Voltei para meu quarto, tentando não pensar muito naquilo. Provavelmente, era só minha "mania de perseguição" se aguçando. Quando subi, preferi ir dormir antes que começasse a criar possibilidades estúpidas na minha mente que me trariam preocupações ainda maiores. Isso era como uma bola de neve, precisava parar agora ou ficaria incontrolável até que começaria a ter ataques de ansiedade. Porque eu tinha que ser tão complicada afinal?

Com algum tempo consegui dormir e até sonhar, tanto que foi como se eu tivesse apenas piscado o olho.

Acordei com pequenas batidinhas na porta e um "Acorda Cinderela, vamos para praia." gritado por Emmett. Ele parecia um urso urrando na porta e me chamando para briga. Quis tacá-lo alguma coisa, mas estava fora do cômod, então só coloquei o travesseiro sobre a cabeça e ignorei.

- Acho que a Bella morreu. - o ouvi urrar de novo.

Forcei mais o travesseiro contra minha cabeça.

- Talvez esteja com medo de abrir a porta para você. - era a voz de Jasper.
- Sai da frente, amor. - Rosalie já estava na porta.
- Bella, levanta logo a gente está indo para praia, você vai perder o café-da-manhã.
- Ai, gente. - me sentei na cama - A casa é de frente para praia. Fala sério. Me deixa dormir mais um pouco. - choraminguei.
- Tá bem. Mas você vai ter que fazer seu próprio café, okay? - disse em tom de ameaça.
- Como se eu tivesse medo de cozinhar. - resmunguei.
- Eu ouvi isso, sua chata. - socou a porta rindo - Nos vemos mais tarde.
- Tchau. - gritei.

Me deitei de novo e tentei voltar a dormir, mas rolei por vários minutos na cama sem conseguir o que tanto queria. Até que ouvi a porta se abrindo.

- Me deixem um pouquinho sozinha? - clamei por piedade.
- Tem certeza? - era a voz de Edward que ouvi vindo na minha direção.

Me virei sorrindo e encontrei seus olhos me fitando interessados da porta.

- Acho que posso abrir exceções. - sorri e o chamei com o dedo.

Entrou e fechou a porta, mas não se aproximou da cama.

- Vem cá - pedi de novo.
- Tem gente em casa. - apenas mexeu a boca.
- Hum. - resmunguei, me jogando de novo no travesseiro.

Riu da minha cara e veio até a cama onde se sentou do outro lado. Lê-se: bem afastado para não ter confusão.

- Alice não foi para praia com os outros. Acho que não está bem.
- Que que ela tem?
- Sei lá. Sei que me olhou muito estranho ontem na hora que a gente estava lá embaixo depois que lanchamos.

Senti meu coração apertar. Será que ela?

- Bells. - chamou estalando os dedos na frente do meu rosto.

Voltei meu olhar para ele.

- Você podia ir lá no quarto dela ver o que ela tem. Talvez vocês possam conversar. Essas coisas de mulher que fazem, tipo: falar mal da gente. - cruzou os braços.
- Hum sei. Da mesma forma que vocês falam que a gente não sabe dirigir, né. - brinquei, cruzando os braços como ele.

Ele caiu numa gargalhada.

- Vai me dar quando a chave do Volvo, hein.
- Nunca. - repetiu se deitando com a cabeça virada para o pé da cama.
- Machista. Vou reclamar com seu pai. Tenho certeza que ele não te criou assim.
- Iiii. Ela vai contar para o papai. - debochou fingindo tremer as mãos.

Me levantei ficando em pé na cama.

- Falei agora igual quando tínhamos cinco anos. - sussurrei.
- Hey, lembra daquele trabalho que fizemos juntos na sétima série?

De repente, a lembrança me invadiu me fazendo abrir a boca num pequeno "o".

- Cara, já tinha até me esquecido disso.
- Lembra o que eu fiz? - sorriu maliciosamente.
- É. Infelizmente, tenho boa memória. - lhe dei um chute no braço.
- Ah Bella, isso tudo só porque taquei um pote de tinta vermelha em você?
- Não, isso foi por eu ter ficado cinco horas embaixo do chuveiro no inverno para lavar a tinta toda.

Gargalhou mais uma vez.

- Pode rir, bobão. Me vinguei mesmo. - dei de ombros.
- Vingou?
- Você acha que aquele chiclete foi parar no seu cabelo por coincidência?

Se apoiou nos cotovelos.

- Pensei que tivesse sido o Mike Newton.
- E foi, mas todos nós sabemos que o pequeno e loiro Mike nunca foi inteligente o suficiente para aprontar uma coisa dessas. Então, como nunca gostou de você e sempre foi afim de mim. - fez uma careta para a verdade que persistia até hoje e gostei de vê-lo com ciúmes - Planejei tudo e ele pôs em prática, e em troca dei a ele uma tarde inteira de conversa com a minha pessoa, enquanto você tentava tirar o chiclete de morango desse emaranhado que chama de cabelo.

Estava chocado com minha maldade.

- Você acaba de se revelar a pessoa mais cruel da face da Terra, Isabella. - rosnou estreitando os olhos.
- E o que você vai fazer quanto a isso? - provoquei.
- Vai ver.

Ficou ajoelhado na cama e me puxou pela parte de trás da coxa até que caí sentada em seu colo com uma perna de cada lado de seu corpo. Nossos rostos ficaram tão próximos que pude ver cada linha verde de seus olhos.

- Sabe que agora vou querer me vingar também, não é? - pôs sua mão por dentro da minha blusa e começou a subir.
- Talvez eu faça o mesmo. - sussurrei empurrando a mão para baixo.
- Vamos ficar nesse jogo? - fez bico.
- Mas assim que é interessante. - sussurrei mordendo seu lábio inferior.

Estava ficando louca. Com Alice em casa e eu aqui provocando meu namorado/meio-irmão/ex- pior inimigo mortal. Sorri com meus pensamentos e comecei a me deitar devagar. O observei me medindo de cima à baixo.

- Acho que vou ver como Alice está. - anunciei despreocupadamente balançando um pouco a perna.

Ele engoliu em seco tentando olhar para dentro da minha blusa larga.

- Você vai ficar bem, certamente. - sussurrei, me sentando - Tchauzinho. - lhe dei um selinho e levantei.

Acho que levantei depressa demais, foi quando uma grande mancha negra apreceu na minha frente. Como se eu estivesse perdendo a visão. Cambaleei desnorteada e depois senti minhas pernas bambeando.

- Bella? - a voz veio detrás de mim.

Percebi que estava um pouco mais firme agora. Apoiada em alguma coisa. Edward me girou e foi só agora que notei estar nos seus braços.

- Bella? Fala comigo. - pediu segurando meu rosto.
- Caramba. - minha voz saiu mais rouca que o normal - Tudo girou.
- Não é a primeira vez que isso acontece. - reclamou, me deitando na cama.
- Já percebeu que sempre acontece depois que você me agarra? Acho que é o culpado. - segurei a cabeça que ainda girava um pouco, mesmo sabendo que estava apoiada no travesseiro.
- Não brinque mais. Isso é sério. Estou começando a ficar preocupado. Está branca demais.
- Agora entrei na categoria branca azeda? - perguntei rindo um pouco.
- Bella é sério. Acho que isso foi uma queda de pressão. Vou pegar um sanduíche para você. Precisa comer algo de sal.
- Não. - falei antes de levantar - sabe que não gosto de comer nada de manhã. Me dá enjoo. - respondi segurando sua mão o impedindo de sair de perto de mim.
- Mas você precisa. E não vai discutir comigo agora.
- Vou sim. Já disse que comer de manhã me faz mal. Fiquei assim porque levantei rápido demais, ainda ESTOU sonolenta.
- Pode até ser um bom motivo, mas já é a segunda vez que isso acontece. E da outra vez foi porque?
- Porque não tinha comido o dia inteiro. - resmunguei apoiando a cabeça na mão.
- Ontem você só comeu um hambúrguer e um sorvete o dia inteiro. Vou logo avisando que se não te ver comendo direito, vou-
- Edward, não me enche a paciência logo de manhã. - resmunguei botando as pernas para fora da cama.
- Estou fazendo isso para o seu bem, Bells. - passou a mão no meu rosto e tirou um pouco do suor frio que se acumulára na minha testa.
- Que droga. Vou tomar um banho. - resmunguei, me levantando só que apoiada nele.

Minha cabeça girou um pouco, mas tentei me manter firme para que não percebesse. Depois tomei banho e acabei que nem fui no quarto de Alice.

Depois que todos chegaram da praia, fomos almoçar num restaurante de frutos do mar e a noite nos arrumamos para ir na boate que Emmett falara. Fomos todos num carro só e já dentro da boate sentamos numa mesa grande com um sofá vermelho de veludo num canto. A música estava alta o suficiente para me fazer elevar o tom de voz para responder alguém.
De tempos, nós levantávamos e íamos dançar todos juntos. Ou casal por casal, quero dizer: Emm com Rose e Li com Jas. Para falar a verdade, eu já estava cogitando a idéia de contar para eles, mas ainda restava um mínimo de dúvidas dentro de mim. Estava tomando um drink, bem fraquinho porque não tenho muita resistência para essas coisas, quando vi do outro lado da pista um cara me olhando.
Vários caras me olharam durante a noite, estávamos numa boate, mas ele era diferente. Quase me devorando com aqueles olhos extremamente negros. Abaixei o rosto ignorando. Continuei a tentar ouvir o que Rose dizia sobre a praia de hoje de manhã. Mas foi quando um garçom chegou perto de mim com um drink dizendo que tinha sido oferecido pelo cavalheiro ali.

Eu só tinha visto isso em filme, fala sério. Tentei negar, mas o garçom não me deu ouvidos me deixando completamente vermelha com o drink na mão.

Rose e Alice me olharam rindo maliciosamente.

- Bella hoje não sai sozinha, hein. - Emmett gritou tão alto que Edward e Jasper que estavam conversando distraídos olharam para nós.

Encontrei o olhar dele preocupado e enciumado. Tentei dar de ombros sem que ninguém percebesse para que ele visse que eu não tinha nada a ver com aquilo, mas abaixou o rosto torcendo os lábios em reprovação e voltou a falar com Jasper.

Tentei botar o drink na mesa na minha frente, mas Rose não deixou.

- Não vai fazer essa disfeita. Droga. - olhou para o cara de rabo-de-olho - Ele é maior gato, amiga.
- Hey. - Emmett ouviu.
- Prefiro você, namorado. - explicou para evitar brigas.
- Acho bom. - rosnou baixinho fazendo bico e ela revirou os olhos sem que ele visse.

Olhei de novo, mas só por curiosidade. O cara era forte e bem alto. Tinha a pele clara e o cabelo escuro com alguns cachos largos. Seus olhos não paravam de me fitar com tanta curiosidade e intensidade que corei na mesma hora. Mas ele não era novo. Tinha no mínimo uns vinte e cinco anos e eu não era louca suficiente para isso. Percebi que Edward estava extremamente irritado onde estava sentado e dava olhares tão raivosos para o tal cara que eu os consideraria socos.

- Bella, vai lá falar com ele. Anda. - Rosalie quase me empurrou do sofá.

Alice que estava do meu outro lado ronronou:

- Ela parece até que tá com medo. É compromissada por um acaso, Bella? - perguntou tomando mais um gole daquilo que tinha nas mãos.

A olhei estreitando os olhos e percebi um brilho diferente e uma conotação provocativa naquela frase. Ela não conseguia esconder seus sentimentos de mim. E pelo visto, eu também não estava escondendo mais muita coisa dela.

- Acho melhor ficar aqui. Não vou falar com ele. - disse diretamente para ela.
- E porque não?
- Você não tem ninguém em vista. Tudo bem que ficou com o Jacob antes das férias, mas vocês só ficaram. Foi só isso, não foi? - Rose perguntou.
- Foi. - respondi de má vontade.
- Então, vai lá! - Alice incentivou.

Olhei na direção de Edward que me encarava friamente com os braços cruzados sobre o peito. Eu estava entre a cruz e a caldeirinha. Tinha que esconder o namoro com Edward, mas se não fosse lá Alice com certeza deduziria ainda mais com ele olhando daquela forma para nós. E se eu levantasse, com certeza teria problemas mais tarde.

Respirei fundo e olhei de novo para Alice que carregava um sorriso estranho. Não sei onde estava com a cabeça, quando me levantei do sofá, ajeitei o vestido e fui na direção dele segurando o drink nervosamente na mão.

Deus! Eu nunca tinha feito aquilo. Edward vai me matar. Eu podia sentir o olhar dele tão fulminante nas minhas costas que chegava a queimar. Levantei o olhar, encontrando pela primeira vez o do tal cara que me encarava agora com um sorriso vitorioso. Deu alguns passos para trás, enquanto mordia os lábios e quando já estava perto o suficiente, entendi o porque daquilo. Daquele lugar que estava agora ninguém poderia nos ver. Parei na sua frente sentindo o nó se formando na minha garganta.

- Achei que você demorou demais Srtª (?)
- Olha, sinceramente, vim aqui só para dizer que... - me agarrou pela cintura e me apoiou na parede.

Agradeci por daqui eles não poderem me ver, ou então seria "esquece namoro" e Edward já teria dado um pulo até aqui para acabar com a raça dele e a minha.

- Pode falar agora. - disse se aproximando.

O empurrei com a força que tinha e acabei derrubando o drink na sua camisa. Olhou pra baixo.

- Olha a droga que você fez, gata. - rosnou apertando o cenho - Agora vai ter que recompensar.

Apoiou a mão atrás da minha cabeça e me puxou na direção de sua boca, mas fui mais rápida e me abaixei.

- Você é surdo, meu irmão? - rosnei séria.

Ele mordeu o lábio impaciente.

- Eu vim aqui para pedir que pare de me mandar esses drinks e pare de ficar me olhando desse jeito.
- Estressou, gostosa? - perguntou tentando me puxar num beijo de novo.

Escapei, mas dessa vez foi pura sorte.

- Ou você pára com isso ou meu namorado vai acabar com a sua raça. - rosnei.

Daonde eu tinha tirado essa idéia? Minha boca falou sem minha permissão.

- Uau! Tô cheio de medo de um garotinho defendendo a namoradinha. Pensei que você fosse diferente.
- É... e você também me parecia menos incoveniente, arrogante e grosseiro de longe. Quem te olha pode até pensar que você é um cara legal, mas quando chega perto e vê o perfeito idiota que é, fico até com pena. Agora, com licença, tenho meu namorado para ficar comigo essa noite. Enquanto você vai continuar tentando achar uma vagabunda para beijar essa sua boca com bafo de vodka barata. Babaca. - rosnei antes de sair andando.

Ele não me seguiu. Pelo menos não percebi ninguém me seguindo.

Daonde aquelas palavras saíram? Juro que às vezes não comando meu corpo. Voltei para mesa com olhares surpresos de Rosalie e assustados de Alice. Os de Edward eu preferi evitar para não me magoar.

- Amiga? - Rose me puxou para o lado dela - O que aconteceu? - perguntou interessada.
- Nada eu só...
- Vou embora, tá pessoal?

Quando percebi ele estava se levantando.

- Vou com você. - Alice disse se pondo de pé também.
- Hey, gente. Tá tão bom aqui. - Emmett tentou acalmar o ambiente.
- Também quero ir. - falei me levantando.

Senti o olhar de Edward queimando no meu rosto, mas continuei olhando para o lado contrário.

[...]

Todos entraram com muito barulho. Emmett esbarrou na mesa da sala. Jasper estava um pouco alterado. Rosalie ainda estava dançando e Alice rindo da cara dela. Eu fui a última a entrar na casa, logo atrás de Edward. Passei um pouco a frente enquanto ele pendurava a chave do Volvo ao lado da porta. Trancou a porta da casa e depois se virou para mim. A sala já estava vazia e pela primeira vez o encarei. Ele estava totalmente transformado de raiva.

- Edward, eu... - tentei começar, mas não me deixou falar nada.
- Só te peço uma coisa. Não. Vá. Atrás. De mim. - rosnou sério.
- Como?

Não respondeu, mas entendi quando o vi saindo da casa pela porta da varanda em direção à praia. O segui segurando seu braço.

- Espera.
- Me larga agora. - ordenou frio - Ou me solta ou não olho mais pra você.

As palavras foram como um choque que me fizeram soltar seu braço. Me olhou uma última vez e saiu pela varanda, pisando nos degrais como se os quisesse quebrar. Merda. Porque fui tentar fazer a cabeça de Alice e levantei daquela maldita mesa? Fiquei muito tempo o vendo se afastar mais e mais indo pela areia na direção contrária da casa. Mas não ia deixá-lo pensando o que quisesse de mim. Tinha que explicar tudo.
Tirei meus saltos e pus num canto da sala e saí na varanda. O vento frio de beira de praia me fez ficar arrepiada. A silhueta dele já havia sumido no horizonte por causa da escuridão. Mar e areia se confundiam por causa da falta de iluminação. Pulei os degraus dois em dois e corri sentindo meu pé afundar na areia fofa. Caminhei em frente até sentir meu pé firme na areia dura que estava molhada pelo mar. Ali eu não perderia tanto tempo andando e me encontraria mais fácil.
Dei os passos mais largos que podia. A pouca claridade do céu era refletida pelo mar e eu conseguia enxergar poucos metros na minha frente. Foi então que achei pegadas. Podia não ser dele, mas eu não tinha nada mesmo a perder. Caminhei por muitos minutos, estava começando a ficar preocupada, quando vi de longe uma silhueta agachada observando o mar. Esperei me aproximar mais para gritar seu nome:

- Edward.

Se levantou logo em seguida e começou a andar na direção contrária.

- Edward, me espera. Vamos conversar.

Parou no meio do caminho e esperou de costas até que o alcançasse.

- Vamos conversar? - pedi baixo.
- Pedi para que você não viesse atrás de mim. O que você está fazendo aqui? - rosnou.
- Eu tinha que te explicar o que aconteceu lá.
- Não tem explicação, merda. - gritou.

Me encolhi e abaixei a cabeça. Estava com tanto ódio de mim mesma por ter levantado daquela maldita mesa.

- Eu não levantei porque queria ir lá falar com ele. Você está entendendo tudo muito mal.

Dei mais um passo para frente e toquei suas costas, mas se afastou.

- Edward, me deixa explicar. - se virou me olhando.
- Explicar que você prefere se arriscar indo falar com um cara totalmente desconhecido, que prefere colocar minha paciência e meu auto-controle em risco só para poder tirar "coisinhas" da cabeça da Alice? - rosnou sério.

Então entendia o que eu tinha ido fazer lá? Porque estava agindo dessa maneira?

- Se entende o porquê de eu ter ido falar com aquele cara... porque está agindo dessa maneira?
- Você só pode estar se fazendo de idiota para não perceber. - rosnou, segurando meu braço e me puxando de encontro ao seu peito.

Me apertou com força, obrigando-me a olhar em seus olhos que agora queimavam.

- Eu estou com ciúmes, Bella. Me corroendo de ciúmes. E você não tem noção das coisas que passaram na minha cabeça quando te vi levantando. - rosnou ainda mais - Agora, é claro, se você prefere as suas amizades do que a mim. É melhor ir embora. - insinuou cínico.

Soltou meu braço e apertou o cenho entre indicador e o polegar.

- Você sabe, de verdade, sobre o que está falando? - perguntei irritada.
- Bella, volta para casa. Vai embora, vai. - resmungou deitando na areia.
- Só vou embora quando você me explicar porque fez aquela estupidez comigo.

Levantou o olhar encontrando o meu e sabia que não teria como fugir de mim.

- Você ainda quer alguma explicação por ter sido grosso com você? - perguntou sarcástico - Eu. Estava. Com. Ciúmes. Aliás, ainda estou.
- Não tem motivos para isso.
- Não tenho? - se sentou - Para conseguir convencer sua amiga, aceitou uma cantadinha barata de um desconhecido. Me diz Bella, você foi lá para trás com ele e fez o que? Jogou xadrez?
- Devia confiar mais em mim. - respondi tentando engolir o choro.
- Se você desse mais provas de confiança talvez o fizesse. - deu de ombros.

Senti a primeira lágrima caindo e meu rosto queimar.

- Eu dou provas de confiança muito concretas. Todos os dias minto para as minhas melhores amigas e para minha própria mãe para tentar manter isso que a gente tem. Ponho em risco os sentimentos mais fiéis que já conheci que são os delas por você. Se isso não é prova concreta de confiança e amor, então me desculpe, mas prefiro deixar como está. - as lágrimas agora corriam apressadas.

Me virei na direção que tinha vindo e comecei a andar saindo de perto dele.

Como tinha coragem de me dizer tudo aquilo sabendo a nossa condição? Esse namoro escondido que eu repensava toda hora, mas não tinha coragem de assumir por medo de perdê-lo. E como pude ser tão idiota em acreditar que isso daria certo? É claro que na primeira oportunidade ele colocaria tudo por água abaixo. Sempre as brigas. Malditas brigas, implicâncias, falta de confiança.

Me abracei mais forte tentando me aquecer do vento gelado que corria na beira-mar, mas acho que não estava tremendo por causa do frio, e sim de nervosismo.

- Bella. - sua voz estava um pouco distante.

Ignorei e continuei andando. Ele acha que é só me chamar que volto correndo como um cachorro carente? Dei passos mais firmes.

- Não está me ouvindo? - de repente puxou meu braço e me virou para ele.
- Me larga. Não quero mais falar com você hoje.
- Mas vai. - teimou me trazendo para o seu peito.

Tentei o empurrar, mas era muito mais forte do que eu e me prendeu num abraço.

Apesar de estar confortavelmente quente entre seus braços, não queria ficar ali. Não depois de tudo que disse. Me debati mais tentando me ver livre.

- Me ouve, por favor? - sussurrou no meu ouvido me fazendo parar.
- Não quero falar com você agora. A gente vai acabar bringando de novo... e não é isso que-
- Shi. - pôs o dedo no meu lábio - Sem reclamações, agora vou falar. - ordenou sério.

Tentei me manter o mais parada possível o ouvindo, mas foi impossível não me aconchegar nele. Tão quente. Tão forte. Tão idiota que eu sou. Droga.

- Eu fiquei cego. Me desculpa?
- Não, não desculpo. - fiz birra.

Sacudiu a cabeça e segurou meu queixo entre seus dedos longos.

- Bella, deixe de ser orgulhosa, me ouve agora. - levantei meus olhos encontrando os dele verdes e fortes como hoje de manhã - Me desculpa? Fiquei cego de ciúmes. É claro que confio em você. As provas que já deu e dá são mais do que suficientes, e até porque não preciso de prova nenhuma para continuar te amando.
- Porque você age dessa forma, seu idiota? - lhe dei um soco no braço.
- Porque eu te amo. - respondeu como se fosse óbvio. - Quando te vi aceitando a proposta oculta naquele drink, enquanto via a forma como aquele cara te olhava. Bella, fiquei louco imaginando só o que ele poderia estar querendo fazer com você. - suas mãos escorregaram pelas minhas costas me aproximando ainda mais e me deixando arrepiada.

Aproximou a boca do meu ouvido.

- Não se esqueça que agora você é minha e não tem como escapar de mim e do meu ciúme.
- Não sabia que o ciúme vinha incluso no pacote. - brinquei, tentando sorrir.

Deu um sorriso tímido. Porque não era forte o suficiente para escapar?

- Não vou repetir o que fiz hoje, tudo bem? Prometo.

Sorri assentindo.

- Vai segurar seu ciúme? - perguntei curiosa.
- Não. - aproximou nossas bocas - Vou começar a segurar você mais nos meus braços.

As mãos que estavam antes nas minhas costas apenas me aproximando dele, agora me apertaram com força enquanto me beijava. Passei meus braços em torno do seu pescoço enrolando meus dedos nos cabelos emaranhados e com alguns grãos de areia. O puxei mais forte para mim sentindo meu corpo queimar por ele. A pele em contato emanando calor como brasa. O único fogo que eu quero me queimar.

Uma das mãos puxou meu vestido mais para cima, como se já não fosse curto o suficiente e ele apertou minha coxa. Ofeguei, afastando nossas bocas, tentando recuperar o ar.

- Diz que me ama de novo. - sussurrou mordendo meu lábio inferior.
- Quantas vezes você quiser. - passei minha mão abrindo os botões da camisa com facilidade - Te amo.

Sorriu com as poucas palavras e me puxou de novo num beijo. Passei minha mão no seu peito, arranhando cada centímetro. Minhas pernas fraquejaram e isso foi só um estímulo para que logo nos deitasse na areia.

- Quero você agora. - sussurrou se separando.

Não me faça esperar mais. - pensei.

- Então que seja aqui. - respondi tomando seus labios de novo.

A areia fofa nos recebeu como cama. Ele entrou no vão das minhas pernas, tentando não jogar o peso sobre mim. Empurrei sua camisa para baixo, deixando as costas nuas, me possibilitando dar alguns arranhões. Gemeu rouco parando o beijo e depois abaixou o rosto me dando uma mordida no pescoço.

"Vai ficar marca" - pensei enquanto me dava um chupão.

Mas que ficasse, ele podia me marcar inteira que eu não me incomodaria.

Começou a descer sua boca, distribuindo beijos no meu colo e no vão dos meus seios que o decote deixava à mostra. Agarrei seus cabelos o estimulando a continuar.

Porque não rasgava logo esse maldito vestido?

Meus pedidos foram atendidos, mas não totalmente, ao invés de rasgar levantou a peça até a minha cintura, me deixando a mercê dele.

A areia que batia na minha pele estava fria e fiquei completamente arrepiada.

Riu baixinho, desceu seu rosto até minha barriga e arqueei gemendo enquanto beijava minha pele. Isso era tortura. Tortura cruel. Mas me vingaria.

- Edward. - gemi com o pouco de voz que ainda saía de mim.
- Geme mais, Bella. - sussurrou contra a pele sensível perto do meu umbigo.

Me mordeu, me fazendo gemer alto. Suas mãos que antes passeavam por mim agora se concentraram na lateral da minha calcinha que foi puxada num instante.

Fechei os olhos com força. Medo do que ele ia fazer e ao menos tempo um desejo incontrolável. Me beijou delicadamnte me fazendo perder completamente o ar. Era a minha primeira vez. Sua língua me levou no céu e me fez voltar. Era muito bom, tanto quanto tê-lo dentro de mim completamente. Sntia minhas pernas franquejarem em volta do seu rosto. Sua boca me comia com voracidade, estava quase no auge quando ele parou, ficou ajoelhado na areia e abriu o zíper da calça libertando seu membro. Se deitou de novo em cima de mim e nos conectou. Com movimentos fortes e rápidos me fez dele mais uma vez, ali na areia da praia.

Edward Pov

O dedo dela percorria devagar as linhas do meu abdômen, enquanto eu remexia os cachos castanhos que estavam jogados no meu braço. Ali, sozinhos no meio do nada, ela era tão minha. Conseguia ver o sorriso que se formava no seu rosto apoiado no meu peito. Fiquei tão cego de ciúmes quando a vi com aquele cara que nem me importei e disse coisas que a magoaram. Não queria isso, mas quando me respondeu percebi o quanto tinha sido idiota. Prometi para mim mesmo que não a trataria assim de novo, mas às vezes era tão difícil controlar meu ciúmes. Eu o tinha de todos. Qualquer um que olhasse para ela. Jacob. Mike. Até Emmett e Jasper que sabia que gostavam mesmo das namoradas, até eles me deixavam com ciúmes quando conversavam com Bella ou brincavam com ela. Eu queria poder abraçá-la em público toda vez que alguém olhasse para ela, mas e o namoro escondido? E a história dos meio-irmãos? Eu queria tanto tentar contar tudo para todos, mas e se eles não aceitassem?
Se isso acontece, ficaria com Bells do mesmo jeito, mas e a confiança de uma amizade, do meu pai, como ela mesmo havia dito há algum tempo?

- Está dormindo? - sussurrei, vendo que estava de olhos fechados.
- Quase. Estou morrendo de sono. - respondeu sem abrí-los.
- Quer ir para casa?
- Que horas são? - levantou o rosto apoiando o queixo no meu peito.

Levantei o braço vendo a hora no relógio.

- Caramba
- Que foi?
- São quatro e meia da manhã. - respondi assustado vendo como as horas corriam rápido.
- Vamos voltar ou vamos ver o nascer do sol? - perguntou rindo e se levantando apoiada em mim.

Alice Pov

Consegui ver bem de longe que estavam de mãos dadas enquanto caminhavam pela areia. Sabia que era eles pela roupa de cada um, pois seus rostos mal conseguia ver. Cínicos. Mas meu plano estava quase todo pronto. E ia acabar com a farça dela num instante. Senti uma lágrima cair dos meus olhos. Ainda não acredito que mentiu para mim, que mentiram para todos nós dessa maneira. Percebi que estava chorando agora. Eles estavam mais próximos da casa, então fechei a cortina para que não me vissem.
Deram mais alguns passos até que Bella olhou para baixo para as mãos entrelaçadas, olhou para casa e depois se soltaram. Então era assim? Tudo bem.

- Alice? - a voz de Jasper chamou minha atenção.

Me virei e o vi sentado na cama coçando os olhos.

- O que você está fazendo na janela? - perguntou interessado.
- Er, nada. Só fiquei um pouco sem sono. - estava esperando voltarem.
- Volta para cama, Li. - disse se deitando e batendo no espaço vazio ao seu lado.

Sorri e caminhei devagar até lá. Me deitei ao seu lado e me aconcheguei em seu abraço. Eu tinha que planejar tudo direito. Seria até o final da viagem e eu ia os por contra a parede.

Edward Pov

- Cala a boca, Emmett. - Alice, Jasper e eu dissemos juntos.
- Caramba. Assim vou chorar. - falou de boca cheia e consegui ver todas as torradas sendo digeridas.

Dei um tapa na cabeça dele para ver se pegava no tranco e também para fechar a boca.

- Consigo ouvir a gritaria lá de cima. - Bella apareceu na cozinha já reclamando.
- E a gente pensou que você tinha morrido no banho. Demora uma vida para se arrumar para ir para praia. - resmunguei debochado.
- Olha quem fala. O "príncipe encantado" demora horas no banheiro antes de ir pra escola. - deu uma careta.
- Haha. Engraçadinha. - a imitei.
- Olha as panquecas. - Rose apareceu perto da mesa pondo os pratos com panquecas empilhadas no centro.

Todos nós nos sentamos, enquanto Jasper trazia uma grande jarra de suco de laranja. Começamos a comer, mas apesar da confusão não deixei de perceber que Bella só tomava um suco. Ela não estava me levando a sério, não é?

Cheguei perto de seu ouvido e sussurrei:

- Tome o café-da-manhã, Bella.
- Estou tomando. - rosnou baixinho.
- Você não está me levando a sério.
- Pára com isso, Edward.
- Eu estou falando sério. Não vou te segurar na próxima tonteira.

Voltei para o meu banco e comecei a comer. Me olhou de rabo-de-olho irritada e de má vontade pegou uma panqueca.

- Bella, pega mais. - Rosalie falou sorrindo.

Bella sorriu falsa e pegou mais uma.

O café-da-manhã rolou tranquilo e depois decidimos todos irmos para praia. Em frente de casa mesmo. As meninas ficaram na areia pegando sol e nós preferirmos andar pela beira-mar.

Bella Pov

Um tempo depois.

Terminei meu banho e fui para o quarto. Rolei um pouco na cama, apesar de estar cansada. Decidi ir tomar um copo d'água e fui até a cozinha. Sabia porque estava assim tão nervosa. Todos os casais dentro de seus quartos estavam, provavelmente, brincando de roda, é claro. E eu aqui sozinha. Eu não aguentava mais e decidi ir até o quarto dele, mas ao invés disso fui na cozinha beber um pouco d'água. Tentei não fazer barulho, enquanto voltava pelo corredor para o meu quarto. Parei na porta avaliando a situação: já eram quase uma da manhã, todos estavam em seus quartos, estava louca de vontade para ter um momento "de verdade" com Edward. Olhei para as portas dos quartos fechadas e decidi ir até lá. Abri devagar, mas estava tudo muito escuro. Caminhei até a cama e subi não fazendo alarde, mas me surpreendi quando a encontrei vazia.

- Ham?

Minha cara devia estar uma comédia, foi então que eu ouvi:

- Sempre invade quartos masculinos a essa hora da noite, Isabella? - a voz veio de trás de mim.

Me virei devagar e tive uma surpresa, um tanto quanto, agradável. Estava saindo do banheiro só de boxer, enxugando o cabelo com uma toalha branca.

- Depende do homem que estiver no quarto. - sussurrei rindo.
- Boa resposta. - jogou a toalha em cima da poltrona, ajoelhou na cama e veio até parar entre minhas pernas - Isso deve significar alguma coisa, não é mesmo?!

Agarrou minhas coxas com força e me puxou de encontro a seu corpo.

Sorri maliciosa, enquanto se abaixava para me beijar.

[...]

Senti uma claridade incômoda no rosto e me virei na cama saindo dos braços dele. Abri os olhos por um instante e vi que ainda era noite.

"Que luz é essa?" - me perguntei internamente.

Girei de novo e vi que era a luz do quarto que estava acesa. Eu lembrava de tê-la deixado apagada. Me sentei na cama e...

- Alice. - perguntei assustada a vendo parada na nossa frente.

Foi só isso que consegui pronunciar. O nome dela ficou ecoando na minha cabeça como um sinal de alerta. Sermos pegos no flagra era a última coisa que poderia acontecer, mas estava acontecendo. Tinha uma vaga idéia de como poderia estar se sentindo: traída. Fiquei congelada, completamente paralisada e não sabia mais o que dizer e como reagir ao seu olhar frio e distante. Edward continuava dormindo ao meu lado e isso era muito bom, ele não deveria mesmo entrar nessa discussão.

Allie deu a volta na cama vindo parar ao meu lado. A acompanhei com o olhar com medo de me mexer ou me pronunciar, mas foi ela quem deu o primeiro passo.

- Quando você pretendia contar? E, por favor, seja sincera.
- Eu, er... - as palavras estavam presas na minha garganta.

O nó foi aumentando cada vez mais, impossibilitando o ar entrar completamente nos meus pulmões.

- Sem rodeios, droga. Quando você pretendia me contar? - perguntou de novo engolindo a raiva.

Precisava ser totalmente sincera, pois saberia se eu tentasse mentir. Até porque não era nenhuma entendida desse assunto.

- Vou perguntar pela última vez. - rosnou - Quando?
- Eu... - tomei uma lufada de coragem - Não pretendia. - confessei.

E não pretendia mesmo, apesar de ser uma idéia fixa na minha cabeça que adorava vir me pertubar nos momentos mais importunos, apesar disso, ainda assim, não pretendia contar nem para ela, para os outros, ou para nossos pais.

- Eu imaginava. - respondeu com rancor.
- Alice, não queria te-
- Cala a boca, Bella. - ordenou séria - A gente conversa mais tarde. - virou as costas e deu um passo.

Mas como assim "conversar mais tarde"? Segurei seu braço com brutalidade antes que se afastasse.

- Alice, eu. - não pude terminar a frase.

Girou ficando de frente de novo e com uma feição que nunca vi em seu rosto me deu um tapa. Minha pele ardeu onde tinha me batido e meu rosto ficou virado para o lado contrário da sua mão. Não levantei o olhar sentindo a pontada de dor fraca que surgia na minha bochecha. Tentei processar a informação. Ela havia, mesmo, me dado um tapa.

- Bella, er, oh meu Deus. - tentou dizer alguma coisa - Meu Deus. - sussurrou antes de sair correndo do quarto.

Ouvi o barulho baixo da porta se fechando. Eu ainda não acreditava em nada do que tinha acontecido. Acho que fiquei muito tempo olhando para o mesmo ponto no chão, quando o lençol que segurava começou a se mover.

- Bella. - Edward sussurrou com o rosto atrás do meu.

Senti as primeiras lágrimas que só caíram agora indo de encontro ao colchão.

Edward afastou o cabelo do meu ombro.

- Tá sem sono, amor? - perguntou com a voz embargada.

Me girou até que ficasse de frente pra ele.

- Porque está chorando, Bells? - perguntou assustado.
- Ela-
- O que?
- Alice. - sussurrei.
- O que tem Alice?
- Ela veio aqui. - arregalou os olhos.
- Como?
- Ela viu a gente. - continuei chorando.
- Viu a gente?
- Viu. Merda, Edward. Ela me odeia agora. - concluí com a verdade.
- Calma, Bella. - me abraçou.