Glimmer escrita por kyou-san


Capítulo 1
Glimmer (one-shot)


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Traidor!!... Vendai-o e calai-o de uma vez!... Aumentai a sua sentença para vinte mil anos!!!

 

 

***

Aizen sua focou a audição nos passos que se afastavam. Em breve, nada mais ouviria. Pelo menos, não antes que uma eternidade passasse.

Em um reflexo, buscou levar uma das mãos para massagear a têmpora latejante, sentindo-se desconfortável com a ideia. Mas, tão logo tentara mover o pulso e o metal especial que ligava toda extensão do seu corpo sobre a cadeira, comprimiu a sua pele, restringindo vigorosamente o movimento.

Seu poder espiritual não fluía.

Provavelmente, tudo o que se encontrava no Muken era inteiramente selado, dando a sensação de estar afundando em um denso e silencioso oceano negro.

Suspirou calmamente, sentindo o frio do aço, limitar a elevação do peito.

O colóquio de shinigamis estava mesmo irado”; ele sorriu ao pensar, e então não fez mais nada, permanecendo imerso naquela quietude sombria.

 

 

 

 

"Era isso o que realmente queria quando me escolheu como mestre?"

 

— Mestre…? – Aizen expressava surpresa no rosto, muito embora sua voz plácida denota-se o cinismo que lhe era característico. – Não se iluda... Eu estava apenas curioso em relação aos teus fundamentos. Apenas isso.

 

"Quanta insolência... Nem mesmo em uma eternidade, você seria capaz de conhecer a extremidade do meu poder. Por que se sujeita quando pode simplesmente se livrar deles?… Deixa-me ajudá-lo, Sousuke."

 

O moreno fechou o olho livre, deixando escapar um suspiro.

— Não. – foi a sua resposta curta e assertiva

 

 

"Eu não entendo… Como pôde ter mudado de decisão tão de repente? …Não queria conhecer o topo?"

 

 

— Sim, queria.

 

 

"Então, por que se afasta do seu objetivo?”

 

 

Ele apenas permaneceu calado.

Aizen sempre fora um ser perspicaz e proficiente o suficiente para conquistar tudo aquilo que sua alma almejasse, muito embora as circunstâncias atuais apontassem aparente fracasso.

Sorriu divertido.

As pessoas facilmente faziam um mau julgamento à seu respeito. E isso, datava desde o dia em que seus olhos se abriram para um mundo desconhecido, o qual chamavam de Soul Society.

Já em Rukongai, ele se apercebera que era um garoto de qualidades superiores. Seu poder espiritual sempre fora muito acima da média. Possuía um discernimento tão distinto que, por não achado alma com semelhante entendimento, ele facilmente caia no tédio... Excepto quando fitava aquele firmamento tão falso quanto a crença apregoada na época de que aquele plano astral medíocre era o destino final de todas as almas. Absorto em seus pensamentos, com corpo deitado na grama e sentindo a brisa suave acariciar seu rosto, o pequeno Aizen elevava as mãos que, em forma de garras, simulavam rasgar o céu nocturno da pacata cidade e, enfim, saciar a sua curiosidade.

 

— Oe… sonhando acordado, moleque? — perguntara um senhor que por ali passava. – Se continuar isolado desse jeito, não tardará muito para que vire comida de hollow.

Vendo a criança repousando sozinha e desprotegida na beira da margem do lago, não pôde deixar de se aproximar e verificar se estava tudo bem, apesar de sua embriaguez. Afinal, já passava da meia-noite e, por norma, as pessoas se recolhiam cedo, procurando manter-se em grupos, pois achavam que os hollow se manifestavam principalmente naquele período do dia.

 

Com o corpo debruçado sobre ele, o mais velho fitou-o longamente. Então, a expressão repreensiva em seu rosto se alterou, dando lugar a uma expansiva admiração.

 

— Oh!Oh!... – exclamou perplexo com o que via. O menor exalava uma aura sublime tão grande que o tornava quase surreal, e seu kimono exibia uma brancura deslumbrante. – Parece que tem pelo menos um de nós fazendo a diferença nesse fim de mundo.

 

Ele sorriu, e sem seguida estendeu a mão para remexer nos cabelos de Aizen. Reiterou que procurasse por um abrigo e então se afastou, seguindo seu próprio caminho.

 

 

 

A verdade era que ele nunca se escondeu. As pessoas é que demoravam a enxergá-lo. Sua natureza pretensiosa sempre esteve a vista de todos e a facilidade com que conseguia ludibriar até mesmo os mais alto escalão da Sereitei, é que dera lugar na materialização do Capitão Aizen Sousuke e sua Kyouka Suigetsu.

 

— Eu não me afastei do meu objetivo. – disse ele por fim. – Pelo contrário: nunca estive tão próximo de consegui-lo como agora.

 

 

"Suas palavras contradizem seus sentimentos, Sousuke."

 

 

— Por que diz isso? – indagou; seu único olho solto mirando pelo canto como se o seu interlocutor se encontrasse naquela direção.

 

 

"Aquele jovem, Kurosaki Ichigo, por que não o derrotou? Você simplesmente desistiu da vitória no último momento."

 

 

— Ele foi útil para me deter… tal como calculei. Não podia arriscar em perder o único que continha essa capacidade. Afinal… – pausou, ergueu o queixo, sorrindo com satisfação. – ele foi a minha maior criação.

 

 

"E o que isso tem a ver com essa pouca vergonha, Sousuke? – repreendeu impaciente a voz grave e gutural – Por que quer ficar trancado nesse lugar? Eu já lhe disse: tenho poder suficiente para te soltar."

 

O ex-capitão soltou uma risadinha nasal, achando piada no que o outro dizia.

 

 

"Não me diga que quer permanecer aqui e cumprir, obedientemente, a sua sentença."

 

 

O shinigami piscou o olho lentamente. E com malícia respondeu:

— Eu pensei que, quando nos fundíssemos, você seria capaz herdar de mim algum entendimento, assim como eu sou capaz de manipular o seu reiatsu… — curvou os lábios exibindo um esgar presunçoso – Parece que me enganei a seu respeito.

 

 

"Sua arrogância me aborrece muito mais do que toda essa situação patética”. – o hospedeiro riu com o comentário alterado, sem se importar com a compressão que o seu corpo sofria— Como consegue sorrir mesmo sendo humilhado por pessoas inferiores a você? Isso não lhe enfurece?"

 

 

— Não, nem um pouco. – respondeu Aizen assertivo. – Eles apenas fizeram o que eu permiti que eles fizessem.

 

 

"Só falta dizer que era sua intenção passar uma eternidade nesse isolamento."

 

 

Ele procurou relaxar melhor sobre a cadeira e, nesse instante insights sobre sua jornada pelo Eco Mundo evadiram o seu pensamento, acompanhado pela mesma sensação desagradável que, durante muito tempo, experimentara naquela dimensão. Era bem mais corrosivo do que o fastio de Rukongai. E se havia algum defeito que ele de fato reconhecia nele, era certamente a tamanha lucidez que possuía. Mesmo exercendo incontestável soberania naquele lugar, Aizen Sousuke, somente conseguia vê-lo como o seu exílio. E isso o incomodava bastante.

 

 

— Você... provavelmente ficaria desapontado se lhe dissesse que eu apenas queria voltar para casa...

Aizen esperou a reação da esfera ante a sua confidência.

Porém, o hougyoku não mais voltou a falar.

Essa era a motivação com a qual suportara o comportamento desprezível da central 46. Para ele, não lhe interessava o que a assembleia tinha a dizer a seu respeito, pois ainda que relutantes, eles tinham o aceitado de volta na Soul Society, sua morada legitima.

Ele estava onde queria estar.

Mesmo se agora a sua figura se destacasse de maneira diferente entre seus semelhantes e ele somente tivesse lugar no assento mais afastado de todos. O facto de ser alvo do ódio deles, indicava a supremacia de sua existência.

 

Talvez as pessoas da Sereitei passassem a compreender menos ainda o seu propósito. Entretanto, também isso não importava, no momento. Porque o seu objectivo estava sendo alcançado e o fundamental já havia sido feito:

O conformismo que impedia as almas de viverem mediante os seus próprios desígnios, limitados por leis rígidas maiores do que eles mesmos, havia se rompido. A humilhação provou ser um guia bem mais eficiente do que seus códigos de honra, extinguindo a frivolidade com que era estabelecida a hierarquia daquele lugar.

Hoje, eles também passariam a contemplar o vasto céu com novos olhos e entenderão o que ele sempre entendeu:

O mundo não foi feito para os fracos. Sê forte, ou pereça no esquecimento.

 

 

 

 

 

 

 

Fim!


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.
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Beijo.