Misato tinha um ‘toque de recolher’, mas Asuka sabia que ela não estaria em casa, por isso, já era meia noite quando a alemã retornou. Estava estranhamente silencioso, mesmo sendo tarde ela imaginaria que encontraria com Shinji na sala.

Ela seguiu para o quarto onde jogou a bolsa, a porta do quarto da terceira criança estava entre aberta. Com um suspiro pesado, ela adentrou e se sentou na cama.

“O que deu de errado?” Perguntou de braços cruzados olhando para outra direção.

Shinji se remexeu na cama, mas continuou de costas para ela.

“Eu é que pergunto, achei que só fosse voltar amanhã”.

“Japoneses são estúpidos”. Ela resmungou.

Shinji sorriu levemente. “Sim, eu acho que são. Nee Asuka, você acha que eu estou usando o Kaworu porque o meu pai não é afetivo comigo?”

“Vocês Japoneses são realmente estúpidos não são?” Ela foi obrigada a se virar diante de tamanho absurdo. “Por que vocês se preocupam tanto com a aprovação dos outros? O que interessa se o seu pai é agradável ou não? Mesmo que ele seja, mesmo que você busque desesperadamente isso por apenas um elogio, nada vai mudar, você vai continuar morando aqui, vai continuar sendo piloto de EVA”.

Shinji também se vira, passando a olhar para aqueles olhos em chamas, sempre tão certa e confiante.

“Eu só queria que ele me elogiasse uma vez...”

“Com essa atitude patética?” Asuka debochou, Shinji apenas franziu o cenho sem tempo de argumentar. “Como você pode relacionar os seus problemas com o seu pai com o a sua pseudo-relação com a quinta criança?”

“O Kaworu é-”

“Esquisito” Asuka murmurou.

“-afetivo, às vezes eu acho que estou apenas me aproveitando dessa bondade”.

“E o que tem de errado nisso?”

“É diferente, ele parece estar apenas brincando, eu não sei como devo me sentir”.

“Mesmo se for de mentira, qual o problema de não se aproveitar? É pra você não é? Se é direcionado pra você então não tem nada de errado em se aproveitar. Pegue tudo que você puder, sem arrependimentos lembra?”

“As vezes eu gostaria de pensar como você”.

“É por isso que é o Baka-Shinji”. Disse se levantando da cama e se aproximando da porta.

“Asuka”.

“Hmm?”

“Arigatou”.

-/-

Shinji havia sido chamado para um exame rotineiro na NERV, após ser dispensando estava descansando num dos bancos.

“Hey, vamos num encontro qualquer dia desses”. Kaji disse sentando-se ao lado de Shinji e passando o braço por seu ombro.

Ele fez uma careta com a proximidade, mas não questionou. Ele já havia desistido de questionar.

“Kaji-san, você sabe que eu sou um garoto não é?”

“Amor não tem nada a ver com gênero”. – Piscou.

“Gostar de alguém não é errado...?” Shinji perguntou meio cabisbaixo.

“Não, o que está te preocupando? Parece que você está num dilema”.

“Me pergunto se eu conseguiria ser mais próximo de alguém se eu me desse melhor com o meu pai”.

“O comandante Ikari não é? Ele é realmente um homem ocupado". - Shinji fica com uma expressão desanimada – “Não acho que você precise consertar uma coisa para começar outra”.

“O que quer dizer?”

“Romance acontece naturalmente, gostar de alguém tem a ver com abrir seu coração, se você for capaz de dividir seus sentimentos talvez você encontre a força necessária pra resolver os seus outros problemas”.

“Isso é assustador Kaji-san”.

“Ninguém disse que o caminho para o coração era livre”.

“Talvez o meu já esteja muito carregado”.

“É por isso que confiamos em alguém para dividir esse peso. Shinji kun, você não está só”

Continua.