Ariel Diggory não estava mais acostumada a ver a casa da família tão cheia de gente. Depois da queda de Voldemort, sua mãe, tio e irmã regressaram à Inglaterra, regressaram a suas vidas relativamente antigas.

A moça, que se formara em Hogwarts junto com Harry Potter, era funcionária do Departamento de Esportes Mágicos do Ministério e invariavelmente esbarrarava no grifinório nos corredores do prédio.

Naquele dia, ela chegara em casa extremamente cansada. O rebuliço usual que a Copa do Mundo de Quadribol causava nos funcionários do Departamento ia certamente a enlouquecer, e faltava mais de um ano para o evento acontecer. Aguardando ansiosamente a chegada da irmã mais velha, Zoey andava de um lado a outro na cozinha da casa. Quando ouviu o clique metálico da porta, ela correu até o corredor principal.

_Chegou uma carta de Hogwarts para você.

_ Ahn, o que? _ O excesso de informação desnorteou Ariel.

_ Uma carta de Hogwarts.

_ Ah tá, Zoey. Pode parar.

_ Olhe aqui, se não acredita. _ A mais nova acenou o envelope no ar.

_ Dá isso aqui. _ Ariel puxou o papel da mão da irmã.

Ao abri-lo, uma sensação familiar percorreu o corpo da egressa de Sonserina. Era como abrir novamente as listas de material que a escola enviava a cada início de ano letivo. Era como voltar no tempo, no seu primeiro ano de Hogwarts, ela se via sentada novamente no sofá da sala ao lado do primo Cedrico abrindo a carta que informava que ela era uma bruxa e tinha vaga garantida... Sem que percebesse, as lágrimas de saudade começaram a descer por seu rosto.

_Ariel... Está chorando de novo.

_ Deixa pra lá... É só nostalgia de novo. _ Ela sorriu sem graça.

_ Estou vendo que não vai conseguir abrir esse envelope, certo?

_ Certo. Tome aqui. Leia. _ Ariel enxugou as lágrimas com as costas da mão e passou o envelope à irmã.

Zoey usou um feitiço convocatório no abridor de cartas do tio e cuidadosamente rompeu o lacre de cera vermelho no papel pardo. Dentro do envelope havia uma pequena folha dobrada. Ela desdobrou-a e começou a ler. O conteúdo era o seguinte:

ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS

Diretor: Filius Flitwick.

Prezada Srta Diggory,

Venho, por meio desta carta, lhe fazer um cordial convite para que represente seu falecido primo Cedrico Diggory, na edição do Torneio Tribruxo deste ano, a se realizar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Esclareço que sua presença seria de vital importância para motivar os estudantes que participam deste perigoso porém fascinante evento, assim como as presenças dos antigos campeões, os senhores Victor Krum e Harry Potter e a senhora Fleur Delacour, ou melhor Fleur Weasley.

Como bem sabe, o ano letivo se inicia em 1º de setembro. Aguardamos sua presença nas dependências da escola neste dia.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall

Vice-Diretora.

Quando terminou de ler o que dizia a carta, Zoey estava extasiada. Aquela novidade precisava ser compartilhada com os outros membros da família. Correndo escadas acima, ela escancarou a porta do escritório do tio.

_ Tio Amos! Tio Amos... O senhor não imagina o que aconteceu!!

_ Controle-se menina. Você não tem mais 11 anos. O que foi?

_ Ariel vai voltar a Hogwarts. Não é demais?

_ Hogwarts? Mas porque?

Alguns minutos depois, Ariel entrou no escritório do tio arfando, por ter subido as escadas rápido demais. Não estava mais acostumada a fazer nada correndo, não era mais a garotinha de antigamente.

_ Conte ao tio, Ariel. Conte a ele.

_ Hogwarts me pediu para representar o Ced, no Tribruxo deste ano.

Os olhos de Amos Diggory se encheram de lágrimas, não possuía boas recordações daquele torneio. A perda do único filho ainda lhe doía muito.

_ Ah querida... Só Merlim sabe como o seu primo ficaria feliz em saber disso. Mas é muito perigoso. Acho melhor que não vá.

_ Está tudo bem tio... Não vou lá participar de nada... Serei convidada da escola. Nada mais.

_ É tio, está tudo bem. _ As irmãs rodearam o tio e lhe deram um abraço duplo.

_ Então, se vocês dizem... Eu acredito que está tudo bem. Não vai haver problema em você representar o Cedrico, querida.