“Aqui está o seu CD”. Kaworu estendeu o objeto.

“Você gostou?” Shinji não pôde deixar de parecer ansioso.

“Na verdade não...” Respondeu sinceramente e sem parecer culpado pela resposta.

“Como pode dizer isso?” Shinji pegou o cd e o virou para ler as faixas dispostas.

“Não é nada demais, eu só não gostei, não dizem que pessoas têm gostos diferentes?” Disse dando de ombros.

Shinji não se deu por vencido, aproveitando que ocupavam a sala de música ele arrastou Kaworu pelo pulso até onde ficavam os instrumentos.

“Você sabe tocar algo?”

Kaworu analisou cada objeto e então se sentou no banco do piano negro que ocupava parte da sala.

Ele fechou os olhos e deixou que a música fluísse, se Shinji não conhecesse a quinta criança, ele poderia jurar que o garoto era um profissional.

A melodia seguiu e Shinji sentiu um aperto no peito, uma sensação desagradável que o deixou angustiado, mas foi somente preciso que ele encarasse Kaworu novamente para saber que era por causa da música.

Aquela melodia desconhecida o machucava de certa forma.

Embora Shinji não acreditasse que Kaworu pudesse fazer qualquer coisa para machucá-lo, também não conseguia acreditar que ele fosse capaz de tocar algo daquele jeito.

Quando a quinta criança abriu novamente os olhos, Shinji se deparou com aqueles olhos vermelhos vazios.

Sim, era isso.

Faltava vida neles.

As lágrimas desceram pelo rosto de Shinji, a mão de Kaworu imediatamente abandonou as teclas e ele se inclinou para frente para tocar no rosto da terceira criança.

Não houve nenhuma rejeição.

“Eu não entendo, por que você está chorando?” Perguntou suavemente, encarando o rosto molhado de Shinji.

“O problema não é a música, Kaworu”. Disse passando a mão sobre o rosto, se livrando das lágrimas. “É o seu coração”. Concluiu amargurado.