— Katherine! – chamou uma garota de aproximadamente 17 anos. Os cabelos loiros e longos balançavam em suas costas.

A jovem vestia um longo vestido vermelho, como os de 1984. Aos seus pés descalços, a grama era verde e rala. A lua cheia brilhava no céu  junto com as estrelas iluminando o céu escuro.

Uma jovem de cabelo castanho virou a cabeça por cima do ombro ao ouvir o seu nome. Ela tinha um pequeno sorriso no rosto.

— Olá Ramona. – Katherine usava um vestido preto, parecido com o de Ramona.  Seu cabelo estava preso em um coque e ela segurava uma xícara de chá.

— Senti sua falta – a loira se sentou ao lado da morena, sorrindo

— E de Damon, aposto. – Katherine abriu um sorriso maldoso enquanto levava a xícara à boca

— Sim, claro. – Ramona suspirou ao se lembrar dos olhos azuis do amado – Estive quanto tempo fora?

— Bom... Acho que umas duas semanas... – o suficiente para Damon te esquecer ela pensou sorrindo.

— Tudo isso? Meu Deus!

— Bom, acho que terá que esperar mais um dia Ramona. Logo o sol irá nascer, e não será bom, você sabe.

— Oh sim. Certo. – Ramona ficou de pé e passou a mão levemente no vestido, como quem tira a poeira. Sua voz era triste. Era ruim ficar tanto tempo sem ver Damon... Esperar mais um dia seria horrível.

Katherine colocou a xícara na pequena mesa em sua frente. O mesmo sorriso maldoso continua em seus lábios. Lá levou os dedos longos de unhas escarlates até o lápis-lazúli no colar.

Caroline acordou arfando. Aquele sonho, não a deixara com medo algum, mas a forma como Katherine sorria era assustadora. Tanto quanto a semelhança entre Ramona e ela. O mesmo cabelo loiro, os mesmo olhos azuis, a pele clara e a mesma beleza pura.

A loira passou a mão no cabelo tirando a chucha. Olhou em volta. Todos de seu chalé dormiam. O sol estava nascendo agora. Olhou para a mala ao lado da cama e suspirou pesado. Pegou a roupa que estava em cima de outra mala e uma pequena bolsa Gucci.

Foi até o banheiro e tomou um banho de água fria. Terminou o banho rapidamente e se vestiu. A tradicional blusa laranja do acampamento – desde que Silena morreu, ela era a líder do chalé – uma calça jeans e se olhou no espelho.

O cabelo loiro claro estava molhado grudado no rosto, seus olhos azuis tinham um brilho feliz e seus lábio rosados se curvavam para cima em um sorriso suave. Ela pegou uma sombra perolada e passou na pálpebra móvel, usou curvex e passou um batom coral. Se olhos no espelho e pegou o pente de cabelo, penteando os longos cabelos enquanto cantarolava “I say a little prayer”.

Ao terminar de se arrumar, o sol já estava mais distante do horizonte e alguns semideuses estavam acordando. Entre eles, os irmãos de Caroline.

— Bonjour Baudelaire. – falou Jessica para a irmã com um sorriso que muitos julgam como metido e esnobe. O que não era típico da ruiva

— Jess. – Caroline abraçou ela delicadamente – Irá ficar no acampamento?

— Oh, sim. Meu pai irá para Roma e, bem, prefiro ficar na América.

— Eu gosto da Europa… - sussurrou a loira sorrindo levemente

— Sei que gosta. E você, irá ficar aqui? – a ruiva se sentou na cama, sorrindo

— Não. Quero ver se sei me defender. Irei ficar em Mystic Falls. É um lugar na Virgínia... Minha prima mora lá. Irei passar uns dias com ela – Caroline se sentou ao lado de Jéssica com os ombros um pouco encolhidos

— Olha Baudelaire, irá ficar tudo bem. Quando chegar o verão, você voltará para cá não é? E nem tem como os monstros te atacarem tanto. Não é típico deles, você sabe. – a garota sorria, tentando animar a irmã – Então relaxe e aproveite o ano ok? – Ela ficou de pé e foi correndo para o banheiro.

Caroline ficou de pé e saiu do espelho. Tocou o colar com a ponta dos dedos. Podia sentir o pequeno arco e sorrio. Qualquer monstro, ela estava protegida. Isso era bom. Ela puxou o pingente do colar e ele virou um grande arco de madeira. Podia sentir em seu ombro a aljava. Pegou uma das flechas e foi até os alvos.

As pessoas sorriam e acenavam e a loira retribuía. Logo chegou aos arcos. Posicionou a flecha no arco e ia atirar quando um dedo passou da base da coluna até o pescoço. A garota logo ficou mais ereta e soltou a flecha. Ela acertou o alvo em cheio. Ela se virou e sorrio para Justin, um filho de Apollo

— Postura é importante Car. – ele sorriu abertamente. Lindos e brancos dentes.

 — Oh, sim. Não esquecerei mais. – Caroline sorriu para Justin – Te vejo verão que vem não é? – falou ela olhando a mala que o garoto segurava

— Sim. Acredito que sobreviveremos até lá – ele piscou para ela, sorrindo – Bom, tenho que ir. Minha mãe chegará logo e ela odeia atrasos... Sabe como é... – ele deu um sorriso de canto e se afastou.

Caroline continuou lá, acertando as flechas no alvo. Depois de alguns instantes, ouviu a sineta para o café da manhã. Foi andando lentamente até a mesa do chalé. Algumas pessoas já estavam lá, outras não. Muitas ainda deveriam estar dormindo. Caroline se sentou ao lado de Rachelle e sorrio para ela. A garota tinha 11 anos, cabelos vermelhos incandescentes, olhos alaranjados e pele branca com sardas. Era muito bela. Não usava muita maquiagem e nem se produzia muito. Seu cabelo cacheado estava solto nas costas

— Não quer mesmo ficar aqui? – perguntou ela mordendo uma maça.

— Tenho que ir para casa. Minha prima quer que eu vá e ela é minha responsável, então… eu tenho que ir Rachelle. – Caroline deu de ombros comendo um pouco da salada de frutas

As horas se passaram um pouco rápidas. Mas rápidas do que Caroline queria. Já era aproximadamente meio dia quando ela foi buscar a mala no chalé. Todos que iriam estavam se retirando para a colina meio-sangue. Lá embaixo, Argos esperava os campistas com seus muitos olhos abertos e atentos.

Caroline passou ao lado de Peleu, o dragão que guardava o pinheiro de Thalia e passou a mão na cabeça dele, sorrindo.

— Até a próxima amiguinho. – Ela sorrio e sentiu alguém puxando o seu pulso.

Jennifer Montgomery olhava ela impaciente. Caroline riu e revirou os olhos. Desceram a colina correndo até alcançar o grupo de campistas. Se sentaram lado a lado no ônibus sorrindo.

Jennifer possuía longos cabelos escuros, uma pele clara e olhos perfeitamente azuis. Ela era, simplesmente divina. Deixava muitas garotas com inveja, inclusive, algumas irmãs. Jennifer morava na mesma cidade da prima de Caroline, Mystic Falls.

Caroline nunca estivera lá. Antes de ir para o acampamento morava com o pai em uma pequena cidade no norte da França. Gostava muito de lá. Ao completar nove anos, a hidra atacou ela e a casa desmoronou. Seu pai estava lá dentro, e morreu. A garota foi salva por uma ninfa que a levou até um sátiro e foi para o Acampamento.

Sempre soube que sua prima morava aqui, mas nunca se importou de sair do acampamento. Mas agora sua prima era sua tutora legal, e resolveu que queria companhia.

A viagem até Mystic Falls demorou bastante. De Nova Iorque até a vigia eram muitos KM de ônibus e elas dormiram praticamente a viagem inteira. Só chegaram na cidade no dia seguinte, ainda assim, depois de meio-dia (n/a: eu não faço ideia de qual é a distância entre a Virginia e Nova Iorque, então favas!)

Assim que desceram do ônibus e pegaram suas malas, as garotas foram procurar seus familiares. A irmã mais velha de Jennifer viria buscar ela, e a prima de Caroline o mesmo.

Não deu muito trabalho para acharem elas. Estavam juntas e conversavam animadas sobre algo, que Caroline não se deu o trabalho de entender. Caroline sorrio para a prima que retribui o sorriso. Jennifer abraçou a irmã sorrindo. Elas não eram nada parecidas. Nina tinha a pele escura e cabelos avermelhados. A única semelhança eram os olhos azuis, mas os de Nina eram mais escuros e puxados para o cinza.

— Caroline, certo? – a garota morena sorriu para a prima estendendo a mão. A loira pegou-a sorrindo

— Exatamente. Você é... – ela fechou os olhos tentando se lembrar o nome dela – Victoria não?

— Victorie, na verdade. Foi quase. – Ela ri levemente – Espero que goste daqui.

— Também espero... – murmurou a garota

— Nós temos que ir. Tenho que ver meu cachorro logo, se não infarto! – falou Jennifer rindo. Ela abraçou a amiga e deu um beijo em cada bochecha dela – Te vejo mais tarde. Em minha casa. Pergunte a Vickie. Ela sabe aonde é. – Ela correu até o carro preto, deixando para trás um leve aroma de jasmim. Sua mãe era Perséfone, deusa da primavera e das flores.

Victorie pegou a mala de Caroline e foi até o carro. O queixo de Caroline caiu ao ver o carro. Uma Ferrari vermelha reluzente e divina era... “dela” agora. Ela sorrio e foi quicando até o banco do passageiro.

Abriu a porta e se sentou colocando o cinto. O sorriso não saia de seu rosto. Pegou o bato coral na bolsa e se olhou no espelho retrovisor. Passou o batom e olhou para a prima que acabara de entrar no carro

— Isso é seu?! – perguntou ela entusiasmada

— Este é o seu. O meu está em casa. – Ela sorrio para a prima que arregalou os olhos

— É meu?! Todo meu, só meu?! Mesmo?! Awwn... Eu já te amo tanto Victorie!! – Ela abraçou a prima sorrindo

— É, agora vamos para casa que você deve estar com sono – falou ela acelerando

A viagem até a casa não demorou muito. A casa era grande, branca e bonita. Tinha um grande jardim na frente e um quintal atrás. Tinha muitas flores ali. Rosas, Jasmins, Tulipas, Cravos, Margaridas...

A garota desceu do carro e pegou a mala. Saiu da garagem e foi para a porta. Victorie estava lá, com as chaves estendidas na direção dela. A loira a pegou e abriu a porta. Entrou na casa com o queixo caído. O hall era claro, extenso e com um lustre lindo no teto. Foi seguindo até a escada e subiu ela lentamente arrastando a mala

— Seu quarto é o terceiro a esquerda. – falou ela sorrindo – É uma suíte e espero que goste do closet. Coloquei algumas roupas lá.. Um presente. – Ela sorrio entrando, no que a garota julgou ser a sala de estar.

Não deu muito trabalho chegar ao segundo andar. Seria pior se fosse no terceiro. Foi até o quarto puxando a mala. Parou na porta do quarto logo depois de abri-la.

Seu queixo caiu mais ainda se é que isso era possível.

As paredes do quarto eram todas brancas, e refletia o teto rosado. Ao lado da grande varanda estava uma cama linda com dossel, ao lado da cama, uma mesinha de cabeceira, e aos pés, um baú de tampa acolchoada. Rosa.

Tinha uma estante pouco perto de uma porta bege e embaixo dela uma escrivaninha e uma cadeira rosa, que parecia muito aconchegante. Do lado oposto tinha um divã-cama todo branco, muito bonito.

O lustre era muito bonito. Parecia ser feito de cristal, com correntes e luzes que deixavam o ar divino, como uma manhã calma de céu azul.

Vagamente, Caroline começou a se lembrar do quarto. Lembrava muito o quarto de sua antiga casa. Pequenas lágrimas começaram a escorrer de seu rosto e ela entrou no quarto arrastando a mala.

Foi até a porta branca, perto do divã e a abriu. Lá dentro era um banheiro muito bonito. Tinha uma banheira branca, um chuveiro, uma pia, um armário e um vaso sanitário. Tudo branco com tons dourados. A garota sorriu ao ver o banheiro dela.

Saiu do banheiro e foi até a outra porta e soltou um gritinho agudo e histérico. Ela começou a quicar e a bater palmas. O closet mais parecia uma loja. Tinha armários lá dentro e um pufe redondo bege no meio. Tinha algumas portas de vidro aonde ela podia ver alguns sapatos, ou blusas, ou saias, ou calças, ou bolsas ou outras infinitas coisas. A garota andava pelo closet saltitando e sorrindo feliz.

Aquilo parecia um sonho. Se jogou no pufe de olhos fechados sorrindo.

— OBRIGADA!! – Ela berrou com todas as forças que ainda tinha sorrindo ainda de olhos fechados.

Era de noite e a as estrelas pontilhavam o céu lá fora. Amanhã seria o primeiro dia de aula, e Caroline estava um tanto agoniada com a ideia. A maioria dos campistas não conseguia ficar na mesma escola por mais de um ano. E se com ela fosse assim? A cidade era pequena demais… Todos saberiam em poucos dias… Talvez em poucas horas.

A loira estava sentada em uma cadeira na varanda. Vestia uma camisola preta até um pouco acima do joelho e um hobe branco por cima. Não fazia frio, mas a garota bebericava chocolate quente.

Um corvo parou na grade da varanda e ficou olhando para a loira, com a cabeça meio que inclinada, como se examinasse ela. Ela franziu a testa colocando a xícara em cima da mesinha que tinha em frente a ela.

O modo como o corvo olhava era estranho e ela se pegou corando levemente. Era a mesma forma como os garotos a olhavam no acampamento. Com certa malicia. Caroline balançou a cabeça e pegou a xícara entrando no quarto.

Fechou a cortina da varanda e o corvo saiu voando, com as longas asas batendo e depois se misturou as sombras. Tirou o hobe, jogando ele no divã e foi para a cama.

Não demorou muito, e ela dormiu.

Ramona respirava fundo. As pequenas lágrimas que ela segurara por tanto tempo, agora escorriam pela face dela. Ela se espremeu contra o fundo escuro da caverna. Estava escuro. Não daria para ver nada ali.  Mas eles tinham tochas, e iluminariam o lugar inteiro.

Agora ela se sentia estúpida. Muito idiota por ter confiado nela. Por acreditar que ela era sua amiga. Ela estava morta, não tinha mais vida e a culpa era dela. O amor de sua vida não lembrava mais que ela existia. Todos da cidade estavam atrás dela. Com estacas, com uma planta idiota e com tochas.

Ela iria queimar e Katherine estaria lá, assistindo tudo sorrindo, quando deveria ser ela que deveria ser queimada.

Ouviu os passos na entrada da caverna ficarem cada vez mais próximas. Fechou os olhos com força murmurando alguma coisa baixo, mas ela sabia, não tinha mais volta. Sentiu pegarem seus pulsos com força e colocarem algo na garganta dela. Verbena sussurrou sua mente e então, tudo ficou escuro.