“Me desculpe, eu precisava falar com você”. Disse assim que a porta fora aberta.

Ela piscou uma vez. “Entre”.

“O-obrigado”.

Eles atravessaram o pequeno corredor e seguiram para o quarto-sala, o cômodo já era conhecido por Shinji, não havia nada desnecessário ali, uma cama, uma cômoda e uma pequena mesa.

Eles permaneceram de pé.

“Ikari-kun parece incomodado”. Ela disse cortando o silêncio.

Shinji deu um leve suspiro.

“É que... eu não entendo ele”. Murmurou de cabeça baixa.

“Ele?” Ela repetiu sem entender.

“O Kaworu-kun”. Shinji ergueu o rosto e passou a fitá-la. “De alguma forma ele me lembra você”.

Ela demorou a responder.

“Mas não somos iguais”. Concluiu sem parecer alterada.

É claro que não eram, Rei poderia ser calma e naturalmente distante, mas ele se sentia bem próximo dela, era reconfortante mesmo quando ela não dizia nada.

Já com Kaworu era quase um desgaste mental, mas mesmo assim Shinji se perguntava por que não se afastava por completo dele.

“Ikari-kun, você tem algum problema com a quinta criança?”

Os olhos dela o encaravam. Impossível desviar.

“Não...” No entanto ele não tinha certeza.

E eles ficaram novamente em silêncio.

“Ayanami, o que você acha do Kaworu-kun?”

“Não tenho nenhuma opinião sobre ele”. Respondeu quase que automaticamente. “Talvez você deva perguntar à segunda criança”. Ela concluiu de forma mais amena.

Shinji deu um sorriso amarelo, sem dúvida Asuka era a pessoa mais sincera que ele conhecia. Talvez até demais para o bem da humanidade.

“Obrigado, Rei”.

Ele não precisava de muito, conversar com ela já era o bastante.

“Ikari-kun”. Ela o chamou antes que ele seguisse pelo corredor do prédio.

“Sim?”

“Você pode vir mais vezes”. Um leve sorriso se formou nos lábios da primeira criança.

Shinji sentiu o peito aquecer.

“Hai”. Ele abriu um largo sorriso.

As poucas palavras dela e gestos simples remetiam a ele quase que uma paz absoluta.

Aqueles olhos vermelhos que transmitiam aquela sensação boa também já transmitiram muita indiferença, assim como os de Kaworu...