Amor à Primeira Vista escrita por AelitaLear, Olivato


Capítulo 1
Amor À Primeira Vista?


Notas iniciais do capítulo

Nota da Gaby: Vou falar a verdade, a fic foi toda mudada pelo Lion, eu dei a ideia, e ele fez o principal... Sinceramente, eu amei! Tomara que vcs gostem^^
Nota do Lion: Espero que gostem dessa fic, pois ela foi feita de coração. Se você gostar dessa fic, não deixe de procurar as outras fic de Gaby e as minhas!



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Encontrei uma casa propícia ao roubo, com certeza não tinha ninguém nela no momento, estava tudo apagado. Eu a observava já fazia um tempo, e via que não tinha movimento. Essa era uma boa escolha, um lar isolado, sem vizinhos, sem ninguém para me pegar no flagra.

Tinha momentos que eu não entendia como fui capaz de sobreviver a tudo isso, sozinho. O mundo foi dominado e eu fui o único a escapar, não posso dizer vivo, por que todos estão. Eu escapei da prisão perpétua.

Concentrei na casa, tinha que ser rápido. Um lugar como esse, eu estava em vantagem, era muito deserto. Por mais que o lugar fosse vantajoso, sabia que logo eles descobririam que estive aqui, essa era uma marca inevitável.

Bom, chega de pensar a toa, agora eu teria que agir. Estacionei meu jipe bem longe da casa, daria para correr se precisasse, mas estava escondido o suficiente. Peguei um saco que usava para roubar, ele não era seguro, mas dava para o gasto.

Caminhei numa velocidade normal, me certificando que não havia ninguém na casa. Se precisasse, dava tempo de correr de volta. Acelerei mais o passo quando estava próxima a porta, tentando ser o mais silencioso possível, coisa que eu já era de nascença.

Abri a porta lentamente, não fazendo nenhum barulho, tentando ao máximo não respirar. Nessas horas, até o ar eu controlava. O medo também não deixava ele se expelir. 

Entrei com mais cuidado ainda, eu nunca sabia se teria ou não uma armadilha. Sempre caminhei perto da parede, com as costas viradas para ela, isso me dava um perímetro maior.

Olhei para a sala, sim, ela estava vazia. Senti um alívio percorrer meu corpo, pelo menos eu poderia roubar em paz. Caminhei até cerca da metade da sala, quando ouvi algo novo.

Eu não estava sozinho. Eu errei, essa era uma coisa que quase nunca acontecia, eu sempre sou preciso no que eu faço, deve ser por isso que aqueles parasitas não conseguiram me capturar ainda.

O medo inundou meu corpo, eu podia escutar claramente a água sendo derramada no interior da cozinha, parecia uma torneira aberta. Tinha um parasita na casa, até que ele foi esperto, tinha deixado todas as luzes apagadas. Uma armadilha perfeita pra pegar humanos que tentam sobreviver na luta contra as almas.

Mas não era o meu fim, não deixaria barato ou meu nome não é Jared. Por mais que eles fossem, em maior número ao todo, aqui éramos eu e aquele parasita. Se eu tirasse vantagem de sua ignorância, eu poderia matá-lo facilmente, pois como já percebi, as almas são a favor da paz, por isso não sabiam lutar, sempre há uma exceção, pois têm os Buscadores, eles sim sabem lutar.

Esses parasitas “normais” tinham mesmo um problema com armas, seria fácil acabar com ele. Peguei a pequena faca que estava no meu quadril, enroscada entre a pele e a calça, ela era a minha companheira nas incursões pra arrumar comida. Segurei em posição de ataque, e fui para um esconderijo, por estar no escuro, àquela coisa numa me veria a tempo, seria uma morte fácil e rápida, não que eu seja um assassino, mas o instinto de preservação sempre fala mais alto.

Não demorou nada e vi a silhueta, o parasita estava vindo em direção a porta, ele ainda não tinha notado minha presença no local. Reparei melhor no parasita, eu notei que era uma mulher – bonita, mesmo no escuro -, que ótimo, seria bem mais fácil.

Desatenção. Eu fui desatento agora, fiquei olhando para a parasita – eu estava perdido naquela silhueta, pensando em como seria bom se ela ainda fosse humana, coisa que não aconteceria, pois eu não conheço ninguém que tenha conseguido fugir das almas - nem me dei conta de que tinha um objeto que impediria o meu ataque surpresa, foi tarde demais quando chutei uma mesa de madeira e morri de dor, expelindo de minha garganta um gemido ou uma maldição.

Ela gritou, percebendo que eu estava ali, um ponto a menos para mim, aquele erro poderia valer a minha vida. Agora eu tinha que pegá-la de surpresa, de alguma forma, eu precisava tirar vantagem de sua natureza pacífica, apesar de ter ouvido o meu barulho, percebi que ela não sabia onde eu estava – esse pelo menos era um ponto positivo pra mim.

Ela tenta correr para a porta, para fugir de mim, um ato estranho para um parasita, mas eu sou mais rápido e chego até ela. Minhas mãos agarram seus ombros, puxando ela mais para perto. Segurei bem forte seu corpo, mostrando que eu não importava nem um pouco com o fato daquela alma estar num corpo de uma mulher, nem sei se eu estava agindo com grosseria e brutalidade, meu instinto me dizia que eu devia mantê-la calada. 

- Um som, e você está morta – Ameaço entre os dentes, nervoso.

Para confirmar a ameaça, pego minha faca e levo até seu pescoço. Coloco-a bem abaixo de seu queixo, bem no ponto vital, qualquer vacilo por parte dela, eu enfiaria ali e já era. Aperto mais ainda aquele lugar, ela parece que está com muito medo de mim, era pra estar mesmo, pois eu devo estar parecendo um monstro.

- Ande logo – Ela se atreve a falar, entre os dentes. - Vamos. Não quero ser uma parasita nojenta!

Ela era esperta, eu tinha pegado uma Buscadora, a mentira soou perfeitamente, parecendo muito com uma verdade, mas eu sabia que os Buscadores podiam mentir muito bem. Queria que eu pensasse que ela era humana, coitada, essa eu não caia, estava na cara que era uma armadinha. Deveria haver outros por aqui, me esperando. Só não entendi como que eles descobriram onde eu estava por que fui cuidadoso.

- Esperta – Murmuro irônico. - Deve ser uma Buscadora. E isso quer dizer uma armadilha. Como eles sabiam? 

Retiro a faca por um momento, e substituo por minha mão. Aperto aquela região para sufocá-la, mas ainda deixando espaço para ela falar. Volto a interrogá-la enquanto me preparo para sua morte.

- Onde estão os outros? – Pergunto aumentando um pouco o aperto no seu pescoço.

- Estou sozinha! – Ela respondeu balbuciando, certamente outra mentira.

Eu nem percebo quando ela da um soco bem no meio de meu estômago, aquilo foi totalmente irrelevante. Esses parasitas não têm força para nada, por mais que ela seja uma Buscadora, ainda é uma mulher frágil.

Devido a minha falta de reação, ela tenta em outro lugar. Pisa no meu pé com o salto do sapato, dessa vez eu sinto dor, a solto por uns instantes, mas logo volto a segurá-la. Coloco minhas mãos em volta de seu pescoço e aperto, para que ela nem pense em tentar fugir ou me agredir novamente.

Devo admitir que eu estou surpreso, um tanto estranho as atitudes dela, por mais que ela seja uma Buscadora cruel, não deveria estar agindo dessa forma, pelo menos nunca vi uma alma agir assim... Essas almas são sempre tão amáveis...

- Bem briguenta para uma seqüestradora de corpos amante da paz, não acha? – perguntei irônico, parecia que eu estava tentando ensiná-la como uma alma como ela realmente devia agir.

Ela tenta novamente escapar, tenta me arranhar com as suas unhas inúteis, mas eu nem me importo. Seguro mais forte o seu pescoço, e dou o ultimato.

- Eu vou matá-la, sua ladra de corpo imprestável. Eu não estou blefando. – ameacei tentando deixar ela com medo, as pessoas sempre falam mais sobre pressão, quem sabe uma alma não reagiria igual?

- Mate logo, então! – gritou ela.

Ela é tão estranha, essas palavras dela me surpreenderam bastante, normalmente esses parasitas não são suicidas... Ela estava agindo de um modo totalmente diferente de uma parasita, uma pergunta surgiu dentro de mim, uma pergunta e uma esperança. Será que ela não é uma parasita?

Ofego com isso, essa seria a única vez que eu vi um humano depois que aquelas almas nojentas invadiram a Terra.

Não Jared, não pense isso, não existe mais humanos, você sabe disso! Pensei comigo mesmo.

Claro que ela é uma parasita, uma bem esperta, uma super Buscadora, se isso existe.

O que custa verificar? Se ela fosse uma humana talvez ainda houvesse uma esperança para salvar o mundo dessa praga.

Solto seu braço e num movimento rápido agarro seus cabelos, sem deixar que ela fizesse algo contra mim nesse intervalo. Dessa vez tento ser mais calmo e gentil para notar o que tem ali na parte traseira da nuca. Toco a extensão do pescoço, procuro a cicatriz rosada, por onde as almas são colocadas nos corpos humanos, sinto cada parte do pescoço para ter realmente certeza que isso está acontecendo... Não há nenhuma cicatriz ali... Isso só podia significar uma coisa, mas aquilo seria...

- Impossível. – As palavras saem de meus lábios, com todo o meu ar, antes mesmo de eu conseguir pensar. 

Eu nem noto que a faca escorrega de minhas mãos, é muita emoção para o meu coração! Eu não estou sozinho, tem mais alguém, tem uma sobrevivente, uma parceira na luta contra as almas!

Como eu pude fazer isso? Como eu pude pensar em matá-la? Imagine se eu tivesse feito isso, eu estaria mais sozinho do que nunca!

É muita informação para mim, não penso duas vezes em olhar seus olhos, ver realmente se esse milagre é verdade...

Eu a giro num movimento um tanto brutal, preciso saber a verdade! Pego a lanterna que fica no meu bolso e aponto para seu olho direito.

Vejo claramente o que tem ali, lindos olhos, mas sem nenhum brilho prata saindo deles... Lindos olhos de uma sobrevivente...

Ela ofega, deve pensar que sou um Buscador... Tenta se esquivar de mim, mas eu não deixo... Não posso deixá-la escapar... A única mulher do mundo...

- Eu não acredito – eu disse suspirando e logo completei - Você ainda é humana.

Minhas mãos seguram seu rosto, e antes que ela pudesse sair, meus lábios pressionam duramente sobre os seus, eu realmente precisava daquilo, meu instinto de homem estava falando mais alto do que meu instinto de sobrevivência.

Ela congelou por um momento, um curto momento. Parecia estar pensando em algo do passado. O beijo transparecia algumas coisas que ela estava sentindo, entre elas muito pânico, muito terror, muita adrenalina... Pelo menos foi isso que eu consegui identificar.

Num ato totalmente inesperado, ela me deu uma joelhada, acertando-me bem em cheio no meu ponto fraco.

Seguirei um gemido e soltei meus braços que segurava ela, sem meus braços, ela estava totalmente livre pra fugir. Novamente ela me surpreendeu em vez de correr para frente da casa outra vez, como eu esperava que ela fizesse. Ela pula sobre os meus braços e corre através da porta aberta.

Eu ainda estava gemendo de dor, mas mesmo assim acompanhei todos os seus movimentos, até que ela desapareceu no meio da escuridão, sem deixar pegadas que eu pudesse seguir quando a dor passasse.

 - Espere – gritei, entre os gemidos de dor, que já estavam quase acabados. A única vez que eu acho uma sobrevivente, ela foge com medo de mim, era pra ter medo mesmo, aposto que ela pensou que eu era um Buscador tarado...

Não escutei nenhum som em resposta ao meu grito. Endireitei o meu corpo, me preparando para correr atrás dela, eu calculei que com a minha velocidade, eu poderia alcançá-la.

Sai da casa, começando a correr atrás dela, algo dentro de mim dizia que ela sabia que eu estava seguindo-a, percebi que estava quase alcançando ela e deduzi que ela poderia me escutar, então comecei a gritei, dizendo coisas sem sentido, tudo o que eu queria é que ela parasse para me escutar

 - Eu não sou um deles! – gritei ainda mais alto do que das outras vezes, eu podia dizer o que quisesse, ela não diminuía a velocidade.

Ela era muito rápida mesmo para uma mulher humana, isso me fez pensar que antes da invasão das almas ela poderia ser uma atleta campeã.

- Ouça-me! – pedi sem qualquer esperança de que ela parasse, ainda gritando eu completei: - Olhe! Eu vou provar. Apenas pare e olhe para mim!

- Eu não achava que ainda restasse alguém! Por favor, preciso falar com você! – eu disse ainda gritando, podia escutar o som de seus passos se movendo rapidamente, ela estava bem perto de mim.

Ela poderia estar assustada por eu tê-la beijado, talvez ela tenha pensado que essa não era a atitude de alguém tentando fugir do mundo todo.

 - Desculpe-me de ter beijado você! Foi uma estupidez. É que eu estou sozinho faz muito, muito tempo! – falei me justificando, eu não estava gritando, estava apenas falando num tom de voz normal 

- Cale-se – diz ela baixinho, mas mesmo assim eu consigo escutar, pois estou alcançando-a, ela estava cada vez mais forçando suas pernas pra correrem mais, porém, parecia que ela tinha chegado ao limite.

Soltei um grunhido de frustração, aumentando também a minha velocidade. Por que ela simplesmente não podia me escutar e entender que eu também sou um humano?

Dou um toque fraco – pelo menos me pareceu fraco -, nas suas costas, pra ela parar de correr, mas pareceu que eu bati forte demais, pois ela caiu na terra a nossa frente. 

Quando ela está deitada, parece pensar em se levantar e correr de novo, então me deitei em cima das costas dela, pressionando seu corpo pra baixo, usando o meu corpo.  

- Espere. Um. Minuto. – eu digo, fiquei em cima dela até ela perceber que eu estava no controle da situação, não demorou pra ela se acalmar em baixo de mim.

Lembrei-me de que eu era muito pesado, então controlei meu peso, rolando e pegando seus braços pra colocá-los sob as minhas pernas. Senti que eu estava esmagando algo, devia ser a comida que ela tinha roubado na casa onde nos encontramos, ela tenta se libertar de mim, mas está totalmente presa.

- Olhe, olhe, olhe! – eu dizia repetidamente, pegando a lanterna e apontando o feixe de luz pro meu rosto sorridente, levo a luz pros meus olhos, iluminando o esquerdo e o direito.

- Tá vendo? Tá vendo? Sou igualzinho a você – eu disse, mas ela ainda parecia desconfiada, então enfim ela se pronunciou.

- Deixe eu ver seu pescoço – disse ela com a suspeita bem clara em sua voz.  Não dava pra acreditar que mesmo vendo os meus olhos, ela ainda não estava acreditando em mim. O único problema de eu mostrar o meu pescoço é que tem uma marca que eu mesmo fiz, pra tentar me passar por um corpo dominado por uma alma.

Meus lábios se contorcem.

 - Bem… Isto não vai exatamente ajudar. Os olhos não são o bastante? Você sabe não sou um deles – murmurei, tentando dar uma desculpa pra não mostrar o pescoço, pois ela nem confiava em mim, se visse meu pescoço marcado, com certeza fugiria de mim.

- Por que não me mostra o seu pescoço? – perguntou ela não aceitando a minha desculpa pra não mostrá-lo, então não tinha outro jeito... Precisava admitir pra ela que eu tinha uma cicatriz.

- Por que tenho uma cicatriz lá – falei admitindo, deu pra ver nos olhos dela que ela ainda não confiava em mim.

Ela tentou se contorcer embaixo de mim novamente, mas minha mão estava fixa no seu ombro, precisava mantê-la ali pra poder explicar o que estava acontecendo.

 - Eu mesmo fiz – eu disse tentando explicar, embora ela ainda esteja tentando fugir. Completei, tentando tornar a explicação válida - E acho que o trabalho está muito bom, apesar de ter doído como o diabo. Eu não tenho todo esse seu cabelo bonito para cobrir o meu pescoço. A cicatriz ajuda a me misturar – tentei resumir a explicação e ela saiu do jeito que eu queria.

- Saia de cima de mim – pediu ela me fazendo hesitar, para depois me levantar sem a ajuda das minhas próprias mãos e estendo uma mão pra ela pegar, eu estava sendo gentil, queria que ela confiasse em mim.  

- Por favor, não fuja. E, bem, eu gostaria que não me chutasse outra vez – eu pedi imaginando a dor que eu tinha sentido e que com certeza não desejaria sentir outra vez.

- Quem é você? – sussurrou ela, sem se mexer ou dar um sinal de que aceitaria a minha ajuda pra se levantar.

Dei um sorriso, ótimo, me importei tanto em fazê-la confiar em mim que nem tinha ao menos dito o meu nome.

 - Meu nome é Jared Howe. Há mais de dois anos não falo com nenhum humano, de modo que tenho certeza de que devo estar lhe parecendo... Um pouco amalucado. Por favor, perdoe-me, e mesmo assim me diga seu nome – eu disse me apresentando, pedindo desculpas de tudo, desde tê-la assustado na casa, até a parte que eu derrubei ela na areia. Eu queria saber o nome dessa beldade, que ainda me olhava, mas percebi que tinha uma prevê luz de confiança.

- Melanie – sussurrou ela dizendo o seu nome pra mim. 

- Melanie – eu repeti pra deixar claro que eu tinha entendido o que ela tinha dito e completei - Não posso dizer o prazer que estou sentindo em conhecê-la.

Ela pega a bolsa cheia de comida que ela estava carregando junto de si, continuei com a minha mão estendida, esperando ela aceitar a minha ajuda e não demorou muito pra ela aceitar, colocando a sua mão delicada na minha.

Ajudo-a se levantar e não atrevo soltar sua mão depois que ela está de pé, o porquê da minha atitude? Nem me pergunte... 

 - E agora? – perguntou ela cuidadosamente, ainda olhando pra mim, agora, eu podia afirmar que ela acreditava e confiava em mim. 

- Bem, a gente não pode ficar aqui muito tempo. Você volta comigo até a casa? Eu deixei a minha bolsa. Você chegou primeiro à geladeira – eu disse explicando pra ela qual poderia ser o nosso caminho pra seguir agora.

Ela balançou a cabeça e percebi o quão frágil e quebrável ela era, pra voltar para aquela casa que poderia já estar habitada pela alma agora.

- Você vai me esperar aqui, então? – perguntei num tom de voz mais gentil – Vou ser muito rápido. Deixe-me pegar um pouco mais de comida para nós – eu completei tentando deixar claro que eu não a deixaria ir embora sem mim.

- Nós? – perguntou ela surpresa.

 - Acha mesmo que vou deixar você desaparecer? Seguirei você mesmo que me diga para não fazer isso – eu disse tentando ser irônico, mas ela parecia que não estava pronta para me deixar seguindo caminho com ela, ao mesmo tempo, parecia que ela não queria ficar longe de mim.

- Eu... – ela disse pensando e continuou dizendo: – Eu não tenho tempo. Tenho de ir para muito longe e... Jamie está esperando.

Jamie? Será que esse era o motivo por ela ter me agredido quando eu a beijei? Será que a única humana que eu encontro tem um namorado, então ela não está sozinha...

- Você não esta sozinha – conclui colocando meus pensamentos em palavras, eu estava sentindo uma incerteza tão grande que não consegui dizer mais nada, era a primeira vez que isso acontecia.

- É meu irmão. Ele só tem 9 anos e fica morrendo de medo quando não estou. E vai levar metade da noite para chegar onde ele está. Ele vai ficar sem saber se fui pega. E está com muita fome – disse ela, seu estômago roncou alto, como se fosse uma confirmação das palavras dela.

Então Jamie era apenas um irmão e não um namorado, eu devo confessar que estou mais aliviado, percebi que até estava sorrindo, parecia que eu tinha ganhado na loteria. 

 - Vai ajudar se eu lhe der uma carona? – perguntei, era ótimo encontrar uma humana que não é comprometida, mas era mais espetacular que ela ainda tivesse uma família, ou parte dela.

- Carona? – ela repetiu confusa.

- Proponho um acordo. Você me espera aqui enquanto eu pego mais comida, e levo você a qualquer lugar que quiser no meu jipe. É mais rápido do que correr... Mais rápido até que você correndo – eu disse propondo um acordo, esperava ansiosamente que ela aceitasse.

- Você tem um carro? – perguntou ela surpresa.

- É claro. – eu respondi e logo perguntei: - Acha que vim andando até aqui?

A testa dela se encheu de vincos enquanto ela pensava, será que ela ia mesmo responder a minha pergunta retórica? Antes que ela disse-se alguma coisa, eu prometi.

- A gente vai estar de volta com o seu irmão num instantinho. Não saia daqui, está bem? – perguntei, quando vi que ela concordou, eu sorri e disse:

- E coma alguma coisa, por favor. Não quero que seu estômago nos denuncie – estreito os olhos, ainda sorrindo, fui largando a mão dela devagar, sem tirar os olhos dos seus olhos.

Dei um passo pra trás, para parar do nada e me pronunciar:

- Por favor, não me chute – roguei, inclinando-me e segurando o queixo dela, precisava muito dar um beijo nela, pois eu poderia não voltar mais se os parasitas me pegassem quando eu estivesse na casa.

Dei um beijo suave, suas mãos me procuraram, tocando primeiramente a minha face e depois indo pro meu pescoço, os dedos dela se enroscaram nos meus cabelos da minha nuca, me deixando arrepiado.


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