So What escrita por Mahriana


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, oi! Rapidnho! Vejo você no final!
~ Apreciem sem moderação ~



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PDV Jason:

As 6:00 horas em ponto o despertador tocou, como de costume. Apesar de não estar de ressaca, era como se estivesse.

Ainda estava com raiva da filha do Jonh, Sahra, que direito ela tem de falar da minha mãe daquela maneira? Como se ela fosse uma qualquer, ou como se fosse algo baixo, sujo, impróprio.Ela poderia ter quantos ataquezinho ela quisesse minha mãe não tinha nada haver com isso. Jonh deveria impor maneiras para ela, era isso que faltava para aquela pirralha mal educada.

Levantei desligando o despertador. Tomei um banho quente e vesti roupas leves, o dia estava um pouco abafado. Desci as escadas com um baita sono. Chegando a cozinha todos já estavam lá, bom, quase todos. Minha mãe não estava, e eu não sabia se ela já havia saído, ou se ainda estava no quarto. Ela parecia tão magoada ontem, a cada momento em que eu lembrava disso uma onda de fúria tomava conta de mim, minha vontade era de estrangular aquela garota.

– Bom dia –disse baixo, todos me responderam no mesmo tom. Acho que todos estavam com sono hoje.

– Jason –Mellany chamou. –Não irei com vocês hoje pra escola, vou passar na casa de uma amiga então não preciso que me acompanhe.

– Tudo bem –disse entediado. Logo que disse isso ela saiu, creio que para ir à casa da amiga que tinha falado.

– E aí cara o que vai ser hoje? –Drew perguntou.

– Ser o quê? –perguntei meio desconfiado com o sorriso que ele estava dando.

– Como assim “ser o quê?” –disse rolando os olhos e me dando um tapa na cabeça. –Você e a Alexia... –disse fazendo uma cara estranha e alguns movimentos obscenos com as mãos. Tratei logo de parar as suas mãos, vendo que a garotinha, Clair, estava presente e ainda por cima nos olhando.

– Dá pra parar de fazer isso? Nós não estamos sozinhos –disse isso inclinando a cabeça em direção a ela.

– Eu não sou tão inocente a ponto de não saber sobre o que vocês estão falando –ela disse levantando e nos apontando. –Vocês estão falando sobre uma garota com a qual você no mínimo deve estar saindo ou está a fim disso. Sei também que essa garota deve estar interessada em você, mas você quer sexo, ou seja, assim que você transar com a garota dará o pé na bunda dela –ela disse isso entediada. Aposto que meus olhos estavam arregalados com de tão surpreso que me encontrava. –E a propósito, eu também não irei com vocês para a escola vou com outra pessoa não preciso que me esperem.

Dito isso a garota saiu da cozinha para só Deus sabe onde. Ainda estava boquiaberto, que garotinha de 11 ou 12 anos saberia o que era sexo? E ainda por cima falar que eu queria “transar” e depois dar um “pé na bunda” em uma garota. Não se fazem mais crianças como as de antigamente.

– Eu tenho muito medo dessa garota –Drew me despertou dos meus devaneios.

– Você não é o único –falei. –E você por que está tão calado Daniel?

Ele balançou a cabeça e nada disse. O que era incomum para ele, sempre falante e intrometido, talvez algo o estivesse incomodando. Achei melhor perguntar depois.

– Já que não temos que esperar ninguém que tal irmos? –perguntei já levantando e saindo do cômodo.

Entramos no carro que estava silencioso hoje sem as duas garotas, isso era bom.

– Sabe Jason você não me respondeu sobre a Alexia –Drew insistiu e eu rolei os olhos.

– Não tem muito o que contar –disse sem tirar os olhos da estrada. –Nós ficamos, mas não passamos dos beijos se você quer saber. A gente mal se conhece não quero passar uma má impressão.

– É você tem razão, afinal ela filha do diretor da escola e se você pisar na bola –ele parou e vi pelo canto do meu olho que ele fez um gesto passando o polegar no pescoço e fazendo um barulho de algo rasgando, com a boca, simulando uma faca passando no pescoço, no caso o meu.

– Não é bem assim, não to com ela por isso. Eu gosto dela –isso era verdade. Alexia era uma garota interessante e divertida e já que ela gostou de mim também, porque não unir o útil ao agradável?

– Você gosta dela? –Daniel finalmente perguntou, e parecia estar se segurando para não rir.

– Gosto –então Daniel e Drew começaram a gargalhar, rolei os olhos. Eram dois patetas.

– Fala sério! Jason gostando de uma garota? O mundo vai acabar –Drew disse dramaticamente.

– Cala boca idiota –disse bufando.

– Ok! Não tá mais aqui quem falou –ele disse levantando as mãos em forma de rendimento. –Mas você tem que admitir que isso não acontece todo dia.

– É Jason, você nunca fica com uma garota mais que uma semana e você sabe disso. Você nunca disse que gostava de nenhuma também, então isso meio que nos pegou de surpresa –Daniel disse também levantando as mãos.

– Você fica tão bem calado Daniel que você nem imagina –disse o olhando pelo retrovisor, já que estava sentado no banco de trás. Ele só deu de ombros. –Por falar nisso, porque você estava tão calado hoje?

– Por nada. Só estava pensando –disse fazendo pouco caso.

– Você pensando que é uma raridade e não eu gostar de uma garota. Em que você estava pensando? –perguntei enquanto estacionava o carro no estacionamento da escola.

– Nada demais, só na filha do Jonh. A Sahra. –o fitei sério.

– Pensando na Sahra? Hum vocês são dois safadinhos –Drew disse já saindo do carro e indo para qualquer lugar longe da gente.

–Como assim, você pensando na Sahra? –perguntei confuso já saindo do carro também. A garota era uma “mala”.

– Não estava pensando nela do jeito que o Drew falou. Apesar de achar ela bem “gata” –rolei os olhos diante do comentário. –Eu acho que conheço ela de algum lugar –disse pensativo.

– A conhece? Você já dormiu com ela ou algo assim? –perguntei interessado.

– Não –negou imediatamente. –Se algo assim acontecesse não esqueceria –disse dando um sorriso malicioso. –Acho que já a vi em algum lugar, mas eu não lembro onde. Talvez eu seja paranóico ou sei lá... Mas ela não me é estranha –aquilo me interessou.

– Tente se lembrar, se for ela estiver metida em algo “proibido” a gente pode usar contra ela –disse sorrindo, ele só deu de ombros. O sinal tocou e fomos rumo as nossas aulas.

PDV Sahra:

Estava sentindo algo sendo esfregado no meu rosto, fazia cócegas, estava coçando e incomodava, resolvi me virar e enterrei o rosto no travesseiro. O que resolveu o problema, voltei a dormir de novo até que senti algo molhado na cama, de repente estava sem ar, levantei e comecei a tossir sufocada por... Água?

Mas que droga é essa que estava acontecendo? De repente escutei risadas e virei em direção ao som delas dando de cara com Clair e um balde vazio na mão. Trinquei os dentes com muita raiva, odiava quando me acordavam, por isso os despertadores quebravam. Lancei um olhar mortal para a garota e ela calou a boca na mesma hora.

Suspirei e a encarei com o rosto cansado. O que será que essa pirralha queria no meu quarto à uma hora dessas?

– O que você quer? –perguntei impaciente e molhada.

– Como assim o que eu quero? Você disse que iria para escola comigo e estou aqui para irmos. Agora trate de se levantar e vamos logo –falou tudo rápido demais, fiz uma careta.

– Ah claro. A escola, eu realmente tenho que ir? –perguntei já sabendo a resposta.

– Claro, agora se levante daí e vamos ou chegaremos atrasadas –olhei para a miniatura de gente a minha frente e comecei rir. –Do que você está rindo? –quis saber.

– Você tem quantos anos?

– 12.

– Por que você fala como se tivesse 40? –ela me olhou boquiaberta e logo depois fechou a cara. Levantei as mãos em sinal de rendimento e sai da cama em direção ao banheiro antes de entrar me virei em direção a ela. –A propósito da próxima vez que me acordar assim, você pode não ter a chance de acordar novamente –disse séria e a vi engolir em seco, dei um sorriso e entrei no banheiro.

Tomei um bom banho rápido fazendo toda a minha higiene. Sai de roupão e enxugando o cabelo com uma toalha, esfregava a toalha e chacoalhava a cabeça de um lado para o outro para que o cabelo secasse, sempre fazia isso apesar de ter secador.  Fui caminhando ainda esfregando a toalha no cabelo rumo ao closed, procurei e procurei, até achar a roupa perfeita.

– No meu planeta a gente usa secador –disse o pequeno monstrinho, sorri e resolvi rebater.

– E no meu usamos escova para pentear cabelos –disse sorrindo ao mesmo tempo que me aproximava dela e pegava uma mexa do seu cabelo em minhas mãos. Ela deu um tapa na minha mão e bufou.

Fui ao banheiro me trocar. Vesti peça por peça com um sorriso no rosto, vestia uma saia xadrez que ia até o meio das minhas cochas totalmente pinçada, uma blusa social branca de mangas longas que dobrei até os cotovelos, deixando alguns botões abertos, coloquei uma gravata vermelha no pescoço, deixando a blusa ficar aberta como em um decote e a gravata caia bem sobre ele. Depois amarrei meu cabelo, fazendo duas marias-chiquinhas bem altas deixando as mexas verdes amostra. Fiz uma maquiagem colocando bastante lápis de olho, após colocar as minhas lentes pretas, depois uma sombra preta, passando somente um gloss nos lábios. Saí do banheiro e a baixinha já estava impaciente andando de um lado para o outro. Não usei a cinta ortopédica já que não era obrigada a usá-la mais.

– Calma pequena –disse traquilamente enquanto procurava algo para calçar, peguei uma bota preta sem salto, mais precisamente o lado esquerdo dela já que o direito ainda estava com a tala.

– Calma? Se você não terminar agora eu vamos chegar atrasadas –rolei os olhos.

– Por que você não foi com os seus irmãos disse já terminando de calçar a bota.

– Os mandei ir sem mim afinal você falou que me levaria –disse impaciente, eu não lembra de nada disso, sempre me esquecia de coisas que considerava banais.

– Ok! –escutei uma buzina, peguei minha mochila e descemos.

– A propósito, por que você está vestida como aqueles alunos de filmes? –ela falou me olhando estranho, rolei os olhos e bati na cabeça dela com o braço engessado.

– Porque é legal, além do mais quero deixar a minha marca naquela escola –respondi sorrindo.

– Bom para você, mas por que me bateu? –perguntou esfregando as mãos na cabeça, dei de ombros.

– Não sei, mas me deu vontade disse sorrindo –ela me olhou incrédula. Chegamos até o carro onde Akim nos esperava com uma cara de sono encostado a porta do carro. –Bom dia! –disse sorrindo para sua carranca mal humorada.

– Só se for pra você, meus tempos de colégio já passaram, mas mesmo assim ainda sou abrigado a acordar cedo –disse mal humorado. –Por que você tem que ser sempre tão teatral hein? –perguntou se referindo as minhas roupas. Ele destravou o carro e em seguida entramos.

– Acho que as aulas que fiz quando mais nova finalmente surtiram efeito –gargalhei. Ele rolou os olhos.

– Tá legal, tudo está perfeito, mas e quanto a me ajudar você disse que faria isso –falou a baixinha.

– E eu vou. Muito bem, ignore-os por hoje, porque eu não faço idéia do que fazer, minha mente fica meio lerda pela manhã, e se você ficar muito irritada basta bater neles, simples assim –disse dando um bocejo.

Chegamos à escola e ainda havia algumas pessoas caminhando pelo estacionamento. Sai dele despreocupadamente, ao contrário da Clair que saiu quase correndo, rolei os olhos para o desespero da garota.

– Fica calma tampinha, chegamos a tempo –disse tentando acalmá-la.

– Tudo bem –ela disse respirando fundo. –Agora você tem que ir a secretaria pegar seus horários, a gente se encontra por aí –ela disse já indo em direção ao prédio do ensino fundamental.

– Ei nanica! –chamei ela logo virou e me fitou com raiva, creio que seja pelo apelido. –A gente se vê no intervalo e mesmo que você não queira. Aparece no refeitório –terminei de forma gentil, se era para ajudá-la então teria que fazer o serviço completo. Ela só concordou com um aceno de cabeça e foi embora. Virei-me e dei de cara com um Akim cabisbaixo e pensativo, parecia perdido em algum lugar.

–Ei o que você tem? –perguntei chamando a atenção dele. Caminhei em sua direção e encostei-me ao capô no carro sem me importar com as horas.

– Nada –disse ainda sem me olhar com a mesma expressão.

–Tá legal, você tá assim por “nada” –bufei. –Conta outra. Você sabe que pode me contar qualquer coisa não é? –disse afagando os cabelos dele carinhosamente.

– Sei... –ele deu um longo suspiro e ficou calado por um tempo. Depois de alguns minutos me encarou. –Fiquei pensando no que o seu pai disse –rapidamente fechei a cara.

– Ele não é meu pai e por falar nisso, você não deveria dar ouvidos a ele –disse séria. –Mas o que foi que ele disse que deixou você desse jeito? –perguntei com bastante curiosidade.

– Não foi algo que eu já não soubesse, mas... –ele deu uma pausa e suspirou novamente. –Eu realmente desperdicei uma grande chance da minha vida. Eu deveria ter escutado o meu pais, não deveria ter fugido de casa para ir atrás de um sonho idiota –ele bufou. –Talvez agora eu fosse um importante advogado, e meu pai e eu fossemos amigos sabe? Talvez ele estivesse comigo me ajudando a formar meu escritório. Mas eu tinha que largar tudo e ir embora. –ele terminou o discurso e fitou o nada. Apesar da estória que havia acabado de contar ser triste ele não demonstrava isso.

– Você se arrepende de ter feito isso? –perguntei, um pouco triste admito, pois se ele não tivesse largado o curso de direito não estaríamos aqui hoje a amizade dele foi importante.

– De maneira alguma –como quem lê-se meus pensamentos ele sorriu e pegou a minha mão. –Nunca vou me arrepender disso. Se eu não tivesse largado não estaríamos aqui hoje. Você não estaria aqui hoje –pegou a minha mão e a beijou olhando no fundo dos meus olhos, dei um sorriso sincero para ele e o abracei.

–Ok! –disse me separando do nosso abraço. –Chega desse papo piegas, estamos aqui agora e não podemos voltar no tempo. Mas você pode ficar tranquilo, pois qualquer decisão que você tomar saiba que vou estar aqui pra te apoiar. Agora eu tenho que ir pra aula se não chego mais atrasada ainda –completei sorrindo.

– Tudo bem, você quer que eu venha te buscar? –ele perguntou.

– Claro que sim, afinal você é meu “namorado” e temos que andar juntos “amorzinho” –ele rosnou e eu ri.

Sai rumo à secretaria jogando beijinhos no ar para ele, que só rolou os olhos e riu. Entrei no lugar que era aconchegante e quentinho havia dois sofás de couro, algumas plantas e quadros espalhados, e estantes com documentos. Vi uma senhora sentada atrás de um balcão lendo um livro me aproximei e li o título do livro “O mundo de Sofia”. Sorri. Adorava esse livro

– “O mundo de Sofia”. Ótimo livro –disse sorrindo a mulher me olhou um pouco surpresa por não ter notado a minha presença.

– Oh! Sim, sem dúvidas é um ótimo livro, a senhorita deveria estar em aula certo? –confirmei com a cabeça. –então o que faz aqui?

– Eu gostaria de ir assistir aula, mas sou nova na cidade e acabei me perdendo, cheguei atrasada como pode ver e me falaram que teria que vir aqui –disse fazendo uma cara inocente.

– Claro. Qual o seu nome?

– Sahra Bakers –disse e ela começou a digitar algo no computador.

– Está aqui –falou depois a impressora começou a fazer barulho e uma falha saiu dela. –Esses são seus horários, mas em vista que está atrasada só poderá entra no segundo toque. –Balancei a cabeça confirmando, peguei a folha com os horários e passei os olhos rápidos pela folha, voltei a olhar à senhora e vi seu nome gravado em um crachá.

– Muito obrigada senhora Bronwen –disse sorrindo e ela retribuiu. –A senhora é inglesa? –perguntei ela tinha um leve sotaque e o nome era típico da Inglaterra.

– Sou sim –respondeu sorridente.

– Sabia! –exclamei. –Conheço os meus conterrâneos a quilômetros de distancia –falei rindo e ela me acompanhou. –De onde a senhora veio? –perguntei já que só iria entrar no segundo horário então pelo menos teria que fazer alguma coisa.

– Sou de Bristol –disse.

– Pertinho de Londres, onde eu nasci –continuei conversando com a senhora Bronwen até o sinal tocar e ela me expulsar dizendo que teria que ir assistir as aulas.

– Boa sorte –ela disse, só rolei os olhos. –É só uma superstição, mas saia e pise primeiramente com o pé direito fora da sala, assim terá mais sorte –disse sorrindo eu correspondi ao sorriso.

– “’Superstição’ que palavra estranha essa... Se a gente acredita no bom Deus então isso significa ter ‘fé’” –respondi com um trecho do livro que ela lia. Ela alargou mais ainda o sorriso se é que isso era possível.

– Você realmente já leu esse livro, não falou só para me surpreender.

– Nunca enganaria a senhora –disse me fingindo de ofendida.

– Tudo bem, mas não adianta tentar me enrolar, vá logo para as suas aulas –fiz um estalo com a boca e sai da sala dela.

Caminhei com o papel e vi que minha aula era de espanhol, gargalhei em pensamento, aquilo era muito irônico. Sabia falar espanhol fluentemente, tendo um professor particular qualquer um saberia. A mesma coisa do francês, falo tão bem quanto uma pessoa originária dessas terras. Estava distraída com os meus pensamentos e acabei esbarrando em alguém. Minha mochila foi ao chão e por pouco não ia também.

– Cuidado por onde anda moça –disse uma voz masculina um tanto conhecida por mim. Levantei o rosto e dei de cara com Alan. –Ora, ora, ora... Sahra você por aqui?

– Não! É a sua mãe que está aqui –disse grosseiramente, odiava perguntas idiotas. Desvencilhei-me dos braços dele e peguei a minha mochila no chão.

– Estressadinha você né? –ele perguntou ironicamente, só dei de ombros. –então, como é que você tá?

– Eu estou ótima –disse com um suspiro. –Agora se você me der licença eu tenho que ir, minha aula começa agora

– Ah claro! Te vejo por aí –ele disse se encaminhando para a direção oposta a minha.

Caminhei meio perdida pelos corredores até que avistei a sala de espanhol. Entrei sem nenhum pudor dentro dela e quando me dei conta vários rostos me olhavam curioso inclusive um que parecia ser o professor.

– Rum... –pigarreou alto o homem que eu julguei ser o professor. –A senhorita poderia se identificar, por favor?

– Claro –eu disse e entreguei um papel com o meu nome que havia pegado na secretaria e deveria entregar para os professores. Ele ficou me olhando como se esperasse alguma coisa e eu continuei a encará-lo de volta.

– Senhorita poderia se apresentar a todos? –perguntou de novo, ele era professor por que ele não mandava ao invés de perguntar?

– Não –disse simplesmente. –Agora eu vou sentar –avisei e fui rumo a uma cadeira vazia no final da sala. As pessoas ficaram me olhando como se eu fosse de outro mundo, mas preferi ignorar.

A aula foi extremamente chata e o professor estava descontando em mim toa a sua frustração sexual, pelo menos foi o que eu pensei. Depois da aula de espanhol tive matemática, eu sempre fui boa nessa matéria, minha mãe adorava me fazer contar e me passar cálculos. Aprendi muito com ela, dei um longo suspiro para mais uma aula chata, estava com tanto sono que me recostei na cadeira, coloquei os fones no ouvido e cochilei.

O sono estava muito bom se não fosse uma voz irritante que insistia em me incomodar. A voz foi ficando cada vez mais clara até que fui acordada por um grito.

– SAHRA BAKERS! –gritaram ao meu ouvido, levantei a cabeça lentamente, vi meus fones no chão, depois me virei e vi o professor incrivelmente vermelho me olhando furiosamente. –A senhorita estava dormindo na MINHA AULA? –disse sobressaltado, passei a mão sobre a minha orelha e os fitei.

– Não senhor. Estava treinando pra morrer –falei o mais naturalmente possível, odiava as perguntas idiotas. Escutei algumas risadinhas e cochichos e o professor ainda me encara enfurecido.

– Já que é tão espertinha, por que não fala o resultado da conta que acabei de explicar e a senhorita não viu, pois estava dormindo.

Olhei para o quadro e comecei a analisar o calculo que ele falou, matemática era algo simples, pelo menos para mim, a conta foi ficando cada vez mais fácil até que consegui achar ao resultado. Tudo bem, todo mundo pode me chamar de nerd que eu não ligo, sempre que não tinha nada para fazer, ou resolvia cálculos de matemática, ou lia algum livro minha vida era assim.

– Raiz cúbica de quinze, vezes sete –respondi ainda olhando para o quadro, me virei e olhei o professor que me encarava com olhos incrédulos. Ele saiu e foi até a sua mesa, pegou um papel olhou-o depois me encarou.

– Todos vocês prestem atenção na aula –ele disse enfurecido. “Ótimo” pensei, agora esse era outro professor que queria a minha cabeça.

A aula continuou e o professor em momento algum dirigiu a palavra a mim ou ao menos me olhou, acho que teria que pedir desculpas, afinal era ele quem dava a minha média. O sinal tocou, resolvi deixar as desculpas para outra aula, pois estava com fome. Passei pelo professor tentando me esquivar, mas ele me chamou. Ótimo agora era o momento em que eu ia para a detenção.

– Senhorita Bakers gostaria de lhe fazer um pedido –o olhei interrogativamente. –Não se preocupe, pois não vou lhe mandar para detenção –suspirei de alívio quando falou isso. –Mas isso só porque você é realmente boa em matemática, e eu gostaria que você fizesse parte do clube de matemática –minha boca se abriu em um “o”

– Olha eu não sei...

– Não precisa falar agora e eu vou entender se não quiser ir, as pessoas sempre descriminam os garotos, mas...

– Não é isso –tratei logo de o interromper. –É que acho que os seus alunos não vão gostar muito de ter uma intrusa...

– Isso não será um problema –ele me interrompeu novamente, só que agora animado. –Se o problema for só esse então não tem problema algum, você irá participar da equipe? –ele perguntou animado, dei de ombros.

– Por mim tudo bem, agora eu preciso ir, me passa os dias em que vocês se reúnem –disse, ele só balançou a cabeça e eu fui embora.

Passe onde seria o meu armário e coloquei algumas coisas lá. Estava de cabeça enquanto procurava alguns livros na mochila quando a posta do armário foi brutalmente fechada, me dando um susto. Virei e dei de cara com uma loira, que só de olhar se percebia que era uma legítima patricinha.

– Ora, ora, ora... –ela dizia com um sorriso presunçoso. –Se não é a mais nova Nerd da escola. Tenho que confessar que você se veste melhor do que a maioria dos Nerds daqui.

– Que bom não é? –disse fechando a mochila e saindo de perto dela, não queria arrumar confusão logo no primeiro dia de aula. Antes que eu pudesse virar de costas ela falou novamente.

– Ei! Não dê as costas para mim –ela disse séria, eu levantei uma sobrancelha pra ela. –Vou explicar uma coisa pra você. Nunca me dê às costas a menos que eu diga que terminei de falar com você, não me... –me virei e sai andando, eu estava com fome e não estava nenhum pouco a fim de escutá-la falar besteiras. –Você não escutou o que eu disse? –ela falou, eu parei e me virei.

– Claro que escutei, mas eu vou te falar uma coisa –disse séria. –Nunca tente mandar em mim.

– Você não sabe quem eu sou garota. Acho melhor você rever o que você fala antes de falar comigo. –disse com um ar prepotente.

– Por quê? Você é a dona da escola por acaso? –ela caiu em uma sonora gargalhada, e eu continuava a encará-la sem esboçar nenhuma reação.

– Posso não ser a dona, mas sou filha do dono –disse com um sorriso vitorioso, dei de ombros.

– Coitado do seu pai. Agora se me de licença. –disse me virando novamente, quando estava de costas ela pegou no meu ombro e me virou de forma brusca.

– Olha só como você fala comigo, a sua mãe não te deu educação? –a encarei sem vontade nenhuma de continuar ali.

– Deu sim, mas só uso com que a merece. –disse sorrindo. Ela me lançou um olhar fulminante.

– Pois diga a ela que a educação com os “clientes” dela não serve para ser usada com pessoas de classe –de repente fiquei com raiva.

– Acho melhor você retirar o que você disse. –falei seriamente.

– Retirar o quê? Que a sua mãe era uma vadia? Acho que não –a olhei mortalmente, vi que ao redor algumas pessoas paravam para olhar o que estava acontecendo.

Sem me importar com nenhum deles, agarrei os cabelos da loira e bati a sua cabeça com toda a força nos armários, ela ficou tonta com essa. Depois disso dei uma joelhada no seu estômago que a fez arfar, ela não tinha tempo para se defender. Dei um soco em seu rosto e depois a arrastei até uma sala onde vi uma placa acima da porta escrita “jornal da escola”. Entrei na sala e corri os olhos por ela procurando meu objeto de cobiça, finalmente avistei a máquina de xérox, a levei pelos cabelos levantei a tampa da mesma e bati a cabeça da loira com força nela, fechei a tampa com mais força ainda, apertei alguns botões com números e pressionei a tecla “start”. De repente várias cópias do seu rosto deformado foram saindo.

Dei as costas para ela e saí da sala, vários alunos me encaravam, alguns com medo, outros sorriam e expressões diversas. Passei pelo corredor e esbarrei em um homem alto, forte, e deveria ter mais de 40 anos, ia passar direto, mas ele segurou meu braço firmemente e finalmente vi um crachá com o nome “Diretor” escrito nele. Engoli em seco, para quem não queria arrumar confusão creio que não consegui.


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Notas finais do capítulo

Olha eu de novo aqui! Cara eu passei aqui muito rápido... Não olhem os erros porque a BETA não pôde BETAR, que retardado iria fazer isso em plena véspera de Ano Novo! o/
Pois bem nem eu olhei, queria vir aqui deejar FELIZ ANO NOVO! Eu não queria fazer um post só pra isso, então reuni tudo o que eu tinha no meu acernal e postei *---*
Espero que tenham gostado, eu nem sei tô muito doida, são 23:00 Tenho que tomar banho para comemorar a virada na casa da minha avó ainda estou aqui! :B
Sei que não sou normal, mas gosto tanto de vocês que estou aqui o/ mesmo com a minha mãe me xingando e todo mundo tentando me tirar do PC!
Quero que todas as minhas leitoras que comentam e não comentam, tenham um ótimo ano... Que todos os seus sonhos se realizem, que sejam felizes, que tenham súde, que continuem comentam e que comecem a comentar *rs*
Vocês são muito especial pra mim *--*. Sem vocês esse negócio não ia pra frente e vocês sabem disso! o//
Tenho um carinho especial por cada uma de você, todas estão aqui ♥
No próximo ano brinquem, pulem, se divirtam, sejam felizes... O importante é não se deixar abalar pelos problemas por mais ruim que eles sejam... Lutar, lutar e lutar sem nunca desistir, temos que pensar assim! o//
Tenho que ir agora mesmo se não acho que apanho!
B'jão especial de fim de ano! Vejo você no ano que vem :B
Xêroo! *3* o//

FELIZ 2011!

P.S.: Não deu tempo de responder os reviews, mas vou responder não posso deixar de responder, depois eu respondo viu?