancadas. Corri até a fileira mais alta, sentei e tirei um isqueiro, juntamente com um maço de cigarros.

Aquilo estava virando um hábito e como eu o desprezava. Sempre falava que não era fumante e detestava os que eram, no entanto, era acender um cigarro e deixar o cérebro mais preocupado em eliminar a fumaça do meu organismo, ou me trancar em um banheiro e me cortar. Eu era consciente o suficiente a ponto de saber que eu já havia perdido bastante sangue com essa “brincadeira” e minha pele estava bastante machucada, morrer não era minha prioridade, não era uma amante da vida, mas não era suicida, talvez um pouco.

Com toda certeza eu precisava atar os nós que surgiam, mas como eu poderia fazer isso se eu mal dava conta de juntar as pontas?

De certo modo eu sentia que ajudei Clair, ainda existia o tópico Mellany, mas eu não sabia como fazer isso se eu mesma não conseguia me ajudar. O cigarro terminava, acendi outro logo em seguida.

Eu tinha que me fazer uma pergunta importante antes de tentar mudar a vida das pessoas: Por que eu estou tentando ajuda-las?

A resposta não era por eu me sentir responsável, pois eu era a irmã mais velha delas, não. Eu não sentia isso por elas, um vínculo de amizade havia se instaurado sem dúvida, mas irmã... Aquilo era um sentimento bem mais complexo. Clair gostava de mim e tinha sido legal, não era mais do que a minha obrigação devolver o favor. Mellany não ia com a minha cara, pediu para que eu não fosse, embora porque Clair provavelmente a subornou ou imploro muito por isso, então porque eu tinha que ajuda-la?

Não. Não fazia sentido ajudar alguém que não faria o mesmo por mim.

Então seria isso, eu já tinha ajudado Clair e Mellany não era minha obrigação, que Jonh se entendesse com ela.

Exalei a fumaça lentamente e deitei no banco da arquibancada. O barulho da porta sendo aberta me alarmou, levantei abruptamente e escondi o cigarro, se eu fosse pega fazendo aquilo provavelmente me expulsariam, meus olhos se encontraram com os de Jason.

Ele me olhava de forma questionadora, instantaneamente relaxei e devolvi o cigarro aos meus lábios. Jason carregava uma rede com equipamentos que parecia ser do time inteiro, ele largou a rede e começou a subir na arquibancada até onde eu estava, parou ao meu lado e sentou.


Benjamin Francis Leftwich - Pictures


– Não a vi quando acordei, fugiu no meio da noite? – Ele comentou com um tom divertido.

– Precisava dormir na minha cama, gosto dela – dei de ombros.

– Não sabia que você realmente era uma fumante, pensei que fosse só uma vez ou outra.

– Há muitas coisas sobre mim que você não sabe – falei enquanto sugava e soltava a fumaça do cigarro que já estava acabando.

– Sério? Tipo...

– Não é porque você não sabe coisas a meu respeito que vou abrir minha boca e contar tudo pra você – rolei os olhos. – A propósito, o que você está fazendo aqui?

– Nós sempre tiramos a sorte sobre quem vai guardar os equipamentos dos treinos – ele deu de ombros. – Mas não desvie do assunto, aposto que eu já sei o seu segredo mais sórdido, por que não me conta mais alguns? – Rolei os olhos novamente, enquanto acendia outro cigarro.

– Você não tem mais o que fazer tipo, levar sua namorada vadia para casa?

– Não, Alexia vai fazer compras com as amigas.

– Não vai me deixar em paz vai?

– Enquanto eu viver prometo não parar de perturba-la – ele colocou a mão sobre o peito como forma de juramento.

– Por que você não me conta algo da sua vida? – Mudei de assunto.

– O que você quer saber? – Ele perguntou entusiasmado.

– Sei lá – fiz uma careta. – Com que foi a sua primeira vez?

– Sally, primeiro ano do médio, ela era uma veterana e eu fui agraciado com o convite para acompanhante do baile, você deve imaginar como acabou.

– Com certeza, vocês saíram do baile e treparam loucamente, então você se tornou sexualmente ativo com sucesso. – Ele começou a rir.

– Não foi bem assim – ele ainda estava se controlando do ataque de risos. – Fiquei nervoso por ter sido chamado para o baile e ela realmente me levou para um lugar afastado. Tremia em antecipação, foi bem rápido se você quer saber, foi uma rapidinha bem rapidinha. Ela não me beijou e olhava ao redor o tempo inteiro. Quando acabou, pelo menos para mim, porque ela nem ao menos parecia notar o que havia acabado de acontecer, de repente o namorado dela apareceu e nos flagrou...

– Espera aí! – Interrompi rindo. – Você foi abusado sexualmente por uma vadia que queria se vingar do namorado.

– Sim – ele concordou. – Ele ainda me bateu, levei uma bela surra e os dois terminaram a noite, provavelmente transando. Enquanto eu estava coberto de hematomas em casa.

– Você é muito babaca – ri mais ainda. Aquilo era o tipo de história que deveria ser passada de geração para geração.

– Já chega de rir, agora me conta você, com quem foi sua primeira vez? – Franzi o cenho com sua pergunta.

– Não foi engraçada como a sua e não levei uma surra nem nada...

– Tá, mas eu quero saber.

– Eu fui a minha primeira festa num raxa sabe? Bebi demais e fiquei muito doida, Akim estava lá e estava em um estado tão ruim quanto o meu. Acordei pelada, Akim ao meu lado, duas camisinhas usadas e um certo incomodo entre as pernas, se é que você me entende...

– Você perdeu sua virgindade com o Akim? – Ele me olhava de boca aberta.

– Sim – ri baixinho. – Atingimos um grau de amizade nunca antes atingido por alguém... Que nós conhecemos, aposto que existem pessoas fazendo coisas piores do que nós fizemos.

– Acho que pelo fato de você não ter levado uma surra, sua primeira vez foi melhor do que a minha – nós dois rimos.

– Acho que tudo é questão de ponto de vista – apontei para o horizonte, o cigarro entre os dedos fez com que uma trilha de fumaça se formasse.

– Vi em uma pesquisa, que as pessoas se tornam fumantes devido ao estresse do dia-a-dia.

– Você está realmente incomodado com isso não é?

– Pelo que pude ver você é estressada constantemente e mesmo em momentos como esse...

– Sim Jason! Eu sou estressada e fumo pra não ter que pensar muito, os vícios destroem as pessoas, mas dependendo da pessoa, acabam ajudando de certa forma – falei enquanto rolava os olhos.

– Você odeia estar aqui não é? – Ele perguntou me olhando com as sobrancelhas erguidas.

– Digamos que se eu tivesse escolha, não estaria aqui.

– Mesmo com John odiando a ideia, acho que você deveria ter saído de casa na última vez – ele deu ombros –, já que não se sente bem.

– Não é bem assim – fiz uma careta. – Não ia adiantar nada sair de casa se eu vou continuar aqui, vestindo a droga de uma saia – falei tocando meu uniforme. – Minha vida não ia mudar nada Jason. Eu não poderia ir embora para minha casa, em Londres.

– Entendo... Na verdade eu não entendo, talvez um pouco.

– É? De onde você é?

– Sou um garoto da Califórnia – ele deu de ombros. – Nasci em Los Angeles. Morava com os meus pais, pelo menos eu acho. Então eles se separaram, meu pai foi para França e morei com ele algumas vezes. Sou tão novato aqui quanto você.

– Isso é reconfortante, apesar de você ter se saído bem melhor do que eu.

– Você só tinha que ter se esforçado mais, talvez se não tivesse batido na Alexia – ele deu de ombros.

– Não podemos mudar o passado, mas se pudéssemos... Eu faria exatamente do mesmo jeito.

– Você é impossível – ele rolou os olhos.

– Então você ficou na França? Talvez tenhamos nos esbarrado – o empurrei com meu ombro.

– Acho que não. – Ele fez uma careta. – Eu me lembraria de você. – Ri com algumas lembranças povoando minha mente. – O que foi?

– Nada. – Respondi ainda rindo.

– Ah qual é? O que foi?

– Lembrei de uma vez em que fui até Paris com Natanael, fiquei meio abobada, foi meu presente de aniversário. – As boas lembranças são as que ficam mais marcadas em nossa mente, suspirei.

– Você realmente sente saudades da sua antiga vida não é?

– Digamos que eu sinto falta da agitação.

– Agitação?

– Para ser sincera, eu não gostaria de voltar a minha antiga vida, ela era boa, mas também um completo inferno. Ter que lidar com pessoas erradas, correr o risco de morrer em algum acidente – dei de ombros. – Ou me matarem. A minha rotina era cansativa.

– Então que tipo de vida você gostaria de levar? – Ele me perguntou com uma sobrancelha erguida, sorri em resposta.

– Eu queria ter ido para um abrigo assim que minha mãe morreu. Não me julgue, eu realmente sou grata pelo que os amigos da minha mãe fizeram ao cuidarem de mim – levantei as mãos. – Mas se eles tivessem me levado a um abrigo – tirei ouro cigarro e acendi –, não teria conhecido certas pessoas, talvez tivesse sido adotada por uma família legal e minha preocupação seria sobre o que eles achariam de mim. Entraria para uma escola e teria amigas que conversariam comigo sobre garotos. Então Jonh apareceria e eu ficaria chocada e falaria educadamente que amava meus “pais” e não viria parar aqui. –Abri os braços. – Continuaria vendo ele em intervalos regulares e talvez viesse aqui nos feriados, mas viria com meus pais. Depois faculdade de medicina em Oxford ou Cambridge. Fim da estória.

– Seria uma vida chata, pelo menos se comparada com a que você leva agora.

– Às vezes eu gostaria de uma vida chata. Me pouparia muitas coisas, conhecer certas pessoas...

– Você gostaria de não ter conhecido o Akim? Eu?

– Conhecer o Akim foi bom, já quanto a você... Ainda estou pensando a respeito.

– Nossa! Essa foi profunda – ele colocou a mão no lado esquerdo do peito. – Mas eu estou com uma séria dúvida rondando minha mente.

– O que foi?

– Por que no dia em que nós transamos e você acordou, me perguntou sobre camelos e dromedários? – Ele estava com as sobrancelhas enrugadas.

– Foi algo relacionado a um sonho, pelo que me lembro. Alguém iria me falar sobre isso no sonho, então acordei, fiquei curiosa a respeito da resposta.

– Eu estava certo quando falei sobre as corcovas não é?

– Sim, pesquise sobre isso, perguntei a outras pessoas e descobri que o dromedário tem duas corcovas, já o camelo tem só uma – puxei a fumaça do cigarro. – São animais interessantes.

– Você é muito estranha, a propósito, gostei dos seus olhos. São as lentes mais bonitas que eu já vi você usando.

– Er... Obrigada, mas... – cocei a nuca com o elogio. – Não são lentes.

– Claro que são – ele rolou os olhos. – Ninguém tem os olhos dessa cor, é impossível.

– Minha mãe tinha – dei de ombros –, acho que ela me passou isso.

– Como alguém pode ter os olhos azuis desse jeito? – Ele pegou meu rosto com uma mão e olhou meus olhos diretamente.

– Não estou me sentindo muito confortável – falei tentando me afastar.

– Desculpe. – Ele soltou meu rosto. – Er... Seus olhos são muito bonitos.

– Obrigada.

Um silêncio estranho se instaurou. Eu dei outra tragada no cigarro, Jason olhava ao redor. Meu celular tocou e eu franzi o cenho ao olhar o número desconhecido na tela, Jason olhou para o aparelho e logo em seguida para mim. Atendi e levei o aparelho até a orelha.

Sahra? – A voz de Akim soou do outro lado da linha.

– Sim, algum problema? – Perguntei entediada.

Depende do seu ponto de vista?

– O que você quer dizer com isso? – Fiz uma careta.

Achamos o Natanael.

Engasguei-me com a fumaça do cigarro, meus olhos se arregalaram e a surpresa, junto com a tosse que me impediu de falar qualquer coisa.

Sahra? Sahra? Você está bem? Se recomponha mulher! – Akim riu do outro lado.

– Que droga você está falando? Como assim o encontrou? – Jason me olhava curioso. – E por que está rindo?

Eu o vi e a Cherry está aqui comigo, pelo que eu soube, ele tá procurando você. Mas saiu da cidade e não foi rumo a Tacoma, nós estamos indo atrás dele. Estou rindo porque colocaram alguma coisa na minha bebida e eu não faço ideia do que foi – ele começou a rir novamente.

– Não! – O interrompi. – Não, não e não. Você vai voltar e nós dois, temos que tirar Cherry disso, vamos espera-lo. – Eu levantei e comecei a descer da arquibancada. Podia sentir Jason vindo atrás de mim.

Não posso esperar. É uma chance única, por favor, Sahra você pode entender isso.

– Não. Eu não posso entender – minha voz estava alterada, logo em seguida baixei o tom a um sussurro. – Você vai se machucar, isso é perigoso, está sozinho e chapado.

Não se preocupe, vou ficar bem e não estou sozinho – a voz dele adquiriu um tom malicioso. – Os gêmeos estão comigo, você sabe como eles estavam ansiosos por esse encontro...

– Você precisa voltar – supliquei.

Não posso, além disso, fazendo o que você me pede é a mesma coisa que colocar uma corda no seu pescoço.

– Akim, você não pode...

Tenho que ir. Ligo depois.

– Não, espera! – O telefone ficou mudo do outro lado. – Mas que merda! – Joguei o aparelho celular no chão, ele se despedaçou, fazendo pequenas peças voarem.

– Algum problema? – Jason me encarava com uma sobrancelha erguida.

– Sim. Todos os problemas possíveis, eu estou presa nessa droga de cidade e simplesmente de mãos atadas deixando as pessoas se divertirem ou morrerem, vai saber o que acontece.

– Wou! Calma! O que está acontecendo?

– Já que eu tenho que ficar aqui, que se foda o resto.

Eu estava ansiosa, nervosa, completamente irritada. Mas sem ao menos saber se era por não poder dar uma surra em Natanael, pelo fato de Akim me deixar de fora, ou por simplesmente não poder ver Natanael mais uma vez.

– Eu não preciso manter essa fachada.

Sai porta a fora do ginásio sem me importar se Jason me seguia ou não. Eu só queria poder estar longe dali, ou ter a minha antiga vida de merda de volta, mas eu simplesmente estava de mãos atadas. Pegar um carro e fugir estava fora de cogitação, não por deixar Jonh tendo um enfarto, mas por estar presa ao serviço comunitário por uma coisa que eu não tinha feito e eles não tinham como provar que fui eu, afinal o que são digitais? Andei mais um pouco e parei.

Que droga eu estava fazendo? Por que meu interesse em ir atrás do Natanael? Eu não era uma psicopata, não queria machucar ninguém. Coloquei as mãos no rosto e respirei fundo, eu só teria que esquecer e tentar levar uma vida normal. Olhei meus braços e eu parecia enxergar cada cicatriz por baixo do casaco, as últimas haviam sido tão profundas que quase me custaram um desmaio.

Cigarros e reclusão. Era disso que eu precisava, alguns dias disso me faria esquecer qualquer coisa que me atormentassem, nada de conversas ou interação social durante esse período de tempo, em alguns dias minha vida voltaria aos eixos.



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Notas finais do capítulo

Mascar¹ : Quando uma arma carregada é molhada seu desempenho é afetado. As balas que entram em contato com a água acabam por parar de funcionar devido a pólvora ser molhada. A arma depois de seca volta ao seu funcionamento normal, as balas não.
Gente gostaram do capítulo? Espero que sim, e não foi betado pq eu e minha beta estamos com um conflito de agendas, mas espero resolver os problemas em breve. :D
Olha, eu mal tive 5 dias de férias e sabe esse ano é aquele em que vou fazer o ENEM , então tenho que estudar, mas se tudo der certo isso aqui vai ser finalizado em um calendário estipulado por mim.
Eu sei que esperar é ruim, mas me deem um desconto! Eu sei que vocês gostam de mim o mesmo tanto que eu gosto de vocês! :B KSDSKJDKSDJKSLJDKSJDÇKASDJKLJDÇLK~~ Então isso é muito viu?!
Eu estou estudando de segunda a sábado e vão ter dias que até no domingo vai haver aula... -.-' Quem aqui tá se preparando pro ENEM e vestibulares da vida esse ano?
Eu queria passar uma semana inteira no ócio! Cara, meu sonho! Mas voltando ao que é real...
Eu ainda não agradeci a minha terceira recomendação, sou uma autora desnaturada e má! :( Obrigada pela recomendação Ana, ficou linda e eu amei!
Gente eu to com sono e meu irmão tá me barrando do PC'!
QUEIJO-QUENTE! Gente é muito bom né?! Deixo vocês com vontade de comer queijo-quente e vou me despedindo!
Muito obrigada pelos comentários, desculpa a demora, adoro vocês e não me deixem!:(
Até o próximo! B'jus!
o *3*
Persegue: @LoydeSilva



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