Redenção escrita por Maia


Capítulo 3
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Se dê uma nova chance.



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Toni a essa altura já estava convencido de que se ele não estava sonhando ou delirando, aquele ser à sua frente era mesmo  Deus. Só não sabia o que raios Deus iria querer com ele. Logo ele que sempre foi todo errado – de acordo com o senso de justiça e bondade de Deus – sempre fez as coisas erradas e nunca se preocupou muito com as conseqüências... Mesmo se sentindo um merda por ter feito várias coisas. Enfim, o problema não era dele, quem estava no caminho se fodeu. Se tem uma coisa que ele sabia é que bonzinho só se fode, e otário ele não é!

Um silêncio incômodo se instalou entre os dois. Deus mantinha um olhar sábio e misterioso. De repente, deu dois passos em direção a Toni, que se distanciou dando dois passos para trás.

- Por que me nega assim? – Perguntou, se sentindo triste.

- Não chegue perto!

- As coisas não são desse jeito. – Disse Deus em sua infinita paciência.

- Você não existe! – Exasperou!

- Você sabe da verdade. Eu existo, eu estou na sua frente. Eu te criei, você é MEU FILHO! E não adianta negar, você sabe da verdade.

- NÃO SE APROXIME DE MIM! – Começou a correr o mais longe possível de Deus, mas este parecia nunca se afastar, não importava o quando Toni corresse, ele nunca sairia da presença de Deus, pois este sempre estaria perto dele, observando-o.

- Tolice, pare com isso, abra seus olhos.

- VOCÊ NÃO EXISTE!! – Estava beirando ao desespero. – NÃO EXISTE! VO-CÊ-NÃO-E-XIS-TE! ISSO É UMA MENTIRA! É TUDO MENTIRA, É TUDO DELÍRIO, DEUS NÃO EXISTE! – Gritou. Em seu desespero, o corpo não agüentou, e acabou por desabar de joelhos no chão. Agarrou seus fios longos e escuros com as duas mãos, e se pôs a chorar.

- Meu filho...

- SAI DE PERTO DE MIM! – Tentava se afastar dubiamente, rastejando alguns centímetros.

Deus era muito paciente. Sabia que Toni não iria reagir da melhor maneira possível, mas não tem nada que ele não consiga fazer. O jeito era persuadir o filho. A ultima palavra será a dele. Deus se achegou mais perto, e Toni continuava insistindo em se afastar.

- Esse... Esse preto nojento... ESSE MENDIGO! FOI ELE! ELE QUE ME DROGOU! – Estava visivelmente confuso. – Ele só pode ter me dado algum alucinógeno, ou então foi culpa daquela batida... Isso não é real. Vai passar. Eu vou acordar e sair desse pesadelo.!!! – Dizia olhando fixamente para o chão coberto pela aura divina, mas ele não acreditava. Seu olhar estava vidrado, parecia que estava enxergando muito além da realidade da situação. Estava parecendo um louco. Hah, ele já era um mesmo.

- Toni, fugir disso não vai resultar em nada. A minha graça irá te alcançar, de qualquer jeito.

Toni que tateava o chão – se é que se pode chamar aquilo de chão – voltou a pegar em seus cabelos, desacreditando no brilho e pureza que tinha aquela substância que cobria o chão, parecia ouro, não não, era muito mais precioso que isso. Precioso demais pra existir. Ele começou a chorar em silêncio dessa vez, e não era choro de confusão. Era culpa.

- Antes de te formar no útero da tua mãe, fiz nascer sua alma aqui no céu, junto de mim.

- Pare... – Tapava os ouvidos convulsivamente tentando não escutar, pra não se sentir pior.

- Quando eu te criei, foi só alegria, todos os anjos cantaram, e eu cantei junto, te dando boas vindas.

- Não quero saber. – As lágrimas desciam ácidas pela face branca e bem feita do homem, contendo toda a amargura das lágrimas que ele já fez tanta gente derramar.

- Você me deu muita alegria. Uma criatura pura, outra parte de mim...

- CALA A BOCA! – Toni não queria mais escutar Deus. Isso só fazia o vazio que sentia por dentro se tornar cada vez mais evidente. Toda a culpa, toda a falta, todo erro, toda lágrima que ele já derramou, toda a carência que ele sente.

- Com muito prazer eu te gerei no útero da minha outra filha, Sônia Álvares. Pensando em todas as belas obras que você faria em meu nome... Em todas as coisas boas que você traria pro mundo.

- Hahaha – esse foi um riso amargo e sarcástico – Acho que seus planos não deram certo afinal, eu fui um filho da puta em todos os sentidos da palavra.

- Como pode dizer um absurdo desses? Claro que você foi bom! – Toni olhou-o com confusão, depois seu semblante se tornou cético. Se esse era mais um dos truques que esse “preto” estava usando para fazê-lo mudar de idéia, não ia dar certo.

- Vou te mostrar. – Mais uma vez o ambiente se metamorfou, e apareceu a imagem de uma prostituta com no máximo uns dezesseis anos marcando ponto numa estrada. Toni não entendeu nada.

- Essa é a Rita. Uma filhinha minha que não teve muita sorte na vida, pois o caminho que ela devia segui não lhe foi devidamente transmitido. Ela se prostituía pra ajudar em casa, com seus cinco irmãos pequenos, e uma mãe doente. – O ambiente se transformou denovo, e apareceu Rita trabalhando em uma sala cheia de arquivos. Estava organizando-os. – Com a construção do escritório Russoli&Santinelli, Rita pôde encontrar um emprego decente, além de ganhar o dobro do que ela conseguia em um mês se prostituindo. Ela também conseguiu trabalhos para suas amigas que também se prostituíam e aos poucos conseguiu tratar da saúde da sua mãe. Quando sua mãe melhorou, ela também foi trabalhar na Russoli&Santinelli, e agora a família dela vive uma vida modesta e estável. Difícil, verdade, mas muito melhor do que antes. Todos os seus irmãos – e ela própria – estão estudando, e construindo um futuro melhor. Graças a isso ela me agradeceu, e passou a ter mais fé em mim. – Sorriu. – Toni ficou surpreso com esta história.

- E não acaba por aí. – Apareceu de repente um homem, que saia do portão de uma cadeia, ele tinha uma aparência viril e firme. Era musculoso e tatuado. Em sua testa parecia estar escrito “sou um ex-presidiário”, pois sua aparência era óbvia. Depois apareceu o homem em uma empresa “Ex-presidiário?” perguntou um homem que estava atrás de uma bancada. “Sim, mas eu já cumpri minha pena.” Disse o homem humildemente. “Me desculpe senhor, não aceitamos ex-detentos, saia”; “Mas-“; “Saia”. E ele saiu. – Esse é o Anton. Ele foi preso por porte de drogas e assassinato. Teve um percurso muito ruim durante a vida, mas quando ele finalmente se arrependeu e tentou arrumar a vida, ele teve muitos problemas. Coloquei provas no caminho dele, é claro, pois queria que ele provasse a sua fé. Então o guiei até a sua empresa, que foi onde ele conseguiu um novo emprego.

De repente o cenário mudou, e mostrou o homem em uma casa boa, com uma mulher alta, negra, super bonita – que faria muitos homens torcer o pescoço – junto de mais duas crianças pequenas, duas meninas moreninhas de olhos verdes (como os do pai). Ele estava abraçando uma das meninas, enquanto beijava a mulher, e a outra menina (a maior), estava trazendo um papel com o desenho da família pra ele e a mãe ver.

- Anton conseguiu um emprego de advogado na sua empresa. Ele é formado em direito, não tem uma educação tão boa quanto a sua, mas é bem competente. Vive muito feliz com a mulher que eu preparei pra ele. Tenho muito orgulho dele, pois ele é vitorioso, em meu nome.

O cenário muda de novo e aparece uma família com traços árabes visíveis. Eles estão em uma casinha muito pobre e frágil, que desabaria com qualquer vento mais forte. Uma pessoa entra em convulsão no meio deles, e começa a espumar, e ter os olhos revirados – era um ataque epilético – .

- Essa família é uma que passou por muito sofrimento em Israel. Eu os trouxe de lá, porque eles sofreram muito e eu tinha que interceder pelos meus filhos. Os trouxe para o Brasil, em São Paulo. Eles tiveram mais algumas dificuldades. Muitos deles tem problema de saúde. Samuel, como você viu é epilético, e como não recebe devido tratamento é bem difícil a vida dele. A minha outra filha Hana também tem problemas de saúde. Enfim, muitos deles encontraram a solução para todos os problemas na Russoli&Santinelli, onde eles foram empregados. Hana é secretária, Abraham é segurança, Alan é porteiro, Daniel é advogado, Renesmee é advogada... A vida deles melhoram muito, e eles puderam tratar a epilepsia de Samuel (que organiza os arquivos junto com Rita), e eles vivem muito bem no Brasil. Sem bombardeios, nem guerras... Somente a paz. Claro que há problemas cotidianos, mas eles têm fé em mim, e oram todos os dias por você, que é dono da Russoli&Santinelli, meu filho, que permitiu que tudo fosse possível, através de mim.

Toni estava cem por cento chocado com aquilo tudo. Deus viu a expressão do seu filho e sorriu. Toni estava sentado no chão, apoiando suas mãos no chão, olhando fixamente pra frente com os olhos arregalados e o queixo caído.

- Mas isso não tem nada a ver. São apenas conseqüências do trabalho, e eu tava precisando de gente pra trabalhar pra mim. – Disse por fim, se negando a ceder.

- Não importa. A Russoli&Santinelli ajudou muitas outras pessoas necessitadas, eu a usei e tornei um dos portais da felicidade de vários empregados. Não só em São Paulo, mas no país inteiro. Você cresceu, ficou importante. Claro que teve a minha ajuda, mas também batalhou muito pra conseguir vencer. Você sempre foi esforçado, e mesmo cometendo erros horríveis tem um senso de justiça que eu gostaria que pelo menos metade da população humana tivesse na sua idade. – Toni estava sem ter o que argumentar. Afinal, não adianta querer bater boca com um onisciente. Mas mesmo assim...

As lágrimas rolaram em sua face novamente. Os olhos metálicos geralmente tão frios e cortantes, agora estavam inchados e vermelhos. Não conseguia se alegrar apesar de tudo, mesmo tendo sido tão importante – pelo que parece – nada disso tirava esse vazio de dentro dele, essa dor, essa infelicidade.

Era como um abismo invisível. Seu coração caía lá dentro lentamente, e ele não chegava ao fim... Aquilo tudo, todas aquelas pessoas a sua volta. Todas as lembranças... As únicas que compartilhavam com ele aquele abismo eram suas lembranças. Cruéis e amargas lembranças, tempos em que ele tinha esperança, mas foi tudo por água abaixo... Sua inocência, sua família. Seus amigos falsos, colegas hipócritas e por fim, a solidão. Solidão essa de não ser entendido. De não ser aceito. A vida inteira fingindo que estava tudo bem, que é forte e não precisa de nada. Solidão de não ter com quem compartilhar seus mais profundos e sórdidos segredos, agüentando tudo sozinho. A culpa, os fantasmas do passado que insistiam em atormentá-lo. Ele só queria um amigo, um companheiro. Uma pessoa que o deixasse ser ele, que não os discriminasse quando dissesse “matei um homem”, e nem ficasse com medo ao ouvi-lo dizer “estuprei uma mulher”, e que não sentisse raiva quando ele dizer “já mandei vários inocentes pra cadeia”, que não o culpasse e amaldiçoasse pra sempre o seu nome se confessar que apoiou o projeto científico que gerou doenças como a Gripe Suína, ou testes de ácidos e outras armas fatais feitas em humanos nos países do Oriente Médio.

Mas isso não existe. É claro que um ser humano não aceitaria essas monstruosidades, nem todas as pessoas que ele matou direta e indiretamente defendendo bandidos, corruptos, e outros vários filhos da puta como ele. As pessoas não o aceitariam, mesmo se dissesse mil vezes que estava arrependido, que nunca mais se envolveriam com aquilo, que destruiu com as próprias mãos todas as bases de testes em que ele era sócio, que faz questão de mandar os desgraçados pra cadeia, que nunca mais tocaria em um mulher sem o total consentimento da mesmo – aliás, ele é um completo cavalheiro com elas agora. Que dá valor a vida mais do que alguém pode imaginar, que sente pelas pessoas que estão sofrendo tanto nas guerras, e detesta todos os corruptos e mentirosos que estão no poder. Não adianta. O que ele fez está feito, e ninguém ia aceitar, afinal, ele é um monstro. Isso que ele era, e ponto final.

- Você não é um monstro.

- Você só pode ser louco. – Disse com a voz embargada pelo choro. – O que eu fiz não tem perdão... não tem... devia me mandar pro inferno agora mesmo! – Não conseguia parar de chorar, mesmo que quisesse. – O que eu fiz não tem perdão, não tem!

- É claro que tem. Eu já te perdoei.

- Por quê? Por que eu tive que fazer essas coisas? Por que não me impediu? Custava ter feito isso?

- Cada ato tem uma conseqüência, e essas conseqüências se aplicam tanto a você quanto as pessoas que estão ligadas com seus atos. Mesmo se eu te explicasse tudo o que você encadeou você não iria aceitar... Não se culpe meu filho, eu sei que você ta sofrendo, me deixa te curar!

- Não adianta... Eu não sou merecedor! Eu não sou merecedor... – As imagens de todas as atrocidades que ele fez na vida lhe vieram à mente – EU NÃO SOU MERECEDOR!! – Puxava os seus cabelos numa tentativa dúbia de tentar arrancá-los, arrancar seu cérebro, arrancar a cabeça, arrancar as emoções.

- É claro que você é merecedor. Eu te amo. Você vai vencer! – Deus se aproximou vagarosamente de Toni, agachou perto dele e o abraçou.

Ah, lágrimas! Lágrimas que caiam destemidas e desobedientes. Afinal, ele não tinha mais forças pra nada. Toni estava totalmente maravilhado. Que abraço era aquele! Nunca se sentira tão amado e feliz em toda a sua vida. Aquele ser, Deus o estava abraçando! Não poderia existir na face da terra ou no céu sensação melhor, coisa indescritível. Parecia que estava sendo envolvido por um manto de seda embebido nos mais deliciosos aromas, a maciez divina era inexplicável, a proteção, o conforto, o amor, a força e esperança que os braços te davam...! Era como se ele não existisse... Nada do que aconteceu antes existiu, ou melhor, existiu mas não importa. O que importa é o agora, é esse perfume, é esse amor que ele está sentindo, recebendo. Foi a melhor coisa que aconteceu na vida inteirinha dele. Se pudesse ficaria ali pra sempre, não saia nunca mais. A eternidade naqueles braços era uma idéia simplesmente maravilhosa. Todo o mal que ele tinha dentro dele, todas as impurezas, foram todas exterminadas, ele podia sentir um fogo queimá-lo por dentro, tirando tudo o que é ruim, deixando só amor no lugar, só amor. Não adianta mais, seu coração está totalmente rendido a esse poder, a essa bondade, a ELE. As suas lágrimas continuaram a cair, mas não era de tristeza, e sim de felicidade – pela primeira vez em sua existência – ele sentia que estava no lugar certo, estava em casa, estava com o seu Pai!

Deus ficou muito feliz pelo seu filho tê-lo finalmente aceitado. Sempre ficou angustiado andando silenciosamente do lado de Toni em sua existência. Ficava aflito ao vê-lo pecar tão gravemente sempre, lamentava com ele todas as frustrações e o sofrimento, aguardava ansiosamente para que ele clamasse o seu nome, chamasse por ele! E agora que sentia as lágrimas do seu filho tocar o seu coração, estava orgulhoso, estava feliz, mais uma alma recuperada, mais uma flor que não perecerá.

Separou o abraço muito delicadamente, e olhou bem dentro dos olhos de Toni.

- Nunca se esqueça do que você viveu aqui. Tenha isso sempre em mente, sempre no seu coração: Eu te amo. –Toni não teve tempo de falar nada, pois imediatamente ele abriu os olhos e se viu deitado no meio da rua, onde fora atropelado.

- SENHOR SANTINELLI, O SENHOR ESTÁ BEM? FALA COMIGO SENHOR SANTINELLI! – Matheus sacudia fortemente o homem que estava deitado no chão. – SENHOR SANTINELLI ME RESPONDE!! QUANDO DEDOS VOCÊ TÁ VENDO AQUI? – Matheus mostrou sua mão cerrada em punho na frente de Toni. Toni olhou analiticamente para aquela cena: Matheus com a mão fechada em punho olhando fixamente pra ele com uma expressão feroz. Era estranho. Ia se levantar do chão prestes a dar uma bronca no homem, mas imediatamente se lembrou de tudo o que aconteceu no céu.

Toni se levantou bruscamente olhando as pessoas à sua volta. Seus olhos estavam marejados, e ele abriu um sorriso da mais pura felicidade. Levantou-se do chão, e sentiu que estava muito bem. Olhou pro alto e o seu sorriso só abriu mais, e começou a chorar.

Matheus achou aquilo muito esquisito, primeiro porque nunca viu o seu chefe sorrir, e muito menos chorar, e agora ele está fazendo as duas coisas “ai meu Deus, será que ele ficou com seqüela?

- Senhor Toni, eu sinto muito, eu não queria atropelá-lo, foi um acidente, eu tava falando no telefone e eu acabei tendo que pegar uma coisa e-

- Matheus – Chamou o homem, a sua voz era por natureza suave e ao mesmo tempo exigente, dava medo às vezes, Matheus se sentiu estremecer “beleza, eu posso arranjar um emprego em outro lugar”. Toni se aproximou perigosamente de Matheus, pôs uma de suas mãos em cima do ombro de Matheus que era mais alto que ele, e olhou no fundo dos olhos doentiamente azuis do homem – Quero que chegue uma hora mais cedo amanhã, você será promovido.

Beleza, vamos voltar no tempo. Matheus atropelou Toni, que ficou um tempo desmaiado, depois acordou, levantou, começou a rir e chorar ai mesmo tempo (primeiro sinal de perigo), e agora estava dizendo que iria promovê-lo. Como assim?

- Senhor Toni – disse Matheus pegando gentilmente nos braços do patrão – Vamos a um médico, ele irá examiná-lo, ver se o senhor tem algum problema, e ai depois o senhor vai pra casa, eu te levo, e-

- Matheus, você é um dos advogados mais competentes que eu já vi. Amanhã no escritório às 7:30, você será promovido, e contratado pela Russoli&Santinelli, não se atrase. – Deu um sorriso suave e foi andando, deixando pra trás um Matheus completamente confuso.

Passou uma hora e meia e ele estava tendo o dia mais feliz da sua vida. Não fez nada demais, apenas ficou andando por aí. Um mendigo o parou no meio da rua, e lhe pediu uma esmola. Toni olhou para o mendigo, e tirou da carteira três notas de cem reais pro mendigo, que não acreditou, ficou muito contente, e agradeceu cordialmente.

Toni olhou bem nos olhos daquele mendigo. Ele era negro, e não parecia ser muito velho – devia ter uns quarenta anos – e o mendigo falava bem.

- Porque você virou mendigo?

- Minha casa foi destruída, eu já era pobre, acabei ficando sem ter onde morar, não tenho família, não tinha emprego... Não tive muita alternativa. – Disse triste e conformado.

- O que você sabe fazer?

- Sou muito bom em cálculos. – Toni pensou um pouco, até que entregou um cartão para o mendigo.

- Apareça nesse lugar amanhã às 9:00 – entregou mais uma nota de cem pra ele – com esse dinheiro você deve conseguir um lugar bom pra dormir, roupas e comida. Estou precisando de um contador na minha nova empresa.

- Como? – Arregalou os olhos. – Mas contador? Eu nunca fui contador, é muita responsabilidade mexer com dinheiro! Não sei se-

- Pode sim.

- Mas como você sabe?

- Sei lá. Só vai nesse endereço, o emprego já é seu. Não me dê um bolo em! – Toni girou os calcanhares, e continuou andando. Falar com negros não doía, ele não ficou doente, e pelo visto conseguiu um contador decente pra sua empresa. Não sabia como, mas tinha certeza que ele era decente. Sorriu inconscientemente agradecendo a Deus. Victor que estava observando a cena sorriu, e desapareceu. Tinha mais trabalho a fazer.


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Notas finais do capítulo

Foi uma correria escrever essa estória, mas eu particulamente gostei bastante do resultado ^^

Acho que nunca vou me cansar de agradecer á Tatoonthesky(AMO *-*) por ter me ajudado a escrve-la.
Muito Obrigada Linda O/

Obrigada desde já a todos que leram e comentaram - e aos que não comentaram, obrigada também. ^^