1° de julho de 1999

Sara estava atrasada para a palestra que precisava assistir, era um mês de palestra com nomes renomados , o palestrante de hoje era um CSI de Las Vegas muito conhecido, Gilbert Grissom, alguns amigos haviam dito que ele era maçante como palestrante. Ela andava com passos largos, quando chegou ao local da palestra, Grissom se posicionava no local e iria começar, Sara se sentou e suspirou aliviada, não chegara tão atrasada.

– Bom dia, sou Gil Grissom e venho dar a você algumas explicações sobre como a entomologia pode ser importante na resolução de um caso. A Entomologia forense é o estudo de insetos e outros artrópodes num contexto legal. Tem inúmeras aplicações, mas a mais frequente é na determinação do tempo mínimo desde a morte (intervalo post-mortem, ou IPM, mínimo) na investigação de mortes suspeitas. Para isso, determina-se a idade dos insetos presentes num cadáver humano, o que permite uma estimativa relativamente precisa em circunstâncias em que os patologistas apenas conseguem fazer aproximações. O principal pressuposto é que o corpo não está morto a mais tempo do que o necessário para os insetos chegarem ao cadáver e se desenvolverem. Assim, a idade dos insetos mais velhos presentes no corpo determina o IPM mínimo. - Grissom olhou ao redor e viu uma mão erguida, era de uma moça de cabelos e olhos castanhos - Sim , alguma duvida ?

– Teria como nós mostrar um exemplo senhor Grissom.

– Sim, perdoe-me qual seu nome ?

– Sidle, Sara Sidle .

– Então senhorita Sidle posso lhe dar um exemplo, de um corpo descoberto no Verão no sul de Nevada sofrera queimaduras extensas, dificultando muito a interpretação das convencionais alterações post-mortem por parte do patologista. A determinação da idade das larvas de varejeira existentes no cadáver indicou que os primeiros ovos teriam sido postos no cadáver seis dias antes. Mais tarde, testemunhas afirmaram que o incêndio fatal ocorrera na noite anterior ao dia estimado para a postura. Mais alguma pergunta?

– Obrigado senhor Grissom.

Sara se sentou enquanto Grissom voltou a palestrar sem perder de vista nenhum movimento dela. Sara era uma CSI nível um mas era o destaque do grupo, tinha o raciocínio rápido e conseguia ver e ouvir o que ninguém conseguia. Grissom ficou muito interessado em saber mais sobre aquela moça de dentes separados, sua palestra terminou depois dele falar por quase duas horas, seria assim todos os dias, por todo aquele mês. Todos os alunos saíram e ela ficou ali guardando suas coisas dentro da mochila e Grissom organizava alguns papeis quando ouvi alguém lhe chamar, era ela.

― Senhor Grissom o senhor poderia me informar onde posso encontrar mais informações sobre entomologia forense? – Ela havia se aproximado dele.

– Vejo que realmente se interessou pelo assunto. – Ele parecia feliz em saber disso.

– Sim senhor. – Ele estava se incomodando com esse "senhor" sendo repetido várias vezes por ela.

– Eu lhe informo se você parar de dizer tanto a palavra senhor, estou me sentindo mais velho agora. – Ele tinha uma expressão divertida, sua cabeça arqueada levemente para o lado.

– Me desculpe. – ela sorriu – Então agora você pode me informar ?

– Claro. – ele retribuiu o sorriso – Gostaria de me acompanhar em um lanche ? Vou lhe mostrar um livro que tenho aqui nas minhas coisas .

– Seria um prazer. – Os dois saíram e foram para a lanchonete do campus. Sara comprou uma salada leve enquanto Grissom comprou um hambúrguer grande, depois de se alimentarem, fora para umas mesas que haviam próximo do local – Gostei muito da sua companhia. – Ela informou com um sorriso tímido.

– Que bom. – Ele queria acariciar sua bochecha, mas se conteve – Então Sara , desculpe chamá-la assim, mas lhe chamar de Sidle ficaria estranho para mim. – Ela concordou com um aceno de cabeça e ele continuou, mostrou um livro para ela que se interessou bastante - Eu sei que não devia, porque pode parecer favorecimento, mas quero que fique com esse livro para você.

– Não posso aceitar. – Ela empurrou o livro em direção a ele

– Não vi ninguém tão interessado nesse assunto quanto você, e seria gratificante lhe ajudar a entender mais sobre entomologia forense. – Ele empurrou o livro em direção a ela novamente – Então, por favor aceite.

– Ok, muito obrigada Grissom. – Ela pegou o livro e se levantou – Tenho que ir, não posso perder a próxima palestra. – Ele acenou com a cabeça e ela se foi. Grissom se levantou e foi andar, o que ele havia feito? Dado seu livro para uma desconhecida e só porque ela se interessara por entomologia. Não, não era só isso, ele havia ficado hipnotizado por aqueles olhos castanhos, aquele sorriso, os dentinhos separados. Ele tinha que esfriar a cabeça e colocar as ideias no lugar. Os dias iam passando lentamente, todos os dias ela estava lá, olhando-o com o interesse que ninguém havia olhado, ele não conseguia tirá-la da cabeça quando chegava a noite e olhava para o céu, ela só podia ter enfeitiçado-o, precisava falar com um amigo, mas não tinha nenhum, porque perdera tempo demais preso no trabalho, não poderia falar com Catherine sobre isso, ela iria ficar falando coisas que ele nunca iria fazer, ela era a amiga mais próxima que tinha, talvez pudesse falar com Jim, ele já se mostrara interessado em conversar com ele, em ser seu amigo, é talvez devesse fazer isso.

― Brass.

― Oi Jim, sou eu o Grissom.

― Ora Grissom, o que houve para estar me ligando sem ser para falar de trabalho? – O homem soltou uma risada leve, mas estava interessado em saber o que havia acontecido.

― Perdoe-me se eu estiver atrapalhando, é que eu precisava conversar com alguém.

― Não está atrapalhando amigo, o que aconteceu?

― Brass, eu não consigo parar de pensar em uma garota. – Garota, esse era o termo que mais se encaixava para Sara Sidle, ela era uma garota na frente dele.

― Ora, isso é maravilhoso, não? Essa sensação nos faz bem, mas há algum problema, o que é? – O homem do outro lado da linha ficou mudo, Jim logo entendeu – Não me diga que é uma das alunas, você está perdido. – Ele tentou amenizar o clima rindo, mas aquilo havia deixado Grissom mais nervoso. – Ei, não fique assim, você não é realmente professor dela, só vai ficar mais duas semanas ai, aproveite essa sensação meu amigo, é difícil encontrá-la.

― Mas e se ela disser não? Se ela tiver um namorado? Eu não sei o que fazer, Jim. – Era a primeira vez que Grissom o chamava assim, a situação era realmente séria – Ela é maravilhosa, é inteligente e linda, tem olhos castanhos e um sorriso com dentes separados.

― Desde quando dentes separados é bonito? – Jim queria mesmo fazê-lo rir.

― Ah se você visse iria entender.

― Ok, perdoe-me, eu acho que deveria chamá-la para sair, só vai saber se ela vai dizer sim ou não quando perguntar. – Grissom ouviu quando alguém falou com Jim do outro lado da linha – Eu tenho que ir, meu amigo, não esqueça, chame-a para sair, mas longe desse ar de universidade, um local só para vocês dois, não perca isso.

― Eu vou fazer isso Jim, muito obrigado por me ouvir.

― Não por isso, boa sorte. – O homem desligou o celular e Grissom foi se deitar com o pensamento de como iria chamar Sara Sidle para sair.