Encontro ao Acaso escrita por SweetJúlia


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/101428/chapter/1

A muito tempo as pessoas deixaram de acreditar em contos de fadas. A muito tempo as pessoas não acreditam mais em perfeição, mas mesmo assim a perseguem como se fosse a única salvação. A muito tempo as pessoas esqueceram o verdadeiro significado de amor. O “eu te amo” foi banalizado e é usado em qualquer ocasião. Uma ficada já é recheada da mesma frase. Um marido dirige essa palavra a sua esposa antes de sair de casa, para parar nos braços da amante. O que aconteceu com a civilização? Se civilizou. E os sentimentos foram esquecido de lados e ficaram nojentos aos olhos das pessoas.

Infelizmente eu não deveria proferir essas palavras, também esqueci dos sentimentos. Não acredito no amor. A muito tempo ele morreu em mim. Me deixou tempo demais esperando para que acontecesse e nunca chegou. Talvez se eu quisesse mesmo sentir e acreditar no amor antes eu teria corrido atrás. Mas eu ainda era uma daquelas raras exceções que esperava pelo príncipe no cavalo branco. Bem, eu quebrei a cara e hoje sou mais uma mulher americana que batalha para ter uma vida digna.

23 anos. Loira de cabelos anelados. Olhos cinzas. Arquiteta renomada. Annabeth Chase. Esse é o meu perfil. Eu não tenho tempo para o amor. É perda de tempo, e o mesmo de andar para trás. Apesar disso tudo eu respeito todos aqueles que dizem que já sentiram tal sentimento. Mas ele não é para mim, nunca foi.

Eu desenhava, apagava, redesenhava, copiava, fazia cálculos. Tudo para projetar mais um grande prédio em Manhattan em perfeição. A arquitetura sempre me fascinou desde muito pequena. A construção de grandes monumentos, feitos para durar milhares de anos sempre foi a minha ambição e o caminho que eu segui desde que me conheço por gente para chegar aonde estou foi com a imagem dos monumentos eternizados. O ato de projetar esses monumentos era para mim sagrados e quando era interrompida desencadeava uma ira apocalíptica.

Uma correção ali, uma redesenhada ali. E com alguns minutos mais uma obra prima estava pronta. Admirei aquela planta como fazia com todas as outras. Eram todas maravilhosas, incríveis em sua maneira. O relógio me dizia que ainda eram 9:46 da manhã. O dia mal começara e mais um trabalho pronto. Mas não era o único, a lista de novos pedidos já era grande e também algumas idéias que eu tinha na cabeça brotava a todo minuto.

Sai do meu escritório e fui para a cozinha. Meu iPad estava lá descansando na mesa de mármore. Abri a geladeira e peguei o leite e depois o cereal que estava no armário ao lado. Sentei-me na mesa e virei o tablet para mim. A agenda estava aberta e aproveitei para dar uma olhada nos compromissos de hoje. Havia um encontro com um engenheiro as 11:30 e o resto da tarde livre para trabalhar em outros projetos. Terminei aquela minha refeição e subi para minha suíte.

Eu amava mais que tudo o meu trabalho, mas não havia como negar que ele me cansava. Mesmo cedo assim eu já sentia meus músculos totalmente doloridos, talvez fosse por causa da péssima noite que havia tido, dormindo sobre os papeis. Pus a banheira para encher e peguei um dos meus livros para me distrair enquanto a água tomava espaço na banheira. Alguns minutos depois despi-me e submergi na água misturada com alguns óleos de banho. Fechei meus olhos e deixei que a água leva-se todo o meu cansaço me deixando pura e só com meus pensamentos. Eu não via o tempo passar, era capaz até que eu tivesse dormido ali na calmaria. Meu gato, Pirineus, entrou fazendo a porta ranger um pouco. Abri meus olhos apenas para vê-lo olhar-me com seus olhos inteligentes. Olhei para o relógio que estava na parede e vi que eram quase 10:50. Não queria sair dali, mas a hora me chamava.

Relutante levantei-me a banheira com cuidado para não escorregar e fazer uma catástrofe. Enrolei-me na toalha Pirineus veio se esfregar em minhas pernas. Passei minha mão em suas costas enquanto ele fazia um laço nas minhas pernas. Fui para meu quarto e vesti-me com uma camisete branca com babados na gola e uma saia de cintura alta cinza. Coloquei um sapato scarpin preto. Com meus cabelos loiros que caiam até metade das costas eu poderia até dizer que estava sexy. Pirineus olhou para mim como se aprovasse aquele meu visual. Mas logo joguei fora esse pensamento fora. Peguei um brilho labial incolor e virei-me para o espelho mais uma vez, me olhando por completo. Sim, eu era uma mulher feita.

Peguei minha bolsa no criado-mudo, coloquei meu Ipad e meu celular ali e desci as escadas. Passei pela cozinha e peguei a chave do meu carro, um Polo prata, compacto, mas moderno. Se eu disser que logo cheguei ao lugar da reunião, estaria mentindo. O transito de Nova York como sempre me prendeu. Mas mesmo assim consegui chegar ao lugar indicado com uma certa antecedência. Sentei-me em uma das mesas do lugar e uma garçonete veio me atender.

– O que a Srta. vai querer?

– Um cappuccino de chocolate, por favor. – Eu desviei meus olhos da garçonete para que ela continuasse com seu trabalho.

Fitei a mesa a minha frente, havia um cara, mais ou menos da minha idade mas com uma mentalidade que parecia pensar estar em seus 16 anos de rebeldia. Ele vestia uma calça jeans rasgada, um conturno totalmente surrado, uma blusa do AC/DC e uma jaqueta de couro. Seus cabelos eram negros, completamente desalinhados e seus olhos eram verdes. Ele virou-se para mim e viu que eu estava olhando-o. Ele deu um sorriso e veio até a minha mesa e sentou-se na minha frente.

Com certeza meu rosto estava vermelho. Apenas não sabia se era de vergonha ou raiva. Talvez uma mistura dos dois. Eu estava ali para tratar de negócios não fazer papel de babá de garotos rebeldes.

– Com licença, mas este lugar está ocupado. – disse o mais educada possível com um sorriso no rosto. Ele sorriu mais ainda ao ouvir o som da minha voz.

– Eu não estou vendo ninguém aqui. – ele disse ainda com um sorriso.

– É por que ele ainda não chegou. – Sinceramente, eu não disse isso não foi? Foi a resposta mais idiota que eu já dei em meus 23 anos. Será que estou regredindo igual a esse crianção que está em minha frente?

– Então você é comprometida? – notei um tom magoado e decepcionado em sua voz e sorri por dentro.

– Na verdade não, estou esperando um cliente. – ele levantou uma sobrancelha, como se ver uma pessoa que trabalhava era incomum para ele. Ele levantou-se e fez uma curta reverencia, como se fazia antigamente, me fazendo rir. A cena era cômica. Um cara vestido como se fosse um rebelde fazendo uma reverencia parecia palhaçada.

– Então vou deixar a doce donzela fazer seus negócios. – e com essa tirada voltou-se para a sua mesa e deixou-me ali.

Olhei o relógio e vi que já eram 11:30. O meu cliente poderia chegar a qualquer momento. A garçonete voltou com meu cappuccino e a cada gole eu olhava para a porta ansiosa. Eu raramente era deixada esperando em algum lugar, mas com certeza acontecia. Abri minha bolsa e peguei meu livro que sempre carregava comigo para eventualidades assim. Fui me transportando para as paginas que ali continha e esqueci do tempo. Quando tirei os olhos do livro olhei para o relógio e já eram 12:15. Isso só podia ser brincadeira, olhei novamente e conferi meu relógio. Era sim aquela hora. Guardei o livro na bolsa e olhei para o Ipad ali imóvel. Peguei-o e vi que a tela estava acesa. Havia uma nova mensagem. E era da minha secretaria, Clary. Logo abri, talvez fosse algo importante.

Annabeth,

Desculpe o aviso tardio, mas chegou tarde para mim também. O Senhor Dare, que havia marcado com você hoje ás 11:30 cancelou em cima da hora. Disse que tinha um compromisso com a filha problemática e pediu para remarcar para a próxima semana no mesmo horário. Olhei sua agenda e vi que estava livre, e tive a liberdade de marcar. Espero que não seja tarde e que não se importe por ter marcado sem lhe avisar, ele estava com pressa.

Clary.

Praguejei em silencio. Olhei quando o email havia sido mandado, havia sido as 11:00. Se eu tivesse olhado quando cheguei aqui não teria ficado plantada nesse lugar por tanto tempo. Não iria descontar minha raiva e frustração em Clary, ela era uma boa secretaria. Respondi a mensagem dizendo que infelizmente eu não havia visto o email a tempo, mas que não havia problema em ter remarcado.

Chamei a garçonete e pedi a conta.

– A sua conta já foi quitada por aquele senhor ali da próxima mesa. – ela apontou para o cara vestido de garotão. Eu fiquei pasmada. Nunca, ninguém havia feito isso por mim, nem nas vezes que eu saia com garotos na adolescência eles pagavam a conta. Aquilo realmente me surpreendeu.

– Obrigada. – eu disse. Levantei-me e fui na direção da mesa dele. Sentei-me na cadeira que havia em frente a dele e vi que ele estava confuso por eu estar ali. – Descobri que você pagou a minha conta. Por que fez isso?

– Ué, vi que seu cliente a deixou esperando, então seria educado fazer uma boa ação para que não se estressasse. – ele respondeu.

– Isso não é desculpa. – falei sem me convencer. Ele estava de brincadeira, só pode.

– Ok, foi apenas um motivo para fazer você sentar-se aqui nessa mesa. – ele cedeu. Olhei incrédula. Ele realmente estava de brincadeira comigo.

– Você não faz sentido. E eu nem ao menos te conheço. Por que pagar a conta de uma mulher que você nem ao menos sabe quem é? Eu posso ser uma assassina ou uma prostituta. Uma mulher qualquer!

– Mas você não é. Da para ver em sua postura. Na maneira de que se veste. Você é uma mulher independente. Uma daquelas que nunca conheci, por isso me causou tanta curiosidade. – essas palavras me fizeram corar intensamente, ninguém havia usado tantos elogios para mim na vida. – Ah, e meu nome é Percy Jackson.

– Prazer Percy. Me chamo Annabeth Chase. – apertei sua mão.

– Acho que já li seu nome em algum lugar no prédio da minha mãe. – ele disse pensativo.

– Bem possível. Sou arquiteta e já projetei muitos prédios aqui de Nova York. – disse-lhe.

– Ah. – ele disse um tanto fascinado.

– E você? Trabalha em que? – Talvez eu não deveria ter perguntado isso, ou então eu deveria ter sacado a sua resposta de cara.

– Moro com minha mãe. – sinceramente, ele não tem vergonha na cara. Como assim? Ele chega e diz que mora com a mãe sem pudor nenhum.

– Desculpe Percy, mas tenho que ir, uma pilha de trabalho me espera em casa. Foi uma gentileza sua pagar minha conta, mas não precisava. – Levantei-me da mesa e já estava dando a volta nela para ir embora quando ele segurou-me pelo braço.

– Por favor, fique com meu telefone, e me dê uma ligada mais tarde. Seria interessante saber mais sobre você. – ele pegou um guardanapo e uma caneta do bolso, rabiscou alguns números e me entregou. Eu peguei o papel.

– Obrigada mais uma vez. – Guardei o papel na bolsa. Talvez daqui a um século eu veria esse papel novamente e lembrasse de ligar, ou talvez amanhã mesmo eu faria isso.

Eu não podia mais ficar esperando um príncipe encantado, pois ele não viria. Então porquê não ligar para um punk que claramente se interessou por mim? Ele podia me trazer um tipo de diversão. Fui embora pensando nas possibilidades de um encontro ao acaso como esse podia trazer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi gente! Eu postei essa fic a um tempão, e agora, fuçando eu vi que ela estava toda mal editada, tudo culpa do Nyah! claro. Revisei e fiz pequenas modificações nela. Espero que esteja tudo certinho agora :) (03/01/2015)