Anjo Caído escrita por yumesangai


Capítulo 1
Toque




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Kaworu deixou o mangá sobre a mesa e sentou ao lado de Shinji que via TV.

Por que as pessoas fazem isso? Perguntou aleatoriamente enquanto ocupava um lugar bem próximo ao da terceira criança que inevitavelmente fez uma careta com a proximidade.

Fazem o que? Retrucou tentando se afastar sem parecer muito óbvio.

Kaworu entrelaçou seus dedos aos de Shinji. Isso. Disse de forma indiferente ao gesto.

O-o que você está fazendo? Shinji balançou freneticamente a mão para se livrar de Kaworu.

Por que você está vermelho?

Porque você fica fazendo essas coisas! Gritou se colocando de pé com o rosto ainda mais corado.

E o que são essas coisas? A voz de Kaworu finalmente saiu do apático para o ligeiramente irritado.

Essas suas esquisitices!

Eu só te fiz uma pergunta! Kaworu também se colocou de pé.

Eles ficaram se encarando, o ventilador abafando o som já baixo da televisão.

Não houve resposta, Shinji apenas desviou o olhar.

Tsc. Kaworu se jogou na cama e voltou a ler o mangá. Feche a porta quando sair. Resmungou sem sequer se virar para olhar para ele.

... Shinji não se mexeu, ficou fitando as costas de Kaworu e o máximo que viu após algum tempo em silêncio fora a quinta criança virar a página da revista.

Shinji não era o maior entendido de mangás, o máximo que vira fora alguns que Kensuke o emprestara, mas ele apenas passara o olho pelas páginas, não era fã de histórias com mechas.

Afinal ele era um piloto. Um mangá que tentava transmitir aquela realidade era algo que ele sequer conseguia suportar.

Mas o que Kaworu tinha em mãos era uma revista de shoujo, Shinji não queria nem pensar porque ele estava lendo aquilo.

Eu não sei. Respondeu de repente. Acho que é pra demonstrar afeto, mas eu nunca fiz isso com alguém, então eu não sei.

Kaworu se virou parecendo interessado com a resposta.

Então eu fui o seu primeiro? Ele perguntou o encarando.

Shinji não conseguiu desviar o olhar daquela vez. A pergunta era estranha, mas Kaworu era uma pessoa estranha.

É, eu acho que sim.

Shinji não queria entrar no mérito da questão de que aquele toque não fora uma demonstração de afeto, até porque ele não sentira nada vindo de Kaworu.

Espero ser o seu primeiro para outras coisas também. Disse com um leve sorriso no rosto.

Shinji torceu o nariz e decidiu deixar o pequeno alojamento antes que mais alguma coisa estranha acontecesse.

Kaworu também não protestou quanto à saída da terceira criança.

Ao fechar a porta do apartamento, Shinji encostou as costas na porta e ficou encarando a mão que havia sido tocado.

De fato o toque o surpreendera, mas não houvera nada demais, era só mais uma das aproximações desnecessárias da quinta criança, que parecia não conhecer a palavra limite.

Ele mesmo já experimentara diferentes toques com a primeira criança, ainda que o primeiro deles fosse o mais constrangedor e totalmente acidental.

Naquela vez ele havia sentido algo.

Mas assim como Kaworu, ela parecia indiferente. E os mesmos olhos vermelhos o encararam de uma forma que ele ainda não sabia descrever.

Parecia que faltava algo neles...


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