Dream Land - as Cinco escrita por PerkyeFreak


Capítulo 3
Capítulo 2 - Isso deve resolver




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Tocou o sinal do intervalo.

Observei a novata se levantando da cadeira.

É a minha chance de ter uma nova amiga. Aluna nova...talvez possamos nos dar bem. Ela gosta de desenhar, eu gosto de desenhar...já é uma boa impressão.

Fui até ela e disse:

-Oi. – As palavras formaram um nó na minha garganta. – Meu nome é Anne. Eu vi você desenhando...você desenha bem.

Ela me olhou por um tempo e disse:

                -Sou Jane, e...valeu. Você também gosta de desenhar né?

                -Er...sim. Adivinhou? – Eu disse sorrindo.

                -Reparei pelo modo que você escreve.

Mas você senta na minha frente... – Pensei.

                -Um dia gostaria de ver os seus desenhos. – Ela disse sorrindo.

Uma brisa de vento gelado atravessou o corredor.

Arrepiei-me e cruzei meus braços.

                -Está frio para o verão. – Eu disse.

                -É... está frio. – Percebi a mudança de emoção na voz.

Ela olhava para a janela na qual saiu o vento.

Começou a tossir.

                -Está bem? – Perguntei.

                -Estou... – Ela deu uma pausa. – Meio febril. – Ela disse dando uma pausa para dar ambiguidade, acompanhado de um largo sorriso.

                -Ah, isso explica o casaco. – Eu disse apontando com os olhos para o casaco preto por baixo do uniforme. – Eu vou comprar o meu lanche. Tchau Jane. – Me virei em direção ás escadas.

Á caminho da cantina, encontrei a Helena.

                -Oi. – Disse ela. – Conseguiu falar com a Jane?

                -Como não iria conseguir?

                -Sei lá...ela parece ser meio reservada.

                -Só parece. – Eu disse.

                                                                                              * * * * * * *

Quando acabou a aula, fui para casa de costume. Acho que quando o Elliot disse ‘’temporariamente’’, quer dizer uma eternidade.

                Peguei a chave do bolso e abri a porta do portão e entrei no quintal.

Abri a porta dos fundos que dava para a cozinha, que estava aberta.

                -Oi Anne. – Disse a Raimunda enquanto picotava legumes.

                -Oi. – Eu disse indo para as escadas.

Coloquei a minha mochila na cama e fui direto para a bancada fazer o meu dever de casa (que vem sendo a minha única atividade além do computador).

                Odeio fazer dever (e quem gosta?) vai dizer de história.

                Questão numero um...

01.  Diga o contexto histórico de surgimento do Iluminismo.

Sei lá.

  1. Cite dois fatores que contribuíram para a eclosão da Revolução Francesa em 1789.

Sei lá...

        03. Indique dois países europeus que caíram sob o domínio francês, durante a Era

Napoleônica.

                Uh...Itália e Alemanha?

Meus ‘’estudos’’ foram interrompidos quando um rangido vindo da porta do armário.

Olhei para trás, e estava quase totalmente aberto. Não me sentia confortável me olhando no espelho do meu armário.

                Suspirei e levantei da cadeira e fui até ele para fechá-lo.

Voltei aos meus estudos.

Questão número quatro?

Peguei no lápis e procurei pelo ‘’quatro’’ no exercício.

                Ouvi a porta abrir novamente. Levantei de novo, impaciente, para fechá-la.

Tinha algo errado...eu sei que tinha. Olhei em meus olhos no espelho. Eles...

Eles estavam dourados?

Estremeci quando percebi que o meu reflexo estava puxando a boca lentamente, sorrindo.

Queria gritar e tirar a minha mão do espelho, mas era como se algo estivesse me segurando...

                Uma sensação gelada desagradável subiu pelo meu corpo, parando na nuca e no couro cabeludo.

Cai no chão. Meio tonta, tudo girava e meus olhos se fechavam lentamente...

                Elliot, Trevor...por que não estavam aqui quando eu mais precisava de vocês?

Sempre me senti fraca, sempre sou salva, sempre sou um peso, e sempre sou a primeira á cair no escuro...

Gostaria de demonstrar que eu sou forte – para mim mesma – e resistir...mas o peso era mais forte que eu.

                Alice... – Sussurrei. – O que você...?

Não resisti á tonteira, e fechei os olhos.

* * * * * * *

[Nar.Elliot]

Gemi com a dor da seringa.

                -Isso deve resolver. – Disse a Claire injetando a seringa de VAST na veia do meu braço.

Segurei a minha outra mão no banco com força para amortecer a dor.

                -Doeu? – Ela disse dando um sorriso de implicância.

Na tentativa de rir, fiz um sorriso forçado.

                -Se sente melhor? – Ela perguntou.

                -Acho que sim. – Suspirei.

Muita coisa mudou em cinco meses.

                -Cinco meses... – Suspirei. – Dois meses e meio para ela, não é?

                -Combinamos de não falar sobre ela, não é?

Suspirei.

                -O que o sedativo faz exatamente?

                -Já deve estar passando o efeito do sedativo. – Ela disse fazendo uma pausa. – Ele atinge um pequeno ponto do cérebro, que permite que o espírito da Anne não se eleve o suficiente durante o sono para que alcance a fronteira. Tem um canto no cérebro dos humanos que permanece inativa e silenciosa... Pessoas como a Anne conseguem ‘’acordá-la’’. É como um defeito, ou uma deficiência. Uma doença rara e incurável...

                -Se eu for ter que sair daqui. – Eu disse. – Poderei levar a seringa e VAST?

                -Ainda não podemos lhe deixar sair, Elliot. Sabe disso. Enquanto ainda não concluirmos os testes...

                -TESTES? QUE TESTES? ESTOU AQUI Á SEMANAS, E DEPOIS QUE CONCLUIR OS TESTES? – Eu gritei com raiva e ódio na voz.

Ai minha cabeça, minha barriga...meu corpo.

Ajoelhei no chão por causa da dor.

                -Não se esforce, Elliot. – Ela disse calma como sempre.

Pegou outra seringa e injetou no mesmo braço.

Depois de instantes, não conseguia mais mover meu corpo.

                Aquilo não era VAST, era anestesia... – Pensei.

Claire me puxou para o colchão que ficava no chão daquele cômodo de metal.

                -Seja paciente, Elliot. Irei lhe dar alta quando perceber que você conseguiu ‘’evoluir’’.

Ouvi o barulho da porta se fechar.

* * * * * * *

[Nar. Anne]

Parece que foram apenas alguns minutos.

Ai...minha cabeça dói.

Acordei com o rosto preocupado da Raimunda.

                -Ah...você acordou. Dorme como uma pedra. – Ela disse rindo. – Por que estava dormindo no chão?

Pensei um pouco, mas minha cabeça começou a doer.

Gemi um pouco com a dor.

                -Ai...não me lembro. – Eu disse me sentando no chão. – Seja o que for, o chão é confortável mesmo. – Eu disse brincando.

Raimunda me ajudou á levantar.

                -Valeu. – Eu disse.

                -O almoço está pronto. – Disse ela.

                -Ah, o que é?

                -Peixe á milanesa, arroz, batata, feijão...

                -Beleza. – Eu disse indo em direção á cozinha.

Por que eu estava dormindo no chão?


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