Eu não enchergava nada. Só via algumas luzes coloridas e eu não sabia onde estava. Eu sentia a brisa soprar e eu estava com medo. Olhei pro chão e vi um pouco de sangue. Eu não conseguia ficar de pé e nem me levantar. Eu ouvia uma risada maléfica e gritos de um homem. Já não podia suportar a dor. De repente...

EU ACORDEI. Charlotte estava me balançando de um lado para o outro, pedindo pra eu acordar.

Eu: Charlotte, para...

Charlotte: Você tava gritando enquanto dormia, eu achei que seria melhor eu te acordar. Levanta preguiçosa, o dia já começou!

Eu me sentei na cama. Olhei pela janela e vi o Sol que estava fazendo lá fora.

Charlotte: E por que você tava gritando durante a noite?

Eu: Sei lá... Deve ter sido o pesadelo que eu tive. Eu sonhei que eu estava em algum lugar escuro, tinha manchas de sangue no chão, eu estava ouvindo alguem dar risada e um homem gritando. Mas eu não consegui ver muita coisa...

Charlotte: Estranho... Muito estranho...

Eu: Por que é estranho?

Charlotte: Nada, nada... Vamos descer?

Fomos até a cozinha e os meninos já estavam de pé, batendo o maior papo lá.

Charlotte: Nossa eu desci aqui antes e não vi nenhum de vocês, como é que vocês vieram pra cá tão rápido?

Georg: Esse povo adora se esconder. Se for num canto escuro então, o Tom adora.

Tom: Lógico, não sou besta.

Eu: Gente, vocês não sabem o que eu e a Charlo descobrimos ontem!

Todos: O que?

Eu: Eu e ela estudavamos no mesmo colégio e na mesma sala que o Bill e o Tom!

Bill: Então... Agatha, você não era aquela moreninha de óculos deslocada que ficava sempre num canto com os seus amigos?

Eu: Era. Cara, você tem uma memória afiada, até lembra como eu era e o que eu fazia!

Tom: Charlotte... Você era aquela loirinha que... Bem...

Charlotte: Vivia te enchendo o saco por que eu queria ficar com você? Era eu mesma. Mas essa época ja era. Eu virei a página.

Ele abaixou a cabeça e ficou olhando para um copo em cima da mesa por um tempo com cara pensativa.

Nos sentamos pra comer e eu comentei do Sol. Dark e Glow apareceram na janela.

Dark: Gentem, vocês não... Quem é você?

Eu: Dark, Glow, essa é a Charlotte, ela é minha melhor amiga de infancia e veio visitar a gente por alguns dias.

Glow: Muito prazer.

Dark: Vai gostar de ficar aqui. Esse povo apronta cada uma...

Ela sorriu.

Dark: Só vim avisar que vocês não vão ter trabalho hoje, de novo.

Tom: Suave, com esse calor que ta fazendo, da pra dar um mergulho legal! Gente, vamos até aquele campo onde tem aquele lago de novo hoje?

Gustav: Eu não sei vocês, mas eu já to lá.

Ele se levantou e foi pro quarto dele.

Georg: É nóis, Gust.

Tom: Eu que dei idéia, eu tambem vou. E ai meninas, tão a fim?

Charlotte: Claro! Vamos nos arrumar Gatha.

Ela agarrou minha mão, me puxando até o quarto. Chegando lá, ela pôs um bikini preto com detalhes roxos. Eu peguei a primeira coisa que vi na gaveta do ármario, um bikini com desenho de chamas. Coloquei uma sainha preta e fiquei sem nada da cintura pra cima, apenas a parte de cima do Bikini. Fiquei me olhando no espelho e Charlotte saiu do quarto avisando que ia esperar lá fora. Bill entrou no quarto.

Bill: E ai, ta pronta?

Eu: Quase. Essa saia me deixa gorda?

Bill: Não. Ta linda.

Ele veio por trás de mim, abraçando minha cintura.

Bill: Mas se você quiser, pode tirar ela.

Eu: Não obrigada. Quando chegar lá eu tiro.

Bill: Há não, tira agora. Ou eu vou ser obrigado a fazer isso?

Eu: Você não é louco.

Bill: Há não? Então olha isso.

Ele puxou minha saia e eu fiquei só de bikini. Fiquei gritando e pulando com a mão esticada pra pegar minha saia, mas ele não deixava!

Eu: Bill, devolve! Me da minha saia!

Bill: Pra quê? Você tem que pegar uma corzinha, e ta um sol tão bom!

Eu: Ta de sunga por baixo da bermuda?

Bill: To. Por que?

Eu: Por isso.

Joguei ele na cama e arranquei a bermuda dele.

Bill: Há, é assim?

Antes que ele conseguisse se levantar, subi em cima dele como fiz da outra vez no campo. Ou seja, eu fiquei ajoelhada com ele entre minhas pernas, tentando pegar de volta minha saia e ele a bermuda. Ficamos assim por um tempo, até que Tom abriu a porta.

Tom: E ai, vai demorar mui... NOSSA, DESCULPA, EU NÃO QUERIA ATRAPALHAR NESSE MOMENTO TÃO COMPROMETEDOR.

Eu: TOM, NÃO É NADA DISSO QUE VOCÊ TA PENSANDO!

Ele nem me ouviu, simplesmente desceu gritando o que ele achou que estávamos fazendo pra Deus e o mundo ouvir. Sai de cima do Bill e devolvemos nossas coisas um pro outro, e ai descemos até a porta.

Georg: Alguem segura esses dois, que coisa feia, hein?

Eu: Por que você não fala isso pro Tom, que alem de fazer isso toda hora ainda sai contando pros outros?

Tom: Porque eu posso!

Charlotte: Relaxa, nós sabemos que vocês não estavam fazendo isso.

Georg: Como sabe?

Charlotte: O horário não permite. Vamos?

Fiquei envergonhada com todo esse papo, mas logo esqueci quando chegamos ao campo. O sol batia e estava um calorzinho gostoso. Tom nem esperou e já pulou no lago. Logo depois dele, foram Gustav e Georg. Eu me sentei debaixo de uma arvore com Bill e Charlotte. Ficamos ali conversando durante um tempo, até que senti umas gotinhas caindo na minha perna. Eram as tranças do Tom pingando em mim.

Tom: Eu não acredito que com esse calor vocês não vão entrar!

Charlotte: Tom, a gente já vai, da um tempo, por favor... E outra que eu não consigo entrar sem ajuda.

Tom: Eu te ajudo.

Ele agarrou ela pela cintura e a levou até a beirada do lago. Ela gritava pra que ele a soltasse, mas ao mesmo tempo dava risada. Acho que ela estava gostando de ser carregada por ele. Ele pulou com ela no colo dentro da água e os dois deram risada quando subiram. Bill pediu pra eu entrar com ele e eu aceitei. O dia se resumiu a isso: Passar o dia inteiro nadando debaixo de um Sol escaldante.

A tarde, olhei para o horizonte. A grama verdinha, o céu sem nuvens, Sol brilhando e eu ali, olhando pro nada. Até que vi um vulto correndo bem longe dali. Foi bem rápido, então nem liguei muito. Olhei para o lado e vi Charlotte encostada na “parede” do lago, e Tom na frente dela. Eles estavam conversando e pelo jeito estavam se divertindo. Ela estava de braços cruzados, falando e rindo. Não consegui ouvir o que era, mas é mesmo muita falta de educação cortar o papo de alguém quando ele esta interessante. Então, fui pro canto onde estava Bill, Georg e Gustav.

Eu: E ai gente, vocês tão assim tão mortinhos, vamos animar!

Bill: Mas a gente ta animado. É só que... Há, sei lá...

Eu: Ok... Meu vocês tem que pensar em alguma coisa pra fazer, se vocês estão assim agora, imaginem amanhã!

Bill: Quem sabe... Amanhã, quando a aurora surgir, a inspiração venha até nós e nos dê idéias para a nossa diversão neste momento tão escassa.

Gustav: Falou que nem poeta agora.

Georg: Essa eu não entendi.

Bill: Não entendeu o que?

Georg: Isso que você falou de quando a aurora surgir. Aurora não é a mortadela?

Eu: Olha Ge, e te adoro, mas depois dessa...

Georg: Mas não é?

Ficamos zuando a cara dele pelo resto do dia e a noite voltamos para casa. Depois de tomar um banho, fui até a sala para ver o que os meninos estavam fazendo. Estavam vendo um filme de terror, e eu não suporto essas coisas.

Eu: Que horror! Como vocês conseguem ver esses filmes de zumbis comendo cérebros? Eu morro de medo dessas coisas!

Tom: Você é uma bundona, esse filme nem da medo! Senta ai, vem ver com a gente.

Eu: Sou mesmo! Eu não consigo nem ver Van Helsing direito, quem dirá esse filme ai!

Gustav: Isso é bem ironico, você não consegue ver Van Helsing mas já detonou fantasmas, dragões, vampiros, lobisomens...

Ele me lembrou do assunto do vampiro e eu quase contei que talvez não tivéssemos matado o Drácula, mas alguma coisa me impediu. Acho que foi minha barriga me lembrando que eu estava com fome.

Eu: Gente, sabe o que é...

Fiz uma carinha de criança e uma voz manhosa.

Tom: Ai, lá vem você. Fala logo.

Eu: É que eu to com vontade de ir na feirinha de novo...

Alguem desligou a TV na hora e todos se levantaram correndo. Nesse momento, Charlotte apareceu (ela estava tomando banho até então).

Charlotte: Cheguei na hora né? Ou vocês iam me deixar aqui?

Georg: Não, você chegou na hora. Vamos logo?

Foi mais facil do que eu pensei. Fomos para a feirinha novamente e parecia que o Tom era o Roldão. Ele estava atacado.

Sinceramente, nunca vi tanta cantada idiota na minha vida. Esses são só alguns exemplos das cantadas do Tom:

Tom: Oi gata, gosta de cantores?

Menina: Sim.

Tom: Então vamos lá pra casa pra eu te dar uma aula de canto...

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Tom: Gosta de peixe?

Menina: Sim.

Tom: Prazer, muleque piranha.

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Tom: Seu pai é borracheiro?

Menina: Não, por que?

Tom: Por que você é uma graxinha.

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Tom: Seu pai trabalha em oficina?

Menina: Não. Por que?

Tom: Porque se você fosse uma porca, eu te apertaria.

Depois da vigésima cantada idiota, eu tive que intervir.

Eu: Tom, para com isso, você não vai comer ninguem com essas cantadas.

Tom: É só uma questão de tempo.

Ele chegou em mais uma menina com um monte de amigas em volta e eu não acreditei, mas deu certo. E elas RIRAM, CARA! E NÃO FOI UMA RISADA FORÇADA NÃO!

Tom: Ei, espera ai!

Menina: Por que?

Tom: Você deixou cair o papel que estava te embrulhando, meu bombomzinho.

Menina: Para gatchenho, ha ha ha!

Eles começaram a conversar e logo tinha sumido no meio do povo com a menina e as amigas. Nem ligamos e continuamos andando pela feira. Vi uma menina com um rosto conhecido ao longe e logo reconheci. ERA KIMBERLY. Essa menina me persegue, Jesuis.

Claro que assim que ela nos viu, veio correndo nos cumprimentar. Ela não perde um chance.

Kimberly: GEEEEEEEENTE, que bom ver vocês! Ha, oi, qual é seu nome?

Eu: Ela é a Charlotte, minha melhor amiga. - Respondi com certa frieza, mas acho que ela nem percebeu.

Mais uma vez, ela quis dar uma de amiguinha intima e ficou o tempo inteiro com a gente, sempre tentando puxar papo. Depois de umas 4 horas grudada na gente sem querer nos deixar ir embora, ela disse adeus e foi embora. Tom apareceu agarrando a cintura da menina, disse tchau pra ela e elas foram embora. Finalmente, voltamos para casa.

Cada um foi para o seu quarto, mas Tom foi para a cozinha. Eu fui atrás dele.

Eu: Tom, você não consegue se controlar, né?

Tom: Não. Mas se você soubesse o quanto é bom ser eu...

Eu: Só pra sair comendo qualquer um que vier pela frente? Não, obrigada.

Tom: Agatha, você já fez sexo com alguem?

Eu: Por que você quer saber isso?

Tom: Por nada ué, só curiosidade...

Eu: Bom... Prometa que não vai rir.

Tom: Prometo.

Eu: Não. Sou virgem.

Tom: E você já pensou em fazer isso algum dia com o Bill?

Eu: Ainda não. Se tiver que acontecer, eu vou deixar rolar. Mas agora, eu que quero perguntar uma coisa. Tom, você já pensou em algum dia parar com isso de só ficar com alguem por uma noite viver mesmo um... Romance?

Tom: Vou te contar um segredo... Eu quase vivi um quando era mais novo.

Eu: Por que "quase"?

Tom: Não sei. Acho que eu tinha medo de ter um relacionamento sério. Sei lá, é muita pressão pra mim. Acho mais fácil conhecer a pessoa e pa pum, acabou.

Eu: Entendi...

Bocejei e me espreguiçei.

Eu: Bom, vou dormir. Boa noite.

Tom: Boa noite.

Subi para o meu quarto e Charlo já estava dormindo. Me arrumei na minha cama e cai no sono alguns minutos depois.