Rebel Life escrita por Yabi


Capítulo 3
Capítulo 3 – E o passado vem à tona.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, agradecimentos a todas que estão acompanhando, beijos.



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Naquela noite, voltou a ter o sonho.

Era sempre cruelmente vagaroso. Havia tempo de ver e sentir tudo. E havia ainda mais o horror de reviver os acontecimentos que levavam a uma conclusão conhecida, tão impotente quanto uma garota caída na neve, manchando o alvo natural de um vermelho sangue. As vítimas, os crimes... O assassino.

Acordou algum tempo depois, não sabia se havia dormido por horas ou dias, sua noção do tempo fora abalada pela noite cansativa e agonizante. Sua cabeça insistia numa terrível dor aguda, fazendo-a contorcer suas feições. Os primeiros raios do Sol da agradável manhã de outono iluminavam o espaçoso quarto, deixando transparecer a luz e o calor da imensa bola de fogo alaranjada que jazia no céu, e deixava as nuvens em magníficos tons pastéis. Sakura então abriu os olhos, um de cada vez, lentamente. A primeira vista não se lembrava onde estava, olhou tudo como se fosse desconhecido, porem recordou os fatos anteriores, como num Déjà vu, e afundou a cabeça no imenso e macio travesseiro, numa tentativa de amenizar a dor que a perturbava.

Rápido. Inesperado. Palavras perfeitas para descrever o que havia acontecido nesses últimos e corridos dias. A saudade de Nova York ainda era visível, seus olhos se enchiam de lagrimas toda vez que se lembrava de algum momento com Sasori, ou dos momentos trabalhando no distrito, afinal, sua vida toda fora construída ali, não era justo tirar tudo aquilo de seu alcance.

_Hey, Sakura Chan... Está acordada? – Ouviu um som do estalar da maçaneta antes que pudesse responder.

_S- Sim Hinata Chan... Por que está acordada tão cedo? – Esfregou os olhos intumescidos enquanto dava um leve bocejo.

_Kurenai exige que todos os dias acordemos cedo, assim conseguiremos tomar o café e se arrumar devidamente para o colégio.

_Aff – Seu olhar era de desprezo. – Tantas regras obsoletas... – Hinata riu.

_Não seja boba, Sakura chan... Kurenai não é má, apenas um pouco rigorosa... _Não me importo com o que ela seja. – A garota se ergueu, ficando de pé. – Vou tomar um banho, essa dor de cabeça está me matando.

_Vá rápido, deixarei seu uniforme em cima da cama, até daqui a quinze minutos, está bem?

_Está bem. – Disse pegando uma toalha de algodão que estava num dos ganchos presos a parede, e adentrando no grande e aconchegante banheiro, revestido de mármore botticino.

_Esteja vestida. – Hinata saiu do quarto, deixando Sakura a só, e se dirigiu a seus aposentos.

Já sozinha e a vontade, Sakura tirou suas vestes, e ligou o chuveiro, alterando o modo quente para o morno, deixando que a água fresca caísse sobre seus cabelos rosados e bem tratados. Ficou ali por três rápidos minutos, sentindo a água tocar seu corpo, a fazendo esquecer os dias em Nova York onde o clima era tão agradável que até a água fria poderia dar um banho refrescante. Entretanto, se ela tomasse um banho de água fria em Preston City, teria uma hipotermia inevitável.

Depois de se assear, pegou a toalha sobre o box e se envolveu, o frio escaldante da manhã logo a fez se arrepiar, deixando sua pele pálida gelada e seus lábios secos, manifestando uma sensação de incomodo em seu corpo. Visando se aquecer ela correu até o quarto a fim de vestir as peças intimas que para sua surpresa, eram bordadas a mão, e presas com uma fivela. Os uniformes em cima da cama eram diferentes do que ela estava acostumada a usar, causando certo desconforto ao experimentar a curta saia xadrez, juntamente com uma camiseta acompanhada de uma gravata, e uma jaqueta com o símbolo da escola. Não se sentia bem mostrando as pernas, mesmo que fossem muito bem tratadas e torneadas. Sua timidez era tanta que nem ao luxo de ir a praia ou a uma casa de banho ela se dava. Mesmo que não gostasse, tinha que agradar de algum modo sua tutora, afinal, queria evitar os conflitos entre elas.

[...]

_Sakura Chan! Espero que esteja pronta! – Hinata abriu a porta maciça, e por um milésimo de segundo lhe faltou palavras, Sakura estava trajando o uniforme, que por sinal havia ficado muito bem.

_Você está linda! – Exclamou surpresa ao ver que o uniforme serviu muito bem na amiga, que sentada em frente ao espelho, olhava com reprovação a curta farda colegial.

_Você acha mesmo? - Sua expressão era de incerteza.

_Claro! Não ligue para os uniformes, todos aqui usam e acham normal...

_Mesmo assim, não acha que mostra um pouco... Demais? – Hinata riu, mostrando os dentes. – Você é engraçada. – Respondeu.

_É que... Na minha antiga escola, nós não usávamos coisas curtas...

_Era uma escola religiosa? – A garota de olhos perolados foi em sua direção com uma escova de cabelo e alguns adornos, penteando e arrumando seu cabelo. _Não, era do tipo... – Ficou sem palavras. – Esquece... – Não havia colégio algum, apenas uma sala na sede da CIA onde estudou com algumas crianças e adolescentes de variadas idades, o ensino era muito diferente do que era ensinado nas escolas, e também muito difícil, lhe possibilitando um intelecto acima do normal para sua idade.

_Tudo bem, não ligo para o tipo de colégio, não sou do tipo que julga pela capa. _Mas não era um colégio religioso! Era...

_Era... – Hinata continuou. Sakura não soube o que dizer, mesmo que quisesse, não podia entregar seu segredo assim, tinha aprendido que deveria manter em sigilo seu fardo, e deveria carregar-lo sozinha.

_Nada... Não era um colégio...

_Professores particulares? – Indagou.

_Er... Sim, claro. – Sakura riu, meio sem jeito, tentando disfarçar a incerteza. _Pois bem, vamos tomar o café, já acabei de arrumar seu penteado, espero que goste. – A rosada se olhou no espelho, e viu o belo penteado que Hinata havia feito com apenas um pouco de gel e alguns adornos.

_Obrigada Hina Chan. – As duas se levantaram e saíram do quarto, as extensas janelas deixavam à vista a pequena cidade, que apesar de não ser muito grande abrigava uma quantidade significativa de pessoas e indústrias.

_Acho melhor não desgrudar de mim, você acabou de chegar, é capaz de se perder dentro da casa. – O corredor era imenso e ao mesmo tempo assustador, com pinturas abstratas e imagens surreais por todos os lados.

_Não seja boba, não sou uma criança...  

_Não foi isso que eu quis dizer, Sakura Chan...

_Eu sei, me desculpe... Só estou um pouco irritada pela vulgaridade do uniforme. – A saia no joelho a fazia andar de modo engraçado.

_Eu juro que se você falar de novo do uniforme, eu arranco ele de você e faço você andar só de calcinha e sutiã! – As duas riram, enquanto desciam os degraus da escada, Kurenai as aguardava no pátio inferior.

_O que diabos estavam fazendo lá em cima? Eu dito as regras, e não gosto que demorem tanto parar se arrumar... – A mulher de cabelos negros estava sentada numa poltrona, lendo um livro de capa cinzenta, quando se virou e as fitou nos olhos.

_Desculpe, senhorita Kurenai, não irá se repetir... – As duas baixaram a cabeça perante a mulher, que continuou as olhando até acender um charuto, e voltar a atenção ao livro novamente.

_Eu espero que não. – Disse num tom ameaçador. Sakura não a olhou nos olhos, apenas seguiu de cabeça baixa até chegar a cozinha, onde uma mesa farta as aguardava, Hinata a acompanhava.

_Uau.. – Se surpreendeu, a mesa do café da manhã era enorme, se assemelhando a um banquete de um palácio, com uma variedade enorme de pães e roscas, sonhos e biscoitos, e potes com geléias de diversos sabores. Sakura se serviu com um pão e um pouco de café, já Hinata não provou nada, apenas acompanhou Sakura enquanto brincava com seus cabelos.

_Vou escovar os dentes. – Sakura se levantou da mesa, satisfeita com a refeição.

_Tudo bem, vou te esperar no carro... – E assim se separaram. Sakura caminhou pelas escadas, enquanto Hinata arrumava os últimos preparativos em suas mochilas. Seguindo pelo extenso corredor, a garota notou uma porta entreaberta, não pode deixar de olhar, sempre com seu senso de detetive. Lá dentro estavam livros e livros empilhados, uma mesa com muitas anotações e fotografias, e um quadro com nomes, endereços e muitas outras anotações, tudo muito bagunçado e confuso, porem deixava claro que se tratava dos casos de desaparecimento que atormentavam a cidade. Na parede havia um quadro emoldurado de um homem sentado em uma mesa, sorrindo. Ela o reconheceu sem muita dificuldade, afinal, que filha não reconhece seu pai...

“Então Kurenai está no caso...” – Pensou enquanto saia do quarto silenciosamente, indo até seu banheiro e escovando os dentes, apressadamente para descer logo as escadas e ir ao encontro de Hinata. Não que estivesse animada para ir a escola, mas sentia como se não fosse a única no pátio superior, sentia a presença de alguém, ou algo a observando, a deixando desconfiada e principalmente com medo

Se olhou no espelho mais uma vez, retocou a fina maquiagem e então pegou algo em sua mochila, um spray de pimenta, afinal, nunca se sabe quando vai precisar.

Desceu as escadas e passou pela porta de vidro da entrada, havia uma neblina que até então não havia notado, era rasa, portanto não causaria danos em nada, porem o que a preocupava não era a neblina, e sim o frio da manhã, que mesmo sendo fraco, penetrava em seu casaco, e a fazia congelar por dentro.

_Sakura, venha logo, sua bolsa está aqui... Tomei a liberdade de pegar uma em seu quarto, e lhe emprestar alguns materiais meus... – Hinata estava sentada ao banco de trás, Sakura sentou ao seu lado.

_Tudo bem... Só estou um pouco nervosa com esse negócio de escola de repente, sabe... Acho que primeiramente eu tinha que me acostumar com o local...

_Mas eu acho que se você ficasse naquela casa o dia todo, ia ficar maluca, e também, Kurenai precisa examinar todas as provas com cuidado e...

_Provas? De quê? – Fingiu-se de ingênua, como sempre.

_Ah meu deus, falei demais... – Hinata virou a cara, como se tivesse errado em sua escolha de palavras.

_Fale, agora que começou. – O motorista já havia dado partida, o carro estava em movimento e o vapor do lado de fora fazia o vidro ficar esbranquiçado, ofuscando a visão dos passageiros do banco de trás.

_Oras, você deve saber que Kurenai ainda é uma policial, e ela está encarregada de investigar os desaparecimentos... – As duas se olharam. Sakura sabia que aquela era uma ótima oportunidade para praticar seu senso de detetive.

_Hum... Espero que consiga resolver o caso. – Virou para o outro lado, olhando para a janela e avistando a mata que rodeava Preston City ficar cada vez menor, sinal de que estavam se aprofundando na cidade.

_Será bom.

_O quê será bom?

_A ida a escola, você poderá ver Sasuke e Ino...

_Acho que... Eles não irão me reconhecer. – Ela continuava vidrada na janela. Em sua cabeça passavam lembranças de muito tempo atrás, uma época esquecida, a mais triste e marcante de sua vida. Fora abandonada por seu pai, e jogada para a CIA treinar. Ainda se lembrava do dia em que foi levada pelo próprio pai até Nova York. Ele lhe comprou um sorvete e pediu para ela esperar numa poltrona, enquanto conversava com um homem sobre assuntos importantes. Depois disso ele lhe deu um beijo na testa, e saiu pela porta, sem lhe dar uma explicação do que estava acontecendo...  

"_Pare de chorar garotinha, por favor... – Uma mulher de terno tentava a acalmar, mesmo que não estivesse adiantando.

_Eu quero... Quero ir para casa. – A garota fitou a mulher nos olhos... Olhos tristes, solitários... E está ficou sem ter o que dizer."

_Sakura Chan... Você está bem? – Hinata falou em um tom alto.

_Si- Sim... Só me lembrei de algo...

_Nós chegamos, vai descer ou quer voltar para casa? Acho que você não esta muito bem...

_Não, eu vou... Afinal, é melhor conhecer logo o que me espera do que adiar as obrigações... – Abriu a porta do carro, que ao contrário do outro, era grande e espaçoso.

_Espere. – A garota de cabelos longos e negros a seguiu, levando sua bolsa e a mostrando a entrada do colégio, feita para um pequeno número de estudantes. Sakura a esperou, vidrada nos outros colegiais que não paravam de chegar.

_Bem, não deve ser tão difícil se enturmar num colégio tão pequeno. – Olhou atentadamente a estrutura de cima a baixo, haviam dois andares, uma piscina suja e vazia, e uma imensa grade que rodeava toda a escola, revestida com fios de cerca elétrica, era impossível alguém sozinho passar por ali.

_É, você vai ver. – As duas caminharam até o pátio central, onde haviam inúmeros armários e varias portas, os estudantes olhavam Sakura de cima a baixo, como se fosse uma desconhecida em território inimigo, mas logo deixaram o olhar ameaçador de lado, quando uma mulher veio ao encontro das duas.

_Você deve ser a novata. – A mulher a olhou com um sorriso amigável nos lábios.

_Sim... Sou.

_Sou a diretora Tsunade, você pode me chamar para o que precisar... Agora, venha até minha sala, e quanto a você Hinata, pode ir ao encontro de sua turma, eu já levarei Sakura até lá. – Os olhares de Sakura e Hinata se cruzaram, como se o mesmo pensamento passasse pela cabeça das duas. Hinata pegou sua bolsa e foi até uma porta ao fim do corredor, Sakura seguiu a mulher sem questionar nada, entrou em sua sala e esperou suas ordens, atentadamente.

_Muito bem, sente-se. – E assim fez, vítima do olhar pernicioso daquela velha mulher.

_Kurenai havia me dito que chegaria, pois bem, preciso de que me preencha esse formulário para revelar-me se está apta a seguir com o 3º ano. – Disse entregando um envelope a garota, que o guardou dentro da mochila.

_Tenho certeza de que meus conhecimentos estão adequados ao 3º ano... – Falou num tom ameaçador.

_Senhorita Haruno, espero que seja muito bem recebida em nosso colégio, como deve saber, coisas estranhas vem acontecendo, e recomendamos aos alunos que não saiam sozinhos por ai, está

tudo bem?

_Já fui avisada disso sim senhora...

_ Muito bem, então não há problemas... Seu armário a partir de agora é o número 12. – Disse erguendo a mão, e lhe entregando um papel, indicando a senha do mesmo.

_Obrigado. – Ela o pegou, olhou um pouco, e jogou na lixeira ao lado.

_Agora, checando seu registro escolar, vejo que está tudo em branco... Por quê? – A mulher parecia pasma. – Eu nunca vi algo assim desde que trabalho na rede como educadora, isso há 23 anos.

_Eu... Sou do programa de proteção a testemunha. – Falou confiante. As vezes a mentira era necessária.

_Oh... – A velha mulher de cabelos loiros parecia acreditar. – Então acho que é melhor mantermos isso em segredo, não é mesmo?

_Claro, agora já posso ir?

_Tudo bem... – Pegou sua bolsa e levantou-se, a mulher a conduziu até fora.

_Vá até a última porta do corredor, é a aula de filosofia, depois ligarei para Kurenai e conversarei formalmente com ela. – E voltou para sua sala, fechando a porta, deixando Sakura sozinha no corredor rodeado de armários e silêncio.

“Que mulher esquisita” – Pensou enquanto se dirigia ao fim do corredor, onde uma porta branca com uma placa “philosophy” a aguardava. Rodeou o local visando algo estranho ou suspeito, nada. Apenas o barulho de uma porta aparentemente pesada se abrindo.

_Não acha melhor entrar, senhorita? – Uma mulher de óculos a encarava, sorridente, os demais ao fundo riram.

_Claro, me desculpe. – Disse adentrando na sala, sendo vítima dos olhares de todos.

_Classe, está é Sakura Haruno, ela veio de Nova York ontem e imediatamente foi matriculada no colégio, espero que vocês possam se dar muito bem. – A rosada corou, tímida por tantos olhares.

_Bem, você pode se sentar ali, ao lado de Hinata. – A mulher apontou a uma carteira ao lado da janela, e assim fez, se acomodou na desconfortável cadeira e ficou olhando para fora, vendo gotículas de água cair do céu e se chocar ao vidro, enquanto as arvores balançavam de um lado para o outro, aturdidas. Focou sua atenção a mulher a sua frente, que explicava e fazia perguntas referentes a filosofia no contemporâneo a todos. Claro que sabia a maioria das respostas, mas não queria ficar conhecida logo de cara como a ‘garota nerd de Nova York’. E foi assim durante todas as aulas antes do intervalo, quando ela e Hinata se sentaram perto de uma cerejeira, e continuaram conversando besteiras e afins.

_Afinal, por que tudo aqui é dividido? Olhe, todos no intervalo tem suas panelinhas...

_Ninguém quer se manifestar, estão todos assustados com essa onda de desaparecimentos...

_Mesmo assim, é muito estranho...

_Acho que depois de um tempo, tudo vai voltar ao normal...

_É, as pessoas esquecem com o tempo, afinal, é preciso olhar para frente e seguir adiante.

_Mas mudando de assunto, você não queria ver os outros? – Hinata tirava uma suculenta maça de sua bolsa.

_Sim, claro... Onde estão?

_Sasuke está ali. – Apontou para um jovem sentando numa mesa, rodeado por garotas com saias levantadas e atitudes promiscuas. A garota o olhou, enquanto enfiava uma farta colher contendo iogurte natural na boca, o jovem também a olhou, e sorriu.

_E Ino, onde está? – Voltou a olhar para o pote em suas mãos.

_Eu não sei, provavelmente é aquela ali, na mesa das populares. – Hinata inclinou-se para a direita, insinuando que a mesma estivesse naquela direção, Sakura caçou a loira com os olhos, até conseguir ver a silhueta de uma garota sentada em cima da mesa, entretida com uma ruiva, falando em um tom mais alto, como se estivessem brigando.

_Legal, meus amigos de infância se tornaram um playboy e uma patricinha. – Ironizou, enfiando mais uma colher cheia na boca.

_Fique quieta, Sasuke esta vindo em nossa direção. – Sakura quase cuspiu o iogurte em cima de Hinata, que ria da reação da amiga. Porem manteve a calma, e olhou para trás normalmente, como se tentasse ver o pátio ou algo assim, quando o viu se aproximar, fingiu estar surpresa. 

_Hey, Sakura... Será que lembra de mim? – Ele sorriu, deixando a mostra seus dentes. Ela retribuiu.

_Mas é claro... Sasuke. – Disse se erguendo, o abraçando logo em seguida.

_Olá Hinata, onde está Naruto? – O garoto se virou em sua direção, acenando para ela. 

_Não pode vir a aula, está doente. – Disse mordendo a maça que tinha nas mãos, formando um som crocante, e irritante.

_E então, Sasuke... O que está fazendo com aquele monte de garotas... Virou cafetão por acaso? – Hinata riu, colocando a mão sobre a boca logo em seguida, Sasuke não se conteve.

_São só amigas... Um pouco vulgares, mas muito simpáticas. – Sakura e Hinata se olharam de modo que a ironia transparecesse em seus olhares, o garoto voltou a rir.

_Bem, vocês não querem ir a minha casa mais tarde, conversar? Se preferirem, chamem a Ino. – Ele tirou a maça das mãos de Hinata, e deu uma mordida grotesca.

_Acho que seria bom chamar-lá, relembrar os tempos de infância. – Sakura vidrou-se novamente a loira do outro lado do pátio, e por um segundo teve a impressão de que seus olhares se cruzaram.

_Chame-a você, não falo com ela há muito tempo, na verdade, acho que há anos não dirijo minha palavra a ela. Não quero que pense que eu sou uma oportunista que só conversa quando precisa de algo. – Sasuke recuou, sentando ao lado de Hinata. Os dois instantaneamente olharam para Sakura, que entendendo a situação, cedeu.

_Tudo bem, espertinhos... Eu falo com ela. – Virou de costas e jogou a embalagem do iogurte no chão, se dirigindo logo em seguida a direção da mesa de Ino, onde se formava uma roda de garotas, entretidas com algo a frente. Sakura continuou se aproximando, até que finalmente conseguiu ver a silhueta de dois corpos no chão, agarrados.

_Ei, você... O que está acontecendo? – Perguntou a uma garota que passava.

_Ino e Tayuya se desentenderam, tomara que se matem. – As palavras frias ecoaram em sua cabeça, pelo visto Ino não era muito querida naquele lugar. Hinata e Sasuke vieram correndo, curiosos com a movimentação, logo foram se juntando mais e mais pessoas ao longo da roda. Sakura assistia a tudo, pasma com a atitude das garotas, Ino estava com o joelho ralado, e a outra garota com a o rosto arranhado. Seu primeiro dia no colégio já não demonstrava a tranquilidade e a paz que uma instituição deveria oferecer, a violência de parte das duas a fazia cada vez mais questionar os adolescentes, mas até que por um lado aquilo era divertido.

Outra garota, aparentemente mais velha e robusta, enfiou-se na roda, segurando os braços da loira para que a outra revidasse. Sakura não conseguiu assistir parada, enfiou se na roda também.  

_Ei você ai, magricela... Saia daqui ou vai acabar se machucando... – A garota a encarava, enquanto torcia os braços da loira, a fazendo gemer de dor.

_Não tem vergonha de se meter em uma briga que não é sua? – Sakura pegou a cabeça da outra garota, e a jogou contra o chão. A outra instantaneamente largou a loira e veio em sua direção.

_Ela é minha irmã. – Disse enquanto repulsava seu braço para trás, mostrando os punhos para Sakura que abaixou rapidamente, fazendo com que o soco atingisse nada mais que o ar.

_É? E aquela garota é minha amiga. – Um ódio crescente se manifestou em seu corpo, sem piedade ela agarrou os braços da garota, e os puxou para trás, de modo que a dor ficasse quase insuportável. Hinata ajudava Ino a se levantar, enquanto assistia pasma a luta. Sakura percebeu que se fosse mais adiante e quebrasse o braço da garota, a atenção de todos se voltaria a ela, sendo que ela mais almejava era sigilo.

_Ah... Me desculpe. – Ela correu para fora da roda, envergonhada, Sasuke e Hinata foram atrás, juntamente com Ino.

_Esqueçam o que viram ali, tá? – Já estavam a alguns metros dali, Sakura ofegava de tanto correr, e de longe conseguia ver uma mulher aproximando da roda, que aos poucos desvanecia.

_Não precisava ter feito aquilo. – Ino falou enquanto passava sua mão pelo seu rosto, aparentemente inchado.

_Eu precisava, era injusto duas contra uma... – Disse apoiando seus braços nos joelhos.

_Mas você vai se dar mal, assim como eu... – A loira baixou a cabeça – Como poderia te agradecer? – Sasuke e Hinata assistiam a cena calados.

_Que tal indo a casa do Sasuke hoje, para conversarmos um pouco? – A garota sorriu, concordando.

_Está bem, então quando o alarme soar, vocês podem ir para minha casa. – Sasuke se intrometeu.

_Está louco? Eu e Sakura não podemos sair depois do toque de recolher... – Disse Hinata enquanto passava um algodão sobre o rosto de Ino, que gemia de dor.

_Oras, vão escondido, não há mal nenhum nisso, há?

_Tirando o fato de que podemos ser pegas por um psicopata, não é mesmo?

_Ei vocês dois, calem a boca... A diretora está vindo. – Todos se calaram e olharam para a mulher que se aproximava, com uma expressão nada amigável no rosto.

_Senhorita Haruno, senhorita Yamanaka... Querem fazer o favor de me acompanhar? – O tom de sua voz era agressivo.

_S- Sim... – E assim seguiram as duas, atrás da mulher. Sasuke e Hinata ficaram assistindo as duas se distanciarem cada vez mais, pensando no que poderia acontecer a elas por desobedecerem as regras. Todos ali tinham certo medo da diretora, todos sem exceção.

  [...]

_Senhorita Haruno, espero que isso não volte a acontecer, caso contrario contatarei sua tutora. – A mulher fez um gesto com a mão, indicando que ela já podia sair. Sua cabeça estava baixa, e realmente não foi de muito proveito entrar na briga, não havia pego fama de nerd, e sim de brigona. Saiu da sala. Lá fora a tensão estava menor, e o clima mais agradável. Caminhou até a saída, onde avistou Hinata a esperando, atônita. _E então, o que ela disse? 

_Nada de mais, só quer que isso não se repita.

_E por que estavam brigando?

_Bem... Pelo que eu entendi, as duas estavam brigando por puro capricho. Não era pra ter entrado mesmo...

_Pelo menos teremos conseguimos um encontro com Ino hoje. – As duas seguiram pelo portão até chegar a rua, naquele fim de tarde todos os demais alunos haviam ido embora, só restavam as duas garotas, que continuaram andando pela estrada até verem a mata se aproximar, sinal de que estavam mais distantes da escola.

_O motorista não vem nos buscar? – Sakura olhou de um lado a outro, não viu nada. O céu estava num tom alaranjado, e o sol ficava cada vez mais perto do horizonte. A noite estava chegando.

_Não, eu o dispensei quando chegou, caso contrário você teria que voltar só da escola.

_Own, obrigada. – Elas se abraçaram, sentindo se mais confiantes, e continuaram andando pela estrada, enquanto a escuridão se aproximava mais e mais...

_Hinata...

_O que foi?

_A casa é muito longe daqui?

_Só uns 5 quilômetros pela estrada, pela floresta são 3, mas nem pensando vamos pela mata...

_Não estou a fim de andar tudo isso, que tal pegar carona? – Mas aquela idéia lhe parecia impossível, não havia carros por ali.

_Bem, acho que se andarmos mais rápido, conseguiremos chegar a tempo do jantar.

_Me desculpe, mas eu não vou andar 5 quilômetros, querida. – Sakura correu até as proximidades da floresta, procurando por uma abertura, Hinata correu até ela.

_Está louca? E o psicopata?

_Nós somos duas, ele nunca conseguiria pegar dois coelhos numa cajadada. – Tirou algo de sua mochila, uma lanterna e um celular, depois continuou andando, sem escolhas, Hinata a seguiu.

_Mas por que diabos você leva uma lanterna para a escola? – Desconfiou.

_Oras, nunca se sabe quando vai precisar... – A luz se extinguia a medida que se aprofundavam na mata, logo não havia mais clareiras, apenas uma floresta fria, escura, e com ruídos assustadores por todos os lados.

_Você só me mete em furada, e olha que mal chegou aqui...

_Relaxa, eu tenho um GPS. – Ela era guiada pelo aparelho, que felizmente funcionava em qualquer lugar.

_Se seguirmos nesta direção, com certeza iremos chegar em casa há tempo do jantar. – Hinata ia bem atrás, encolhida pelo frio.

_Está ouvindo isso, Sakura? – As duas se calaram, e ouviram apenas a respiração uma da outra, de-repente um galho se partiu, há alguns metros atrás delas.

_Tem alguém ali... – Disse Hinata olhando para Sakura, que apagou a lanterna. – Tem alguém nos seguindo...  


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