Obrigado escrita por mizujagger


Capítulo 1
Capítulo um


Notas iniciais do capítulo

Eu fiz essa fic porque eu estava ouvindo um música absurdamente deprimente ;u;
"VNV Nation - Illusion" pra quem quiser ouvir, é muito linda e combina como fundo da história :D



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Era fim da tarde quando os Aliados atacaram a Alemanha.

As bombas voavam pelo céu cinzento até caírem no chão, com um estrondo ensurdecedor. Transformavam os seus arredores em chamas e o país em um inferno.

O desespero era visível em qualquer lugar. Casas destruídas, cadáveres mutilados no chão, gritos, pânico. Tudo o que fora construído há tanto tempo atrás, tudo o que fora formado ao longo dos anos, estava sendo destruído, simples assim, em questão de minutos.

Ludwig corria como nunca havia corrido antes. Seu rosto, empapado de poeira e suor, se contorcia em uma expressão de angustia e dor. O braço direito estava colado ao peito. Era uma massa indistinguível de sangue e carne, total e completamente destruído.

Ele, como todos, também gritava, porém sua voz, frenética, estrangulada, pedia por apenas por uma pessoa.

Prússia, Prússia, Prússia. Onde você está? Onde você se meteu? Por favor, esteja vivo. Bitte...

Uma bomba caiu perto dele, o tremor no chão foi o suficiente para derrubá-lo. Seu corpo, agora em contato com o chão, estava empoeirado e machucado. Mas não importava. Gilbert. Ele precisava achar Gilbert. Com força, apoiou-se sobre o braço bom e conseguiu se levantar. Respirar se tornava difícil com tanta poeira e fumaça ao seu redor. Seu peito descia e subia em movimento pesados e chiados.

Voltou a correr, ignorando a dor em todo o corpo. Porém dessa vez não foi muito longe, logo avistou cabelos, brancos como a neve, que se destacavam naquele mar de sangue.

Correu até o irmão, tropeçando um pouco, porém não caindo. Ao chegar, sua boca se abriu e seus joelhos tremeram, o forçando a cair.

O que era aquilo? O corpo de Gilbert... Uma perna estava decepada na altura do joelho, sangrava tanto, que tudo ao redor era vermelho vivo. O peito do homem também sangrava de modo absurdo, tornando impossível ver o que havia acontecido com sua pele. Havia sido pego em uma explosão de bomba.

- Preußen! - colocou suas mãos ao redor do rosto do prussiano. Lágrimas escorriam pela face do alemão. Seu irmão não podia estar morto, não podia – Mein Gott, Preußen! Preußen!

Sentiu o rosto de Gilbert tremer e o homem abriu os olhos, apenas um pouco, como se este simples movimento lhe causasse uma dor inimaginavel. Um sorriso doloroso se formou em sua face.

- West? – perguntou trêmulo.

O loiro começou a chorar ainda mais e encostou a própia testa na do outro.

- Olhe para você, meu Deus! Tão machucado! – as lágimas escorriam do rosto alemão para o prussiano.

Uma das mãos de Gilbert se ergueu, pesada e dolorosomente e afagou a face de Ludwig.

- Eu sabia, haha – começou Prússia, a voz não passava de um sussurro rouco – Eu não morreria sem ver você uma última vez. O destino não podia ser tão cruel assim... Eu sabia disso.

O alemão levantou o rosto.

- Não fale isso, bitte... – pediu Ludwig, as lágrimas escorrendo pesadamente – Você não pode morrer... Não pode, de jeito nenhum!

- West...

- Não fale, Preußen! Por favor, não se esforce! Você vai viver, você tem que viver – sussurou o alemão, entrando em desespero. Começou a gritar o mais alto que podia – Ajudem! Por favor! Algum médico, qualquer um! Ajudem!

Mas era inútil e ele sabia disso. Gilbert era apenas mais um nesse mar de horrores.

Ludwig começou a chorar com força, soluçando. Prússia nunca o havia visto em tal estado, era a primeira vez que o via tão descontrolado. Era a guerra. Algo que pode tirar em questão de minutos, tudo aquilo que um dia te foi precioso. Algo que ia, com o tempo, te matando tanto por fora quanto por dentro.

- Por favor... – a voz do prussiano era fraca e dolorosa. Ao ouvi-la, o loiro chorou com ainda mais vontade – Não... Por favor, não chore, não existem motivos, West... Não chore.

O homem tentou se acalmar, pegou a mão prussiana e a levou a própria face, segurando-a la durante alguns minutos, e isso, por algum motivo, o ajudou a controlar-se.

- Agora já é tarde demais pra mim – começou Gilbert – Não adianta mais pedir ajuda... Eu sei que estou no fim.

Novamente, lágrimas teimosas rolaram pelo rosto alemão, mas desta vez, ele ficou quieto, esperando o irmão continuar.

- Então... Eu queria que você soubesse, West... Que eu tenho muito orgulho de você. De tudo o que você fez e da pessoa que se tornou... – ele sorriu um pouco – Eu ainda me lembro de você como um loirinho pirralho, sabia? Tão teimoso, sempre me deu trabalho. Mas qualquer um percebia o quanto eu te amava. Se eu apenas pudesse te dizer o quanto eu me orgulho...

Ludwig fechou os olhos e deitou a cabeça no ombro do prussiano, chorando, porém se controlando para não fazer escândalo. O outro não se mexeu. Ele não conseguia.

- Quando eu te adotei como irmão – continuou, pois a boca era a única parte de seu corpo capaz de se mover – Eu sabia que esse momento ia chegar. Um dia eu teria que morrer e deixar o espaço para alguém mais novo e mais forte... Eu não me importo em falecer, sabendo que é você que vai assumir meu lugar... – Prússia tossiu. Sua boca cuspiu sangue e Ludwig levantou o rosto, limpando o filete vermelho da boca do irmão com a mão esquerda.

O borbadeio continuava em volta deles, mas nenhuma voz, nenhum barulho, nada interferia naquele momento. Nenhuma bomba caiu de novo por perto. Talvez fosse novamente o destino, tentando os dar um ultimo momento, sem pertubações. Apenas os dois. Ninguém mais.

- Mas... Eu posso pedir uma coisa a você? – perguntou Gilbert.

- O que você quiser... – sussurrou o loiro.

- Eu quero que você sempre se lembre de mim– e de novo, seus lábios se curvaram em um fraco sorriso – Se lembre, por favor, nem que seja lá no fundo de sua memória. E acima de tudo... Se lembre do orgulho que eu tanto tenho de você, Deutschland.

E com a última força que lhe restava, Gilbert levantou a mão e acariciou a face alemã.

Fechou seus olhos. Seu sorriso ficou frouxo no rosto, a mão tombou, pendendo ao lado do corpo.

- Preußen? – perguntou Ludwig, obtendo um nada como resposta.

Abraçou o corpo ensanguentado do irmão, não se preocupando mais em controlar-se. Chorou a vontade, o rosto no peito de sangue de Gilbert.

Ninguém soube dizer o quanto aquela cena durou, mas, mesmo depois do bombardeio ter parado, de ter anoitecido e amanhecido, os irmão continuaram no mesmo lugar. Ludwig não se importava mais com seu braço, sua fome e suas dores, apenas queria agradecer tudo o que o mais velho havia feito por ele.

Não precisou de palavras para isso. Aquele gesto valia mais do que mil obrigados.


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Notas finais do capítulo

NÃO ME MATEM, POVÃO D:
Eu amo o Gil tanto quanto vocês, acreditem em mim ;A; Mas ouvir aquela música me fez querer fazer um draminha assim /apanha.